sexta-feira, 30 de abril de 2021

O Pastor e a Vinha


 

Quando se fala na figura do Pastor lembramos logo de Jesus.

Porém, no Antigo Testamento os pastores eram os governantes e os reis, que deixavam o povo geralmente passar fome, doença e maus tratos. O Antigo Testamento tem essas condenações sobre seus governantes. ( Ez.34, 11-16).

O evangelho de João aplicou este conceito a Jesus na chave gnóstica do “Eu Sou” símbolo da perfeição da deusa Osíris para condenar os governantes desastrosos do passado e aplicá-la agora à figura do novo representante legítimo do novo Israel.

Outra história é a parábola da Vinha. A Vinha era o povo de Deus, e os maus vinhateiros eram os mesmos abusadores do povo, os maus governantes, que não produziam frutos de justiça e de bem-estar, mas sofrimentos.

Se lembrarmos que o Antigo Testamento é o alicerce do Novo, estaremos muito desalinhados quando pomos em cima das nuvens nossas considerações sobre as mesmas parábolas.

No legítimo pensamento do Antigo Testamento o significado é que a Vinha é a Nação, e os pastores são os governantes.

P.Casimiro João

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domingo, 25 de abril de 2021

A religião oficial do Estado de Israel onde havia a união do rei com a religião, deu no que deu: paganizar a religião de Israel.



 

Jezabel, rainha cananeia, casou com Acab e levou para a corte os seus ídolos. Inclusive pretendia fazer de Baal a religião oficial do Estado. Começou perseguindo todos os que continuavam fiéis a Iahweh e à aliança. Foi a época de Elias.

Nos relatos da época aconteceu assim: na pessoa do profeta Elias foi  cristalizada e simbolizada a oposição de todos os fiéis israelitas contra Jezabel. Nessa época, o paganismo canaanita com Acab e Jezabel tomava conta da Palestina do Norte, Israel, e com a perseguição dos javistas leais.

Esta situação começou já com o rei anterior, Amri, que conseguiu posição muito confortável, formando uma corte rica, tanto que era conhecida como a “Casa de Amri”. Foi Amri que formou a capital do Norte, Samaria, cidade por ele comprada aos cananeus. Nessa época certas cidades tinham túneis cavados na rocha para acesso às fontes para servirem de provisão em tempos de guerra.

Acab herdou uma boa posição quando sucedeu a Amri. E levou para o trono Jezabel que excedeu Acab em arrogância e ambição. Até que um grupo de israelitas lhe armaram uma cilada: Foi convidada para um grande culto no templo de Baal e aí foi assassinada.

Isto aconteceu no Norte, Israel. Sempre  o Norte estava em oposição ao Sul, porque não aceitava a sucessão dinástica com Davi. Tinha que ser por carisma e por “intervenção divina”, como desde Saul. No Sul, Judá, também não eram livres da influência pagã. Prestavam culto a “Aserah”, “rainha do céu    “. E nesses cultos corriam livres a “prostituição sagrada” e o homossexualismo.

A gente vê na Bíblia as críticas contra o reino do norte, mas isto porque o livro dos Reis foi escrito em Judá, Sul, e tachava o culto do Norte como como idólatra e apóstata, mas esquecia o culto idólatra de Aserah de Jerusalém (Judá). Este culto a Aserah era promovido por outra rainha também estrangeira e intrusa, Atalia, que por sua vez, como Jezabel do Norte, também foi morta noutra reunião de culto, em Jerusalalém.

Estamos vendo as características deste povo que andava com a sua religião de mão em mão. Um rei casava com uma tal rainha que trazia os seus cultos. Aliás isto já vinha de Salomão. Então fica claro que a religião unida ao Estado ou religião oficial dá nisso. Varia conforme o rei ou a rainha. E se paganiza.

É só observarmos como se deram as coisas na Idade Média, onde aconteceu de modo semelhante com a união da Igreja e do Estado. E hoje ainda algum presidente quer voltar a querer imperar também na religião e no Estado. Foi em boa hora que a Revolução Francesa (1788) deu início à Separação de Estado e de Igrejas, em Estado Laico.

