sábado, 24 de dezembro de 2022

No céu todo dia nascem bilhões de estrelas, e na Terra milhões de crianças.


 

Hoje os alunos do Fundamental vão na Internet e aprendem que nosso Universo começou a existir cerca de quinze bilhões de anos atrás, e que nosso sistema solar se formou há cinco bilhões de anos. E ainda, que o nosso Sol é uma estrela de 2ª geração formada de fragmentos de outras estrelas de há cinco bilhões de anos.

E o mais notável de tudo isso é ser possível remontar o processo: os íons do cérebro dependem do alimento, o alimento depende dos fótons produzidos no centro do Sol, e o Sol resulta dessas explosões, quando estrelas explodiram. A bola de fogo primeva existiu durante bilhões de anos sem consciência introspectiva. Por si só, essa estrela não podia se dar conta da própria beleza e do próprio brilho. Mas a estrela pode, por nosso intermédio, refletir sobre si mesma. Em certo sentido, você é essa estrela.

Não é pura poesia e nem imaginação. Se na realidade os íons dependem do alimento, e o alimento depende dos fótons produzidos no centro do Sol, e se o Sol resulta de explosões quando estrelas explodiram, então essa saraivada fotônica do início dos tempos provê de energia seu cérebro, vale dizer, o que você pensa e sente neste exato momento só é possível através do fogo cósmico. É por isso que você participa das estrelas, e do fogo das estrelas. É um pedacinho de estrelas.

É  por isso que as estrelas fazem parte da história e da inteligência dos seres humanos e das previsões futuras. A “estrela de Jacó” (Num.24,17), e a estrela de Belém (Mt.2,7) revelam como as estrelas fazem parte dos sonhos bons da humanidade.

A estrela, pelo seu caráter celeste é um símbolo do espírito, da luz e da sobrevivência futura. Nas culturas asiáticas, a estrela é um fragmento desprendido do Ovo cósmico. Entre os Astecas representa a alma dos mortos. No Islão é graças à estrela que a Káaba está situada exatamente no centro do céu. Na mística dos nórdicos da Europa aponta sempre a região luminosa onde mora a divindade, como uma janela do céu. (Dicionário Enciclopédico das religiões). Estrela de NATAL é assim uma mistura das profecias de Israel e das culturas universais. Mas não esqueça nunca a estrela que é você. Você é uma estrela.

Vamos falar mais de estrelas. O Universo que se originou há tantos bilhões de anos nesse sopro inicial que deu origem às estrelas e às galáxias ainda está em expansão. No céu todos os dias nascem bilhões de estrelas, e na Terra milhões de crianças. No interior das galáxias há os “berçários” de estrelas e haverá até o fim do mundo, se o mundo tiver fim. Para termos uma ideia, a nossa galáxia que chamamos VIA LÁCTEA tem 100 bilhões de estrelas. No Universo há 200 bilhões de galáxias, cada uma com mais de 100 bilhões de estrelas.

As estrelas são formadas no centro das galáxias, onde se forma uma densa camada de Hélio e Hidrogênio. Nos movimentos rotativos as grandes massas de hélio e hidrogênio se comprimem e se concentram. Os núcleos de hidrogênio se fundem e liberam uma energia de bilhões de graus. Quando um gás se contrai, ele esquenta, igual  quando se enche um pneu de bicicleta, a bomba esquenta. Com essa compressão se “acende” o combustível nuclear e inicia a queima do hidrogênio. Isso libera muita energia e nasce uma estrela. A partir daí o astro começa a “queimar o combustível” que o alimenta por toda sua vida. Isso é um reator solar formado de hidrogênio e hélio, que sustenta esse reator nuclear. Assim o Sol e o sistema solar se formaram desse jeito.

As distâncias entre as estrelas e galáxias são medidas em anos-luz. Um ano-luz é a distância percorrida pela luz num ano. E é de 9.46 trilhões de quilômetros. Imaginamos que para chegar da Terra ao Sol levaria 500 anos. Para a galáxia conhecida mais distante são 32 bilhões de anos. A nosso Via Láctea produz uma nova estrela a cada 36 dias: quer dizer que o nosso Sol ganha uma estrela irmã a cada mês. Em outras galáxias maiores nascem estrelas a cada duas horas.

