segunda-feira, 22 de julho de 2024

TEOLOGIA BÍBLICA, A AÇÃO DE JEUS SOBRE O SÁBADO E A LEI

 

Um dia Jesus teria feito esta afirmação: “Meu Pai trabalha sempre portanto também eu trabalho”. (Jo.5,17). Com esta afirmação, Jesus aumentava a pólvora para se queimar. Esta afirmação vem em sequência de uma discussão sobre o sábado, quando tinha acontecido a cura do paralítico junto à piscina de Betesda em dia de sábado. Por esse motivo mais os judeus se acirravam, e achando Jesus ousado demais, eles “com maior ardor procuravam tirar-lhe a vida porque não somente violava o repouso sabático mas afirmava que Deus era seu Pai” (Jo.5,17-18). E vem então um discurso magistral supostamente de Jesus que envolve: a ação de Jesus sobre o sábado; sobre a ressurreição dos mortos; sobre o julgamento; sobre a “hora” de Jesus; sobre os túmulos abertos; sobre o testemunho de João e sobre a glória e sobre Moisés (Jo.5, 19-47). Em primeiro lugar. O mote que deu lugar ao discurso é aquele do sábado “Meu Pai trabalha sempre portanto também eu trabalho”. (Jo.5,17). O Livro do Gênesis afirma que “Deus descansou no sétimo dia de toda obra que tinha feito”(Gn.2,3), no entanto, os próprios rabinos já tinham mudado isso na sua teologia dizendo que Deus e a Providência permanece ativa durante o sábado porque no sábado homens nascem, e homens morrem no sábado, e Deus tem que lidar com todos”. (R.Brown, “Comentário do evangelho de João, vol I, p.440).  Os Judeus ai não tiveram problema ao mudar a teologia inicial do Gênesis. O princípio dessa mudança era que, na teologia dos rabinos Deus tem três chaves: a chave da chuva, a chave do nascimento e a chave da morte. (R.Brown). O problema dos judeus era passar de leve sobre o privilégio sabático, que era peculiar de Deus e ninguém era igual a Deus. As setas deles já começavam por aí, e continuavam sobre a suposta arrogância de Jesus que reivindicava para si  o mesmo direito de Deus. De todos os lados Jesus estava cercado. Ainda mais quando Jesus, avançando no seu sermão afirmou que ele e o Pai eram “Um”. Aí Jesus deu o braço a torcer na quebra de braço e explicou que ele não veio por própria  iniciativa mas foi envidado por Deus. Por isso o que envia e o que é enviado são um só. E ainda que o “filho faz o que vê o pai fazer”(Jo.5,19) numa referência às oficinas familiares da época em que todo filho aprendia com as habilidades do pai.(o.c.p.443). Depois destes itens, segundo os estudiosos teria havido umas três edições neste capítulo de João que consta de um discurso com vários temas (o.c.p.446). O segundo redator teria ido buscar da cena de Caná o tema da “hora” de Jesus: “em verdade, em verdade lhes digo, vem a “hora”, e já está aí, em que os mortos ouvirão a voz do Filho de Deus, e os que ouvirem viverão.” (Jo.5,25). Esse segundo redator juntou o tema da “hora”, que seria a hora da Paixão, com o tema escatológico da ressurreição dos mortos (o.c.p.446). Com efeito, o tema da ressurreição não vem nos primeiros tempos do Antigo Testamento, mas só foi colocado nos últimos livros da Bíblia no século II a.C. por influência dos caldeus e babilônicos com quem eles conviveram no cativeiro e aprenderam essa doutrina. Na verdade, se o justo sofre tanto e o malvado morre sem castigo, tem que isso acontecer na outra vida. Assim os judeus aprenderam na própria pele mas nunca tinham feito uma reflexão. Então concluíram que se o justo sofre tanto tem que haver uma ressurreição para ele com glória, e um castigo, ou um inferno para os torturadores. É na base deste elemento escatológico que no evangelho de Mateus aparece bem expresso junto com outros elementos escatológicos na hora da morte de Jesus, a seguinte afirmação “Eis que os sepulcros se abriram e os corpos de muitos justos ressuscitaram saindo de suas sepulturas, entraram na Cidade santa e apareceram a muitas pessoas”.(Mt.27,51-53).  E um terceiro redator terá tecido mais uma reflexão para completar o discurso deste cap.5 de João e este sermão, aproveitando dois links do Antigo Testamento: um do apocalipse de Daniel quando apesenta a visão do “filho do Homem”(Dn.cap.7) em que o Pai entregou o julgamento ao filho: “Assim também o Pai não julga ninguém mas entregou todo julgamento ao Filho” (Jo.5,23-24). Devemos até notar que este redator esqueceu que outras vezes Jesus afirmou que ele não julga ninguém (“eu não julgo ninguém”(Jo.8,15). E foi buscar outro link no cap.37,1-8 de Ezequiel na sua visão apocalítica de um vale cheio de ossos ressequidos, e que pelo sopro divino voltaram à vida. Nós sabemos que apocalipses são uma parábola. E parábola é escrever uma coisa para significar outra. Como no exemplo do “Pequeno príncipe”, de Saint Exupéry, que, perdido no deserto foi socorrido por uma estrela que se transformou no “pequeno príncipe” que o levou às águas do deserto, é uma parábola moderna.