Não vamos pensar que tudo voltou ao normal com o assassinato destas duas rainhas pagãs. Tanto no Norte como no Sul o poder dos reis que assumiam era de pouca duração e logo assassinados para outro tomar o lugar. E as nações vizinhas que constantemente ameaçavam de atacá-los só se aquietavam com acordos de impostos pesados, e outras tantas vezes mandavam para Israel e para Judá suas tropas, seus padrões de vida e seus deuses.

Por exemplo, no reinado do Acaz a Assíria tornou a levar tributos e também colocou no Templo de Jerusalém seus deuses, como já tinha feito no Norte. Uma vez que foi introduzido o culto assírio, isto era uma porta aberta para o paganismo. A paganização interna acompanhava a paganização que vinha de fora. Com o rei Manassés voltou a aceitação dos cultos assírios radicais, e com eles a “prostitição sagrada” até dentro do Templo. A magia. E o rito bárbaro dos sacrifícios humanos tinham livre prática. Estava instaurado um politeísmo aberto. 

Esta situação anunciava a ruína e a queda completa dos reinos do Norte e do Sul, pois quando acordaram e quiseram se libertar, isso já era considerado um ato de rebelião, quem se revoltava contra a religião revoltava-se contra a nação.

É lógico que o povo sofria dos dois lados: o descaso dos seus reinos, e a opressão das potências que sempre ameaçavam a sua soberania. Os males e opressões sociais corriam soltos, embora alguns profetas fossem a única oz que reclamavam. Era a época do profeta Amós e Oseias.

Além da atuação das rainhas na paganização de Israel ajunta-se outra causa: a absorção de muitos canaanitas dentro da população, como dito atrás. Estes, ou alguns deles, embora abraçassem a religião de Javé, eram só umas tintas, mas no fundo continuavam com o seu paganismo.

Isto significava que o relaxamento e abandono da aliança era geral. Fato este que se tinha  dado já em grande escala no reinado de Salomão, e que se repetiu depois com Jeroboão II no Norte, e agora nesta época, tanto no reino do reino do Norte como do Sul, com Ozias e Acab e Manassés.

No meio da maior corrupção, a religião oficial não podia, pela situação em que se encontrava, criticar a política do Estado e a conduta dos nobres que a dirigiam. Os religiosos ainda tentavam com seus cultos sofisticados alimentar a noção de que as exigências de Iahweh eram satisfeitas com rituais de sacrifícios. Porém, o clero era corrupto (Miq.3,5-8); os sacerdotes, oportunistas, preocupavam-se somente com sua vida material. Já já vêm os profetas Isaías e Miqueias para tentar reverter a descida vertiginosa do reino de Judá, porque o reino de Israel foi primeiro tomado pela Assíria (722), que não tirava os olhos e a atenção também do reino do Sul, Judá.

P.Casimiro João    smbn

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domingo, 18 de abril de 2021

A Teologia da Prosperidade de Israel na Idade de Ouro; Origem do Nome de Israel; porquê Jerusalém foi capital; a rivalidade de Israel e de Judá começou já na época de Davi.

 A Idade de ouro que viveu Israel com Davi e Salomão foi tão brilhante que os Judeus a consideraram uma obra prima da providência e a justificação de tudo aquilo que a religião os havia ensinado a acreditar: Israel estava finalmente em plena posse da terra prometida porque se havia tornado uma nação forte e grande como as maiores da época. E também a Aliança com Abraão estaria se realizando em Salomão e Davi.

Os poemas e Salmos compostos nessa época dão ênfase ao fato de que Davi tinha subido ao trono por designação divina. Logo se firmou o dogma de que Iahweh tinha escolhido Sião como eterna morada, fazendo uma aliança com Davi para que sua descendência reinasse para sempre. Esta teologia aparece nos Salmos reais da Corte de Salomão.