A nossa consciência e inteligência são fruto dessa energia. Um dia os íons e fótons do cérebro produziram uma sinapse ou fusão de energia no córtex cerebral que produziu a consciência, resultando num novo DNA humano, separado dos primatas. Nós temos 98% (noventa e oito por cento) do DNA dos primatas. Os primeiros hominídeos de há 25 milhões de anos já não tinham cauda. Hoje em dia as imagens do embrião humano mostram uma cauda de 4 cm que é absorvida antes das 4 a 8 semanas. No dia 06 de Novembro de 2021 nasceu uma criança em Fortaleza, Brasil, com 12 cm de cauda porque não foi absorvida nas primeiras oito semanas. Há 200 mil anos que o ser humano aprendeu a fala. E hoje ainda as crianças levam ano e meio para aprender a fala.

Há 4.400 milhões de anos que os primeiros hominídeos andavam de pé. Eram os Austrolopitecos Afarenses, encontrados na Etiópia. Os primeiros animais apareceram há 500 milhões de anos. De lá até agora se chegou ao homem da era do 5G, da IA (inteligência artificial), e do homem robô e das viagens no espaço.

Conclusão. No céu todo dia nascem bilhões de estrelas, e na Terra milhões de crianças. E um dia nasceu uma Criança Estrela chamada Jesus.

P.Casimiro João      smbn

www.paroquiadechapadinha.blogspot.com.br

 

quarta-feira, 21 de dezembro de 2022

Antes de sermos raça humana éramos raça animal-02


 

Era um lugar comum no Antigo Testamento a vingança e o desejo de matar o inimigo: “Soberbos e ímpios serão como palha, e esse dia vindouro haverá de queimá-los e não sobrará nem raiz e nem ramos”(Mal.3,19). Esse é o instinto humano que herdamos da nossa segunda fase anterior de animal, e que perpassa transversalmente toda a Bíblia do Antigo Testamento.

Como dissemos noutro Blog, a nossa primeira fase de embrião foi de filamento de planta, a segunda de filamento sensitivo-animal, e a 3ªfase culminou com a consciência e a razão, segundo a teoria do hilemorfismo(ou dos filamentos). Esta teoria vem já de Tomás de Aquino, herdada por sua vez de Aristóteles. E como é admirável que adéqua com a teoria moderna da evolução de Dawin e de T.de Chardin sobre a evolução das espécies, segundo a qual a raça humana surgiu do clic da sinapse do córtex cerebral e do sistema neuropsíquico dos nossos parentes próximos os primatas.

Portanto antes de sermos raça humana éramos raça animal, com o instinto de vingar e de matar, que nasce com a gente. Passámos pelas fases vegetal, do filamento vegetal, passando para a fase animal, e terminando na perfeição da razão  e da consciência humana. (www.paroquiadechapadinha.blogspot.com.br 08/11/23).

Isso nos coloca no centro do cosmo, como ser que resume e recapitula o surgimento da vida, 5 bilhões de anos atrás e depois do Big-Bang, 15 bilhões de anos, dando origem à vida na Terra com as primeiras algas aquáticas, e depois de milhões de anos aos primeiros seres vivos tipo animal com as primeiras amebas unicelulares que deram origem aos peixes das águas e daí aos animais da terra até chegar aos dinossauros e aos primatas e ao ser humano.

O resumo do cosmo é você e eu, vindos da primeira explosão do Big-Bang, que dali a 10 dez bilhões de anos deu origem ao sol, e do hélio e carbono do sol feitos luz, irradiação e explosão, surgiu a vida na terra, e com a terra e a água surgimos nós, que continuamos a sobreviver ligados à luz do sol como o feto ligado à mãe pelo cordão umbilical. Nós ainda somos fruto das irradiações diárias da estrela Sol. E quando essas irradiações sofrem alguma turbulência nós a sentimos sem nos dar conta.

Portanto, dessas premissas históricas e científicas constatamos que o desenvolvimento das fases do embrião leva o tempo de meses, e corresponde ao tempo de desenvolvimento de cada fase da evolução das espécies em milhões de anos como constatamos no BLOG anterior. O que no bebê e no embrião são meses, na evolução são milhares ou milhões de anos. E o tempo que o bebê leva para falar, ano e meio, corresponde aos 450 mil anos que os nossos ancestrais primatas ou já hominídeos levaram para aprender a fala. E mais: o tempo que o bebê leva para segurar-se em pé e caminhar corresponde aos outros 450 mil anos que os mesmos hominídeos levaram para se segurar em pé e caminhar igual nós hoje.