Conclusão É admirável como da cura de um paralítico saem ganchos para um discurso tão central como este de João. E na análise dos últimos especialistas bíblicos vejamos o que nos dizem a respeito: “A tendência crítica é avaliar tal discurso como o produto da teologia cristã posterior ao 1º século, com pouco ou nenhum fundamento na tradição primitiva das palavras de Jesus”(o.c.p.440). Resumindo, e como afirmado detalhadamente sobre os vários redatores, os evangelistas se inspiraram em alguns ditos soltos de Jesus e links de outras Escrituras e tudo indica que “tenham feito no produto final uma organização e aprofundamento teológico que refletem uma perspectiva final e mais elaborada.(Bliglh,131)”o.c.p.440. Finalmente retomando o nosso título: A ação de Jesus sobre o sábado e a lei, tivemos ocasião de não só ver a ação de Jesus, mas conferir a ação dos redatores evangelistas para moldar e organizar um discurso atribuído a Jesus, porém com mais quantidade de reflexões e aportes de compartilhamentos deles do que de ditos de Jesus. Isto quer dizer que o “Jesus” apresentado nos evangelhos é mais um “Jesus” da teologia pós pascal, como dizem os estudiosos, do que o Jesus histórico ou pré pascal.

P.Casimiro João   smbn

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segunda-feira, 15 de julho de 2024

NOMES OCULTOS NOS EVANGELHOS E O HOMEM DA BILHA DE ÁGUA NA ÚLTIMA CEIA


 

