domingo, 28 de março de 2021

As Semelhanças e as Diferenças entre a Aliança de SIQUÉM e a Aliança do SINAI. A importância de Siquém para a formação do Povo de Israel.


 

Antes que Israel vivesse a época da monarquia teve que passar pela 1ª fase da organização de um povo, que eram as tribos. Foi a época dos Juízes. Essa foi um tipo de confederação tribal semelhante ao que aconteceu na Grécia e na Asia Menor. Isto levou uns 200 anos.

Aí nesse teste se acostumaram pouco a pouco à convivência com o cultivo da terra e lavoura familiar, que não tinham nunca praticado. Além do costume de povos errantes e nômades, eles pertenciam às classes mais baixas e viviam numa situação desesperadamente pobre.

Até que, já cansados de viver o aprendizado das tribos, acharam que tinha chegado o tempo de ter o seu Rei, e deram o grito a Samuel: “Nós queremos um Rei como as outras nações” (1 Sam.8,5).

Os hebreus que foram encontrados já residentes na Palestina e em Canaã (norte da Palestina) por Moisés tinham os seus deuses, El’birit de Siquém,  e El’Elyon de Jerusalém, mas de boa mente abraçaram a nova religião e o deus do Sinai, Iahweh.

Os hebreus que saíram com Moisés do Egito levaram a nova fé e o nome de Iahweh da Aliança do Sinai e os comunicaram aos antigos irmãos hebreus já moradores de há muitos na Palestina. Os historiadores dizem uma particularidade: Não foi por conversões individuais que isso aconteceu, mas por uma cerimônia de conversão em massa. E essa cerimônia de conversão em massa deu-se na chamada Aliança de Siquém, depois da Aliança do Sinai.

Podemos notar que o fenômeno da Aliança de Siquém teve tanta ou paralela importância quanto a Aliança do Sinai. Com a diferença: que a Aliança do Siquém já foi feita e confirmada com todo o povo dos hebreus, enquanto que a Aliança do Sinai tinha acontecido só com o pequeno grupo de Moisés. Segunda diferença: que a aliança do pequeno grupo de Moisés, do Sinai é que levou o rastilho e o fogo para “incendiar” a grande aliança do Siquém. “A unificação das tribos deverá ser atribuída não a conversões individuais mas deve ter ocorrido mediante alguma cerimônia solene de ‘conversão em massa’ como a grande aliança em Siquém” (J.Bright, 206). (Jos.24).

Estava adotado o monoteísmo como obediência, não abstraindo nomes de outras divindades. Em algumas partes da Palestina imagens da deusa-mãe foram encontradas. Historiadores atribuem isso a uma concessão de sincretismo, como outros deuses alternativos não foram descartados e iam tendo incremento e aceitação aqui e ali em toda a Palestina. Achenathon já tinha começado a incrementar a religião de um único deus, Aten, no tempo dos Madianitas, próximo do clã do sogro  de Moisés, também madianita, antes de Aliança do Sinai.

 

Escavações recentes revelaram que foram encontrados templos próximos da cidade de Aman e nas montanhas de Gerisim, perto de Siquém, que eram santuários da pequena liga das tribos pré-israeltas que já se encontravam na Palestina antes da chegada de Moisés. E continuaram a existir depois da própria aliança do Sinai, porque a conversão e o desapegar-se de velhas tradições não é uma coisa automática. 

O paralelismo da Aliança do Sinai com as alianças dos povos vizinhos com seu Rei é evidente. Esses tratados começavam com um preâmbulo no qual o Grande Rei se identificava; “Estas são as palavras do vosso Rei, de nome tal”. Em seguida vêm as façanhas e os benefícios do Grande Rei, que obrigavam os vassalos à aceitação e gratidão pelo Rei.

Por fim vinham as obrigações para com o Grande Rei: essas obrigações proibiam ralações com estrangeiros, como também inimizades com os mesmos vassalos do Império. O vassalo devia  estar sempre pronto a servir o Rei com a maior vontade “de todo o coração”.

E eram invocados os deuses das montanhas, dos rios, das águas e do céu e da terra como testemunhas. O vassalo deve ter um só soberano. Nesse esquema foi composta a aliança do Sinai. Exemplo disso é o Cântico de Moisés, onde ele invoca também o céu, a terra, as montanhas e colinas como testemunhas. (Dt.32,1)

Como referido várias vezes, a lei do Sinai seguiu sobretudo o esquema dos códigos de leis da Mesopotâmia, Código de Hamurabi. Por outro lado, a assimilação de Israel de elementos de sacrifícios nos contatos com as tribos do deserto expõe o fato de incluírem no culto israelita ritos pagãos e uma teologia pagã de sacrifícios.

