sábado, 24 de dezembro de 2022

No céu todo dia nascem bilhões de estrelas, e na Terra milhões de crianças.


 

Hoje os alunos do Fundamental vão na Internet e aprendem que nosso Universo começou a existir cerca de quinze bilhões de anos atrás, e que nosso sistema solar se formou há cinco bilhões de anos. E ainda, que o nosso Sol é uma estrela de 2ª geração formada de fragmentos de outras estrelas de há cinco bilhões de anos.

E o mais notável de tudo isso é ser possível remontar o processo: os íons do cérebro dependem do alimento, o alimento depende dos fótons produzidos no centro do Sol, e o Sol resulta dessas explosões, quando estrelas explodiram. A bola de fogo primeva existiu durante bilhões de anos sem consciência introspectiva. Por si só, essa estrela não podia se dar conta da própria beleza e do próprio brilho. Mas a estrela pode, por nosso intermédio, refletir sobre si mesma. Em certo sentido, você é essa estrela.

Não é pura poesia e nem imaginação. Se na realidade os íons dependem do alimento, e o alimento depende dos fótons produzidos no centro do Sol, e se o Sol resulta de explosões quando estrelas explodiram, então essa saraivada fotônica do início dos tempos provê de energia seu cérebro, vale dizer, o que você pensa e sente neste exato momento só é possível através do fogo cósmico. É por isso que você participa das estrelas, e do fogo das estrelas. É um pedacinho de estrelas.

É  por isso que as estrelas fazem parte da história e da inteligência dos seres humanos e das previsões futuras. A “estrela de Jacó” (Num.24,17), e a estrela de Belém (Mt.2,7) revelam como as estrelas fazem parte dos sonhos bons da humanidade.

A estrela, pelo seu caráter celeste é um símbolo do espírito, da luz e da sobrevivência futura. Nas culturas asiáticas, a estrela é um fragmento desprendido do Ovo cósmico. Entre os Astecas representa a alma dos mortos. No Islão é graças à estrela que a Káaba está situada exatamente no centro do céu. Na mística dos nórdicos da Europa aponta sempre a região luminosa onde mora a divindade, como uma janela do céu. (Dicionário Enciclopédico das religiões). Estrela de NATAL é assim uma mistura das profecias de Israel e das culturas universais. Mas não esqueça nunca a estrela que é você. Você é uma estrela.

Vamos falar mais de estrelas. O Universo que se originou há tantos bilhões de anos nesse sopro inicial que deu origem às estrelas e às galáxias ainda está em expansão. No céu todos os dias nascem bilhões de estrelas, e na Terra milhões de crianças. No interior das galáxias há os “berçários” de estrelas e haverá até o fim do mundo, se o mundo tiver fim. Para termos uma ideia, a nossa galáxia que chamamos VIA LÁCTEA tem 100 bilhões de estrelas. No Universo há 200 bilhões de galáxias, cada uma com mais de 100 bilhões de estrelas.

As estrelas são formadas no centro das galáxias, onde se forma uma densa camada de Hélio e Hidrogênio. Nos movimentos rotativos as grandes massas de hélio e hidrogênio se comprimem e se concentram. Os núcleos de hidrogênio se fundem e liberam uma energia de bilhões de graus. Quando um gás se contrai, ele esquenta, igual  quando se enche um pneu de bicicleta, a bomba esquenta. Com essa compressão se “acende” o combustível nuclear e inicia a queima do hidrogênio. Isso libera muita energia e nasce uma estrela. A partir daí o astro começa a “queimar o combustível” que o alimenta por toda sua vida. Isso é um reator solar formado de hidrogênio e hélio, que sustenta esse reator nuclear. Assim o Sol e o sistema solar se formaram desse jeito.

As distâncias entre as estrelas e galáxias são medidas em anos-luz. Um ano-luz é a distância percorrida pela luz num ano. E é de 9.46 trilhões de quilômetros. Imaginamos que para chegar da Terra ao Sol levaria 500 anos. Para a galáxia conhecida mais distante são 32 bilhões de anos. A nosso Via Láctea produz uma nova estrela a cada 36 dias: quer dizer que o nosso Sol ganha uma estrela irmã a cada mês. Em outras galáxias maiores nascem estrelas a cada duas horas.

A nossa consciência e inteligência são fruto dessa energia. Um dia os íons e fótons do cérebro produziram uma sinapse ou fusão de energia no córtex cerebral que produziu a consciência, resultando num novo DNA humano, separado dos primatas. Nós temos 98% (noventa e oito por cento) do DNA dos primatas. Os primeiros hominídeos de há 25 milhões de anos já não tinham cauda. Hoje em dia as imagens do embrião humano mostram uma cauda de 4 cm que é absorvida antes das 4 a 8 semanas. No dia 06 de Novembro de 2021 nasceu uma criança em Fortaleza, Brasil, com 12 cm de cauda porque não foi absorvida nas primeiras oito semanas. Há 200 mil anos que o ser humano aprendeu a fala. E hoje ainda as crianças levam ano e meio para aprender a fala.

Há 4.400 milhões de anos que os primeiros hominídeos andavam de pé. Eram os Austrolopitecos Afarenses, encontrados na Etiópia. Os primeiros animais apareceram há 500 milhões de anos. De lá até agora se chegou ao homem da era do 5G, da IA (inteligência artificial), e do homem robô e das viagens no espaço.

Conclusão. No céu todo dia nascem bilhões de estrelas, e na Terra milhões de crianças. E um dia nasceu uma Criança Estrela chamada Jesus.

P.Casimiro João      smbn

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quarta-feira, 21 de dezembro de 2022

Antes de sermos raça humana éramos raça animal-02


 

Era um lugar comum no Antigo Testamento a vingança e o desejo de matar o inimigo: “Soberbos e ímpios serão como palha, e esse dia vindouro haverá de queimá-los e não sobrará nem raiz e nem ramos”(Mal.3,19). Esse é o instinto humano que herdamos da nossa segunda fase anterior de animal, e que perpassa transversalmente toda a Bíblia do Antigo Testamento.

Como dissemos noutro Blog, a nossa primeira fase de embrião foi de filamento de planta, a segunda de filamento sensitivo-animal, e a 3ªfase culminou com a consciência e a razão, segundo a teoria do hilemorfismo(ou dos filamentos). Esta teoria vem já de Tomás de Aquino, herdada por sua vez de Aristóteles. E como é admirável que adéqua com a teoria moderna da evolução de Dawin e de T.de Chardin sobre a evolução das espécies, segundo a qual a raça humana surgiu do clic da sinapse do córtex cerebral e do sistema neuropsíquico dos nossos parentes próximos os primatas.

Portanto antes de sermos raça humana éramos raça animal, com o instinto de vingar e de matar, que nasce com a gente. Passámos pelas fases vegetal, do filamento vegetal, passando para a fase animal, e terminando na perfeição da razão  e da consciência humana. (www.paroquiadechapadinha.blogspot.com.br 08/11/23).

