Tradicionalmente havia o dualismo
antigo com raiz no maniqueísmo, da matéria má versus espírito bom. Porém, temos
convivido com outro dualismo que é matéria de um lado versus mente do outro
lado. Porém agora, na hora da física quântica, do robô e da Inteligência
artificial (IA), somos convidados a ter e certeza de que a matéria tem mente, e
a mente também está na matéria. Portanto, afirmamos duas verdades: Toda a
matéria é boa, e: toda a matéria tem mente, ou seja, é inteligente.
Antigamente, a humanidade tinha a visão
mecanicista do mundo e de Deus. Na visão mecanicista Deus estava fora do mundo
e da matéria, como que sentado no trono em cima das nuvens controlando o mundo
com uma varinha mágica e ele de fora da máquina só intervindo nas avarias da
máquina. E foi forjada essa definição de Deus como "Deus ex machina". Hoje temos a visão holística: Deus está no centro de tudo. Deus não é,
como na visão anterior mecanicista, como um Superinspetor fora da máquina. Deus
era considerado totalmente distinto da criação, muito acima dela, "sentado acima das nuvens". Porém, já
reparou que não há “acima” nem “abaixo”? Considerávamos Deus acima das
nuvens, e considerávamos os japoneses lá em baixo do nosso planeta de
cabeça para baixo. Mas eles vivem com a cabeça para cima igual nós, eles e os
que estão do outro lado da terra, todo mundo e ninguém está de cabeça para
baixo ou de ponta cabeça. Porque não há “em baixo” nem “em cima”. Quando os
cientistas inventaram de trocar o coração, de implantar o fígado, os rins, ou o
pulmão, onde encontraram Deus? Está aí mesmo. Quando inventaram de congelar os
óvulos para serem usados por outro sémen depois de 10 ou 20 anos, onde está
Deus? Aí mesmo. Quando fazem o bebê de proveta, ou noutra barriga de aluguel,
quando inventaram o DNA para, de um fio de cabelo, identificar a pessoa, onde
está Deus? Aí mesmo. Quando chegam à Lua, quando viajam na estação orbital onde
encontram Deus? Aí mesmo. Agora estão controlando o “asteróide apocalipse” que
ameaça cair sobre a terra, e mandaram a sonda Osíris-rex para tirar pedaços
dele, onde encontram Deus? Aí mesmo. Quando tem milhares de bombas nucleares
(atômicas) armazenadas no fundo do mar ou debaixo da terra a quilômetros de
profundidade, onde está Deus? Aí mesmo.
No novo entendimento a mente não se
limita a ser uma função consciente ligada apenas a um cérebro. A mente está ou
existe em toda a matéria, e a matéria inanimada não é tão inativa no cerne de
si mesma como estamos acostumados a pensar. Vejamos: A mente está presente na
matéria e nas plantas, e animais e essa mente torna-se consciente em nós onde
encontra um córtex cerebral que proporciona o pensamento e a consciência, assim
como num interruptor, mas a inteligência já vem com ela. É assim que falamos
que o cavalo, o cachorro, o gato, os pássaros, os golfinhos, as abelhas e as
formigas, os chipanzés, têm inteligência. Veja só que uma cientista comprovou
que as mamães golfinhos também usam voz de bebê para conversar com os filhotes.
(Iti Malia, Instituto de Ciências dos USA, PNAS). E não só, os algoritmos, as
células, os ions, e elétrons, têm inteligência, agora vamos ficar assistindo de
camarote aos jogos e às manobras da inteligência artificial (IA), como já
estamos assistindo com os Robôs. Onde está Deus? Ele está aí. Isto nos diz que
hoje não podemos continuar a separar o mundo material em matéria inanimada, como
fazíamos antes, e mente, como duas realidades separadas, nem ligar a mente
somente com o que tem o córtex da consciência. Os cientistas da Física Quântica
levam-nos a ver a mente e a matéria como aspectos únicos de um mesmo fenômeno.