Não é brincadeira, mas é coisa impressionante que hoje constatamos que muitos seres humanos ainda vivem só para matar e se vingar. Repetindo o histórico do Antigo Testamento, como dissemos no início, e não só, mas de todos os povos da antiguidade, que não tinham outra diversão que não fosse a guerra e a vingança. Como dito até no Primeiro Código da humanidade, o código Hamurabi, e copiado para a Bíblia do A.T: “olho por olho, dente por dente, morte por morte”(Lev.24,2). Essa fase ainda hoje está presente em um décimo da humanidade que vive só para matar. Constatamos o esforço dos governos em prevenir, constatamos a soma enorme de gastos e de forças policiais para reprimir esses instintos. Somos levados a pensar que essa parte da humanidade não terá passado da segunda fase, a fase sensitivo-animal e não terá atingido a 3ª fase do desenvolvimento normal da consciência e da razão. Louvamos os poderes públicos que em certos crimes até inaceitáveis não vão logo na sentença condenatória mas sujeitam o réu às análises psiquiátricas e neurológicas.

Conclusão. Terminamos como começamos, dando crédito ao arrazoado exposto do nosso blog: Antes de sermos raça humana éramos raça animal.

P.Casimiro João    smbn   www.paroquiadechapadinha.blogspot.com.br

 

sábado, 17 de dezembro de 2022

Antes de sermos raça humana éramos raça animal.

Vejamos as fases da evolução por onde passámos:

1ª fase – raça animal- 4.400 milhões de anos a.C.;

2ª fase – largar a cauda -400 milhões de anos a.C.;

3ª fase –animais sem cauda e mudos, de assobio - 3.500 milhões de anos a.C.;

4ª fase –aprender a andar de pé – 2.500 milhões de anos a.C.;

5ª fase – Era dos trogloditas ou Homem das cavernas – 2.000 milhões de anos a.C.;

6ª fase – Era da comunicação por desenhos e pinturas rupestres  500 mil de anos a.C.;

7ª fase – aprender a fala – 450 mil de anos a.C.;

8ª fase – Era dos humanos – 450 mil a.C.;

9ª fase – Era da pedra lascada, cortar com pedras – 450 mil de anos a.C.;

10ª fase – Era do fogo para assar caça e moldar os metais – 400 mil de anos a.C.;

11ª fase – Era dos metais, facas, machados, arcos, flexas, anzóis – 5.000 mil anos a.C.;

12ª fase – Era do trabalho da terra – 3.300 a.C.;

13ª fase – Era da comunicação e de invenção da escrita cuneiforme – 3.200 anos a.C.;

14ª fase – Era de enterrar os mortos e oferecer sacrifícios aos deuses– 2.500 a.C.;

15ª fase – Era dos contratos e alianças – 2.000 a.C.;


Comparemos agora com as fases do desenvolvimento da CRIANÇA:

1ª fase – largar a cauda: o bebê nasce com cauda que é desfeita e absorvida pela coluna entre as 04 e  08 semanas;

2ª fase – nasce sem fala;

3ª fase – aprende a gatinhar, andar de quatro- 3º mês;

4ª fase – aprende a ficar de pé – 01 ano;

5ª fase – aprende e andar - 1,5 ano;

6ª fase – aprende a topar tudo – 2,5 anos e meio;

7ª fase – feito bicho com os bichos e brincando com os bichos – 03 anos;

8ª fase – brinquedos 03 anos;

9ª fase – aprende o trabalho: casinhas, carrinhos, cozinhar – 04 anos;

10ª fase – Era do falo – 4,5 anos;

11ª fase – primeiras amizades – 05 anos;

12ª fase – primeiros namoricos – 06 anos;

13ª fase – Início do raciocínio – 6,5 anos;

14ª fase –Início humanizante – 07 anos.

Comparemos então que nestes sete (07) anos carregamos o histórico humano de 500 milhões de anos. Carregamos a historia do universo. Somos uma miniatura do cosmo.

P.Casimiro João    smbn

www.paroquiadechapadinha.blogst.com.br

 

 

 

                

             


sábado, 10 de dezembro de 2022

O tanto de magia dos judeus que viralizou em magia em nossas religiões.

