O rei Hamurabi quando fez o primeiro Código de leis da história assim conhecido Código de Hamurabi, (1.700 a.C.) exibe a figura do Schamasch, o deus Sol para dizer que ele era o representante do deus e a figura era como o carimbo do seu deus para todos os povos. Desse modo as leis começavam a ser vistas como vindas de Deus.
Esta concepção veio permeando a
história de todos os povos até chegar ao nosso tempo. E até nos autores do Novo
Testamento, onde prevalecia o ditado que “todo o poder vem de Deus”.
Por isso Hamurabi terminava seu Código com a proibição que essas leis
não podiam ser tocadas nem alteradas porque eram divinas.
De fato o Novo Testamento nada mais faz
do que copiar os autores do Antigo Testamento, que tinham copiado do Código de
Hamurabi. Podemos ver isso no Livro da Sabedoria, cap. 2; e Provérbios 8,15. E
São Paulo copiou e escreveu para os Romanos: “ Obedecei às pessoas de poder porque todo o poder vem de Deus”
(Rom.8,13).
É bom saber também que, como diremos à
frente, muito material do Código de Hamurabi foi copiado para o Código
de Moisés do Sinai. E também é interessante saber que o primeiro povo de um
só deus, monoteísta, não foi Israel, mas já tinha sido o povo do rei Akhenaton,
uns 500 anos atrás.
Para vermos o ambiente em que São Paulo
escreveu, vejamos que ele herdou esses conceitos na formação de rabino que ele
tinha, em segundo lugar ele e os
cristãos estavam no meio de perseguições. E suas cartas tinham um duplo
objetivo, primeiro, não bater de frente com o poder de Roma que estava matando
os cristãos, e segundo, tornar o cristianismo aceitável pelos cidadãos
romanos e pelo poder romano, para parar com as perseguições. Foi esse
o ambiente em que Paulo escreveu para apaziguar os ânimos e tornar o
cristianismo uma religião simpática aos romanos.
Como dito já aqui noutro lugar,
enquanto os cristãos faziam parte das sinagogas judaicas, o governo não
perseguia, porque os Judeus tinham leis que os aceitavam como religião no Estado,
mas quando os cristãos se separaram dos Judeus e das Sinagogas,(ano 70 d.C.), eles
ficaram como uma religião fora da lei, separados dos Judeus, pelo que
estavam sujeitos todo momento a ser
perseguidos, presos e mortos.
Viria depois com os gregos a noção
filosófica que os direitos humanos são anteriores às leis escritas que dependem
do momento e dos caprichos e interesses individuais e grupais de quem as faz. (Antígona e
Sófocles, (441 a.C.).
Na Idade Média foi alimentada esta
concepção, vindo só a resolver-se com a Revolução Francesa (1788), que
deu origem à Declaração dos Direitos Humanos, e com as teorias do Iluminismo
e as novas Ciências Humanas. Tão entranhada estava esta ideia, que a Igreja
católica foi a última das Instituições a reconhecer os Direitos Humanos assim
como a liberdade de consciência.
Desde o homem das cavernas e a
domesticação dos camelos em 1.900 a.C. aparece então o 1º Código de Leis com o
carimbo do deus Sol.
As últimas investigações arqueológicas
chegaram à conclusão de que não é possível fixar a data dos Patriarcas. E há
evidências de que a história deles se mistura com outras dos mesmos povos
distantes no tempo.
Na verdade, deve ser lembrado que na
última parte do 3ºmilênio a.C. as civilizações de Idade do Bronze antigo (3.000
a.C.) chegaram ao fim, e as cidades foram destruídas e abandonadas. Séculos se
passaram. Um povo de Amoritas invadiu todos os territórios do Crescente
Fértil (Médio Oriente) e destruiu toda a civilização, assim como fizeram
os bárbaros no séc.V na Europa. Só
que aqui foi em Ur e na Mesopotâmia. Até esta data não se
encontraram nos documentos da história mundial sinais de referências de nenhum
nome histórico de Israel.
