domingo, 18 de abril de 2021

A Teologia da Prosperidade de Israel na Idade de Ouro; Origem do Nome de Israel; porquê Jerusalém foi capital; a rivalidade de Israel e de Judá começou já na época de Davi.

 A Idade de ouro que viveu Israel com Davi e Salomão foi tão brilhante que os Judeus a consideraram uma obra prima da providência e a justificação de tudo aquilo que a religião os havia ensinado a acreditar: Israel estava finalmente em plena posse da terra prometida porque se havia tornado uma nação forte e grande como as maiores da época. E também a Aliança com Abraão estaria se realizando em Salomão e Davi.

Os poemas e Salmos compostos nessa época dão ênfase ao fato de que Davi tinha subido ao trono por designação divina. Logo se firmou o dogma de que Iahweh tinha escolhido Sião como eterna morada, fazendo uma aliança com Davi para que sua descendência reinasse para sempre. Esta teologia aparece nos Salmos reais da Corte de Salomão.

Os itens dessa teologia composta no palácio são estes: 1) A escolha de Sião por Iahweh e a Casa de Davi são eternas; 2) O rei governa como o “filho de Iahweh”, seu “primogênito” e seu “ungido”; 3) Estabelecido em Sião por Iahweh, nenhum inimigo poderia prevalecer contra ele, e submeteria todas as nações ao seu império. Estas são as três colunas dessa teologia do palácio.

Por outro lado, a realeza em Israel seguia o padrão dos povos ao seu redor onde todos julgavam a realeza como uma instituição sagrada. Esta doutrina oficial era reafirmada regularmente durante o culto, e tinha dias combinados para a participação do rei com toda a pompa.

Os estudiosos afirmam que, adotando a instituição da realeza, Israel também adotou a teologia pagã da realeza e o padrão ritual para expressá-la do modo comum a todos os seus vizinhos. Assim como nesses povos, também em Israel o rei era considerado como um ser divino ou semidivino, o qual, por ocasião do Festival do Ano Novo, no papel do deus da fertilidade morria e ressuscitava. Desse modo pensava-se que se efetuava o renascimento anual da natureza e o bem estar da Terra.

Assim Davi, desde a sua aclamação nomeou os sumos sacerdotes Sadoc e Abiatar, que faziam parte do gabinete do rei. Estava formada a teologia da prosperidade. O que é afinal de contas a teologia da prosperidade? É estar aliado ao governo para compartilhar a riqueza e o poder, e dizer que foi uma bênção que Deus deu.

Foi assim que a promessa a Davi e o ideal da realeza foram reafirmadas no culto através dos anos. Firmou a esperança de um ideal davídico que deveria vir, sob cujo reinado, as promessas deviam  tornar-se  realidade. O culto foi a fonte da qual brotou a expectativa de Israel em torno de um Messias. O que esta expectativa fez para modelar a fé de Israel através dos séculos que viriam não tem medida. Outra consequência lógica decorrente era o dogma de que o Estado existia em nome de Deus e que o Estado era divino.

Debaixo dessa ideologia escondia-se a ideia de que esse culto baseava-se na função inteiramente pagã de garantir a segurança do Estado mantendo-o em íntima união com a religião, de tal maneira que quem negasse a religião renegaria o Estado, e vice versa. Fato este que trouxe consequências trágicas na Idade Média na atividade da “caça às bruxas”, perseguindo quem não fosse religioso com a união dos Papas e do Rei para essa caçada histórica.

Naquela ordem de ideias que falamos, pensar que o Estado  pudesse cair, seria o mesmo que acusar Deus da violação da aliança como  falaram alguns profetas. Outra conclusão ou dogma era que seria herege quem não aceitasse o Estado davidico como uma instituição divinamente ordenada, e nisto estavam mesmo caindo noutro erro completamente pagão

Vejamos agora o histórico da ascensão tão vertiginosa de Israel a essa riqueza e glória, e como a queda por sua vez foi tão vertiginosa como tinha sido a sua subida. Israel, depois das aventuras de Saul, teve a ascensão de Davi. Digamos que foi uma coincidência. Na verdade ele tinha passado para o lado dos filisteus e tinham-lhe dado uma cidade como presente, pois os ajudou secretamente a derrotar Israel. E quando o filho de Saul, Isbaal, se propôs à sucessão  do trono, Davi podia ter sido morto pelos filisteus, mas liberaram para voltar à pátria. Até que depois da várias traições ele foi rei de Israel, contra o filho de Saul Isbaal, que se exilou.