“Sou circuncidado, sou judeu, sou salvo”; “sou batizado, sou cristão, sou salvo“. Estes dois paralelos não ditos, mas vividos nos subterrâneos e imersos no fundo do agir cristão não estarão muito longe da realidade. No consciente e no inconsciente, no falar e no calar e no manifestar.

Explicando. A circuncisão funcionava como uma magia para a salvação dos judeus. “Circuncidareis o menino, o nascido em casa e o comprado por dinheiro ao estrangeiro”.(Lv.12,3). “Todos do sexo masculino que estão no meio de vocês deverão ser circuncidados”(Gn.17,10). Pela circuncisão todo judeu era descendente e filho de Abraão. Porém nos evangelhos é questionada da seguinte maneira: “Não penseis que basta dizer “sou filho e Abraão, Abraão é nosso pai”(Mt.3,9).

Semelhantemente e paralelamente esse dito jaz no imaginário de muitos cristãos transformado assim: “sou batizado, sou cristão, sou salvo”. Neste caso o batismo vira magia, assim como a circuncisão. Como diziam os antigos “é necessário ser batizado para ser salvo”. (Mc.16.16). Ou seja, acontece o rito, a pessoa vira de condenado para salvo.  

Falámos no Blog anterior que nos primeiros tempos, a Igreja tinha a noção de pecado original como uma “mancha”. Tirado o pecado original tirava-se a “mancha”. E o que “tirava o pecado original era o batismo. Portanto, o batismo funcionava como uma “magia”. E ficou considerado e tratado e pregado como uma coisa mágica. Nas teologias, nas pregações e nos cultos. Esclarecemos no blog anterior a polêmica que existiu entre S.Agostinho e o teólogo Pelágio. Em que Agostinho defendia a tese de que o pecado original era uma “mancha” que provinha do primeiro ato sexual de Adão. E como o ato sexual era matéria, era mau de raiz, porque a matéria era má de raiz (teoria dos maniqueus). Enquanto que Pelágio defendia que essa tese era falsa, e dizia que a matéria não era má e que não vinha nenhuma mancha derivada do ato sexual de Adão. Nisto tudo prevaleceu a opinião do Papa Inocêncio I acobertando a teoria de Agostinho por  interesses políticos.(Suzin, Luiz Carlos, “A Criação de Deus”, p.125 ss).(www.paroquiadechapadinha.blogspot.com.br 04/12/22).

Do exposto, os três elementos pecado original, mancha e batismo andavam imbricados na história da Igreja, e hoje em dia sendo reconsiderados. Nesses tempos era necessário batizar as crianças logo depois do nascimento para tirar a mancha “original”, como estava marcada a circuncisão aos oito dias. Por seu lado, pregadores impunham o poder mágico do batismo para a salvação. E nas catequeses. De tal maneira que virou o centro das atenções da Igreja, o que notamos hoje nas orações litúrgicas em geral e mormente nas orações dos defuntos, como herança dessa teologia mágica.

Se repararmos bem, a mágica do sacramento do batismo não ficou só nele, mas embasou também toda a teologia dos outros sacramentos, resumida na equação: matéria e forma. Colocadas a matéria e pronunciada a fórmula,(ou forma, acontecia o resultado infalível: o “sacramento”.  E o efeito vinha “automático”. Era o que tecnicamente se chamava “ex opere operato”, em latim, que traduzia aquele efeito “automático”, ou como se fosse uma fórmula mágica.

Avançando mais, e segundo a nossa herança do Antigo Testamento, temos ainda o paralelo do ritual das abluções das mãos para tirar outras “manchas,” como de tocar em mortos, ou nos caixões, ou nas mãos dos pagãos. Aí se manifestava também a magia de como a água tira manchas imaginárias que “contaminavam” as pessoas, o que leva a desenvolver a superstição.

