segunda-feira, 27 de junho de 2022

Freud e Nietzsch e o complexo de Édipo, o alerta de não banalizar o nome de Deus: o cidadão quando é manipulado pelo Estado pensa que é livre mas é escravo.


 

O mundo é feito de ondas, e como as águas do mar dificilmente se aquietam, assim a vida de nosso mundo tem seus ritmos. O século 19 assistiu a uma onda de ateísmo mantido pelo filósofo Nietzsche. Desde o século 20 até esta parte corre o risco de banalizar Deus. Analisaremos as causas dos dois movimentos.

A principal expressão do ateísmo vem da constatação histórica de que o ser humano ficaria alienado e diminuído na sua liberdade e na sua autonomia motivado pela fé em Deus, isto é, a fé em Deus estaria na contra mão do crescimento do ser humano; assim como os filhos não crescem se não se independenciarem dos pais. Este princípio foi colocado já por Freud recordando o complexo de Édipo, como explicaremos.

Outra constatação era a filosofia da educação, e o relacionamento de pais e filhos, e de cidadão e de Estado. Filho não cresce quando o pai é só autoritarismo e não deixa o filho pensar e crescer e agir por si mesmo. E o cidadão quando é manipulado pelo Estado. Pensa que é livre mas é escravo. O mesmo perigo pode ocorrer também na esfera da Igreja, de Deus e da fé. Em todas estas esferas pode ser anulado ou suprimido e diminuído na sua liberdade o ser humano.

É conhecido o enigma de Édipo, em que o filho, para crescer tinha que matar o pai para ficar com a mãe. Levada aos extremos a filosofia do crescimento é essa. Claro que isso virou um ícone e um símbolo, não se trata de morte física mas de se libertar de tutelas e amarras que não deixam crescer. Em vez de “matarem” a liberdade, a liberdade teria que matar as tutelas. Daí quo e filósofo Nietzsche fez a expressão da “morte de Deus”. E como toda a filosofia é uma raiz, originaram-se daí movimentos de ateísmo. E ninguém sabe se o verdadeiro Nietzsche era ateu. Por seu lado, o filósofo Karl Marx, constatando que a religião tradicional pregava que o ser humano não assumia a transformação das situações de dominação pelas classes altas que cresciam em riqueza devido à cada vez maior exploração dos pobres, inventou a expressão que a religião era “ópio do povo”: ‘sofram aqui, porque depois terão o paraíso”.

Estes movimentos levaram a Igreja a uma reflexão que ficou expressa no Concílio Vaticano II nestes termos: “Os crentes podem ter tido parte não pequena na gênese do ateísmo, na medida em que, pela negligência no crescimento da sua fé, ou por exposições falaciosas da doutrina, ou ainda pelas deficiências da sua vida religiosa, moral e social, se pode dizer que antes esconderam do que revelaram o autêntico rosto de Deus e da religião”(Vat.II. Gaudium et spes, n.19).

“Na verdade, a pregação de Deus feita por certos cristãos aliena os fiéis do compromisso social de transformação da realidade. Assim, pessoas socialmente engajadas abraçavam o ateísmo, pois não aceitam um Deus que possa estar ao lado dos dominadores. O ateísmo veio também do lado da psicologia ao interpretar a fé em Deus como neurose infantilizante de quem não assume a própria liberdade a autonomia e se escuda em Deus”(Libânio, Creio na Trindade, p.43). Após alguns tempos até agora, alguma reviravolta aconteceu. Como reação, nos últimos cinquenta anos surgiu outra onda. Se o movimento anterior carregava o risco do ateísmo, este segundo corre o risco de banalizar Deus. Tanto maior quanto no capitalismo avançado tudo é mercantilizado e assim Deus entra no imenso comércio como produto de oferta para consumo individual escurecendo-lhe a verdadeira natureza.