Marcos é o evangelho mais confiável historicamente e serviu de fonte onde os outros se apoiaram. Nosso tema hoje é o motivo de nomes ocultos nos evangelhos. Temos alguns exemplos e começamos por um bem conhecido na cena da prisão de Jesus: “Um dos circunstantes puxou da espada e feriu um servo do sumo sacerdote, e decepou-lhe a orelha” (Mc. 14,47).  Em Mateus: “Um dos companheiros de Jesus desembainhou a espada e feriu um servo do sumo sacerdote e decepou-lhe a orelha” (Mt. 26,51). Em Lucas: “E um deles feriu o servo do príncipe dos sacerdotes decepando-lhe a orelha direita” (Lc.22,50). Olhemos bem: “um dos circunstantes”; “um dos companheiros” e “um deles”. Há ainda aí outro nome oculto: “Seguia-o um jovem coberto somente com um pano de linho, e prenderam-no; mas ele lançando de si o pano de linho escapou-lhes fugindo” (Mc.14,51). Porquê esta maneira sem dizer nomes? Certamente os autores tinham como objetivo não nomear pessoas como uma medida para protegê-las para não serem perseguidas depois dos acontecimentos. “O motivo narrativo para essa anonimia não é difícil de adivinhar: ambos haviam estado em conflito com a polícia. Gerd Theissen atesta que vários aspectos da narrativa da Paixão em Marcos refletem a situação da Igreja de Jerusalém nos anos 40-50 d.C. Alguns desses traços dizem respeito a personagens nominadas ou não na narrativa. Daí deduz-se, continua Theissen que é difícil confirmar, por exemplo, se a pessoa que decepou a orelha do servo do sumo sacerdote e o jovem que fugiu nu se eram discípulos de Jesus ou não. E conclui que é altamente improvável” (R. Bauckham o.c.p.239). E porquê no evangelho de João somente ele diz que foi Pedro quem decepou a orelha? “Simão Pedro, que tinha uma espada, puxou dela e feriu o servo do sumo sacerdote e decepou-lhe a orelha direita, o servo chama-se Malco”. (Jo.18,10).  Sem dúvida, porque o evangelho de João foi redigido 50 anos mais tarde, pelo ano 100 ou 105 d.C. e aí havia uma animosidade muito grande e competição entre a comunidade fundada por João e a comunidade de Pedro. “Naturalmente, ninguém pode estabelecer a veracidade dos detalhes narrados somente por João” (Raymond Brown, Comentário do evangelho de João vol.II,p.1240). Outro local que chama também a atenção é atmosfera de perigo e segredo protetor na narrativa da Paixão em Marco em outras duas histórias bastante estranhas. Jesus envia dois discípulos com a missão de trazer o potro que Jesus montaria ao entrar em Jerusalém e preparar a refeição pascal. Primeira cena:"Ide à aldeia que está defronte de vós e logo ao entrardes nela achareis preso um jumentinho" (Mc.11,2) Segunda cena: "Ide à cidade e sair-vos-á ao encontro um homem carregando um pote de água. Segui-o e onde ele entrar pergumtai ao dono da casa 'onde está a sala em que devo comer a Páscoa com os meus discípulos? (Mc.14, 14-15). As duas cenas descrevem o grande momento de perigo em que Jesus se encontrava, pois ele andava escondido das autoridades para não ser preso, e por isso Jesus fez a “Ceia pascal” em segredo. Por isso tais palavras devem ser um tipo de “senha” que Jesus tinha combinado a fim de indicar aos discípulos aquelas pessoas antes combinadas para ser emprestado o jumento e onde seria a casa da Ceia. O acordo, portanto, foi feito antes com o dono do jumento e com o dono da casa  E porque Jesus não dá o nome dos donos da casa e do  jumento? A ausência de referência aos donos é para não pôr em perigo essas pessoas. Quanto ao homem que carregava o pote de água é também um sinal preestabelecido. E não era coisa difícil porque quem carregava potes de agua eram as mulheres, portanto, fácil era para os discípulos toparem com esse senhor carregando um pote de água para que emprestasse em segredo a casa e a sala para a ceia pascal. Como vemos, todas as precauções são tomadas para que não seja descoberto o segredo do empréstimo tanto do jumento como da casa da ceia pascal. Nesta altura do campeonato “Jesus já esperava ser preso a qualquer momento, mas ele não queria que isso acontecesse sem que ele tivesse feito a refeição pascal com os discípulos. Dessa forma o local devia ser muito cuidadosamente mantido em segredo, até para os próprios discípulos” (o.c.p.244). Outro fator importante a respeito do que aconteceu na prisão de Jesus foi a fuga dos discípulos, pois na verdade os evangelhos afirmam “que todos o abandonaram e fugiram” (Mc.14,50). Deste modo é compreensível que tanto Marcos como os outros evangelhos, na hora da crucificação somente indicassem vagamente que algumas mulheres estiveram presentes: “ Achavam-se ali também algumas mulheres observando de longe” (Mc.15,40). Quem são as mulhers descritas por Marcos na crucificação? A esta presença das mulheres Chad Myers dá um significado teológico, para dizer que “nem todos abandonaram Jesus no Getsêmani. As mulheres agora se transformam na ‘linha de salvação’ da narrativa do discipulado”. Quanto à mãe de Jesus, “ela aqui não é descrita como ‘mãe’ porém como discípula também para contrapor à cena de Mc.3,34: “Eis aqui minha mãe e meus irmãos”. Em todo caso, seja quais forem as três mulheres, Marcos as apresenta como alternativa para os três homens do círculo íntimo anterior, Pedro, Tiago e João; para significar que elas são as verdadeiras discípulas”(o.c.p.469). O tema aqui é mais teológico do que histórico, o tema do discipulado. Por sua vez Raymond Brown completa: “Na verdade, os sinóticos não mencionam as mulheres até o final da cena da crucificação após a morte de Jesus. E o evangelho de João o que diz sobre os nomes das mulheres junto à cruz? “Junto à cruz de Jesus estava sua mãe, a irmã de sua mãe, Maria mulher de Cléofas e Maria Madalena”(Jo.19,25).  Autores “sugerem que a menção das mulheres em João se introduziu no evangelho de João mais tarde. A maioria dos comentaristas com Bultmann e Dauer sugerem que originalmente a menção das mulheres se introduziu em João mais tarde, para antes da morte de Jesus quando se adicionou também a observação de Jesus à sua mãe e ao discípulo amado.” (o.c.vol.II, p.1375). A opinião do C.Myers, por sua vez, é: “nossa opinião é que a referência ao discípulo amado, aqui, como em outros lugares, é um complemento à tradição” (o.c.p.1376). Origenes, no séc. IV interpretava que Maria representava a herança de Israel que agora estava sendo confiada aos cristãos na figura do discípulo amado”, que não era o filho de Zebedeu mas o representante dos cristãos” (Cf. o.c.p. 1377). Como dito antes, os evangelhos sinóticos afirmam que nenhum dos discípulos seguiram Jesus até à cruz, então nem o apóstolo João. E como dissemos noutro blog, o  "discípulo amado" não era o filho de Zebedeu. É já no sé.IV os Padres da Igreja atribuem essa implicação teológica dizendo, junto com Orígenes, que o discípulo amado era a Igreja.