A união de Israel ficou fundamentada nisto: na consciência de todos eles terem sido um povo de errantes e sem clã, sem rei, invadindo  e servindo nas guerras dos outros; e tendo-se encontrado com um sacerdote parente de Moisés, Jetro; e tendo recebido aquela religião e aquele deus, Iahweh, por intermédio do sogro de Moisés, Jetro, conseguiram formar um povo e um reino com um só rei, Iahweh.

O povo da aliança se sentiu grato de uma “eleição” maravilhosa e gratuita, devido à sua condição “nômade, de Apirus errantes. Nunca tinham tido um rei, agora se orgulhavam de ter Iahweh. Daí veio a teocracia incrementada depois dos Juizes.

Quando este grupo se dirigiu à Palestina, lá entrou e se estabeleceu. Elementos que já estavam estabelecidos lá, adotaram a sua fé e entraram em sua estrutura por meio da cerimônia referida, de Siquém. Isso representou, de certo modo, nova aliança, porque foi feita com uma nova geração e com elementos que antes não eram adoradores de Iahweh.

Encerrando esta matéria, podemos comparar agora a  importância de Siquém para a formação do Povo de Israel: As Semelhanças e as Diferenças  entre a Aliança do SINAI e a Aliança de SIQUÉM.

P. Casimiro    smbn

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sábado, 20 de março de 2021

A “Arca de Noé” na Lua; Minas de Cobre e Ferro no Monte Sinai; Os Madianitas Iniciaram Moisés no Culto a Javé no Sinai.


 

Vamos tratar da descrição bíblica e descrição arqueológica da formação de Israel, passagem do mar, Sinai e deserto, e conquista da Palestina a Canaã; o nome de Israel e o nome de Iaweh.

Vimos em páginas anteriores que na Idade do Bronze antigo, Médio e Recente (3.000 -1.1700 a.C.) clãs de agricultores, pastores e guerreiros se movimentavam por toda a área da Mesopotâmia, Síria, Turquia, e Egito, e Canaã. Civilizações e cidades, povoados eram construídos, e destruídos por novas ondas de invasões.

Pelos anos de 2.500-2.000 começaram os carros de rodas, leves e de raios, e impulsionaram as guerras. Quem os tinha, correspondia agora a ter tanques e carros de assalto. No Sinai exploravam-se minas de ferro e de bronze, e os ferreiros se aperfeiçoava em instrumentos de guerra com lanças, espadas e arcos.

Por outro lado, a localização do Sinai descrito na Bíblia  não é uma certeza de localização segundo a arqueologia porque o Sinai era uma península com três locais chamados Sinai: o Sinai do Sul, outro ao Noroeste limitando com a Arábia, formado de vulcões, e outro ao Norte da península.

A península do Sinai passava de um império para outro conforme as conquistas e guerras entre Amoritas, Hititas, Caldeus, Hurrianos, Síros e Babilônicos, e Hicsos. Esses impérios referiam-se a uma tribo chamada Hurú, que os historiadores identificam com os antepassados dos hebreus. E também outros indivíduos chamados Apirus, que não eram clã, mas o nome genérico de indivíduos sem clã, sem cidades, e vagantes entre clãs, que viviam entre assaltos, e trabalhos assalariados ou contratados como guerreiros. Estes também se instalaram na Palestina.

Depois dos Hicsos dominarem o Egito, na Idade do Bronze Médio, o rei Meneptá contratou vários Apirus para os trabalhos no Egito. E Amenófis II levou cativos milhares deles como prisioneiros de guerra em incursões que fez na Palestina. Ali teriam feito muitos trabalhos até Ramsés II, como a reconstrução de cidades. É nas Cartas do rei Meneptá onde aparece pela primeira vez o nome de Israel já na Palestina, antes da chegada do grupo do deserto com  Moisés.

Com o declínio de Meneptá e Amenófis II muitos destes Apiru aproveitarm para escapar do Egito. E junto com eles aproveitaram a oportunidade também muitos trabalhadores egípcios para fugir  dos seus odiados senhores. Por sua vez, nas suas viagens encontravam outros clãs dominados por amoritas e hurrianos  que não estavam dispostos a obedecer mais aos seus clãs. Muitos foram se juntar aos operários da mineração do Sinai do Sul, onde tinha minas de cobre e ferro, e outros avançaram para Canaã e Palestina.

