Jezabel, rainha
cananeia, casou com Acab e levou para a corte os seus ídolos. Inclusive
pretendia fazer de Baal a religião oficial do Estado. Começou perseguindo todos
os que continuavam fiéis a Iahweh e à aliança. Foi a época de Elias.
Nos relatos da época
aconteceu assim: na pessoa do profeta Elias foi
cristalizada e simbolizada a oposição de todos os fiéis israelitas
contra Jezabel. Nessa época, o paganismo canaanita com Acab e Jezabel tomava
conta da Palestina do Norte, Israel, e com a perseguição dos javistas leais.
Esta situação começou
já com o rei anterior, Amri, que conseguiu posição muito confortável, formando
uma corte rica, tanto que era conhecida como a “Casa de Amri”. Foi Amri que
formou a capital do Norte, Samaria, cidade por ele comprada aos cananeus. Nessa
época certas cidades tinham túneis cavados na rocha para acesso às fontes para
servirem de provisão em tempos de guerra.
Acab herdou uma boa
posição quando sucedeu a Amri. E levou para o trono Jezabel que excedeu Acab em
arrogância e ambição. Até que um grupo de israelitas lhe armaram uma cilada:
Foi convidada para um grande culto no templo de Baal e aí foi assassinada.
Isto aconteceu no
Norte, Israel. Sempre o Norte estava em
oposição ao Sul, porque não aceitava a sucessão dinástica com Davi. Tinha que
ser por carisma e por “intervenção divina”, como desde Saul. No Sul, Judá,
também não eram livres da influência pagã. Prestavam culto a “Aserah”, “rainha
do céu “. E nesses cultos corriam
livres a “prostituição sagrada” e o homossexualismo.
A gente vê na Bíblia
as críticas contra o reino do norte, mas isto porque o livro dos Reis foi
escrito em Judá, Sul, e tachava o culto do Norte como como idólatra e apóstata,
mas esquecia o culto idólatra de Aserah de Jerusalém (Judá). Este culto a
Aserah era promovido por outra rainha também estrangeira e intrusa, Atalia, que
por sua vez, como Jezabel do Norte, também foi morta noutra reunião de culto,
em Jerusalalém.
Estamos vendo as
características deste povo que andava com a sua religião de mão em mão. Um rei
casava com uma tal rainha que trazia os seus cultos. Aliás isto já vinha de
Salomão. Então fica claro que a religião unida ao Estado ou religião oficial dá
nisso. Varia conforme o rei ou a rainha. E se paganiza.
É só observarmos como
se deram as coisas na Idade Média, onde aconteceu de modo semelhante com a
união da Igreja e do Estado. E hoje ainda algum presidente quer voltar a querer
imperar também na religião e no Estado. Foi em boa hora que a Revolução
Francesa (1788) deu início à Separação de Estado e de Igrejas, em Estado Laico.
Não vamos pensar que
tudo voltou ao normal com o assassinato destas duas rainhas pagãs. Tanto no
Norte como no Sul o poder dos reis que assumiam era de pouca duração e logo
assassinados para outro tomar o lugar. E as nações vizinhas que constantemente
ameaçavam de atacá-los só se aquietavam com acordos de impostos pesados, e outras
tantas vezes mandavam para Israel e para Judá suas tropas, seus padrões de vida
e seus deuses.
Por exemplo, no
reinado do Acaz a Assíria tornou a levar tributos e também colocou no Templo de
Jerusalém seus deuses, como já tinha feito no Norte. Uma vez que foi
introduzido o culto assírio, isto era uma porta aberta para o paganismo. A
paganização interna acompanhava a paganização que vinha de fora. Com o rei
Manassés voltou a aceitação dos cultos assírios radicais, e com eles a
“prostitição sagrada” até dentro do Templo. A magia. E o rito bárbaro dos
sacrifícios humanos tinham livre prática. Estava instaurado um politeísmo
aberto.
Esta situação
anunciava a ruína e a queda completa dos reinos do Norte e do Sul, pois quando
acordaram e quiseram se libertar, isso já era considerado um ato de rebelião,
quem se revoltava contra a religião revoltava-se contra a nação.
É lógico que o povo
sofria dos dois lados: o descaso dos seus reinos, e a opressão das potências
que sempre ameaçavam a sua soberania. Os males e opressões sociais corriam
soltos, embora alguns profetas fossem a única oz que reclamavam. Era a época do
profeta Amós e Oseias.
Além da atuação das
rainhas na paganização de Israel ajunta-se outra causa: a absorção de muitos
canaanitas dentro da população, como dito atrás. Estes, ou alguns deles, embora
abraçassem a religião de Javé, eram só umas tintas, mas no fundo continuavam
com o seu paganismo.
Isto significava que o
relaxamento e abandono da aliança era geral. Fato este que se tinha dado já em grande escala no reinado de
Salomão, e que se repetiu depois com Jeroboão II no Norte, e agora nesta época,
tanto no reino do reino do Norte como do Sul, com Ozias e Acab e Manassés.
No meio da maior
corrupção, a religião oficial não podia, pela situação em que se encontrava,
criticar a política do Estado e a conduta dos nobres que a dirigiam. Os
religiosos ainda tentavam com seus cultos sofisticados alimentar a noção de que
as exigências de Iahweh eram satisfeitas com rituais de sacrifícios. Porém, o
clero era corrupto (Miq.3,5-8); os sacerdotes, oportunistas, preocupavam-se
somente com sua vida material. Já já vêm os profetas Isaías e Miqueias
para tentar reverter a descida vertiginosa do reino de Judá, porque o reino de
Israel foi primeiro tomado pela Assíria (722), que não tirava os olhos e a
atenção também do reino do Sul, Judá.
P.Casimiro João smbn
www.paroquiadechapadinha.blogspot.com.br
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