segunda-feira, 23 de junho de 2025

GENOMA, INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL E RELIGIÃO.

Estamos na época de uma nova corrida planetária à Lua. A américa do Norte por um lado, a China e Rússia por outro lado, a Europa e a Índia no páreo. Até que foi a Índia que recentemente encontrou água na Lua, e agora todos querem beber daquela água. Outra história que vai revolucionar as fontes de energia limpa: A Alemanha descobriu e está em fase de testes avançados, que podem formar barragens hidráulicas que não vão seguir os moldes tradicionais, i.é, não serão represas de rios mas irão armazenar água do fundo do mar em grandes reservatórios de 50 e ou  100 metros de diâmetro na sua circunferência, e estas enormes bolas de concreto oco serão jogadas nos oceanos, e lá dentro irão transformá-la em energia, do mesmo modo que as represas hidreléticas, só que é tudo invisível no oco daquelas bolas monstras. Este avanço nos espanta, assim como esses projetos de começar a captar os minerais raros que serão pesquisados na Lua e chegarão às indústrias mais sofisticadas aqui na terra. E de quebra aparecerão bases lunares que serão os novos pontos de apoio para as viagens a Marte. Daqui a 10 ou o mais tardar 20 anos, ouviremos falar que na Lua  tem uma colônia ou uma cidade de humanos. Chegou também a ocasião de avaliar os milhões de Provas do Enem com o uso da IA, inteligência artificial, o que vai economizar horas e dias de trabalho dos professores, e ligeireza dos resultados. Isto que estará acontecendo nesta década é mais avançado do que na época de 1990 quando a ciência começou a mexer no genoma humano que consiste em 3,1 bilhões de pares de base do DNA. Foi também a época da condenação dos processos da regulação da natalidade e dos meios anticoncepcionais por parte da Igreja. Na época o Papa João Paulo II fez umas denúncias severas sobre esses procedimentos porque, segundo ele, seria abrir caminho para a seleção de indivíduos melhores com relação aos piores. Afinal, a ciência respondeu que a natureza já fazia isso durante  milhares de anos, apenas agora artificialmente aconteceria mais rápido. E por parte dos teólogos, hoje se diz que “a Igreja não confia no homem e muito menos nas suas escolhas” (U.Galimbertti, Rastos do sagrado, p.324). Não só, mas sobretudo  em relação à dimensão da ética sexual,  um campo onde a Igreja se acostumou a avaliar muito abusivamente os novos avanços que surgiram devido aos estudos na área das ciências humanas da Psicologia, antropologia, e da cosmologia com a variante da evolução. É por isso que é aconselhada a adotar a “estratégia que todos os pais adotam com relação aos filhos quando percebem que as proibições que serviam para educar os filhos quando eram pequenos perderam sua eficácia; então os pais se dispõem ao diálogo e à escuta e adotam modalidades educativas que nascem da consciência de que a emancipação dos filhos não pode parar, e de que toda a intervenção categórica e definitiva é contraproducente”(o.c.id.id.). Na verdade, quando há uma contenda entre a ciência e a religião, a Igreja ainda não acabou de se dar conta que a ciência é independente da religião, e, quer queiramos ou não, quando há embate entre as duas quem leva o melhor é a ciência, como deixa entrever a história desde os tempos de G.Galileu, passando pelas vitórias da Revolução Francesa e as últimas descobertas da engenharia genética. Os tempos modernos resolveram chamar de “secularização” esta independência da ciência em relação à fé e religião. Situação que também ficou selada no paralelo da independência do Estado em relação à Igreja, separando o “casamento” entre  eles que vinha de longa data, desde os tempos do imperador Constantino, no séc. V d.C. E aí resultou, de quebra, que as autoridades, sendo eleitas pelo povo, perderam aquela aura mítica segundo a qual elas vinham de Deus. É a democracia que nasceu, porque democracia é o poder que vem do povo. De quebra, daí se deve também a origem do Estado laico.

Conclusão. Na base de nossa reflexão está a questão de como a Igreja confia no homem. É fácil confiar em Deus, ou fazer de conta que se confia. Se alguém diz que Deus faz uma planta crescer com a raiz para cima, tem gente que aceita tranquilo pensando que sim. Mas não vai saber se isso aconteceu alguma vez, e nunca aconteceu. Enquanto isso, a razão questiona se as afirmações a respeito de Deus são inteligíveis ou absurdas. Nesse sentido, o iluminista Kant considerava a Idade das luzes a “saída da humanidade de um estado de menoridade” (apud Galimbertti, o.c.p.300).

P.Casimiro João       smbn

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