Falemos agora de superstição, que anda também imbricada com o que falámos. A definição de superstição, segundo o filósofo Espinoza é “Crença ou sentimento sem fundamento racional que induz à confiança em coisas absurdas, ao temor de coisas inócuas e imaginárias e à criação de obrigações falsas e indevidas, sem relação alguma entre os fatos e as suas causas.” (Espinoza, Tratado de filosofia política). A superstição é um dos melhores e mais poderosos meios para controlar duas instituições que mais reúnem multidões: a política e a religião. Continua Espinoza: “Os homens são dominados pela superstição enquanto dura o temor: o culto vão ao qual se constrangem com respeito e religião se dirige a fantasmas, às desorientações da imaginação de uma alma triste e medrosa. Deve haver uma classe interessada na ignorância promovida pelas práticas supersticiosas, pois estas se mantêm contra qualquer racionalidade. A superstição é um método de governo. O desespero cria pessoas ávidas pela autoridade, prontos para desejar um deus como um Rei absoluto “acima de todos”, e o Rei como um deus “acima de tudo”. É justamente a classe dos Sacerdotes e Monarcas, interessados na dominação e na obediência do povo” (Espinoza). E encerramos com a afirmação de um historiador e filósofo romano:“ Nenhum meio de governar a multidão é mais eficaz do que a Superstição” (Quinto Cúrcio).

Conclusão. Voltando ao título desta matéria, “O tanto de magia dos judeus que viralizou em magia em nossas religiões”, concluímos como a nossa herança de épocas passadas está muito dentro de nós e influencia a vida presente, quer queiramos quer não. E juntando-se a isto vem mais um condimento ancestral utilizado pelos regentes da humanidade seja no campo politico ou religioso para a sua ambição de controle e manipulação das multidões, condimento bem definido pelos filósofos Espinoza e Quinto Cúrcio, a Superstição.

P.Casimiro João     smbn

www.paroquiadechapadinha.blogspot.com.

segunda-feira, 5 de dezembro de 2022

A Internet, o vídeo e o pornô.

 

Como conviver hoje em dia com estas realidades. Não é raro o povo cristão ficar perplexo, e se culpar pelos olhos e pelo que eles topam.

Para o entendimento do pecado devemos ter em conta o entendimento hoje diferente do sentido de como foi descrito nos primeiros capítulos do Gênesis e de como é entendido hoje. Aí se destaca o imaginário da cosmologia primitiva que fez as colunas mestras do entendimento daquela época. Entendimento que deu origem à ideologia dos maniqueus e estoicos, que originaram a teologia de Agostinho e de toda a Idade Média e que faz ainda o imaginário da moral atual da quase totalidade dos cristãos e não só. Sabemos, até pela Declaração oficial da Igreja que a visão desse criacionismo bíblico passou de prazo de validade. A Pontifícia Comissão Bíblica, falando sobre a evolução e sobre os 11 primeiros capítulos do Gênesis abriu as portas ao diálogo entre a ciência e a fé, inclinando-se ao entendimento de que as narrações bíblicas da Criação têm que ser entendidas na  mentalidade do seu tempo, portanto no gênero alegórico e mítico. www.genesis:gn.1-11de16dejaneirode1948pp.45-48).

Baseados na nova cosmologia sabemos que antes da descrição da Bíblia, homens e mulheres já se relacionavam há milhões de anos, a Terra já existia há bilhões de anos, havia morte e vida sem conexão alguma com a “queda” do imaginário primitivo. E que não houve um deus que tivesse amassado o barro com o sangue de outro deus caído do céu como diziam os imaginários ugaríticos e babilônicos, ou com água como disseram os judeus bíblicos.

Em segundo lugar devemos considerar que os Judeus compartilharam essas narrativas com os Poemas dos babilônicos e ugaríticos entre os quais viviam, como o poema Enuma Elish e Gilgamesh, onde se fala da Criação e do dilúvio nos mesmos termos, inclusive a pomba e o sacrifício aos deuses depois do fim do dilúvio.

Numa cerimônia solene realizada na Pontifícia Academia de Ciências o Papa Francisco declarou que “a Criação não é fruto de uma ‘varinha magica’. Muitas pessoas se enganam ao ler o capítulo da Criação no Gênesis imaginando Deus como um mago; mas não é assim. As teorias do Big Bang e da Evolução são reais”(Papa Francisco, 27/6/22). Por sua vez, o Papa Pio XII já abriu as portas para a ideia da evolução em 1950. E João Paulo II disse que a Evolução é um fato comprovado, em 1994.