Isso nos coloca no centro do cosmo, como ser que resume e recapitula o surgimento da vida, 5 bilhões de anos atrás e depois do Big-Bang, 15 bilhões de anos, dando origem à vida na Terra com as primeiras algas aquáticas, e depois de milhões de anos aos primeiros seres vivos tipo animal com as primeiras amebas unicelulares que deram origem aos peixes das águas e daí aos animais da terra até chegar aos dinossauros e aos primatas e ao ser humano.

O resumo do cosmo é você e eu, vindos da primeira explosão do Big-Bang, que dali a 10 dez bilhões de anos deu origem ao sol, e do hélio e carbono do sol feitos luz, irradiação e explosão, surgiu a vida na terra, e com a terra e a água surgimos nós, que continuamos a sobreviver ligados à luz do sol como o feto ligado à mãe pelo cordão umbilical. Nós ainda somos fruto das irradiações diárias da estrela Sol. E quando essas irradiações sofrem alguma turbulência nós a sentimos sem nos dar conta.

Portanto, dessas premissas históricas e científicas constatamos que o desenvolvimento das fases do embrião leva o tempo de meses, e corresponde ao tempo de desenvolvimento de cada fase da evolução das espécies em milhões de anos como constatamos no BLOG anterior. O que no bebê e no embrião são meses, na evolução são milhares ou milhões de anos. E o tempo que o bebê leva para falar, ano e meio, corresponde aos 450 mil anos que os nossos ancestrais primatas ou já hominídeos levaram para aprender a fala. E mais: o tempo que o bebê leva para segurar-se em pé e caminhar corresponde aos outros 450 mil anos que os mesmos hominídeos levaram para se segurar em pé e caminhar igual nós hoje.

Não é brincadeira, mas é coisa impressionante que hoje constatamos que muitos seres humanos ainda vivem só para matar e se vingar. Repetindo o histórico do Antigo Testamento, como dissemos no início, e não só, mas de todos os povos da antiguidade, que não tinham outra diversão que não fosse a guerra e a vingança. Como dito até no Primeiro Código da humanidade, o código Hamurabi, e copiado para a Bíblia do A.T: “olho por olho, dente por dente, morte por morte”(Lev.24,2). Essa fase ainda hoje está presente em um décimo da humanidade que vive só para matar. Constatamos o esforço dos governos em prevenir, constatamos a soma enorme de gastos e de forças policiais para reprimir esses instintos. Somos levados a pensar que essa parte da humanidade não terá passado da segunda fase, a fase sensitivo-animal e não terá atingido a 3ª fase do desenvolvimento normal da consciência e da razão. Louvamos os poderes públicos que em certos crimes até inaceitáveis não vão logo na sentença condenatória mas sujeitam o réu às análises psiquiátricas e neurológicas.

Conclusão. Terminamos como começamos, dando crédito ao arrazoado exposto do nosso blog: Antes de sermos raça humana éramos raça animal.

P.Casimiro João    smbn   www.paroquiadechapadinha.blogspot.com.br

 

sábado, 17 de dezembro de 2022

Antes de sermos raça humana éramos raça animal.

Vejamos as fases da evolução por onde passámos:

1ª fase – raça animal- 4.400 milhões de anos a.C.;

2ª fase – largar a cauda -400 milhões de anos a.C.;

3ª fase –animais sem cauda e mudos, de assobio - 3.500 milhões de anos a.C.;

4ª fase –aprender a andar de pé – 2.500 milhões de anos a.C.;

5ª fase – Era dos trogloditas ou Homem das cavernas – 2.000 milhões de anos a.C.;

6ª fase – Era da comunicação por desenhos e pinturas rupestres  500 mil de anos a.C.;

7ª fase – aprender a fala – 450 mil de anos a.C.;

8ª fase – Era dos humanos – 450 mil a.C.;

9ª fase – Era da pedra lascada, cortar com pedras – 450 mil de anos a.C.;

10ª fase – Era do fogo para assar caça e moldar os metais – 400 mil de anos a.C.;

11ª fase – Era dos metais, facas, machados, arcos, flexas, anzóis – 5.000 mil anos a.C.;

12ª fase – Era do trabalho da terra – 3.300 a.C.;

13ª fase – Era da comunicação e de invenção da escrita cuneiforme – 3.200 anos a.C.;

14ª fase – Era de enterrar os mortos e oferecer sacrifícios aos deuses– 2.500 a.C.;

15ª fase – Era dos contratos e alianças – 2.000 a.C.;


Comparemos agora com as fases do desenvolvimento da CRIANÇA:

1ª fase – largar a cauda: o bebê nasce com cauda que é desfeita e absorvida pela coluna entre as 04 e  08 semanas;

2ª fase – nasce sem fala;

3ª fase – aprende a gatinhar, andar de quatro- 3º mês;

4ª fase – aprende a ficar de pé – 01 ano;

5ª fase – aprende e andar - 1,5 ano;

6ª fase – aprende a topar tudo – 2,5 anos e meio;

7ª fase – feito bicho com os bichos e brincando com os bichos – 03 anos;

8ª fase – brinquedos 03 anos;

9ª fase – aprende o trabalho: casinhas, carrinhos, cozinhar – 04 anos;

10ª fase – Era do falo – 4,5 anos;

11ª fase – primeiras amizades – 05 anos;

12ª fase – primeiros namoricos – 06 anos;

13ª fase – Início do raciocínio – 6,5 anos;

14ª fase –Início humanizante – 07 anos.

Comparemos então que nestes sete (07) anos carregamos o histórico humano de 500 milhões de anos. Carregamos a historia do universo. Somos uma miniatura do cosmo.

P.Casimiro João    smbn

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sábado, 10 de dezembro de 2022

O tanto de magia dos judeus que viralizou em magia em nossas religiões.

“Sou circuncidado, sou judeu, sou salvo”; “sou batizado, sou cristão, sou salvo“. Estes dois paralelos não ditos, mas vividos nos subterrâneos e imersos no fundo do agir cristão não estarão muito longe da realidade. No consciente e no inconsciente, no falar e no calar e no manifestar.

Explicando. A circuncisão funcionava como uma magia para a salvação dos judeus. “Circuncidareis o menino, o nascido em casa e o comprado por dinheiro ao estrangeiro”.(Lv.12,3). “Todos do sexo masculino que estão no meio de vocês deverão ser circuncidados”(Gn.17,10). Pela circuncisão todo judeu era descendente e filho de Abraão. Porém nos evangelhos é questionada da seguinte maneira: “Não penseis que basta dizer “sou filho e Abraão, Abraão é nosso pai”(Mt.3,9).