Certas formas de religião e de fé descompromissada apresentam Deus como consolador para satisfazer as necessidades individualistas momentâneas beirando a droga terapêutica. Deus se reduz a fonte de milagres e é lembrado e usado só para pedir cura para as doenças e “libertação do demônio”. É evidente que o demônio é uma grande desculpa furada para tirar a atenção das reais opressões dos reais demônios vivos que são as injustiças na sociedade. Por isso atinge-se nível de extrema comercialização e coisificação de Deus. Já vem do Antigo Testamento essa “coisificação” de Deus, quando os Israelitas transportavam a arca da aliança para vencerem as batalhas, o que nem mesmo dava certo, como não podia dar(1 Sam.4,3). Movimentos modernos não têm a arca hoje em dia, mas têm outros símbolos que são usados como amuletos.  

Conclusão. Os perigos humanos sobre Deus sempre foram bastantes: Tanto o Islão como o judeu e o cristão estão na linha de risco. Entre os árabes o seu Livro chamado  Corão, é considerado como a “encarnação” de Deus.Deus criou o mundo como um Livro, tendo a sua revelação descido sob a forma de livro” (F.Schou). E o judeu não está muito longe disso, assim como o cristão, “no princípio era o Verbo, e o Livro era Deus” (jo.1,1).  
Qual é o risco? O próprio livro e a própria leitura, e a audição dos que ouvem. Segundo o antigo adágio latino, “o que se recebe é recebido ao modo do recipiente”, quidquid recipitur, ad modum recipientis recipitur”. Como no Islão, quem sabe, também entre católicos e protestantes pode haver o perigo de considerar o Livro, a Bíblia, como “encarnação de Deus”, quando se considera cada palavra e histórias como ditas literalmente por Deus; não se estará muito longe dessa mesma ideia do Islão dos árabes.

P.Casimiro João

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segunda-feira, 20 de junho de 2022

Na nossa gramática machista até Deus é masculino. Não estará um curso um combinado desse conceito para avanços mais democráticos?




 

Na nossa gramática machista até Deus é masculino, porém, no dizer do teólogo Libanio, o conceito de Deus está sofrendo uma despatriarcalização por causa dos movimentos feministas.

Eles denunciam os preconceitos de muitos religiosos para as quais as leis divinas valem mais do que as dores do ser humano. E também são contra a instituição patriarcalista das culturas antigas, onde se dizia que “a mulher deve adaptar-se aos desejos do marido; ele a deve governar” (Plutarco, Moralia, 140B, cf W.Carter, Sobre o evangelho de Mateus, pg.119).

Por seu lado, a cultura semita que escreveu a Bíblia foi marcadamente androcêntrica, ou machista.
A teologia cristã seguinte, praticamente obra de homens, e quase sempre clérigos, reforçou esse androcentrismo ou machismo. A visão androcêntrica acabou marcando o conjunto da cultura ocidental, isto é, do continente europeu, influenciando a própria gramática.

Os movimentos feministas tomaram consciência deste fenômeno e o denunciaram como forma de opressão. E também denunciam que essa forma machista e androcêntrica de considerar o mundo e a criação é ingenuamente considerada como revelação, aliás é porque convém ao machismo. Isto porque as ciências modernas se deram conta da mútua relação que existe entre o poder e o saber. O poder faz o saber, e o saber rege o poder. Ora, o saber machista impôs poder também machista. E desse jeito os homens se arrogam todos os direitos sobre a mulher, desde a governança política, ao familiar e sexual. É tudo quanto é machismo governando o mundo, com raras exceções, nas instituições, nas Câmaras legislativas, nos Senados, até chegar aos vereadores. E assim se arrogam direito para salários diferenciados ainda que as mulheres trabalhem igual ou melhor. E também com direitos abusivos como as ideologias de controlar a mulher e até à petulância dos assédios.