Os itens dessa teologia composta no palácio são estes: 1) A escolha de Sião por Iahweh e a Casa de Davi são eternas; 2) O rei governa como o “filho de Iahweh”, seu “primogênito” e seu “ungido”; 3) Estabelecido em Sião por Iahweh, nenhum inimigo poderia prevalecer contra ele, e submeteria todas as nações ao seu império. Estas são as três colunas dessa teologia do palácio.

Por outro lado, a realeza em Israel seguia o padrão dos povos ao seu redor onde todos julgavam a realeza como uma instituição sagrada. Esta doutrina oficial era reafirmada regularmente durante o culto, e tinha dias combinados para a participação do rei com toda a pompa.

Os estudiosos afirmam que, adotando a instituição da realeza, Israel também adotou a teologia pagã da realeza e o padrão ritual para expressá-la do modo comum a todos os seus vizinhos. Assim como nesses povos, também em Israel o rei era considerado como um ser divino ou semidivino, o qual, por ocasião do Festival do Ano Novo, no papel do deus da fertilidade morria e ressuscitava. Desse modo pensava-se que se efetuava o renascimento anual da natureza e o bem estar da Terra.

Assim Davi, desde a sua aclamação nomeou os sumos sacerdotes Sadoc e Abiatar, que faziam parte do gabinete do rei. Estava formada a teologia da prosperidade. O que é afinal de contas a teologia da prosperidade? É estar aliado ao governo para compartilhar a riqueza e o poder, e dizer que foi uma bênção que Deus deu.

Foi assim que a promessa a Davi e o ideal da realeza foram reafirmadas no culto através dos anos. Firmou a esperança de um ideal davídico que deveria vir, sob cujo reinado, as promessas deviam  tornar-se  realidade. O culto foi a fonte da qual brotou a expectativa de Israel em torno de um Messias. O que esta expectativa fez para modelar a fé de Israel através dos séculos que viriam não tem medida. Outra consequência lógica decorrente era o dogma de que o Estado existia em nome de Deus e que o Estado era divino.

Debaixo dessa ideologia escondia-se a ideia de que esse culto baseava-se na função inteiramente pagã de garantir a segurança do Estado mantendo-o em íntima união com a religião, de tal maneira que quem negasse a religião renegaria o Estado, e vice versa. Fato este que trouxe consequências trágicas na Idade Média na atividade da “caça às bruxas”, perseguindo quem não fosse religioso com a união dos Papas e do Rei para essa caçada histórica.

Naquela ordem de ideias que falamos, pensar que o Estado  pudesse cair, seria o mesmo que acusar Deus da violação da aliança como  falaram alguns profetas. Outra conclusão ou dogma era que seria herege quem não aceitasse o Estado davidico como uma instituição divinamente ordenada, e nisto estavam mesmo caindo noutro erro completamente pagão

Vejamos agora o histórico da ascensão tão vertiginosa de Israel a essa riqueza e glória, e como a queda por sua vez foi tão vertiginosa como tinha sido a sua subida. Israel, depois das aventuras de Saul, teve a ascensão de Davi. Digamos que foi uma coincidência. Na verdade ele tinha passado para o lado dos filisteus e tinham-lhe dado uma cidade como presente, pois os ajudou secretamente a derrotar Israel. E quando o filho de Saul, Isbaal, se propôs à sucessão  do trono, Davi podia ter sido morto pelos filisteus, mas liberaram para voltar à pátria. Até que depois da várias traições ele foi rei de Israel, contra o filho de Saul Isbaal, que se exilou.