Na história mundial aconteceu nesta época a maior descoberta que foi a descoberta da escrita. Começou na Mesopotâmia com os caldeus, no ano 2.500 a.C. em escria cuneiforme. Mas foram os habitantes de Canaã que a aperfeiçoaram inventando a escrita linear que foi a antepassada da nossa escrita. A época das origens de Israel, na verdade, foi uma época de expansão cultural.

Estes acontecimentos pertenciam aos movimentos dos impérios da Idade do Bronze Médio e Recente, antes da chegada de Moisés. Por isso quando o grupo de Moisés chegou lá na Palestina alguns anos mais tarde já encontrou todos esses hebreus já residentes em Canaã.

Dizem os historiadores que Moisés deve ter recebido a religião de Iaweh que o sogro já praticava nas tribos dos Amoritas, na região do Sinai, onde ele, Jetro era chefe de clã e o sacerdote  do clã (Êx.18,1).

Depois desta primeira fuga de vários hebreus e egípcios, outro grupo se organizou à volta de Moisés, e foram-se juntar aos hebreus que já tinham partido anteriormente para a Palestina.

O grupo formado pela aliança do Sinai dirigiu-se para Cádis, que era um Oásis. Depois de Cádis e após demoras e aventuras chegaram a Seón, reino  de clãs amoritas, composto de agricultores de colonos hebreus chegados antes, e de pastores de várias proveniências. Os hebreus receberam os recém-chegados de braços abertos, assim como o restante da população, que já tinha ouvido falar deles e da nova religião. O rei de Seón consta que ficou só com alguns guerreiros da sua guarnição, e finalmente também estes se passaram para o lado de Moisés. A Bíblia dá este entendimento no episódio de Balaão.(Num.22,21-41).

Os israelitas do grupo de Moisés entraram na Palestina trazendo sua nova fé, e com eles numerosas cidades e povoados que já tinham-se passado para o seu lado. Foi assim que chegaram a Siquém, cidade que era o centro do maior grupo de colonos hebreus antigos.

Assim que a conquista se concluiu, os representantes de todos os componentes e clãs se reuniram em Siquém e ali, numa aliança solene se comprometeram a ser o povo de Javé e adorar unicamente a ele. (Jos. Cap.24). Lembremos que uns 150 anos antes de Moisés o rei Aquinatón tinha estabelecido já uma religião monoteísta pro seu povo. Assim a estrutura de Israel assumiu na sua forma clânica, uma religião monoteísta podendo-se mesmo dizer que ali teve o inicio a história de Javé como Povo.

Como  vimos, de todo o Israel da Bíblia nem todos, mas só um pequeno número estava na aliança do Sinai. Foi o grupo do deserto, porque a maioria já estavam estabelecidos  na Palestina e Canaã muito tempo atrás nas antigas andanças de reinos e clãs. Inclusive, este grupo de hebreus já antigos moradores na Palestina é que até mantinham o controle de Siquém, como um Estado governado por eles. Eles tinham os deus deles, como El’birit, de Siquém; e El’Elyon de Jerusalém. Com a chegada do grupo do deserto adotaram Javé que Moisés recebeu do sogro.

Vamos agora falar do nome de Israel e de Iahweh. Israel já era o nome de um clã dos hebreus que estavam há tempos na mineração das minas do Sinai (Jhon Bright, Historia de Israel, 163). Quando parou a vinda de egípcios, foram eles que tomaram o comando das Minas e se aliaram aos madiantias. Foi aí que Moisés recebeu de Jetro, seu sogro o culto de Iahweh. Javé era o deus dos madianitas, e Jetro o seu sacerdote. Estes madianitas eram também chamados de quenitas, i.é, ferreiros, por conta do trabalho nas minas.

Escavações nesse local encontraram panos coloridos de tipo cortinado dessa época que devem ter sido panos das Tendas. E uma serpente de bronze pintada, que lembra a “sepente de bronze” do deserto. (Num.21,6).

A narração bíblica de Josué foi composta no final do séc.VII descrevendo fatos como tendo acontecido há mais de 600 anos atrás em estilo épico; é preciso levar isso em consideração. Um caso típico está na cidade de Jericó. Na época escrita em Josué não foi encontrado nenhum vestígio da existência de muralhas. A arqueologia demonstrou que Jericó era simplesmente um lugarejo. Assim como a cidade de Aia; as duas são parte de uma lenda para impressionar. Aliás essas duas cidades já não existiam na época da chegada à Palestina.