É mente-matéria. E onde Deus está? Ele está aí. Por isso encontramos, em toda
parte, variedade, espontaneidade, mudança, crescimento, desenvolvimento, novas
possibilidades, adaptabilidade e até desordem, que é o resultado da liberdade e
de encontros casuais. É devido a isso que a ciência é fabricada pelo homem, mas
o homem também é fabricado pela ciência, como o bebê de proveta e a
transformação do DNA. A eletricidade foi descoberta por um acaso, o Facebook
foi descoberto por um acaso. Imagine o que seríamos sem a energia elétrica e
sem o Facebook e o computador. A tudo isso chamamos Interação. Imagine o
que seria o mundo sem as abelhas, sem os cães farejadores nos terremotos, sem
os algoritmos combinadores e modificadores de dados, sem a força magnética da
energia contínua e descontínua, sem a inteligência das células manipuladas e
transformadas pelos laboratórios. O que seria dos pacientes de câncer sem o
tratamento radioativo com o qual se mantém o equilíbrio dos tecidos humanos.
Imagine o agronegócio onde a máquina sabe a que profundeza está a raiz da
planta e a do capim e vai salvar a planta e atacar o capim automaticamente.
Imagine as suas rosas e flores no seu jardim onde a mesma terra produz a cor
vermelha de uma flor, e amarela da outra e a branca de outra. Um perfume para
uma flor, outro para outra flor. Um sabor para uma fruta e outro sabor para
outra fruta. Onde está Deus? Ele está aí. O que seria o mundo sem o cachorro
tão fiel e carinhoso e aquele que acompanha cegos e cegas pela rua, e os
cachorros farejadores nos acidentes e nos escombros? O que seria do mundo
esportivo ou do trabalho sem a inteligência do esbelto cavalo? Sem a passarada
que imita todo tipo de fala e cantares? Onde está Deus? Ele está aí. Devemos
então não separar o mundo material em matéria inanimada e “mente”. É
“mente-matéria”, é Física quântica, é fé integradora. Quando meus pais e meus
irmãos e irmãs dizem que me amam e me alimentam, eu sei que neles está a
realidade de Deus que neles recebeu forma humana. Os antigos queriam manifestar
essa forma da presença de Deus dizendo que Deus estava no trovão, no relâmpago,
numa pomba, num fogo. Eram metáforas e comparações. Porém, alguém te dá um
prato de comida, um abraço, você sente que ali está a presença encarnada de
Deus. Você não ouve Deus falar com seus ouvidos, te abraçar com seus braços.
Você precisa de um corpo para fazer sons. Deus precisa o seu corpo para fazer
isso. Deus pega o seu corpo para falar, para fazer poesia e escrever música e “para
fazer amor” (M.Morwood). Já lá vai o tempo em que se afirmava o domínio humano
sobre o restante da criação, e quando podíamos fazer com o mundo material o que
quiséssemos. Hoje nos damos conta de que não somos “senhores” da natureza, mas
somos unidos aos sistemas de vida da Terra e somos totalmente dependentes dela.
Essa Natureza faz parte de nossa vida e é a nossa vida, e nós somos a vida
dela. É uma interação do coração e de mente.
Um átomo precisa sua autodeterminação
para fazer o seu trabalho. Veja quando se juntam miríades de átomos, alguma
coisa que pode acontecer é o que chamamos o acaso. Outra coisa é a manipulação
dos átomos. Esse “acaso” fica controlado e guardado numa caixa, como fósforos.
É o que se chama a “bomba” e espera o momento ou a ordem para explodir. Isto
acontece também na natureza, os átomos se encontram em caixas naturais, e
encontram uma fuga e acontece o vulcão, ou o tsunami, ou o terremoto. E onde
está Deus? Ele está aí. Há maneiras para interagir e colocar aí a mente humana?
Há. É a ciência da previsão dos vulcões, há maneiras de pressentir os tsunamis
e de prevenir os terremotos. E maneiras dos prédios com colunas sanfonadas. As
duas inteligências têm feito progressos, só que a mente humana muitas vezes
fica preguiçosa, ou gasta mal os recursos e não faz o dever de casa, não faz as
necessárias previsões científicas e recursos econômicos, e o respeito pelas
pessoas.
Conclusão.
O homem antigo era ainda criança. Para ele era Deus que fazia tudo sozinho como
o controlador da máquina do mundo. Com o tempo o ser humano cresceu como
adolescente e como adulto. Agora a visão dele é segurar a sua vida e a vida do
mundo de que faz parte, com suas próprias mãos e inteligência. Como dizia o
autor do Livro “Honestos com Deus” (Honest to God): “Viver em Deus sem
Deus”(J.Thomas Robinson). Como o filho quando cresce: “viver dos pais sem os
pais”. E onde está Deus? No que o homem pensa, no que planeja e no que ele faz.
P.Casimiro João smbn
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