A ele sucedeu, também depois de muitas intrigas, o fiho Salomão. Salomão montou um império comparável aos maiores da época. Aumentou a riqueza de Israel com o comércio das caravanas  com a Arábia, com a indústria do cobre, com o comércio de cavalos e carros de guerra, com a construção do templo e palácios e deu incremento à cultura. Os inícios dos escritos da Bíblia se articularam  nos escritores do palácio, onde havia muita influência e presença de escritos antigos como “As Máximas de Amenope”(1.300 a.C.) com os seus trinta capítulos onde se inspiraram os escritores dos Provérbios como se deduz do próprio Livro dos Provérbios (Prov.22,20), e não só, mas muitos Salmos já vinham da tradição da cultura cananeia, que também influenciou o Deuteronômio (J.Bright).

Salomão sustentava o templo e seus funcionários, sustentava uma burocracia enorme, milhares de funcionários e mais milhares de oficiais das guerras. Além das concubinas que Davi deixou e as muitas mais que ele arrumou.

Transformou as antigas 12 tribos em 12 distritos. Cada distrito era obrigado a fornecer a Corte com provisões para um mês no ano. E com isto, se grande e ligeira foi a subida de Israel aos cumes da riqueza, igualmente ligeiro estava próxima a queda. Por fim, Salomão já teve que vender algumas cidades para pagar calotes.

Na verdade, no governo de Salomão o Estado crescia em poder, e Israel gemia numa opressão sem precedentes para pagar impostos. O fim não estava longe, porque depois da morte de Salomão o reino se dividiu entre Jeroboão ao norte, e Roboão ao sul. E o fim de ambos foi uma questão de tempo.

É agora a hora de perguntar de onde veio o nome de Israel? O nome “Israel” designava somente uma parte  da confederação tribal cujos membros ocupavam uma pequena parte da área da Palestina, e acabou dando o nome a toda a nova Palestina depois do Sinai. A primeira vez que que vem esse nome na história mundial é nas Cartas do rei Meneptá, se referindo a essa tribo na Palestina, que lhe pertencia.

E a outra pergunta: Porquê Jerusalém foi capital? Pelo seguinte: porque além de estar localizada entre as duas áreas, Norte e Sul, não estava no território de nenhuma delas. Era no centro, que tinha sido território dos cananeus. Na verdade, as rivalidades do Norte e do Sul vêm já da época de Davi. Porque Davi tornou-se rei de Judá com o apoio dos filisteus de quem ele tinha sido vassalo até à morte de Saul. Contra o filho de Saul, Isbaal, que tinha fugido para o Norte. Tudo isto porquê então? O real motivo: Davi aclamou-se rei de Judá por autoridade de um poder estrangeiro, e sem o consentimento das tribos.

Tivemos ocasião de ver como numa época muito curta do auge da monarquia, Israel fabricou a sua teologia da prosperidade. E não só, com a sua união entre o Estado e a religião seguindo conceitos pagãos, também a sua teologia de que o poder teria vindo de Deus. Porquê? Porque a teologia da prosperidade divide as riquezas entre o governo e a religião para dizer que a riqueza é uma bênção de Deus.

Vimos também a origem do nome de Israel, e a coincidência da subida de Davi para rei, e a coincidência de Jerusalém para capital.

Veremos como tão rápida foi a experiência da glória, como rápida há-de vir a experiência da derrocada, com a divisão  definitiva que se aproximava com os dois Cativeiros, e fim da nação. Afinal Israel foi como um meteoro: 1º Cativeiro em 722 a.C; 2º Cativeiro em 586 a.C. Em 70 d.C. o fim da Nação.

P. Casimiro SMBN

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terça-feira, 13 de abril de 2021

Os mexicanos conseguiram concentrar numa só imagem tudo o que no Brasil representam os Orixás, o Candomblé, a Aparecida e todos os cultos Afro.


Uma reflexão da sociologia e fenomenologia religiosa nos leva a entender  como se processou e se consolidou o monoteísmo na história, e leva-nos a considerar que foi por duas vias: A primeira pela via das armas; A segunda pelo aniquilamento de sonhos roubados.