Semelhantemente e paralelamente esse dito jaz no imaginário de muitos cristãos transformado assim: “sou batizado, sou cristão, sou salvo”. Neste caso o batismo vira magia, assim como a circuncisão. Como diziam os antigos “é necessário ser batizado para ser salvo”. (Mc.16.16). Ou seja, acontece o rito, a pessoa vira de condenado para salvo.  

Falámos no Blog anterior que nos primeiros tempos, a Igreja tinha a noção de pecado original como uma “mancha”. Tirado o pecado original tirava-se a “mancha”. E o que “tirava o pecado original era o batismo. Portanto, o batismo funcionava como uma “magia”. E ficou considerado e tratado e pregado como uma coisa mágica. Nas teologias, nas pregações e nos cultos. Esclarecemos no blog anterior a polêmica que existiu entre S.Agostinho e o teólogo Pelágio. Em que Agostinho defendia a tese de que o pecado original era uma “mancha” que provinha do primeiro ato sexual de Adão. E como o ato sexual era matéria, era mau de raiz, porque a matéria era má de raiz (teoria dos maniqueus). Enquanto que Pelágio defendia que essa tese era falsa, e dizia que a matéria não era má e que não vinha nenhuma mancha derivada do ato sexual de Adão. Nisto tudo prevaleceu a opinião do Papa Inocêncio I acobertando a teoria de Agostinho por  interesses políticos.(Suzin, Luiz Carlos, “A Criação de Deus”, p.125 ss).(www.paroquiadechapadinha.blogspot.com.br 04/12/22).

Do exposto, os três elementos pecado original, mancha e batismo andavam imbricados na história da Igreja, e hoje em dia sendo reconsiderados. Nesses tempos era necessário batizar as crianças logo depois do nascimento para tirar a mancha “original”, como estava marcada a circuncisão aos oito dias. Por seu lado, pregadores impunham o poder mágico do batismo para a salvação. E nas catequeses. De tal maneira que virou o centro das atenções da Igreja, o que notamos hoje nas orações litúrgicas em geral e mormente nas orações dos defuntos, como herança dessa teologia mágica.

Se repararmos bem, a mágica do sacramento do batismo não ficou só nele, mas embasou também toda a teologia dos outros sacramentos, resumida na equação: matéria e forma. Colocadas a matéria e pronunciada a fórmula,(ou forma, acontecia o resultado infalível: o “sacramento”.  E o efeito vinha “automático”. Era o que tecnicamente se chamava “ex opere operato”, em latim, que traduzia aquele efeito “automático”, ou como se fosse uma fórmula mágica.

Avançando mais, e segundo a nossa herança do Antigo Testamento, temos ainda o paralelo do ritual das abluções das mãos para tirar outras “manchas,” como de tocar em mortos, ou nos caixões, ou nas mãos dos pagãos. Aí se manifestava também a magia de como a água tira manchas imaginárias que “contaminavam” as pessoas, o que leva a desenvolver a superstição.

Falemos agora de superstição, que anda também imbricada com o que falámos. A definição de superstição, segundo o filósofo Espinoza é “Crença ou sentimento sem fundamento racional que induz à confiança em coisas absurdas, ao temor de coisas inócuas e imaginárias e à criação de obrigações falsas e indevidas, sem relação alguma entre os fatos e as suas causas.” (Espinoza, Tratado de filosofia política). A superstição é um dos melhores e mais poderosos meios para controlar duas instituições que mais reúnem multidões: a política e a religião. Continua Espinoza: “Os homens são dominados pela superstição enquanto dura o temor: o culto vão ao qual se constrangem com respeito e religião se dirige a fantasmas, às desorientações da imaginação de uma alma triste e medrosa. Deve haver uma classe interessada na ignorância promovida pelas práticas supersticiosas, pois estas se mantêm contra qualquer racionalidade. A superstição é um método de governo. O desespero cria pessoas ávidas pela autoridade, prontos para desejar um deus como um Rei absoluto “acima de todos”, e o Rei como um deus “acima de tudo”. É justamente a classe dos Sacerdotes e Monarcas, interessados na dominação e na obediência do povo” (Espinoza). E encerramos com a afirmação de um historiador e filósofo romano:“ Nenhum meio de governar a multidão é mais eficaz do que a Superstição” (Quinto Cúrcio).

Conclusão. Voltando ao título desta matéria, “O tanto de magia dos judeus que viralizou em magia em nossas religiões”, concluímos como a nossa herança de épocas passadas está muito dentro de nós e influencia a vida presente, quer queiramos quer não. E juntando-se a isto vem mais um condimento ancestral utilizado pelos regentes da humanidade seja no campo politico ou religioso para a sua ambição de controle e manipulação das multidões, condimento bem definido pelos filósofos Espinoza e Quinto Cúrcio, a Superstição.

P.Casimiro João     smbn

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segunda-feira, 5 de dezembro de 2022

A Internet, o vídeo e o pornô.

 

Como conviver hoje em dia com estas realidades. Não é raro o povo cristão ficar perplexo, e se culpar pelos olhos e pelo que eles topam.

Para o entendimento do pecado devemos ter em conta o entendimento hoje diferente do sentido de como foi descrito nos primeiros capítulos do Gênesis e de como é entendido hoje. Aí se destaca o imaginário da cosmologia primitiva que fez as colunas mestras do entendimento daquela época. Entendimento que deu origem à ideologia dos maniqueus e estoicos, que originaram a teologia de Agostinho e de toda a Idade Média e que faz ainda o imaginário da moral atual da quase totalidade dos cristãos e não só. Sabemos, até pela Declaração oficial da Igreja que a visão desse criacionismo bíblico passou de prazo de validade. A Pontifícia Comissão Bíblica, falando sobre a evolução e sobre os 11 primeiros capítulos do Gênesis abriu as portas ao diálogo entre a ciência e a fé, inclinando-se ao entendimento de que as narrações bíblicas da Criação têm que ser entendidas na  mentalidade do seu tempo, portanto no gênero alegórico e mítico. www.genesis:gn.1-11de16dejaneirode1948pp.45-48).

Baseados na nova cosmologia sabemos que antes da descrição da Bíblia, homens e mulheres já se relacionavam há milhões de anos, a Terra já existia há bilhões de anos, havia morte e vida sem conexão alguma com a “queda” do imaginário primitivo. E que não houve um deus que tivesse amassado o barro com o sangue de outro deus caído do céu como diziam os imaginários ugaríticos e babilônicos, ou com água como disseram os judeus bíblicos.

Em segundo lugar devemos considerar que os Judeus compartilharam essas narrativas com os Poemas dos babilônicos e ugaríticos entre os quais viviam, como o poema Enuma Elish e Gilgamesh, onde se fala da Criação e do dilúvio nos mesmos termos, inclusive a pomba e o sacrifício aos deuses depois do fim do dilúvio.