Esta nova visão impede-nos de supor que os israelitas irromperam repentinamente do deserto numa avalanche poderosa deixando arrasadas muitas cidades ao cabo de campanhas violentas. Eles eram em número relativamente pequeno. Eles se juntaram aos que já estavam lá muito tempo atrás.

Encerrando agora a nossa matéria, vem à mente uma pergunta. Uai, e não parece tudo tão natural assim? E onde está a ação de Deus?

Na verdade, Deus anda com a história. Quando os homens forem para a Lua e Marte, Deus vai viajar com eles. E os primeiros que nascerem lá vão dizer: “Deus nos trouxe até aqui, da Terra, e nos acompanhou” – GLÓRIA A DEUS!  Até já chegou à Lua a Arca de Noé. Você não está por dentro? Pesquise no Google, senão eu explicarei na próxima semana.

P.Casimiro   smbn

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domingo, 14 de março de 2021

Akhenaton e a Primeira Nação Monoteísta da História antes de Moisés.; Os Reis e a Religião até ao Avanço do Estado Laico.


 

Quinhentos anos antes de Moisés já houve um rei que decretou o monoteísmo, i.é a obrigação de ”adorar só um deus” e “não ter outros deus e outras imagens”.

A primeira vez que apareceu o monoteísmo no mundo não foi com Moisés e o povo de Israel mas om o rei Akhenaton ( o povo que adora um só deus), uns quinhentos anos antes de Moisés. O rei era Akhenaton, e o deus único era Aten, em vez de Javé.

Antigamente o rei e a religião eram uma coisa só. Os funcionários da religião tinham o rei como seu chefe. O rei mandava nas festas, fazia as leis e o culto e nomeava  os cargos. Todo o Antigo Testamento atesta este procedimento também.

No Novo Testamento, durante o poder romano na Palestina era a mesma coisa: era o imperador ou o governador Pôncio Pilatos que nomeava o Sumo Sacerdote, e eles só faziam o  que o governador queria.

Na Idade Média inverteram-se os papéis. Aí o Papa ficou até mandando nos imperadores. Ele aceitava ou não aceitava. Eles tinham que dar grandes somas de dinheiro para o Papa.

No século 15 começaram as brigas. Nós estamos acostumados com a ideia dos Protestantes, com Lutero, no século 16. Porém, digamos, o primeiro protestante foi antes de Lutero, no século 15 e foi o Frei italiano Lorenzo Valla. Este Frei provou, em 1440, que a Doação dos Estados Pontifícios por Constantino ao Papado foi uma farsa, ou seja, uma falsa doação com assinatura falsa, como tendo  sido feita por Constantino em 314. Ora o Lorenzo Valla provou que o documento é de 754, portanto 440 anos depois da morte do imperador Constantino. Daí resultou a briga e a perda dos Estados Pontifícios em 1870, na época de Pio IX. Ficando o Papa apenas com a Cidade do Vaticano, ou Estado do Vaticano com acordo firmado finalmente com Pio XI em 1929, chamado o Tratado de Latrão.

No século 15 houve o famoso Tratado de Tordesilhas, em 1494, em que o Papa junto com os reis de Espanha e Portugal dividiram a América do Sul ao meio, ficando a parte Oeste para a Espanha e a parte Leste para Portugal. O Papa mandava até na ciência: era só o que e como a Igreja dizia.

No século 18 e 19, com as novas teorias do Iluminismo e das Ciências Humanas os pensadores começaram a se independenciar. Para aumentar, vieram os achados arqueológicos que mexeram com a Bíblia. Aí os Papas começaram a ficar pior. Alguns valeram-se dos Decretos de condenação e dos Dogmas como último recurso para reforçar a sua autoridade. Mas bastantes coisas viam-se que não surtiam aqueles efeitos pretendidos. Alguns dogmas aconteceram no meio desta turbulência para satisfazer a ambição momentânea.

No século 18 veio a Revolução Francesa, com o tripé Igualdade, Fraternidade, Liberdade. O mundo estava cansado de “obedecer” servilmente tanto ao Rei como ao Papa. Liberdades individuais e liberdade de escolher os chefes da Nações. Acabaram  monarquias, os Países tornaram-se independentes, acabaram-se as Colônias. E veio a liberdade de consciência, segundo a qual cada cidadão era livre de seguir a sua religião.