Os movimentos feministas desmascaram esta situação. “E no momento em que a teologia começou a ser também trabalhada por mulheres, o conceito de Deus sofreu uma despatriarcalização, no dizer de teólogo Libânio, isto é, o desmonte do domínio patriarcal, considerado “divino”, em vez de cultural.(Cf. Libânio, João Batista, “Creio na Trindade” p.25). Hoje em dia tem teólogas como a brasileira Ivone Gebara, autora de mais de trinta livros sobre o assunto, e não só, que ajudam a expandir o entendimento da religião em favor dos mais necessitados, e em defesa da vida das mulheres contra o domínio machista na esfera social e nas Igrejas. Denunciam os preconceitos de muitos religiosos para os quais as leis valem mais do que as dores reais do ser humano.

Desde há dois séculos tem havido mulheres filósofas e sociólogas que têm estudado e têm produzido ideias renovadas para a modernização da sociedade, enumeremos algumas delas. Judith Buther (USA) e Simone de Beauvoir, francesa, defendem a tese de que o sexo nasce com o ser humano, o gênero não nasce com o ser humano; ela começou a teoria que faz a diferença ainda neste sentido: o sexo é biológico, o gênero é sociológico; o gênero é fluído e não binário, como veremos mais à frente no caso de Maria Quitéria, a primeira mulher soldado, nas guerras de independência do Brasil, que ficou conhecida como o “Soldado Medeiros”.

No Brasil há bastantes lutadoras históricas pelos direitos das mulheres: 1. Djamila Ribeiro é uma filósofa, feminista, escritora e acadêmica brasileira, negra. Concentrou a sua luta contra o status de opressão que é comum na sociedade patriarcal, nos seus três Livros: “Quem tem medo do feminismo negro”; “O que é lugar de fala” e “Pequeno Manual antirracista. 2. Celina Guimarães Viana, escritora e poetisa, e professora. Lutou pelos direitos de voto. Foi a primeira mulher a votar no Brasil, em 15/11/1890. 3- Nisia Floresta, Educadora, escritora e poetisa. Com o seu livro “Direitos das Mulheres e injustiças dos homens” foi a primeira a tratar dos direitos das mulheres à instrução e  aos postos de trabalho, em 1810. 4- Batha Lutz, bióloga, lutou e conseguiu que o voto das mulheres entrasse na Constituição brasileira, aprovada por Getúlio Vargas em 1932. 5- Mietta Santiago, advogada, foi a primeira deputada federal brasileira. 6- Carlota de Jesus, escritora e pedagoga, deputada federal por São Paulo, foi a única mulher a compor a Assembleia nacional constituinte em 1933. 7- Dandara, foi a esposa de Zumbi dos Palmares, e a maior colaboradora da criação do Quilombo dos Palmares; quando foi presa preferiu a morte a voltar de novo para a escravidão. 8- Laudelina Melo fundou o primeiro Sindicado das domésticas do Brasil em 1024. 9- Maria Quitéria, (1822): Foi a primeira mulher soldado do Brasil e vestiu-se de homem para lutar na independência do Brasil contra as tropas portuguesas, sendo conhecida como “Soldado Medeiros”. Os livros escritos sobre ela estão em bibliotecas da Austrália, e  três pintores a representaram, só um deles está no Museu de São Paulo, outros na Europa. É uma das patronas do Exército brasileiro. Sem falar em CORA CORALINA, feminista em uma época em que os direitos das mulheres era um assunto polêmico, e por isso muitas delas escreviam com pseudônimo masculino. Em 1907 fundou jornal A ROSA dirigido apenas por mulheres, e lutou pela criação de um partido feminino.

Conclusão. Quando o peso da história cai sobre gerações seguidas, influencia muito as cabeças. E quando este peso convém a uma parte da humanidade desiquilibra o pêndulo da igualdade. E ainda mais quando esse peso histórico vem vestido com uma suposta e falsa ideologia do sagrado.

Essa ideologia do sagrado para a grande maioria é ingênua e fruto da ignorância de cultura religiosa. E para outros é bandeira de conveniência de defender seu status, e “porque sempre foi assim”. Como vimos no inicio, mesmo nos bem intencionados reina uma tremenda confusão em distinguir entre religião e cultura. E também em saber que noventa e nove por cento dos religiosos não vivemos de religião, mas de cultura. Isso resulta numa incompreensão quando se pretende desmontar uma cultura, porque noventa e nove por cento ficam pensando que se desmonta a religião. Enquanto não.