Numa cerimônia solene realizada na Pontifícia Academia de Ciências o Papa Francisco declarou que “a Criação não é fruto de uma ‘varinha magica’. Muitas pessoas se enganam ao ler o capítulo da Criação no Gênesis imaginando Deus como um mago; mas não é assim. As teorias do Big Bang e da Evolução são reais”(Papa Francisco, 27/6/22). Por sua vez, o Papa Pio XII já abriu as portas para a ideia da evolução em 1950. E João Paulo II disse que a Evolução é um fato comprovado, em 1994.

Seguindo aquele imaginário do pecado de Adão, S.Agostinho fez a sua teologia em cima das teorias maniqueístas onde se tinha formado resumidas na dualidade: a matéria é má, o espírito é bom. Portanto, como a geração veio da ação sexual de Adão ela é má porque veio da matéria e por isso toda a humanidade teria ficado contaminada, e a isso ele chamou de pecado original. Na mesma época o teólogo Pelágio era contra essa teoria de Agostinho. Pelágio dizia que a geração não era a fonte do pecado, portanto o ser humano nascia bom e inocente. Esta polêmica levou mais de 100 anos. Segundo o historiador Le Goff, a teoria do pecado original serviu muito bem para o controle da cristandade e aumentar o poder da Igreja sobre a vida sexual na Idade Média (Susin, Luiz Carlos, A Criação de Deus, Paulus, 124ss). Segundo Pelágio, não existe pecado congênito nem transmitido, mas o Papa Inocêncio I que no séc.V reforçou o poder político da Igreja, abraçou a teoria de Agostinho, enquanto que hoje a teologia vai pelos caminhos da nova antropologia e cosmologia que favorecem a tese de Pelágio. Foi a teologia de Agostinho que não aceitava a salvação das crianças sem batismo, o que hoje não tem mais cabidela. Foi também a teologia de Agostinho que levou ao jargão que “fora da Igreja não há salvação”, que hoje em dia também é matéria fora de validade de prazo. Era também aquela teologia que afirmava “quem não for batizado não será salvo”, seguindo a teologia judaica da circuncisão sem a qual ninguém se salvava. A circuncisão teve o seu prazo de validade vencido, e semelhantemente a salvação sem o batismo, como a circuncisão é uma realidade vencida

Segundo a concepção herdada de Agostino podemos considerar que muitos “tabus” foram-se originando, um dos quais foi considerar o pecado como “mancha” que tivesse manchado toda humanidade. Podemos aduzir então a opinião de moralistas de renome internacional como Marciano Vidal e B. Haring nas seguintes afirmações: A nova situação da humanidade obriga a repensar a noção e vivência da culpabilidade cristã”.(M.Vidal, Moral de atitudes, vol.I p.343. E sobre os “tabus” e “mancha” da teologia de Agostinho: “O pecado entendido como “tabu” tem feito parte da compreensão e vivência cristã. Encontramos bastantes elementos ou resíduos tabuísticos tanto na maneira de falar como na maneira de encarar o pecado” (o.c.p.359).

Onde o referido autor mais concretiza esse aspecto de “mancha” é na conexão entre a “mancha” à qual se atribuem castigos divinos, como por exemplo; há um mal físico, doença ou morte e logo são atribuídos à mancha de algum pecado. Assim nos deslocamos para o Antigo Testamento onde os males como cegueira, paralisia, e lepra eram atribuídos à “mancha” do pecado. (Jo.9,2). E o Antigo Testamento ainda vive em nós na porcentagem de três quartos e na vida da Igreja em geral.

O autor referido ainda tem uma observação muito psicológica que são as faltas ou “manchas mecânicas”, como deixando o ritmo de algumas ações: muitas pessoas se acham culpadas, porque não fizeram aquela ação naquela hora e naquele tempo. O ritmo mecânico da repetição de nossos atos religiosos e a psicologia da culpabilidade e as consequências na conduta moral produzem falsas avaliações que herdamos de atos que chamamos pecado.

Conclusão. “A atualização continua sendo necessária nas comunidades dos fiéis. Textos foram redigidos em função de circunstâncias passadas e em sua linguagem condicionada por diversas épocas.” São palavras da Pontifícia Comissão Bíblica de 15 de Abril de 1993

Reportando-nos ao nosso titulo “Internet, vídeos e pornô” lembremos a dica do grande moralista M.Vidal: “A nova situação da humanidade obriga a repensar a noção e a vivência da culpabilidade cristã.” Na verdade, são caminhos novos da humanidade que trazem crescimento tanto da ciência como da personalidade humana e cristã. Não podemos incorrer na ideia vencida de culpa-tabu ou “mancha” herdada dos judeus como coisa mágica que mancha se tocar, como a “mancha” de tocar em caixão de defunto que obrigava o judeu à lavagem de purificação. Seria ainda agir como um agir de marionete onde a magia comanda a ação. Coisas de prazo vencido onde a liberdade e a responsabilidade humanas eram sufocadas. Seria como andar na rua como um ser alienado, de tudo desconfiado.

Hoje andamos na rua física e na rua virtual. A rua sempre foi lugar da convivência humana. Somos convidados a andar confortavelmente tanto na rua física como na rua virtual.

P.Casimiro João

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segunda-feira, 28 de novembro de 2022

O “Juramento de Hipócrates” dos médicos, Gilgamesh, a Criação, e as Serpentes venenosas, duas grandes Catequeses para os judeus.


 

Na catequese da Criação os judeus compartilharam as catequeses de outros povos anteriores, no caso o Poema de Gilgamesh da Babilônia. E na “caminhada do deserto” comparilharam o livro-epopeia dos Argonautas, dos escritores gregos. Vamos primeiro ao Poema da Criação e depois ao episódio das serpentes do deserto, só como um exemplo.

1. A Criação. Na Criação do Gilgamesh foi criado o primeiro homem, chamado Eukidu, a partir de uma pasta de argila, no deserto, e “ainda não havia nenhum arbusto dos campos sobre a terra” (=Gn.2,5). Em seguida, mostra-nos Eukidu vivendo “com os animais selvagens” (=Gn.2,19). Um dia ele quis “subir até ao céu” e obter um nome eterno (=Gn.cap.11).

Esse primeiro homem chegou “em plena clareira num jardim com árvores de pedras preciosas como o lápis-lazúli, e com muitas frutas agradáveis de se olhar” (=Gn.2,9-12). No jardim do Gilgamesh havia a ´”planta da vida”, e no jardim de Adão havia a “árvore da vida”. A serpente aparece nos dois relatos, com a novidade que no poema de Gilgamesh troca de pele. (Cf.Gn.3,1-4).