Primeira via: Houve já na antiguidade uma tentativa de monoteísmo que usou a força das armas. Foi com o rei Achenaton (1.700 a.C.) que foi um dos reis Hicsos. Não durou muito tempo porque gerou revoltas dos nobres e dos sacerdotes antigos. A segunda tentativa bem sucedida foi a de Maomé, na Arábia, que deu origem à religião do Islão, que é hoje a 2ª maior religião monoteísta do mundo, que veio pela força das armas.

A segunda via: foi o monoteísmo judaico-cristão, que veio pelo aniquilamento de sonhos roubados. Quais? Os sonhos da nação de Israel de conquistar as Nações. Não foi nunca possível, pelo contrário, caiu em dois cativeiros, da Síria, em 722, e da Babilônia em 586 a.C.

Só depois deste 2º exílio se consolidou o monoteísmo judaico. Motivo? Quando os Judeus voltaram da Babilônia vieram sem rei, porque os reis deram todos fim. Era só o povo e os sacerdotes que sobraram e retornaram para a Palestina. Aí o sacerdote começou exercendo o mando espiritual e o mando politico da nação. O rei era o único Deus Javé, sob o controle do sacerdócio.  Porque quando havia reis, cada um tinha os seus deuses, como  os anteriores, da Samaria e de Judá. Assim ficou consolidado o Monoteismo.

Avançando para os tempos modernos, vejamos como se deu a repetição dos fatos. Já reparou que a religião cristã avançou para as Américas do Norte e do Sul, e África pela força das armas e das conquistas? Aí as Nações, antigas colônias, ficaram cristãs.

Pelo contrário, no Oriente onde não chegou a força das armas e dos conquistadores, a religião cristã nunca foi estabelecida. E são praticamente os seis bilhões de seres humanos lá, que não são cristãos, sobrando os dois bilhões entre católicos e protestantes na Europa, África e Américas. Na China são 1.500 bilhões, com 4% de cristãos; na Índia também 1.500 bilhões, com 6.5% de cristãos; Na Indonésia perto de meio bilhão, com 9% de cristãos; no Japão, Paquistão, Ilhas do Pacífico  mais de 200 milhões, com 1 % de cristãos...

Sobrando dois bilhões entre protestantes e católicos no meio desses outros bilhões todos com suas religiões tradicionais de mais de 2.000 anos antes de Cristo. Aliás na Europa começou já com o imperador Constantino. E da primitiva Cristandade europeia partiu para os outros povos colonizados.

Na verdade, a religião foi uma das formas poderosas da sustentação do sistema colonial. Vejamos o que aconteceu no México, por exemplo. Os espanhóis no México derrubaram as imagens dos deuses astecas e lá colocaram as imagens cristãs. Os astecas pediam aos seus deuses que lhes concedessem favores e a vitória sobre os espanhóis, mas não obtiveram nenhuma resposta aos seus oráculos e então consideravam seus deuses mudos ou mortos.

E essa revolta contra seus próprios deuses fez com que “aceitassem” o cristianismo, já que os deuses dos espanhóis mostravam-se mais fortes dando-lhes a vitória nas guerras da conquista. A evangelização colonial deu-se em toda a parte pelas armas.

Até a famosa Virgem de Guadalupe não foi exceção desse processo. Tem segredos que os historiadores revelam de substituição de imagens num templo asteca da imagem da Deusa-Mãe pela outra imagem de Guadalupe, pintada pelo índio Marcos (Frei Francisco Bustamante). Também aqui a religião foi  usada pelos conquistadores e os religiosos como meio de dominação.

Estudos recentes colocam em cheque a própria história de Guadalupe como sendo uma substituição de imagens e formando toda uma grande catequização para induzir a conversão dos índios mexicanos, incluindo “milagres” de que ninguém ia cobrar da sua autenticidade nem comprovação “cientifica”.

E foi criada toda uma mística comparando-a à imagem do Apocalipse, onde os Anjos eram os conquistadores. Os mexicanos conseguiram concentrar numa só imagem tudo o que no Brasil representam os Orixás, o Candomblé, a Aparecida e todos os cultos Afro. (Sanches).