Conclusão. Há um nome oculto também da mulher que ungiu Jesus antes da Paixão, na casa de “Simão o leproso”. “Quando ele se pôs à mesa entrou uma mulher com um frasco de alabastro de um perfume de nardo puro e derramou-o sobre a sua cabeça”.(Mc. 14,3). A respeito desta pessoa anônima, termino com a observação do autor citado: “O que punha as pessoas em perigo em Jerusalém no período da comunidade cristã primitiva seria a cumplicidade delas com o pretenso comportamento sedicioso de Jesus nos dias que antecederam a prisão. Aliás, toda a comunidade cristã estava potencialmente em perigo devido à sua lealdade a um homem que foi executado por tal comportamento insurreto”(C.Myers o.c.p.250). Desta maneira o evangelho ocultou este nome pelos mesmos motivos que ocultou os outros.

P.Casimiro João      smbn

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segunda-feira, 8 de julho de 2024

A TRANSMISSÃO ORAL NA FORMAÇÃO DOS EVANGELHOS.


 

Houve testemunhas oculares que foram ouvidas na época da formação dos evangelhos? Houve. Porém, grande parte dos historiadores e pesquisadores bíblicos afirmam que grande parte do que está escrito  nos evangelhos, e não só, foi escrito pelas próprias comunidades e que esse material foi atribuído ao próprio Jesus, mas no qual transparece a vida das comunidades com seus problemas e vitórias e com seus altos e baixos de cada dia. Em resumo, nos transmitiam a sua fé como antidoto nas dificuldades da caminhada da comunidade. “Os estudiosos afirmam que os seus testemunhos e relatos tiveram um processo oral que passou por diversas recontagens, formulações e expansões antes que os evangelistas fizessem seu próprio trabalho editorial. Outros estudiosos, trabalhando com a máxima de que as tradições de Jesus são, em primeiro lugar evidências acerca das comunidades cristãs que as transmitiram, concluem que elas nos dizem muito mais a respeito daquelas comunidades do que mesmo sobre Jesus. As tradições foram não só adaptadas, mas em muitos casos, criadas para o uso que a Igreja as destinou na pregação ou no ensinamento. O processo de transmissão era bastante criativo. “As comunidades cristãs não tinham nenhum interesse real em conservar tradições em torno do passado, mas formularam tradições de Jesus para o propósito bem diferente de apresentar o Senhor Jesus atual e vivo” (Richard Bauckham, Jesus e as testemunhas oculares, p.310). Falando sobre o evangelho, o bispo de Higienópolis, Papias, grande conhecedor dos primitivos evangelhos, diz o seguinte: “O evangelho de Marcos assemelha-se mais a notas de historiografia, as quais Marcos registrou por escrito a partir de testemunhas oculares que ele elaborou com sua própria lavra (o.c.p.523). O trabalho histórico-crítico consiste num esforço de encontrar um Jesus obtido mediante a tentativa de retroceder para trás, para antes dos evangelhos. É a isto que chamamos o “Jesus histórico”, trabalho esse que foi iniciado com a pesquisa da crítica das formas, com Bultmann, Vincent Teylor e Dibelius.             “Muito do que os evangelhos nos contam é um Jesus construído pelas necessidades e pelos interesses de vários grupos na Igreja das origens” (o.c.p.15). Chama-se o “Jesus histórico para distingui-lo do “Jesus da fé, ou dos Evangelhos”. O Jesus dos evangelhos resultou do testemunho de pessoas que, transmitindo lembranças, ditos, parábolas, e discursos de Jesus, formaram uma teologia e uma figura de Jesus que resultou no “Jesus da fé”, às vezes com pouca conexão com o Jesus que viveu realmente em Nazaré. E ainda mais traziam a influência judaica, transpondo no Jesus da fé muita coisa que vinha do Antigo Testamento referente ao “filho de Davi”, ao “Messias”, e à escatologia dos últimos tempos, coisas que incluíam muitas vezes sem o suficiente critério nesse Jesus-Messias. A respeito disso, vejamos: “Imaginemos as tradições passando através de várias mentes e bocas antes de alcançarem os escritores dos evangelhos” (o.c.p.21). Não há dúvida que as testemunhas oculares iniciaram o processo de tradição oral, mas esta etapa passou por diversas recontagens, reformulações, expansões antes que os evangelistas fizessem seu próprio trabalho editorial sobre ela. Por exemplo: Marcos descreve a história do túmulo vazio com o comentário de que “as mulheres fugiram porque tiveram medo”. E aí apareceram inúmeros manuscritos posteriores tentando eliminar esse desfecho desajeitado, e acrescentaram uma história de aparição de Jesus aos discípulos que passou depois para o evangelho de Mateus e de Lucas” (Helmut Koester, Introdução ao Novo Testamento, vol.II, p184). Então, podemos enumerar em cinco as etapas da formação dos evangelhos: 1. Memórias sem ordem cronológica; 2. Recontagens; 3. Reformulações; 4. Transformações e expansões; 5. Trabalho editorial dos redatores (evangelistas). (Cf. o.c.p.308). Outro exemplo: O mesmo Papias 130 d.C. “aprendeu com as filhas de Felipe, diácono, algumas histórias sobre os apóstolos, conforme o historiador Eusébio. Inclusive, no seu livro quase todo perdido, sobrou pouco mais que o Prólogo, que é paralelo com o prólogo de Lucas (o.c.p.31). E o mesmo Papias se refere a um Aristão e ao João, o Ancião que no evangelho recebeu o apelido de “discípulo amado”, no evangelho, e “Ancião” ou “presbítero” nas Cartas o qual não era o João filho de Zebedeu. “Ancião” eram os líderes das comunidades asiáticas. O “ancião” que era também João era um deles e esse apelativo era para distingui-lo do João apóstolo, filho de Zebedeu. E “ancião” ou “presbítero”, no grego ficou assim nas Cartas onde ele ficou por antonomásia.” (o.c.p.535). “Há somente duas obras cristãs do século segundo que identificam o João que escreveu o Evangelho com João, filho de Zebedeu. Essas são duas obras apócrifas, os Atos de João e “Epístola dos Apóstolos.” (o.c.p.587). Papias conheceu os evangelhos escritos, pelo menos os de Marcos e Mateus, no entanto ainda que ele pareça estar consciente de algumas deficiências nesses dois evangelhos ele não os depreciava. Atentemos melhor no conceito de tradição. A palavra “tradição” é um conceito moderno, e nos primórdios deveríamos falar mais de “transmissão” oral. Paulo quando diz: “Transmiti-lhes o que recebi”, e “quinhentos irmãos e irmãs, dos quais a maior parte ainda vive” 1 Cor.15,3-6 quer dizer que os acontecimentos ainda estavam bem dentro da memória viva das pessoas às quais fácil acesso era possível (o.c.p.59). A isso os estudiosos chamam de transmissão “transgeracional”, ou só “ocasional”. Ali como em 1Cor.11,2 ainda era só ocasional. E há tradições que se formaram a partir de uma só pessoa. Assim por exemplo quem deu o nome de “Evangelhos” aos quatro evangelhos foi um cristão importante, chamado Marcião (150 d.C.). E do mesmo jeito os cristãos, que eram conhecidos por “nazarenos” foram por primeira vez chamados de cristãos em Antioquia (At.11.26). De Pedro se recorda a transmissão de pequenos ditos ou fatos de Jesus que entraram depois para os evangelhos, sobretudo de Marcos e de Mateus e depois passaram para os outros. Esses ditos têm o nome técnico de “logia”. Os especialistas distinguem outro tipo de “ditos” que eram coisas adaptadas às necessidades dos ouvintes que eram um tipo de pequenas histórias contadas como exemplos morais, e se chamavam “Chreiai”. Na verdade, “numa cultura predominantemente oral todo mundo estava familiarizado com várias formas de contar narrativas breves sem necessidade alguma de refletir sobre o assunto” (o.c.p. 279).