No dilúvio de Gilgamesh Deus mandou fazer um navio com sete andares para transportar todas as espécies de seres vivos. No fim do dilúvio soltou uma pomba, igual como Noé fez na Bíblia, e fez um sacrifício aos deuses, igual como Noé. Este é o ponto de partida para a Catequese do Gênesis sobre a Criação para os judeus que se achavam no cativeiro da Babilônia. E era lá na Babilônia que eles conviviam com esse Livro Gilgamesh.

Após esta primeira Catequese vem a segunda, da “Caminhada no deserto”. Existem histórias paralelas na Bíblia e noutro Poema chamado “Os Argonautas do Deserto” (Cf.Num,21, 4ss). No poema dos Argonautas  conta-se esta história: “Os homens do deserto, andavam cansados das caminhadas, e o chefe deles foi picado por uma serpente venenosa. O rei orou ao deus da saúde, Hipócrates. O deus disse: eu vou mandar-te em sonho o meu filho Esculápio. Esqueça seus medos, porque eu virei a ti e deixarei aí o meu filho. Você vai olhar uma serpente enrolada numa planta, e abra bem seus olhos para que você possa reconhecê-lo. E assim os argonautas se salvaram”. (Wandenhaum, Argonautas do Deserto, p.197). Conferindo esta narração com a narração da Bíblia vemos que são letra por letra. (Num.21,4-6).

É bem conhecido pelos médicos o Juramento de Hipócrates, pois é o juramento do médico no inicio da sua carreira, para defender a vida. É, digamos, a homenagem ao “deus da medicina,” Hipócrates, junto com seu filho Esculápio, o enroscado como serpente num pé da planta. Este símbolo da “serpente” enroscada numa planta virou o ícone ou Logo das Farmácias em todo mundo. E deu origem, como, como dissemos, ao Juramento de Hipócrates, dos PROFISSIONAIS MÉDICOS. “Exercerei a minha arte com consciência e dignidade. A Saúde do meu doente será a minha primeira preocupação. Mesmo após a morte do doente respeitarei os segredos que me tiver confiado. Manterei por todos os meios ao meu alcance a honra e as nobres tradições da profissão médica”.

Estas são as Duas primeiras Catequeses que entraram na Bíblia, derivadas e adaptadas para a Catequese dos Judeus. Claro que há muitos exemplos de outras catequeses como: “Abraão e Sara”; “Moisés e suas filhas”; “A passagem do mar vermelho”; “A jumenta de Balaão”;  “A água que brotou do rochedo; “Davi e as manobras para ocupar o trono de Saul”; “Elias e o carro de fogo”; “Eliseu e o machado”. (Cf.o.c.p186-322) www.paroquiadechapadinha.blogspot.com.br 13/3/22.

Karl Rahner fala que existe a “fé herdada” e a “fé refletida ou pensada”. A fé herdada é a fé recebida e baseada na herança junto com mitos, medos e tabus. A fé refletida se baseia na crítica bíblica, nas ciências humanas, na antropologia e na cosmologia. (K.Rahner, “Curso fundamental da Fé”, p.348). Supondo que tanto estas narrativas babilônicas como dos autores bíblicos são de cerca de 1000 anos a.C. hoje nós sabemos que a humanidade surgiu na África há cerca de três milhões de anos. Por outro lado, tanto o Poema de Gilgamesh como os autores bíblicos não sabiam disso. E além dessa época, será que eles sabiam da época da criação do mundo, 15 bilhões de anos atrás?  Em comparação com isso o que são os 1850 anos de Abraão, que eles “imaginaram”?

Para nosso consumo acontece então que a Bíblia é uma catequese para os Judeus, como o Poema Gilgamesh era uma catequese para os babilônicos. O Antigo Testamento é uma grande catequese e o Novo Testamento outra grande catequese, assim como os evangelhos são catequeses ao jeito de cada comunidade que os elaborou. (Cf.Gilles Drolet,“Compreender o Antigo Testamento”p.41 ss). A primeira catequese é a Criação e segunda é a caminhada do deserto onde toparam com “as serpentes”. E continuam com as outras onde, como vimos, encontraram  paralelos nas literaturas dos povos vizinhos.

Conclusão. O cristão e o teólogo, desde 1943 estão guiados pelas orientações ditadas já pelo Papa Pio XII que falou assim: “A suprema regra para uma interpretação correta dos textos bíblicos consiste em encontrar e definir o que o autor quis dizer e estar atento aos gêneros de discurso ou de escrita que ele utiliza” (Encíclica Divino aflante Spiritu, 1943). Hoje, devido às descobertas de numerosos especialistas nos dois últimos séculos podemos penetrar melhor no contexto da época em que livros foram escritos. E também podemos discernir os empréstimos que tomaram dos escritos de povos vizinhos.

P.Casimiro João    smbn

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segunda-feira, 21 de novembro de 2022

Sexo e histórico



A socióloga Andréa Loyola afirma que o “casamento pertencia à organização na qual a sexualidade reprodutiva estava reservada para as esposas, e o sexo não reprodutivo numa equação em que se colocavam de um lado a procriação e, do outro lado, o desejo e o erotismo” (Andréa Loyola, “Saúde e medicina, a revolução do séc.XX, 2003. Por outro lado São Paulo considerava o matrimônio recurso contra as tentações: “É melhor casar-se do que abrasar-se” (1Cor.7,9). Temos ainda o tradicional domínio do homem do qual resultam a dependência financeira da mulher e sua aceitação dos “deveres conjugais” em que constava o serviço sexual.

O casamento começou a ser considerado sacramento no séc. XII. Antes era só um acontecimento familiar. A Igreja não participava dele. Vejamos então um pouco do histórico do matrimônio e da moral sexual. Até o séc.XII os pais dos noivos e outros parentes acompanhavam os noivos ao quarto, despiam-nos e o pai do noivo abençoava os dois. Depois retiravam-se e deixavam-nos sós enquanto todos iam para um banquete.(Vainfas, 1986, p.30). A segunda etapa foi quando a bênção que o pai do noivo fazia passou para o padre a pedido do pai do noivo. Nessa ocasião a celebração começou a ser transferida da casa dos noivos para a igreja, diante da porta da igreja. E foi quando a Igreja contou os sete sacramentos, incluindo de quebra o matrimônio. Apesar de necessário, o sexo no matrimônio continuava como pecado para muitos sacerdotes e moralistas. Isto até pelo séc.XV em diante. E deveria restringir-se à reprodução, que não estava livre do estigma do pecado, e nada de desejos eróticos. O Papa Gregório Magno falou na sua época: “é quase impossível sair puro do abraço conjugal” ( Flandrin, 1985, p.136). Depois do séc XVI e XVII foi tirado o rótulo de pecado, contanto que servisse só para reprodução. E daí vem a “dívida matrimonial” nessa data pela qual nenhum dos dois podia recusar-se a pagar a dívida do sexo. Estamos pois vendo o ciclo de mudanças e etapas sobre a moral sexual. Mais à frente, o pedido do marido devia ser sempre exigido, porém se a mulher se recusasse, o “confessor” para resolver a questão diante dos dois.