Encerramos reafirmando o processo da religião e do monoteísmo histórico como fenomenologia semelhante à que aconteceu antes de Israel e em Israel.

P.Casimiro    smbn

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domingo, 11 de abril de 2021

Recado da Teologia Bíblica para Protestantes e Católicos sobre Templos e Cultos na Pandemia e para Kassio Nunes


 

O profeta Izequiel pregava uma religião sem templo e sem culto, e que Deus podia ouvi-los no exílio mesmo sem templo e sem culto, uma vez que no tempo de liberdade o culto era vazio e feito de maquinações. Confira:

“Dado que foram levados para o meio das nações, eu mesmo serei um santuário para você em qualquer lugar onde se encontrarem” (Ez.11,16).

Para que tem ouvidos meia palavra basta

P.Casimiro   smbn

domingo, 4 de abril de 2021

A Fé Imposta Pelas Armas dos Países Colonizadores; a Sociologia e Fenomenologia Do Monoteísmo de Israel; Monoteísmo em Israel e outras nações


 

Quando os israelitas do Sinai juraram fidelidade a Iahweh, as suas práticas a outros deuses não cessaram automaticamente quando entraram na Palestina. Assim como também os santuários locais pré-mosaicos continuavam em uso. E acomodavam a adoração a Javé com a adoração a Baal e outros deuses.

Esta mistura com outros deuses e deusas da fertilidade era aceita, até porque muitos israelitas viam a religião agrária como parte necessária da sua nova vida agrária, e adotaram os sacrifícios aos mesmos deuses e deusas da fertilidade.

A situação geográfica das montanhas centrais onde a comunicação era muito prejudicada por muitos vales e falésias facilitavam isso, e cada qual vivia com seus costumes locais e tradições e seu dialeto, e não contribuíam para uma unificação. Estas situações perduraram por 200 anos, que foi a época dos Juízes, e prosperaram ainda na monarquia.

Isto leva-nos a uma reflexão da sociologia e fenomenologia religiosa de como se processou e se consolidou o monoteísmo na história. Vejamos por duas vias: A primeira via pelas armas; A segunda via pelo aniquilamento de sonhos roubados.

Primeira via: Houve já na antiguidade uma tentativa de monoteísmo que usou a força das armas. Foi com o rei Achenaton (1.700 a.C.) que foi um dos reis Hicsos, o qual deu origem a décima dinastia dos faraós no Egito. Não durou muito tempo porque gerou revoltas dos nobres e dos sacerdotes antigos. A segunda tentativa bem sucedida foi a de Maomé, na Arábia, que deu origem à religião do Islão, que é hoje a 2ª maior religião monoteísta do mundo, que veio pela força das armas.

A segunda via: foi o monoteísmo judaico-cristão, que veio pelo aniquilamento de sonhos roubados. Quais? Os sonhos da nação de Israel de conquistar as Nações. Não foi nunca possível, pelo contrário, caiu em dois cativeiros, da Síria, em 722, e da Babilônia em 586 a.C.

Só depois deste 2º exílio se consolidou o monoteísmo judaico. Motivo? Quando os Judeus voltaram da Babilônia vieram sem rei, porque os reis deram todos fim. Era só o povo e os sacerdotes que sobraram e retornaram para a Palestina. Aí o sacerdote começou exercendo o mando espiritual e o mando politico da nação. O rei era o único Deus Javé sob o controle do sacerdócio.  Porque quando havia reis, cada um tinha os seus deuses, como  os anteriores, da Samaria e de Judá. Assim ficou consolidado o Monoteismo.

Avançando para os tempos modernos, vejamos como se deu a repetição dos fatos. Já reparou que a religião cristã avançou para as Américas do Norte e do Sul, e África pela força das armas e das conquistas? Aí as Nações, antigas colônias, ficaram cristãs.