Seguindo aquele imaginário do pecado de Adão, S.Agostinho fez a sua teologia em cima das teorias maniqueístas onde se tinha formado resumidas na dualidade: a matéria é má, o espírito é bom. Portanto, como a geração veio da ação sexual de Adão ela é má porque veio da matéria e por isso toda a humanidade teria ficado contaminada, e a isso ele chamou de pecado original. Na mesma época o teólogo Pelágio era contra essa teoria de Agostinho. Pelágio dizia que a geração não era a fonte do pecado, portanto o ser humano nascia bom e inocente. Esta polêmica levou mais de 100 anos. Segundo o historiador Le Goff, a teoria do pecado original serviu muito bem para o controle da cristandade e aumentar o poder da Igreja sobre a vida sexual na Idade Média (Susin, Luiz Carlos, A Criação de Deus, Paulus, 124ss). Segundo Pelágio, não existe pecado congênito nem transmitido, mas o Papa Inocêncio I que no séc.V reforçou o poder político da Igreja, abraçou a teoria de Agostinho, enquanto que hoje a teologia vai pelos caminhos da nova antropologia e cosmologia que favorecem a tese de Pelágio. Foi a teologia de Agostinho que não aceitava a salvação das crianças sem batismo, o que hoje não tem mais cabidela. Foi também a teologia de Agostinho que levou ao jargão que “fora da Igreja não há salvação”, que hoje em dia também é matéria fora de validade de prazo. Era também aquela teologia que afirmava “quem não for batizado não será salvo”, seguindo a teologia judaica da circuncisão sem a qual ninguém se salvava. A circuncisão teve o seu prazo de validade vencido, e semelhantemente a salvação sem o batismo, como a circuncisão é uma realidade vencida

Segundo a concepção herdada de Agostino podemos considerar que muitos “tabus” foram-se originando, um dos quais foi considerar o pecado como “mancha” que tivesse manchado toda humanidade. Podemos aduzir então a opinião de moralistas de renome internacional como Marciano Vidal e B. Haring nas seguintes afirmações: A nova situação da humanidade obriga a repensar a noção e vivência da culpabilidade cristã”.(M.Vidal, Moral de atitudes, vol.I p.343. E sobre os “tabus” e “mancha” da teologia de Agostinho: “O pecado entendido como “tabu” tem feito parte da compreensão e vivência cristã. Encontramos bastantes elementos ou resíduos tabuísticos tanto na maneira de falar como na maneira de encarar o pecado” (o.c.p.359).

Onde o referido autor mais concretiza esse aspecto de “mancha” é na conexão entre a “mancha” à qual se atribuem castigos divinos, como por exemplo; há um mal físico, doença ou morte e logo são atribuídos à mancha de algum pecado. Assim nos deslocamos para o Antigo Testamento onde os males como cegueira, paralisia, e lepra eram atribuídos à “mancha” do pecado. (Jo.9,2). E o Antigo Testamento ainda vive em nós na porcentagem de três quartos e na vida da Igreja em geral.

O autor referido ainda tem uma observação muito psicológica que são as faltas ou “manchas mecânicas”, como deixando o ritmo de algumas ações: muitas pessoas se acham culpadas, porque não fizeram aquela ação naquela hora e naquele tempo. O ritmo mecânico da repetição de nossos atos religiosos e a psicologia da culpabilidade e as consequências na conduta moral produzem falsas avaliações que herdamos de atos que chamamos pecado.

Conclusão. “A atualização continua sendo necessária nas comunidades dos fiéis. Textos foram redigidos em função de circunstâncias passadas e em sua linguagem condicionada por diversas épocas.” São palavras da Pontifícia Comissão Bíblica de 15 de Abril de 1993

Reportando-nos ao nosso titulo “Internet, vídeos e pornô” lembremos a dica do grande moralista M.Vidal: “A nova situação da humanidade obriga a repensar a noção e a vivência da culpabilidade cristã.” Na verdade, são caminhos novos da humanidade que trazem crescimento tanto da ciência como da personalidade humana e cristã. Não podemos incorrer na ideia vencida de culpa-tabu ou “mancha” herdada dos judeus como coisa mágica que mancha se tocar, como a “mancha” de tocar em caixão de defunto que obrigava o judeu à lavagem de purificação. Seria ainda agir como um agir de marionete onde a magia comanda a ação. Coisas de prazo vencido onde a liberdade e a responsabilidade humanas eram sufocadas. Seria como andar na rua como um ser alienado, de tudo desconfiado.

Hoje andamos na rua física e na rua virtual. A rua sempre foi lugar da convivência humana. Somos convidados a andar confortavelmente tanto na rua física como na rua virtual.

P.Casimiro João

www.paroquiadechapadinha.blogspot.com.br