A Ciência independenciou-se do Papa e ficava livre de fazer suas investigações. Custou caro, mas foi certo. Até que sobre este assunto permanece nalguns eclesiásticos a mania de continuar pensando que a Igreja tem ainda a última palavra sobre a ciência, e de mandar na ciência. Isto está fora de época e fora do prazo de validade como fruta passada. Como em se tratando por exemplo de engenharia genética, embrionária etc. Será que a Igreja quererá também mandar na engenharia civil das estradas, pontes, e das viagens à Lua?

Com isto chegou a filosofia do Estado Laico: a separação de poderes: nem  o Estado manda nas normas da Igreja, nem a Igreja se intromete na regulamentação do Estado. No Estado todas as religiões são consideradas por igual. Ah, mas eu católico, ou protestante, vou torcer pela minha igreja. Negativo. Seja católico ou protestante na tua prática pessoal e na família, mas como estadista não. O Brasil pertence ao sistema de ser um Estado Laico.

P.Casimiro     smbn

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segunda-feira, 8 de março de 2021

Leis e “Todo o Poder Vem de Deus”? Substrato Arqueológico e Histórico Dessa Afirmação, e as Influências no Novo Testamento.


 O rei Hamurabi quando fez o primeiro Código de leis da história assim conhecido Código de Hamurabi, (1.700 a.C.) exibe a figura do Schamasch, o deus Sol para dizer que ele era o representante do deus e a figura era como o carimbo do seu deus para todos os povos. Desse modo as leis começavam a ser vistas como vindas de Deus.

Esta concepção veio permeando a história de todos os povos até chegar ao nosso tempo. E até nos autores do Novo Testamento, onde prevalecia o ditado que “todo o poder vem de Deus”. Por isso Hamurabi terminava seu Código com a proibição que essas leis não podiam ser tocadas nem alteradas porque eram divinas.

De fato o Novo Testamento nada mais faz do que copiar os autores do Antigo Testamento, que tinham copiado do Código de Hamurabi. Podemos ver isso no Livro da Sabedoria, cap. 2; e Provérbios 8,15. E São Paulo copiou e escreveu para os Romanos: “ Obedecei às pessoas de poder porque todo o poder vem de Deus” (Rom.8,13).

É bom saber também que, como diremos à frente, muito material do Código de Hamurabi foi copiado para o Código de Moisés do Sinai. E também é interessante saber que o primeiro povo de um só deus, monoteísta, não foi Israel, mas já tinha sido o povo do rei Akhenaton, uns 500 anos atrás.

Para vermos o ambiente em que São Paulo escreveu, vejamos que ele herdou esses conceitos na formação de rabino que ele tinha,  em segundo lugar ele e os cristãos estavam no meio de perseguições. E suas cartas tinham um duplo objetivo, primeiro, não bater de frente com o poder de Roma que estava matando os cristãos, e segundo, tornar o cristianismo aceitável pelos cidadãos romanos e pelo poder romano, para parar com as perseguições. Foi esse o ambiente em que Paulo escreveu para apaziguar os ânimos e tornar o cristianismo uma religião simpática aos romanos.

Como dito já aqui noutro lugar, enquanto os cristãos faziam parte das sinagogas judaicas, o governo não perseguia, porque os Judeus tinham leis que os aceitavam como religião no Estado, mas quando os cristãos se separaram dos Judeus e das Sinagogas,(ano 70 d.C.), eles ficaram como uma religião fora da lei, separados dos Judeus, pelo que estavam sujeitos  todo momento a ser perseguidos, presos e mortos.

Viria depois com os gregos a noção filosófica que os direitos humanos são anteriores às leis escritas que dependem do momento e dos caprichos e  interesses individuais  e grupais de quem as faz. (Antígona e Sófocles, (441 a.C.).

Na Idade Média foi alimentada esta concepção, vindo só a resolver-se com a Revolução Francesa (1788), que deu origem à Declaração dos Direitos Humanos, e com as teorias do Iluminismo e as novas Ciências Humanas. Tão entranhada estava esta ideia, que a Igreja católica foi a última das Instituições a reconhecer os Direitos Humanos assim como a liberdade de consciência.

Desde o homem das cavernas e a domesticação dos camelos em 1.900 a.C. aparece então o 1º Código de Leis com o carimbo do deus Sol.