Pelo contrário, no Oriente onde não chegou a força das armas e dos conquistadores, a religião cristã nunca foi estabelecida. E são praticamente os seis bilhões de seres humanos lá, que não são cristãos, sobrando os dois bilhões entre católicos e protestantes na Europa, África e Américas. Na China são 1.500 bilhões; na Índia também 1.500 bilhões; Na Indonésia perto de meio bilhão; no Japão, Paquistão, Ilhas do Pacífico  mais de 200 milhões...

Sobrando dois bilhões entre protestantes e católicos no meio desses outros bilhões todos com suas religiões tradicionais de mais de 2.000 anos antes de Cristo. Aliás na Europa começou já com o imperador Constantino. E da primitiva Cristandade europeia partiu para os outros povos colonizados.

Na verdade, a religião foi uma das formas poderosas da sustentação do sistema colonial. Vejamos o que aconteceu no México, por exemplo. Os espanhóis no México derrubaram as imagens dos deuses astecas e lá colocaram as imagens cristãs. Os astecas pediam aos seus deuses que lhes concedessem favores e a vitória sobre os espanhóis, mas não obtiveram nenhuma resposta aos seus oráculos e então consideravam seus deuses mudos ou mortos.

E essa revolta contra seus próprios deuses fez com que “aceitassem” o cristianismo, já que os deuses dos espanhóis mostravam-se mais fortes dando-lhes a vitória nas guerras da conquista. A evangelização colonial deu-se em toda a parte pelas armas.

Até a famosa Virgem de Guadalupe não foi exceção desse processo. Tem segredos que os historiadores revelam de substituição de imagens num templo asteca da imagem da Deusa-Mãe pela outra imagem de Guadalupe, pintada pelo índio Marcos (Frei Francisco Bustamante). Também aqui a religião foi  usada pelos conquistadores e os religiosos como meio de dominação.

Estudos recentes colocam em cheque a própria história de Guadalupe como sendo uma substituição de imagens e formando toda uma grande catequização para induzir a conversão dos índios mexicanos, incluindo “milagres” de que ninguém ia cobrar da sua autenticidade nem comprovação “cientifica”.

E foi criada toda uma mística comparando-a à imagem do Apocalipse, onde os Anjos eram os conquistadores. Os mexicanos conseguiram concentrar numa só imagem tudo o que no Brasil representam os Orixás, o Candomblé, a Aparecida e todos os cultos Afro. (Sanches).

Voltando à época  dos Juízes da história da Palestina: No séc 12 (1.200 a.C.) o Egito entrou em colapso, perdendo o controle de todas as possessões na Ásia, com Ramsés III que sofreu derrotas com os “povos do Mar”; e só conseguiu colocar alguns filisteus junto da Palestina como defesa. A Síria, com seu último rei Teglat Falasar também perdeu sua influência mundial nos 200 anos seguintes. Deste modo Israel ficou neste período bastante livre das influências estrangeiras.

A única preocupação era com os vizinhos filisteus, que cada vez mais se aperfeiçoavam no manejo do ferro, segredo que eles aprenderam  dos hititas, que tiveram o monopólio antes deles. E no meio disso tudo Israel combatia a pé, sem condições de enfrentar os vizinhos com carros de batalha, e por isso tiveram que se aliar aos canaanitas por algum tempo.

Além disso, os hebreus tinham vindo das camadas mais baixas e eram desesperadamente pobres. Por isso essa época dos Juízes foi um grande teste de adaptação nos novos locais. Tiveram que se acostumar ao modo sedentário de vida, aprendendo as técnicas familiares de agricultura, que eles nunca tinham praticado.

E assim, no aprendizado do trabalho agrícola, e contornando o conflito das tribos umas com as outras, separados por montanhas, cada tribo prestava cultos aos seus deuses porque não tinham um templo central. Assim chegaram à Monarquia, que eles começaram como imitação dos outros reinos “Queremos um rei como as outras nações” (1 Sam.8,5).

Encerramos reafirmando o processo da religião e do monoteísmo histórico como fenomenologia semelhante à que aconteceu antes de Israel e em Israel.

P.Casimiro    smbn

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