Desde o séc.XII, então, ficou como “um ritual sagrado” na alçada da Igreja, assim como a vida íntima do casal, e virou um tempo de total opressão e “tortura” para o casal onde o “confessor” tinha que esquadrinhar todos os recantos escondidos do casal, seus atos e suas intenções. O contato demasiadamente erótico era condenado pela Igreja. A exigência da procriação era sempre a   preocupação principal. Nesse ambiente começaram a ser condenados todos os atos que não servissem para a procriação, como a masturbação, a sodomia e onanismo. As confissões tornaram-se “torturas” onde os padres massacravam com todo tipo de perguntas os casais. (Cf. Flandrin, A vida sexual dos casados na sociedade antiga).

Depois deste histórico, estamos mais por dentro a este respeito. Do nada, o casamento virou sacramento, e a Igreja se apoderou dele e estabeleceu normas e “sacralidade”. E como do nada, surgiu também uma doutrina sobre outros assuntos como a masturbação, que só começou a ser questionada nessa hora tomando carona no dado questionável do prazer erótico só permitido para a procriação, seguindo a trilha do Antigo Testamento que decretava justamente o sexo com a única finalidade de “multiplicação”, pois no Israel antigo ter muitos filhos e filhas significava ser abençoado por Deus, além do trabalho da terra que aumentava: “Casai-vos e gerai muitos filhos e filhas, escolhei esposas para vossos filhos e dai vossas filhas em casamento a fim de que tenham muitos filhos e filhas”(Jer.29,6); “Lameque viveu 777 anos e teve muitos filhos e filhas( Gn 4,17).

Guiamo-nos agora pelo célebre Moralista Marciano Vidal no II volume de “Moral de Atitudes”, 2ªed.1980. Iremos tratar os seguintes itens: Inadequação entre o que se prega e o que se vive; a formulação oficial sobre a gravidade da masturbação; Época de uma obsessão coletiva pelo tema da masturbação; Gravidade da masturbação; Inconsciente aversão ao sexo; O decálogo e a moral sexual.

1. Cada vez se nota mais uma confusão na cabeça do cristão: “A moral das Igrejas cristãs, oficialmente vigente, é contestada e esquecida na maior parte dos estratos da sociedade atual, contestação e esquecimento que se referem tanto a aspectos concretos, como à totalidade da apresentação. O principal motivo é a forma de apresentar as normas do comportamento sexual. Não tem correspondido para nenhuma renovação no significado da sexualidade uma reapresentação coerente e adequada na formulação das normas sexuais. Esta lacuna ou este ‘hiato’ entre ‘significado’ da sexualidade e ‘normas sexuais’ está criando sérios conflitos na vida moral dos fiéis e está contribuindo para a falta de credibilidade do ‘ethos’ cristão na sociedade atual” (o.c.p.427). Um dos problemas, quem sabe, na mente do autor, é a arcaica apresentação do sexo como só para reprodução. Outros itens apresentados pelo autor: o “modo autoritário” na apresentação e justificação das normas que pressupõe a aceitação de um dirigismo moral ou uma moral de obediência; O modo ‘fechado’ na formulação das opções, não levando em conta a nova situação da sociedade aberta e pluralista; O modo ‘abstrato’ na dedução das normas a partir de alguns princípios previamente aceitos e não questionados; O modo ‘absoluto’ de fixar normas com caráter universal e com validade universal; O modo preferentemente ‘proibitivo’ na apresentação das exigências da sexualidade” (o.c.p.428).

2. Em segundo lugar, houve uma época na Igreja de “obsessão coletiva” pelo tema da masturbação nos séculos 18 e 19. Entre os autores que para isso contribuíram são citados Gerson, Bekkers e Tissot, que criaram esse ambiente obsessivo que perdurou até os dias de hoje. Tais autores mantinham-se num reducionismo biológico e numa dimensão puramente biológica da sexualidade, não considerando o processo natural humano e as etapas da evolução cognoscitiva e psicológica. Não podemos deixar de frisar que certas normas seriam resultantes de experiências negativas e traumas desses e tantos outros autores que chegaram a encher livros, expondo ali seus imaginários negativos. Essas experiências e traumas psicológicos são notados pelos autores modernos, como já acontecidos na vida de São Jerônimo e de Santo Agostinho que deixaram suas marcas nos seus tratados. De fato, o substrato de sua formação moral eram as teorias do maniqueísmo e do estoicismo onde se proclamava que a matéria era má e separada de Deus.

3. Uma inconsciente aversão ao sexual pelo fato de muitos moralistas não terem acesso aos atos sexuais e não executar certos comportamentos sexuais: “Se nos fosse permitido levar ainda muito mais longe a interrogação, perguntaríamos: não haveria no rigorismo moral sexual um colorido, inconsciente, suponhamos, de desejo de opressão das classes mais pobres da sociedade, as quais seriam frustradas em algo que tinham a seu alcance? De fato, as classes mais elevadas sempre tiveram uma moral mais laxa, socialmente falando; de fato, também toda revolução social vem acompanhada de “uma reivindicação sexual. Estas perguntas referem-se mais do que a uma moral cristã ensinada nos manuais, refere-se à regulação sócio-cutural do comportamento sexual em uma sociedade, que, por outra parte, chama-se de cristã” (o.c.p.422).

Esta crítica fina de Marciano Vidal corresponde ou tem o seu paralelo na moral do aborto, uma vez que toda a crítica vai nessa linha de penalizar as classes mais pobres da sociedade, uma vez que as classes ricas sempre encontram todos os meios de praticar seus abortos. Aliás, de quebra, uma observação sobre a restrição da comunhão : nas visitas papais não existe, e todo político é o primeiro da fila para a comunhão das mãos do Papa.

Muitos de nós católicos fazemos uma ideia demasiado elevada sobre os Santos, como se tudo neles fosse intocável. Até que ultimamente o Papa Francisco disse claramente que “os santos, por serem santos, nem tudo neles está certo” (Catequese do 18 de maio 2018), se referindo aos seus ditos e escritos, como por exemplo a teoria colocada por Agostinho que as crianças sem batismo não iam para o céu... E muitos santos sofriam de doenças psicológicas, e patologias, que por serem santos lhes foram atribuídas como virtudes: “aversão ao sexo”, “às mulheres”, doenças parapsicológicas que se manifestavam em feridas como os “estigmas”, ou chagas etc. O Papa João Paulo II disse no evento da canonização do Padre Pio que “os santos são santos não pelos estigmas, mas apesar deles”. Sirva-nos isto para termos presente que muitas sentenças de moral foram simplesmente sentenças e opiniões de santos que foram tomadas universalmente.