Também não podemos dizer com certeza
quando o povo de Israel desceu para o Egito. Aliás essa é uma questão que ainda
nem pode ser cogitada porque nesta data ainda não existia o povo de Israel. As
cidades mais conhecidas nesta época eram as cidades de Mari, Ur,
e Harã e Ebla, na Mesopotâmia e na Turquia.
A maioria dos textos e documentos desta
época foram encontrados em Mari e em Ebla. Foi dado como certo
que no Egito antigo (3.500 a.C.) havia já a prática e o exercício da profecia
sendo o mais conhecido o profeta Neferti, e também nestas culturas havia
profetas e profecias.
Os textos da cidade de Mari (3.000
a.C.) mostram-nos muito bem que a profecia foi levada para Israel
pelos antepassados deste meio cultural onde ela já existia. E do mesmo jeito
que a profecia, também os códigos de leis, como os de Eshunna e de Hamurabi.
Portanto, assim como a profecia, também o Código do Sinai foi trazido
da Mesopotâmia. Assim como as tradições da criação e do Dilúvio.
Além do Código de Hamurabi, foi
escrito o poema de Gilgamesh, onde as histórias do jardim do Éden e da
Torre de Babel foram escritas primeiro que o Gênesis. E
influenciaram a escrita do Gênesis. Porquê? Porque os Israelitas eram mesopotâmicos
e amoritas, e quando se estabeleceram na Palestina levaram com eles
essas literaturas que eles já sabiam de cor.
Quando a civilização sumérica
chegou ao fim por volta do ano 2.000 a.C. a região da Mesopotâmia fragmentou-se
em vários Estados. Durante mais de 200 anos
estas cidades mantiveram-se em lutas constantes. Nesta situação Hamurabi
herdou de seu pai o trono da Babilônia. Ele conseguiu unificar toda a
Mesopotâmia: as tribos dos Sumérios, dos Acádicos, e dos Amoritas.
E também unificou as suas línguas num só idioma, que mais tarde virou o aramaico,
como veremos á frente.
O rei Hamurabi fez o primeiro Código
de Leis. Porquê? Porque a palavra oral já não mais bastava para garantir a
ordem. Surgiu então a produção da lei escrita manifestada inicialmente
no barro e em papiros bem como gravada em ossos de animais. Assim
surgiu o primeiro Código de Hamurabi escrito num único bloco de pedra,
com 282 artigos que expressavam as leis do rei.
Falemos agora da língua aramaica.
Estamos acostumados a unir a língua aramaica aos hebreus. Porém, ela se
originou da junção de todas as línguas unificadas pelo rei Hamurabi quando
pacificou as tribos, na época que publicou o Código de leis. A
pré-história dos Patriarcas de Israel se encontra de mistura com
estes povos. Nesta época remota do 2º milênio a.C. havia o costume de os clans
estabelecerem aliança entre o chefe do clan e o seu deus. Por
outro lado, os antepassados dos patriarcas pertenciam a esta cultura e faziam
igualmente já esse tipo de aliança com o seu deus. (Cf.Jhon Bright, História de
Israel, 119).
Os historiadores concluem que devemos
colocar as antepassados de Israel entre os clans vindos para a Palestina
no início da Idade do Bronze (3.000 a 2.500 a.C.). Mas continuavam fazendo
parte do império de Hamurabi.
Daí em diante começa a história de
Abraão, Isaque e Jacó, que a Bíblia descreve como pessoas isoladas, mas na verdade
seriam chefes de clans na mistura com as confederações ainda
existentes, na sua época, onde todos os chefes de clans faziam alianças com
o seu deus.
Estaremos agora mais capacitados para
responder à questão inicial: As “Leis” e “todo o poder vem de Deus”?
P.Casimiro SMBN
www.paroquiadechapadinha.blogspot.com.br
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