P.Casimiro João    smbn

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terça-feira, 14 de junho de 2022

As trindades das antigas religiões e sua influência no dogma cristão (nova versão)

 

“Oh três senhores, dizei-me qual é a verdadeira divindade dos Três”, rezava o devoto à Tríade dos deuses da Índia. –“Ó devoto, aprendei que não há distinção real entre nós. O que lhe surge é somente a semelhança. O Único ser aparece sob as três formas pelos atos de Criação, Preservação e Destruição. Mas Ele é um só”. Esta era a crença e a oração na antiguidade da Índia à Tríade dos deuses Brahma, Vishnu e Shiva. São Jerônimo afirmava, no sec.IV da era cristã que quase todas as religiões da Antiguidade possuíam uma doutrina similar à trindade. “Todas as nações antigas acreditavam na trindade de deuses” (Marie Sinclair, em “Antigas Verdades sob Uma Nova Luz’, p.382). Por seu lado, os Sumérios e babilônios tinham a sua trindade, Anu, que regia o céu; Entil, que regia a terra; e Ea, que regia as Águas.

Entre os gregos, o filósofo Aristóteles dizia: “Todas as coisas são em três, e três vezes é tudo. E vamos usar este número na adoração dos deuses, pois tudo e todas as coisas são limitadas por três, o fim, o meio, e  o início têm este número em tudo, e este compõe o númeiro da trindade” (Arhur Weigall, Paganismo e nosso cristianismo, 1928, p.197).

Vejamos o Livro dos Provérbios na nossa Bíblia: “O Senhor me possuiu como primícias de seus caminhos, antes de suas obras mais antigas; desde a eternidade fui constituída, desde o princípio, antes das origens da terra” (Prov.8,22 ss). A “Sabedoria” foi primeiramente a deusa Astarte que entre os judeus fazia parte da corte dos deuses e era a esposa do deus de Israel antes de “fecharem” com o único deus Javé, depois do exílio da Babilônia. Após o exílio e com o domínio dos Asmoneus e Macabeus transferiram o apelido da deusa Astarte para “a Sabedoria”, para se verem livres da semelhança com os vizinhos de “vários deuses”.

Para a doutrina cristã da Trindade foram decisivos os concílios de Niceia (325) e Constantinopla (381), onde o Espírito Santo ficou no posto de terceira pessoa da Santíssima Trindade. Antes desses concílios havia várias discussões a respeito da inclusão de Jesus Cristo na Trindade. Havia os Unitários que torciam pelo puro monoteísmo, segundo os quais era preciso não mexer na doutrina do Monoteismo. E havia os trinitários ou modalistas, que pensavam que podia haver três modos de Deus se manifestar. Seria assim como três “máscaras” semelhantes àquilo que usavam os atores gregos no Teatro para representarem personagens diferentes. Entre os gregos desta teoria se destacou Santo Atanásio. Ário, de outra maneira, defendia a teoria dos Unitários, segundo a qual o Filho, era uma pura criatura, a mais elevada das criaturas, mas assim mesmo criatura. Para resolver estes impasses foram convocados os concílios de Nicéia em 325, e Constantinopla em 381, ambos sob a autoridade do imperador Constantino, receoso que esta discussão poderia afetar a unidade do império. O imperador destituiu dos seus cargos Ário, e o mandou para o exílio e não espalhar mais suas ideias, e foi aceite a doutrina de Atanásio. Entre os latinos destacou-se também Santo Agostinho que propunha a teoria da predestinação. Deus já teria destinado uns para a salvação antes de Abraão e até antes de Adão, e por isso não havia a necessidade de um Filho de Deus se tornar Deus-e-homem para salvar os homens, uma vez que só-Deus-salva desde o princípio do mundo.

