É muito bonito fazer uma festa da “Exaltação da santa Cruz”.
Mas é muito difícil considerar as cruzes que vão pelo mundo de guerras, de
malvadezas e de hipocrisias, como em Gaza, Ucrânia, e as fomes que daí resultam.
Em segundo lugar, nesta festa há dois motivos de política, um do mundo, outro
da Igreja. O “mundo”, leia-se os “políticos” dizem; “o povo tem que sofrer para
nós sobreviver”. A Igreja diz que o povo tem que sofrer para ir pro céu. E
botam aí a vontade de Deus. E assim se formou a teologia do sofrimento, a
vontade de Deus. Para os políticos é o dinheiro, para a Igreja é a vontade de
Deus. Que Deus manda os sofrimentos, e quis o sofrimento de Jesus. Ora, nunca
podemos dizer isso, embora que tradicionalmente
a Igreja o falou e escreveu, até nas
orações da liturgia, pelos motivos que dissemos acima. Se Jesus não sofresse
seríamos salvos do mesmo modo, e os sofrimentos não vieram da vontade de Deus,
mas dos homens. Logo de quebra, no Antigo Testamento fizeram o recurso às “serpentes
do deserto” que “foram mandadas por Deus” para castigar o povo. É outra lenda,
porque não é Deus que manda o sofrimento e nem mandou serpentes nenhumas.
Sempre Deus no meio e sempre o sofrimento. Ora isso das serpentes era um conto
pagão para o deus da saúde, Esculápio. E entrou no evangelho de João já mais
tarde do original para uma lição do batismo para reforçar uma vida de cruz. Até
porque, veja bem, se morrer um pobre cheio de sofrimentos, enterra-se em
qualquer buraco. Se morrer um poderoso, vai até bispo no funeral para dizer que
vai pro céu. Em vida, o pobre tem que sofrer para ir pro céu; na morte todos
vão para o céu. Mesmo antigamente, quando se dizia que os maus não iam para o
céu. Não deixa de ser irônico que já 1.500 anos antes de Cristo se dizia isso
na religião de Zoroastro, que foi a primeira que falou de “céu”, “inferno” e “purgatório” que o purgatório iria acabar com a vinda de um messias que iria igualar todo
mundo, e juntar todo mundo no reino da glória e felicidade. Então, para quê
tanto sofrimento pregado? Quando o imperador Constantino concedeu liberdade ao
cristianismo já se valeu da cruz com duas lendas inventadas: numa dizia que tinha achado a cruz de Jesus na
Jerusalém destruída depois de 300 anos; a outra que tinha visto no céu uns
raios de luz em cruz. Aqui se valeu destas duas lendas para implementar o seu
império que estava-se desmoronando: primeiro implementando o seu poder político
pela cruz agradando aos cristãos, depois juntando os dois poderes, o poder
político da cruz para o pobre e a teologia da Igreja para o sofrimento do povo.
Deve ter vindo daí o célebre ditado que o mundo cristão esteve sempre entre a cruz
e a espada.
Conclusão. Lemos nas linhas e entrelinhas dos escritores biblistas e teólogos
de hoje que nos dizem que todo o Antigo Testamento é uma grande epopeia política.
E que o novo é pelo menos três quartos. Situação que adéqua com este tema das “serpentes”
venenosas e “teológicas” aportado para a festa da “exaltação da santa cruz”.
P.Casimiro João
smbn www.paroquiadechapadinha.blgospot.com.br
Nenhum comentário:
Postar um comentário