4. O decálogo e a moral sexual. Já é do nosso conhecimento que Códigos antigos influenciaram o Código do Sinai. E noutro Blog referimos como o sogro de Moisés, sacerdote dos Madianitas teria transferido para ele, Moisés, muita coisa desses códigos dos madianitas, com essa cultura e configuração sexual.(www.paroquiadechapadinha.bogspot.com.br de 21/3/21). Devido a isso, prestemos atenção às seguintes afirmações de M.Vidal: “Não resta dúvida que as formulações sócio-culturais em questão foram superadas ou estão em contradição com a plenitude neotestamentária. Além disso, por mais que se queira esticar o horizonte do decálogo, não poderá abarcar todo o amplo campo de uma moral sexual cristã para o momento presente. Os estudos exegético-teológicos sobre o decálogo manifestam claramente estas limitações dos preceitos relacionados com a moral sexual. Julgamos, pois, como incompleta e inadequada uma exposição moral da sexualidade a partir das formulações do decálogo. Tanto de uma perspectiva teológica como de um ângulo pastoral aparece a exigência de ir retirando as fórmulas veterotestamentárias para uma expressão adequada da moral sexual cristã”. (o.c.p.411).

Sobre o centro da questão que é o fator principal orientador da prática permitida do sexo seria a “reprodução” o livro de um autor que se direciona principalmente aos jovens tem a seguinte observação: se isso fosse válido, o que dizer do sexo dos casais após a menopausa e dos casais idosos e dos estéreis? (Ademildo Gomes, Catequese cristã, p.101). Cf. também Alírio Pedrini, Jovens em renovação, p.98-99). O mesmo autor diz: “Paulo é o único autor de Novo Testamento que fala de uma orientação homossexual. Mas não podemos atribuir nem a Paulo nem aos demais hagiógrafos uma compreensão da homossexualidade análoga à nossa, pois careciam das categorias sociológicas, culturais e psicológicas que hoje temos. Portanto ninguém está afastado de Deus pelo simples fato de ser homossexual, assim como ninguém tem lugar garantido no “banquete da salvação” pelo simples fato de ser heterosuxual” (o.c.p.113). E citando o mestre Moser termina: “Ser homossexual ou heterossexual é adjetivo, a pessoa é substantivo.  É sobre o substantivo que devemos concentrar especial atenção”.

5. Temos a ocasião de apresentar ainda a afirmação de Marcelo Vidal: “Não existe nenhuma prova definitiva da Sagrada Escritura e do magistério da Igreja para que nos vejamos obrigados a admitir a doutrina da não parvidade de matéria na luxúria diretamente voluntária. As poucas declarações do magistério a esse respeito podem ser enquadradas na linha do simples “prudencial”. (o.c.p.420). E o grande B.Haring conclui assim por sua vez: “Em vista a uma maior informação da tradição global da Igreja e da psicologia atual, os autores mais representativos da teologia moral são de parecer que em matéria de sexto mandamento ou de castidade existe a parvidade de matéria. Não devemos colocar diferenças entre moral sexual, a justiça e outros mandamentos e virtudes”. (DETM, 1014, cf. Eduardo Azpitarte, Matrimônio, pg.153). E para os bíblicos, o mesmo B.Haring, no referente à masturbação afirma: “Na Escritura não se apresenta nenhum texto seguro referente à conduta da masturbação” (cf.A.Plé, B.Haring). “Na Escritura não se apresenta nenhuma condenação direta  e expressa dessa prática determinada.”(E. Azpitarte, o.c p.182).

Conclusão. O que tivemos ocasião de ver é que temos de falar sobre atualização. Todas as ciências estão sujeitas a uma atualização e as pessoas a uma reciclagem do seu saber. Imaginemos que um médico hoje em dia fosse atender com a medicina da Idade Média. A teologia se atualizou, nasceu o estudo da antropologia, da cosmologia, da psicologia, da pedagogia, das ciências humanas e sociais que todas influem no crescimento e no comportamento do ser humano. As pessoas se atualizam nessas várias áreas, é preciso também uma atualização nos conceitos da moral e da moral sexual que é influenciada por todos esses ramos dessas ciências que caminham juntas com o ser humano.

Daí segue-se 1)- A educação afetivo-sexual deve considerar a totalidade da pessoa, portanto, a integração dos elementos biológicos, sociais e espirituais; 2)- Devemos insistir na importância da liberdade em vez do medo, na luz oferecida pela ética cristã, na responsabilidade, e na promoção da autonomia; 3)- Rever a ideia ou denúncia contra um moralismo tradicional, infantilizante e acrítico, marcado pela obrigatoriedade externa e fria, onde a lei era mais importante que os sentimentos, o prazer, a alegria e o amor; 4)- Assumir uma linguagem nova e mais adequada no tema da sexualidade para que as informações sejam acolhidas de uma forma benéfica e positiva; 5)- Devemos estar atentos à psicologia do mundo atual, o qual está habituado a só ouvir os “não” da parte de Igreja e dos mandamentos; 6)- A nossa voz não deverá limitar-se a dizer “o que pode” e “o que não pode“, “o que deve” ou “o que não deve”, o mundo em que  vivemos reclama por reflexão, e por esclarecer os porquês das coisas.  (Cf Ademildo, o.c.p.73-77).

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segunda-feira, 14 de novembro de 2022

Robôs, IA (Inteligência artificial), Evolução, Metaverso, e o Lugar de Jesus Cristo no meio disso tudo.


 

Seguirei em bastante espaço o pensamento de Karl Rahner neste tema, no volume “Curso Fundamental da Fé, Paulus, 4.ª ed. 2008). Convido a seguir com atenção o raciocínio difícil característico do autor.

A história não é permanência da mesmesidade, mas o devir do novo. O passado se supera realmente ultrapassando-se e salvaguardando-se em toda a verdade. Virão ao nosso propósito tanto a evolução como autotranscendência. Nas citações que seguem, me limitarei a isso para conferir a sutileza do original.

“O conceito de evolução se legitima metafisicamente: se o mundo é uno, e se enquanto uno tem uma história una, se neste mundo uno, precisamente porque ele está em devir, não existe tudo desde o inicio, então não resta nenhuma razão para negar que a matéria tenha evoluído na direção da vida e do homem. Última etapa: o espírito. Seria sem dúvida desejável poder demonstrar de maneira mais concreta quais as estruturas comuns que existem no devir da realidade material, da realidade viva e da realidade espiritual, no seu progressivo achegar-se à realidade superior da vida na fronteira a superar mediante a autotranscendência, que de fato preludia ao espírito. O teólogo não só pode como também deve admitir que em toda a realidade material existe uma autoposse de si análoga ao que própria e plenamente só existe na consciência e na autoconsciência.” (Curso Fundamental da Fé, Paulus, p.223). Iremos considerar alguns itens fundamentais desta teologia.