Conclusão. Estes poucos traços ajudam-nos a pensar na problemática do nosso título: a transmissão oral na formação dos evangelhos. Pelo menos levam-nos a imaginar a complexidade desses escritos e do labor editorial que isso implica. E confirma a nossa reflexão que na antiguidade havia um conceito flexível de ‘tradução’. Com efeito, “era comum, via de regra, os tradutores sentirem-se livres para incrementar a obra que eles estavam traduzindo. (o.c.p.289). Isto nos levaria a outra reflexão da crítica das formas, sobre a qual se diz que “as traduções evangélicas informam-nos primariamente sobre a vida da Igreja primitiva mais que sobre a vida de Jesus, como afirmam Bultmann, Vincent Teylor e Dibelius” (Df. o.c.p.314). As tradições foram criadas e modificadas livremente de acordo com as necessidades da comunidade. Tais comunidades não tinham nenhuma razão para tentar preservar relatos históricos por causa do seu valor histórico”. Acrescentemos ainda outro aspecto: que “o tradutor dava a sua própria interpretação do que ouvia e escrevia das testemunha” (o.c.p.522).

P. Casimiro João      smbn

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segunda-feira, 1 de julho de 2024

COMO AS CARTAS NÃO AUTÊNTICAS DE PAULO EXCLUIRAM AS MULHERES DA LIDERANÇA.