 As polêmicas não acabaram entre os pensamentos de gregos e latinos, e arianos, e foram vindo à tona em muitas ocasiões como nos concílios de Latrão IV em 1215; de Lião II em 1274; de Florença em 1431. Entre os modernos destaca-se Karl Barth no séc XIX e Moltman, que torciam pelo modalismo. Kalr Rahner aos modos de manifestação divina chamou substâncias, para substituir o termo grego de “máscara” traduzido para o termo latino de pessoa, dos concílios de Niceia e Constantinopla que definiram em Deus três pessoas numa única natureza divina.

Em 1995 o assunto voltou à baila no encontro do Patriarca Bartolomeu I de Constantinopla e João Paulo II, onde rezaram juntos, e onde no Credo comum o santo João Paulo II teria omitido a fórmula “Filioque”, i.é, que o Espirito Santo procede do “Pai e do Filho” e que tem sido o nó nevrálgico das polêmicas.

P.Casimiro João

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domingo, 12 de junho de 2022

As trindades das mitologias nas religiões da antiguidade.


 

“Oh três senhores, dizei-me qual é a verdadeira divindade dos Três”, rezava o devoto à Tríade dos deus da Índia. –“Ó devoto, aprendei que não há distinção real entre nós. O que lhe surge é somente a semelhança. O Único ser aparece sob as três  formas pelos atos de Criação, Preservação e Destruição. Mas Ele é um só”. Esta era a crença e a oração na antiguidade da Índia à Tríade dos deuses Brahma, Vishnu e Shiva. São Jerônimo afirmava, no sec.IV da era cristã que quase todas as religiões da Antiguidade possuíam uma doutrina similar à trindade. “Todas as nações antigas acreditavam na trindade de deuses” (Marie Sinclair, em “Antigas Verdades sob Uma Nova Luz’, p.382). Por seu lado, os Sumérios e babilônios tinham a sua trindade, Anu, que regia o céu; Entil, que regia a terra; e Ea, que regia as Águas.

Entre os gregos, o filósofo Aristóteles dizia: “Todas as coisas são em três, e três vezes é tudo. E vamos usar este número na adoração dos deuses, pois tudo e todas as coisas são limitadas por três, o fim, o meio, e  o início têm este número em tudo, e este compõe o númeiro da trindade” (Arhur Weigall, Paganismo e nosso cristianismo, 1928, p.197).

Vejamos o Livro dos Provérbios na nossa Bíblia: “O Senhor me possuiu como primícias de seus caminhos, antes de suas obras mais antigas; desde a eternidade fui constituída, desde o princípio, antes das origens da terra” (Prov.8,22 ss). A “Sabedoria” foi primeiramente a deusa Astarte que entre os judeus fazia parte da corte dos deuses e era a esposa do deus de Israel antes de “fecharem” com o único deus Javé, depois do exílio da Babilônia. Após o exílio e com o domínio dos Asmoneus e Macabeus transferiram o apelido da deusa Astarte para “a Sabedoria”, para se verem livres da semelhança com os vizinhos de “vários deuses”.

Para a doutrina cristã da Trindade foram decisivos os concílios de Niceia (325) e Constantinopla (381), onde o Espírito Santo ficou no posto de terceira pessoa da Santíssima Trindade. As polêmicas não acabaram entre os pensamentos de gregos e latinos, e foram vindo à tona em muitas ocasiões como nos concílios de Latrão IV em 1215; de Lião II em 1274; de Florença em 1431. Em 1995 voltou à baila no encontro do Patriarca Bartolomeu I e João Paulo II, onde rezaram juntos, e onde no Credo comum o santo João Paulo II teria omitido a fórmula “Filioque”, i.é, que o Espirito Santo procede do “Pai e do Filho” e que tem sido o nó nevrálgico das polêmicas.

P.Casimiro João

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segunda-feira, 6 de junho de 2022

O mandamento universal – não faça aos outros o que não quer que façam a ti mesmo (Mt. 7,12).