A ele sucedeu, também depois de muitas intrigas, o fiho Salomão. Salomão montou um império comparável aos maiores da época. Aumentou a riqueza de Israel com o comércio das caravanas  com a Arábia, com a indústria do cobre, com o comércio de cavalos e carros de guerra, com a construção do templo e palácios e deu incremento à cultura. Os inícios dos escritos da Bíblia se articularam  nos escritores do palácio, onde havia muita influência e presença de escritos antigos como “As Máximas de Amenope”(1.300 a.C.) com os seus trinta capítulos onde se inspiraram os escritores dos Provérbios como se deduz do próprio Livro dos Provérbios (Prov.22,20), e não só, mas muitos Salmos já vinham da tradição da cultura cananeia, que também influenciou o Deuteronômio (J.Bright).

Salomão sustentava o templo e seus funcionários, sustentava uma burocracia enorme, milhares de funcionários e mais milhares de oficiais das guerras. Além das concubinas que Davi deixou e as muitas mais que ele arrumou.

Transformou as antigas 12 tribos em 12 distritos. Cada distrito era obrigado a fornecer a Corte com provisões para um mês no ano. E com isto, se grande e ligeira foi a subida de Israel aos cumes da riqueza, igualmente ligeiro estava próxima a queda. Por fim, Salomão já teve que vender algumas cidades para pagar calotes.

Na verdade, no governo de Salomão o Estado crescia em poder, e Israel gemia numa opressão sem precedentes para pagar impostos. O fim não estava longe, porque depois da morte de Salomão o reino se dividiu entre Jeroboão ao norte, e Roboão ao sul. E o fim de ambos foi uma questão de tempo.

É agora a hora de perguntar de onde veio o nome de Israel? O nome “Israel” designava somente uma parte  da confederação tribal cujos membros ocupavam uma pequena parte da área da Palestina, e acabou dando o nome a toda a nova Palestina depois do Sinai. A primeira vez que que vem esse nome na história mundial é nas Cartas do rei Meneptá, se referindo a essa tribo na Palestina, que lhe pertencia.

E a outra pergunta: Porquê Jerusalém foi capital? Pelo seguinte: porque além de estar localizada entre as duas áreas, Norte e Sul, não estava no território de nenhuma delas. Era no centro, que tinha sido território dos cananeus. Na verdade, as rivalidades do Norte e do Sul vêm já da época de Davi. Porque Davi tornou-se rei de Judá com o apoio dos filisteus de quem ele tinha sido vassalo até à morte de Saul. Contra o filho de Saul, Isbaal, que tinha fugido para o Norte. Tudo isto porquê então? O real motivo: Davi aclamou-se rei de Judá por autoridade de um poder estrangeiro, e sem o consentimento das tribos.

Tivemos ocasião de ver como numa época muito curta do auge da monarquia, Israel fabricou a sua teologia da prosperidade. E não só, com a sua união entre o Estado e a religião seguindo conceitos pagãos, também a sua teologia de que o poder teria vindo de Deus. Porquê? Porque a teologia da prosperidade divide as riquezas entre o governo e a religião para dizer que a riqueza é uma bênção de Deus.

Vimos também a origem do nome de Israel, e a coincidência da subida de Davi para rei, e a coincidência de Jerusalém para capital.

Veremos como tão rápida foi a experiência da glória, como rápida há-de vir a experiência da derrocada, com a divisão  definitiva que se aproximava com os dois Cativeiros, e fim da nação. Afinal Israel foi como um meteoro: 1º Cativeiro em 722 a.C; 2º Cativeiro em 586 a.C. Em 70 d.C. o fim da Nação.

P. Casimiro SMBN

www.paroquiadechapadinha.blogspot.com.br

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