São Paulo sempre incluiu as mulheres nos serviços e lideranças das comunidades, como vem em suas Cartas. Depois da morte de Paulo um discípulo dele redigiu as hoje chamadas “Cartas Pastorais”, onde se excluíam as mulheres. Várias tentativas houve para fazer o primeiro cânon do Novo Testamento. Marcião tentou fazer o seu primeiro cânon e ainda não tinha em mãos essas Cartas e por isso não as incluiu. São Justino fez uma segunda tentativa do cânon e não as incluiu, apesar de já conhecê-las. Santo Irineu, anos depois, também teve conhecimento dessas Cartas, e as incluiu no seu cânon que veio a ser a terceira tentativa do cânon do Novo Testamento. E foi desta inclusão que resultou a exclusão de mulheres do culto. Quais eram os reais motivos da exclusão? Os reais motivos eram a competição entre Roma e as comunidades evangelizadas por Paulo, que se acirrou depois da morte dele.  Para esta situação não devemos esquecer que Irineu era do Ocidente e tinha uma formação romana, e entre Roma e as regiões evangelizadas por Paulo houve sempre confrontos e disputas de poder e de opiniões, como dissemos. Está aí uma das grandes motivações iguais a muitas outras que têm acontecido na história até hoje. “Além da falta de uma autoridade central, onde as coisas ainda eram deixadas segundo as influências, notemos outra observação pertinente: “Para a formação do cânon não se importavam com a “inspiração uma vez que os primeiros cristãos todos eles se achavam inspirados pelo Espírito Santo. Daí que alguns mais ousados arriscavam fazer esse tipo de Cartas às Igrejas e botavam o nome de uma autoridade como de um apóstolo mesmo que já tivesse falecido” (H.Koester,o.c.p.15 §7.1c).

Conclusão.  Há erros e acertos de Santos na história da Igreja. Tivemos ocasião de ver aqui acertos e erros, erros e acertos. Infelizmente, muitas vezes os erros permanecem mais tempo do que os acertos. Já notamos o tanto de livros e o tanto de tinta perdidos para recompor os erros da teologia de Agostinho que “condenava” as crianças não batizadas e as excluía do céu? Infelizmente isso fez a cabeças de todos os pregadores e missionários que tomavam sobre si a única tarefa de batizar sem nunca ensinar mais coisíssíma nenhuma até aos nossos dias, e se propunham atravessar mares nem que fosse para salvar, entenda-se “batizar” uma  única “alma”.

P.Casimiro João    smbn

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segunda-feira, 24 de junho de 2024

UM SIGNIFICADO DIFERENTE DE “MARGEM”.


 

Quando lemos “margem” vem logo à mente “marginalizados”. Mas hoje não vamos tratar desse termo que visa o tema social, mas outro tema a que chamaremos moral, mas que inclui sim alguém que é marginalizado. Nestes dias em Brasília estourou um tema que virou ou viralizou uma polêmica, e surtou em manifestações nas ruas de cidades de todo o Brasil. Trata-se de aumentar as penalidades para meninas e não só, por pratica do aborto motivado pelo estupro, após 22 semanas. E o tema “marginalizas” vem do seguinte: Se filhas, sobrinhas, netas, irmãs e não só, de qualquer deputado que sustenta a ideia desse projeto sofresse um estupro, é matematicamente certo que não haveria marcação de tempo, semanas, meses, para fazerem aborto e não faltaria grana para viajar para os Estados Unidos, Argentina ou Europa para esse aborto. No entanto, esses mesmos pretendem aumentar tempos de prisão para quem fizesse esse procedimento em território nacional, para pessoas sem a tal grana para viajar para o estrangeiro. Biblicamente isso tem um nome: fariseismo. Podem vir até postagens no WhatsApp de religiosos, padres ou bispos, mas que não ultrapassam os limites dos fariseus que apresentaram a mulher adúltera a Jesus para ser apedrejada. (Jo.cap. oito). Também queria ver se as filhas, netas, sobrinhas e irmãs e não só, desses fariseus fossem apanhadas em adultério se eles pediriam para serem apedrejadas. E se as filhas, netas, sobrinhas e irmãs e não só, desses sacerdotes, religiosos e bispos também iriam para a cadeia. Infelizmente, tudo isso não passa da tática do voto para a reeleição do presidente da Câmara, sr. Artur Lira. E dinheiro procura dinheiro, na medida em que esse presidente é amarrado pelo voto daqueles a quem abriu as comportas da grana do Brasil, chamadas Centrão.

P.Casimiro João    smbn

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segunda-feira, 17 de junho de 2024

A HUMANIDADE ESTÁ DENTRO DO MATRIMÔNIO.