 

É igual a: “amar o próximo como a si mesmo” (Mc.12,31); e “quem ama cumpriu toda a lei”(Rom.13,10). Paulo afirma que agora há as três virtudes, fé, esperança e amor, “Mas a maior delas é o amor”(1 Cor.13,13). Quer dizer que o amor vale mais do que a fé. Essa que é chamada a “regra de ouro” que vem expressa em todas as religiões da antiguidade, e por isso a Bíblia cristã a trouxe igualmente no Livro de Tobias: “Não faça para ninguém o que não gosta que façam para você”(Tob.4,15) e repetida no evangelho de Mateus: “Tudo o que quereis que os homens vos façam, fazei-o vós também a eles; esta é a lei e os profetas” (7,12).

Numa constatação pela historia, vemos que a tradição e a prática das Igrejas não tem sido essa, mas aquela de que a fé vale mais do que o amor. Por isso se matava, se queimava, se perseguia e se proibia de falar e de escrever, como na Inquisição e nas Cruzadas. Mas esta historia vem já do judaísmo: para impor a sua religião guerreavam com todo mundo. Porém, a mesma fé que formou e unia o povo judeu foi a mesma que acabou com o povo judeu 70 anos depois de Cristo.

 Logo em seguida continuou no Novo Testamento com o primeiro imperador Constantino condenando todo mundo que não se convertesse à nova religião do Estado que já era o cristianismo. Logo depois vieram as Cruzadas na Idade Média para combater o Islão. Em seguida a Inquisição e a caça às bruxas para matar e queimar quem não professasse a fé. Católicos matavam protestantes, e protestantes matavam católicos. Logo depois vieram as conquistas e as “colonizações” e os genocídios de populações dos novos continentes porque não eram do rei e da fé.

Por último, ainda ficou um saldo da Inquisição com a condenação de quem não tivesse as teologias da Idade Média, condenações como a do teólogo Leonardo Boff. Perseguições no Brasil de Leonardo Boff e da teóloga Ivone Gevara, que defendia os direitos das Mulheres. Houve as seguintes perseguições na América Latina: Gustavo Gutierrez, Ernesto Cardenal e Fernando Cardenal, e o bispo Dom Romero; e Jon Sobrino, que sobreviveu a uma chacina de seis jesuítas, igual o Frei Beto, brasileiro. Na Espanha: José Maria Castilho, Miguel d’Escoto, Edgard Parrares e Juan Afonso Estrada. Na França: Teilhard de Chardin, Dominique Chenu, Jacques Dupuis, Ives congar e Henri de Lubac. Na Alemanha: Karl Rahner, Edward Shillebeeckx e Bernhard Haring; Na Holanda: Hans Kung; Na América do Norte: Charles Curran e a teóloga Larina Byrne; Além de Marciano Vidal na Espanha, que junto com Bernhard Haring são os maiores moralistas do século 20.

Fazemos a seguinte observação: O Papa João Paulo II recebeu 15 visitas da CIA, no governo de Ronald Reagan, dos USA, pedindo informações políticas sobre a América do Sul para orientar o Card. Ratzinger e combater a teologia da libertação. Uma ocasião deixou de receber o bispo de El Salvador Dom Romero que fazia a caminhada com os pobres de El Salvador e o forçava a se submeter ao regime genocida do governo, até ser morto pelo regime dentro da catedral de El Salvador. Depois do assassinato do mesmo bispo o Vaticano reconheceu que promoveu uma campanha de difamação contra ele para não ser elevado às honras do altar, e não ser canonizado. (Cf. http://bit.lv/1xeiWi5).

Constatamos, porém, que nas cenas dos refugiados de guerras, e nas calamidades naturais, no atendimento a milhares de seres humanos ninguém pergunta qual é sua religião? E quando vêm técnicos de todas as Nações para socorrer terremotos, Tsunamis? Eles vêm de todas as nações e de todas as religiões...”Tudo quanto quereis que os outros vos façam, fazei também a eles” Esta é a religião universal, onde o amor vale mais do que a fé, como dissemos. E já vimos que a fé pode matar, so o amor salva. A fé pode condenar, só o amor perdoa. A fé pode dividir, só amor une.

P.Casimiro João     smbn

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