As últimas investigações arqueológicas chegaram à conclusão de que não é possível fixar a data dos Patriarcas. E há evidências de que a história deles se mistura com outras dos mesmos povos distantes no tempo.

Na verdade, deve ser lembrado que na última parte do 3ºmilênio a.C. as civilizações de Idade do Bronze antigo (3.000 a.C.) chegaram ao fim, e as cidades foram destruídas e abandonadas. Séculos se passaram. Um povo de Amoritas invadiu todos os territórios do Crescente Fértil (Médio Oriente) e destruiu toda a civilização, assim como fizeram os bárbaros no séc.V na Europa. Só  que aqui foi em Ur e na Mesopotâmia. Até esta data não se encontraram nos documentos da história mundial sinais de referências de nenhum nome histórico de Israel.

Também não podemos dizer com certeza quando o povo de Israel desceu para o Egito. Aliás essa é uma questão que ainda nem pode ser cogitada porque nesta data ainda não existia o povo de Israel. As cidades mais conhecidas nesta época eram as cidades de Mari, Ur, e Harã e Ebla, na Mesopotâmia e na Turquia.

A maioria dos textos e documentos desta época foram encontrados em Mari e em Ebla. Foi dado como certo que no Egito antigo (3.500 a.C.) havia já a prática e o exercício da profecia sendo o mais conhecido o profeta Neferti, e também nestas culturas havia profetas e profecias.

Os textos da cidade de Mari (3.000 a.C.) mostram-nos muito bem que a profecia foi levada para Israel pelos antepassados deste meio cultural onde ela já existia. E do mesmo jeito que a profecia, também os códigos de leis, como os de Eshunna e de Hamurabi. Portanto, assim como a profecia, também o Código do Sinai foi trazido da Mesopotâmia. Assim como as tradições da criação e do Dilúvio.

Além do Código de Hamurabi, foi escrito o poema de Gilgamesh, onde as histórias do jardim do Éden e da Torre de Babel foram escritas primeiro que o Gênesis. E influenciaram a escrita do Gênesis. Porquê? Porque os Israelitas eram mesopotâmicos e amoritas, e quando se estabeleceram na Palestina levaram com eles essas literaturas que eles já sabiam de cor.

Quando a civilização sumérica chegou ao fim por volta do ano 2.000 a.C. a região da Mesopotâmia fragmentou-se em vários Estados. Durante mais de  200 anos estas cidades mantiveram-se em lutas constantes. Nesta situação Hamurabi herdou de seu pai o trono da Babilônia. Ele conseguiu unificar toda a Mesopotâmia: as tribos dos Sumérios, dos Acádicos, e dos Amoritas. E também unificou as suas línguas num só idioma, que mais tarde virou o aramaico, como veremos á frente.

O rei Hamurabi fez o primeiro Código de Leis. Porquê? Porque a palavra oral já não mais bastava para garantir a ordem. Surgiu então a produção da lei escrita manifestada inicialmente no barro e em papiros bem como gravada em ossos de animais. Assim surgiu o primeiro Código de Hamurabi escrito num único bloco de pedra, com 282 artigos que expressavam as leis do rei.

Falemos agora da língua aramaica. Estamos acostumados a unir a língua aramaica aos hebreus. Porém, ela se originou da junção de todas as línguas unificadas pelo rei Hamurabi quando pacificou as tribos, na época que publicou o Código de leis. A pré-história dos Patriarcas de Israel se encontra de mistura com estes povos. Nesta época remota do 2º milênio a.C. havia o costume de os clans estabelecerem aliança entre o chefe do clan e o seu deus. Por outro lado, os antepassados dos patriarcas pertenciam a esta cultura e faziam igualmente já esse tipo de aliança com o seu deus. (Cf.Jhon Bright, História de Israel, 119).

Os historiadores concluem que devemos colocar as antepassados de Israel entre os clans vindos para a Palestina no início da Idade do Bronze (3.000 a 2.500 a.C.). Mas continuavam fazendo parte do império de Hamurabi.

Daí em diante começa a história de Abraão, Isaque e Jacó, que a Bíblia descreve como pessoas isoladas, mas na verdade seriam chefes de clans na mistura com as confederações ainda existentes, na sua época, onde todos os chefes de clans faziam alianças com o seu deus.

Estaremos agora mais capacitados para responder à questão inicial: As “Leis” e “todo o poder vem de Deus”?

P.Casimiro          SMBN

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