O matrimônio era muito interessante para os judeus. Para eles: era um conceito econômico. Hoje: inclui conceitos antropológicos e filosóficos e sociológicos. Para os judeus podia-se trocar de mulher. para aumentar a riqueza do marido. Era o sistema patriarcal, que favorecia o macho. (Cf. Werren Carter, o evangelho de Mateus, p.276-280). O casamento não é só do domínio da fé, mas da sociologia, antropologia e filosofia. Para os judeus era só do domínio da fé porque eles botavam Deus em tudo, até para matar, e com a mente do domínio do homem sobre a mulher como a equipe sacerdotal que redigiu a segunda redação do Gênesis botou lá também. Se uma família era mais rica e tinha uma moça para casar, um homem encontrava um defeito qualquer na esposa para deixá-la e pegar a mulher rica que tinha lhe agradado. E cumpria a lei do libelo de Moisés.  (o.c.p.278). E também podia comprar uma autorização do rabino para ficar com duas mulheres. Aí entra Moisés, os rabinos, o sistema patriarcal, as propriedades rurais e o dinheiro, de mistura com a Bíblia. Depois entrou também a Igreja, no séc. XII d.C.  Hoje, numa visão míope e limitada, ainda pensamos que o casamento é do domínio da Igreja. Mas atentemos no matrimônio na Índia, no Japão, e em toda a Ásia e em todas as Áfricas. E veremos que o casamento é em primeiro lugar um negócio humano. É que antes de sermos cristãos, somos gente. O casamento é para humanizar as pessoas, e não desumanizar. Em primeiro lugar é um negócio da humanidade, não da Igreja. A Igreja não pode desumanizar o matrimônio. Igual a fé. A fé é para humanizar, não para desumanizar. O critério será este: o matrimônio humaniza, ou desumaniza? Que o matrimônio é em primeiro lugar um negócio da humanidade até a gente dá conta quando a Igreja não tinha nada a ver com os casamentos antes do séc.XII. Quem autorizava ou separava eram os pais, e na sociedade civil eram as “autoridades”, eram os “políticos” e também o parlamento ou Senado. Somente no século XII, de um pedido de um pai de família é que começou algum sacerdote a estar presente na cerimônia. E daí em diante ficou entrando no número dos Sete sacramentos os quais estavam sendo elencados nessa época. Assim sendo, a Igreja deve cuidar de humanizar os casais, não desumanizar. Foi o que pretendeu Jesus, segundo vem no evangelho. O evangelho de Mateus é claro quando declara para os escribas e fariseus “não matarás, não cometerás adultério” (Mt.5,21-27). Daí avança para os julgamentos, xingamentos e ambições sobre a mulher alheia. E porque os fariseus se gloriavam de dar ofertas vultosas nos cofres do templo e ser cumpridores “só para serem vistos”, eles não se importavam com os desejos e ambições sobre riquezas, vinganças, e ambições sobre outras mulheres, mas só de conseguir o libelo de divórcio da lei de Moisés para se desquitarem pensando que ficavam quites na lei de Moisés. E aqui, como no roubo e no matar, e no adulterar não cogitavam sobre as ambições do coração mas só da prática de matar, roubar e adulterar sem o libelo, mas com o libelo achavam que não adulteravam. Esta era a questão. Por isso as recomendações de Jesus: “Se vossa justiça não for maior que a dos escribas e fariseus não entrareis no reino dos céus” (Mt.5,20). E notemos que eles, “escribas e fariseus” eram os “melhores ‘católicos” da época. Saindo da margam da Bíblia: Como se organizavam as sociedades do mundo, uma vez que os judeus eram uma porcentagem de 0,2% (zero dois por cento) da população do mundo. Os outros tinham seus matrimônios, seus casamentos, suas famílias e seus filhos. E daí como é o mundo de hoje? Católicos somos na porcentagem de 17,76 por cento (17,76%), e entre nós nos organizamos só desde o séc.XII. E antes? E esse mundão de Deus? Como era? Como pode uma partezinha do mundo pretender plasmar os outros à sua imagem? Vá lá, se fosse como nos tempos atrás, quando a Igreja pensava que todos tinham que ser católicos para se salvar, mas agora se deu conta que não, que ninguém é obrigado a ser católico para se salvar. E se não são obrigados a ser católicos também não são obrigados a obedecer as leis da Igreja, nem de católicos, e nem de protestantes. O mundo segue, e a Igreja ficará para trás olhando para suas leis e ambições bem pouco admiradas, como as leis do nascimento, controle de nascimentos, e métodos de anticoncepção. Os da Igreja só estão se casando no sacramento na porcentagem de 5 por cento (5%) no mundo e no Brasil, e dos que se casam só 17 por cento (17%) ficando fiéis ao sacramento.

Conclusão. Casamento e família é em primeiro lugar um negócio da humanidade, não em primeiro lugar da Igreja. Tanto que a Igreja só tomou parte nos matrimônios a partir do séc. XII, do nada, por um convite de um casal. Por isso o primeiro cuidado da Igreja deve ser colaborar para humanizar, e não desumanizar os casais. Mostramos uma estatística de hoje. Não diremos, igualzinho aos matrimônios judeus “por qualquer falha de beleza, qualquer prato não saboroso da esposa” pedia a separação?(Mt.19,7). Dissemos que as palavras “Se vossa justiça não for maior que dos escribas e fariseus não entrareis no reino dos céus” eram dirigidas aos “melhores ‘católicos” da época (entenda os melhores e mais “santos” judeus). E hoje quem são os “melhores católicos e protestantes” “mais santos”?

