domingo, 28 de março de 2021

As Semelhanças e as Diferenças entre a Aliança de SIQUÉM e a Aliança do SINAI. A importância de Siquém para a formação do Povo de Israel.


 

Antes que Israel vivesse a época da monarquia teve que passar pela 1ª fase da organização de um povo, que eram as tribos. Foi a época dos Juízes. Essa foi um tipo de confederação tribal semelhante ao que aconteceu na Grécia e na Asia Menor. Isto levou uns 200 anos.

Aí nesse teste se acostumaram pouco a pouco à convivência com o cultivo da terra e lavoura familiar, que não tinham nunca praticado. Além do costume de povos errantes e nômades, eles pertenciam às classes mais baixas e viviam numa situação desesperadamente pobre.

Até que, já cansados de viver o aprendizado das tribos, acharam que tinha chegado o tempo de ter o seu Rei, e deram o grito a Samuel: “Nós queremos um Rei como as outras nações” (1 Sam.8,5).

Os hebreus que foram encontrados já residentes na Palestina e em Canaã (norte da Palestina) por Moisés tinham os seus deuses, El’birit de Siquém,  e El’Elyon de Jerusalém, mas de boa mente abraçaram a nova religião e o deus do Sinai, Iahweh.

Os hebreus que saíram com Moisés do Egito levaram a nova fé e o nome de Iahweh da Aliança do Sinai e os comunicaram aos antigos irmãos hebreus já moradores de há muitos na Palestina. Os historiadores dizem uma particularidade: Não foi por conversões individuais que isso aconteceu, mas por uma cerimônia de conversão em massa. E essa cerimônia de conversão em massa deu-se na chamada Aliança de Siquém, depois da Aliança do Sinai.

Podemos notar que o fenômeno da Aliança de Siquém teve tanta ou paralela importância quanto a Aliança do Sinai. Com a diferença: que a Aliança do Siquém já foi feita e confirmada com todo o povo dos hebreus, enquanto que a Aliança do Sinai tinha acontecido só com o pequeno grupo de Moisés. Segunda diferença: que a aliança do pequeno grupo de Moisés, do Sinai é que levou o rastilho e o fogo para “incendiar” a grande aliança do Siquém. “A unificação das tribos deverá ser atribuída não a conversões individuais mas deve ter ocorrido mediante alguma cerimônia solene de ‘conversão em massa’ como a grande aliança em Siquém” (J.Bright, 206). (Jos.24).

Estava adotado o monoteísmo como obediência, não abstraindo nomes de outras divindades. Em algumas partes da Palestina imagens da deusa-mãe foram encontradas. Historiadores atribuem isso a uma concessão de sincretismo, como outros deuses alternativos não foram descartados e iam tendo incremento e aceitação aqui e ali em toda a Palestina. Achenathon já tinha começado a incrementar a religião de um único deus, Aten, no tempo dos Madianitas, próximo do clã do sogro  de Moisés, também madianita, antes de Aliança do Sinai.

 

Escavações recentes revelaram que foram encontrados templos próximos da cidade de Aman e nas montanhas de Gerisim, perto de Siquém, que eram santuários da pequena liga das tribos pré-israeltas que já se encontravam na Palestina antes da chegada de Moisés. E continuaram a existir depois da própria aliança do Sinai, porque a conversão e o desapegar-se de velhas tradições não é uma coisa automática. 

O paralelismo da Aliança do Sinai com as alianças dos povos vizinhos com seu Rei é evidente. Esses tratados começavam com um preâmbulo no qual o Grande Rei se identificava; “Estas são as palavras do vosso Rei, de nome tal”. Em seguida vêm as façanhas e os benefícios do Grande Rei, que obrigavam os vassalos à aceitação e gratidão pelo Rei.

Por fim vinham as obrigações para com o Grande Rei: essas obrigações proibiam ralações com estrangeiros, como também inimizades com os mesmos vassalos do Império. O vassalo devia  estar sempre pronto a servir o Rei com a maior vontade “de todo o coração”.

E eram invocados os deuses das montanhas, dos rios, das águas e do céu e da terra como testemunhas. O vassalo deve ter um só soberano. Nesse esquema foi composta a aliança do Sinai. Exemplo disso é o Cântico de Moisés, onde ele invoca também o céu, a terra, as montanhas e colinas como testemunhas. (Dt.32,1)

Como referido várias vezes, a lei do Sinai seguiu sobretudo o esquema dos códigos de leis da Mesopotâmia, Código de Hamurabi. Por outro lado, a assimilação de Israel de elementos de sacrifícios nos contatos com as tribos do deserto expõe o fato de incluírem no culto israelita ritos pagãos e uma teologia pagã de sacrifícios.

A união de Israel ficou fundamentada nisto: na consciência de todos eles terem sido um povo de errantes e sem clã, sem rei, invadindo  e servindo nas guerras dos outros; e tendo-se encontrado com um sacerdote parente de Moisés, Jetro; e tendo recebido aquela religião e aquele deus, Iahweh, por intermédio do sogro de Moisés, Jetro, conseguiram formar um povo e um reino com um só rei, Iahweh.

O povo da aliança se sentiu grato de uma “eleição” maravilhosa e gratuita, devido à sua condição “nômade, de Apirus errantes. Nunca tinham tido um rei, agora se orgulhavam de ter Iahweh. Daí veio a teocracia incrementada depois dos Juizes.

Quando este grupo se dirigiu à Palestina, lá entrou e se estabeleceu. Elementos que já estavam estabelecidos lá, adotaram a sua fé e entraram em sua estrutura por meio da cerimônia referida, de Siquém. Isso representou, de certo modo, nova aliança, porque foi feita com uma nova geração e com elementos que antes não eram adoradores de Iahweh.

Encerrando esta matéria, podemos comparar agora a  importância de Siquém para a formação do Povo de Israel: As Semelhanças e as Diferenças  entre a Aliança do SINAI e a Aliança de SIQUÉM.

P. Casimiro    smbn

www.paroquiadechapadinha.blogspot.com.br

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