P.Casimiro João     smbn

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segunda-feira, 10 de junho de 2024

ONIPOTÊNCIA E CRUELDADE.


 

Os povos primitivos viviam da caça e da pesca, e paulatinamente foram aprendendo a tirar da terra o sustento  para acrescentar a essa atividade primeira. Nascia assim a agricultura. Quando os grandes agricultores e proprietários de terras resolveram se agregar para defender os seus interesses e aumentar suas posses, decidiram formar as cidades, onde construíram seus comércios e armazéns. Não só, mas cuidaram de aumentar seus servidores a troco de subornos e donativos baratos. E quando emprestavam dinheiro ou terras para outros trabalhadores, arrebatavam as poucas propriedades deles como pagamento. Nas cidades formaram-se centros de controle e policiamento para defender esta classe de pessoas abastadas, e centros de mando e de poder. Em outras palavras, a onipotência era o valor focal das cidades desde a sua fundação. Estudiosos modernos sugerem que a crueldade é um processo de mutilar. A mutilação não é só física mas mais ainda moral: enganar o cidadão com a ignorância, tirar-lhe o direito de falar, de reclamar e de se expressar. É a violência institucionalizada. E nas antigas cidades, como Roma, faziam-se festas para celebrar esta mutilação, no Coliseu, com lutas ferozes de fortes contra fracos, ou feras devorando os vencidos. Chama-se a isto que a onipotência anda junto com a crueldade. O rei era grande quando mostrava que podia tudo e não encontrava opositores iguais a ele. “Os romanos, como os mediterrâneos em geral, incluindo Israel, eram inclinados à violência e crueldade, consequentemente desejando se empenhar no conflito físico ao mínimo sinal de provocação” (Bruce J.Molina, o evangelho social de Jesus, p.45). E essa era a qualidade que também  atribuíam a Deus exigindo sacrifícios e crueldade extrema contra os inimigos. Esta era uma sociedade violenta, com frequência violência pública e explosiva. O mundo mediterrâneo era um mundo violento e a tradição israelita sacralizava tal violência, o que se reflete nos sacrifícios que pensavam que Deus exigia, às vezes dos seus próprios filhos, tanto como de animais. “Eles ofereceram seus próprios filhos e filhas como sacrifício a deuses pagãos. Mataram aquelas crianças inocentes, os seus próprios filhos e filhas, como sacrifício aos ídolos de Canaã. E o País se tornou impuro por causa desse sangue” (Sal 106,37-39). Este comportamento violento aplicava-se também pela família aos seus membros, pela multidão aos concidadãos ou estrangeiros, pelas autoridades aos opositores. Um resumo do que fica dito se concretiza no mito da torre de Babel (Gn.cap.11), que sintetizava o conceito  de onipotência e crueldade. Na verdade, a etiologia da torre de Babel era a luta contra a construção das cidades. As primitivas tribos viviam do pastoreio e conviviam numa confederação de tribos onde ninguém era maior do que ninguém e olhavam a fundação da cidade como ameaça, por causa da acumulação de riquezas e da crueldade subsequente. Quanto a cidade é mais poderosa ela se mostra mais cruel, quanto mais onipotência mais crueldade. Essa constatação foi transferida para Deus. Na antiguidade o rei era o filho dos deuses que tudo podiam e sabiam. Daí que o rei era o princípio do poder e da sabedoria como os deuses. Na entronização do filho do rei se faziam grandes festas onde ele era entronizado e aclamado como o filho de Deus. Logo logo ele era o deus, com poder de morte e de vida sobre os mortais. A obediência cega e sem limites ao rei ficou coisa sagrada. Assim nasceram as teocracias que foram os primeiros sistemas de governo no mundo, “o governo sagrado de Deus” que tudo pode e tudo manda, e onde a onipotência anda junta com a crueldade: Logo, a teocracia e ditadura eram a mesma coisa. Com a agravante que a ditadura era em nome de Deus. Essa onipotência e essa ditadura da crueldade automaticamente passaram para o rei, que se arrogava, como deus, poder de vida e de morte sobre os cidadãos. Quanto mais cruel, mais poderoso se achava o rei, o que levou um filósofo a dizer: “A crueldade é um dos prazeres mais antigos da humanidade” (Fredrich Nietzsche).

Conclusão. Hoje em dia constatamos  a sobrevivência desse sistema antigo e obsoleto nas ideologias modernas das diversas ditaduras. Ideologia das extremas direitas que revivem um passado mofado, fora da época de validade que mata as cabeças, envenenando-as como quem engole  um remédio passado de prazo que causa morte. Veneno que entra em cabeças tanto de religiosos como de políticos que exercendo influência e sendo eles manipulados pelo deus do dinheiro Mamón envenenam e manipulam por sua vez consciências e cabeças até à exaustão.

P.Casimiro João     smbn

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