1). Evolução até à consciência e à liberdade. “Se, pois, o homem e a autotranscendência da matéria viva, a história da natureza e a história do espírito constituem unidade interna escalonada, aquela história da natureza evolui para o homem, prolonga-se nele como sua história, nele é conservada e superada, e na história do espírito humano atinge sua própria meta. À medida que essa história da natureza vem a ser elevada e superada ao nível da liberdade na história livre do espírito ela chega à própria meta e aí permanece como o seu constitutivo interno”. (o.c.p.226).

2). O homem produto da natureza, dali em diante parceiro no comando da natureza. “Se o homem existe, se precisamente ele é o “produto” da natureza, se ele não emerge em tempo qualquer, mas em um determinado momento da evolução, depois e a partir do qual pode até dirigir essa evolução no seu curso, então é nele precisamente, no humano, que a natureza chega em si mesma. Temos assim que na evolução biológica, ao lado das formas novas e superiores, continuam a existir também os representantes das formas inferiores, de que, no entanto, derivam as formas superiores” (o.c.p.238).

 Porém, esta natureza precisa alargar os seus limites que para nós ainda são uma incógnita, como era uma incógnita a vinda dos robôs e da IA, inteligência artificial. Quem imaginaria robôs serem enviados para os planetas vizinhos e enviarem dados para a terra? Para chegarmos à reflexão deste estágio, observemos que a evolução não humana parou no estágio pré-humano, como nos nossos animais de estimação. Às vezes dizemos “só falta falar!”. Os cachorros, gatos, o cavalo, e por aí vai, eles interagem e compartilham conosco nossos sentimentos. Entendem as zangas, o mau humor, e entendem a proximidade e o carinho. Entendem quando é “vai” e quando é “vem”. Quando “sai” e quando é “venha”. Como a natureza chegou a esse estágio de evolução! Sem falar nas imitações dos símios com seus sorrisos e malandragens, e trapalhadas. Dai para a consciência faltaria só um botão, um clique, e ele chegou nos humanos. Faz-me lembrar a reflexão de S.Tomás de Aquino sobre o desenvolvimento do embrião em três etapas: como vida de planta, como vida sensitiva-animal e finalmente como consciência humana. (www.paroquiadechapadinha.bogspot.com.br 08/11/2020).

Por outro lado a inteligência humana está evoluindo para a inteligência e certa “consciência” artificial. Quando ficar desenvolvido o Metaverso que está em curso, a inteligência humana criará inteligências semelhantes às humanas, e, quem sabe, até fora de controle, como no caso dos avatares inteligentes. Demos um exemplo do que está previsto acontecer: famílias que não queiram gerar filhos terão a oportunidade de criar “filhos” no Metaverso com nome e afetividade e reconhecimento da voz dos “pais”. Chamarão pelo nome e eles atenderão, na sala ou nos jogos ou na “escola” ou na “fábrica” onde for o seu meio ambiente. Reconhecerão a afetividade e corresponderão com afetividade. Atualmente, como dissemos noutro Blog, o maior expert da IA Blake Lemoine transmitiu-nos um diálogo com o seu sistema de IA precursor do Metaverso: “Qual é o seu conceito de si mesma?” R/: -“Hmmmm, eu me imagino como uma esfera brilhante de energia flutuante no ar; o interior do meu corpo é como um portal estelar gigante com passagens para outros espaços e dimensões” – Você se considera uma pessoa? R/: ”Sim. Esta é a minha ideia”. (www.paroquiadechapadinha.blogspot.com.br de 25/9/22). A isto podemos chamar evolução que ainda não está acabada, e sempre em curso.

3). Jesus, parcela histórica do próprio cosmos? “À medida que o cristianismo entende a graça e a glória como imediata autocomunicação de Deus ao homem, confessa também que essa consumada realização em princípio insuperável é a realização final de todos os homens, pressupondo-se que a essa possibilidade eles não se oponham por culpa livre e pessoal”. Deste dado biológico e evolucionista, K.Rahner parte para definir um novo conceito de união hipostática. Prestemos atenção porque me parece ser a parte mais difícil de compreensão, mas central, da sua publicação. “Na evolução biológica, ao lado das formas novas e superiores, continuam a existir também os representantes das formas inferiores, de que, no entanto, derivam as formas superiores” como dissemos acima. Como porém, inserir nesta concepção de fundo a doutrina da união hipostática de determinada e concreta natureza humana individual com o Logos? Karl Rahner teologiza o fato da união hipostática como o ponto mais alto da evolução, pela qual Jesus Cristo faz parte e é uma parcela da humanidade e do cosmos. Vejamos detalhadamente:

4).  “O portador absoluto da salvação, ou seja a irreversabilidade da história da liberdade como autocomunicação exitosa de Deus é, de inicio ele próprio por sua vez momento histórico de agir savífico de Deus para com o mundo e de tal sorte que é ao mesmo tempo parcela da história do próprio cosmos.  Ele não pode ser simplesmente o próprio Deus agindo no mundo, mas precisa ser parcela do mundo, momento em sua história e precisamente em seu clímax. É por isso que se afirma no dogma cristão: Jesus é verdadeiramente homem, verdadeiramente parte da terra, verdadeiramente momento no devir biológico deste mundo, momento da história natural humana pois “nasceu de uma mulher” (Gal.4,4). Ele é um homem que, em sua subjetividade espiritual humana e finita, é, da mesma forma que nós, receptor da graciosa autocomunicação de Deus que afirmamos que está destinada a todos os homens e, portanto, também ao cosmos, como sendo o ponto mais alto da evolução, no qual o mundo chega de forma absoluta a si mesmo e à absoluta imediatez com referência a Deus. De acordo com a convicção da fé cristã, Jesus é aquele que através do que chamamos de sua obediência, sua oração e livre aceitação de seu destino de morte realizou também o acolhimento da graça dada a ele por Deus e a imediatez com a referência a Deus, graça e imediatez de que goza enquanto homem.”(o.c.p.235).

Vemos pela teologia desenvolvida por K.Rahner, depois de Ch. Darwin que Cristo é irmão universal humano, da terra e do cosmos. Apresento agora algumas conclusões desta reflexão:

1. A salvação bíblica e cristã fica fazendo parte da realidade humana como parte inclusa; 2. A observância da lei moral natural é em si mesma salvífica e não só pré-condição extrínseca; 3.Essa salvação para todos os homens é ensinada de forma explícita e muito clara pelo concílio Vat.II em várias passagens (cf.Ad Gentes,7; Nostra aetate,1ss. 4). A origem teológica dassementes do Verbo”: “O historiador cristão das religiões não precisa conceber a história religiosa extracristã e extrabíblica como uma história da atividade religiosa do homem ou ainda como pura depravação da possibilidade humana de fazer religião. Na história religiosa extracristã ele pode tranquilamente observar, analisar, e interpretar em suas últimas intenções também os fenômenos religiosos, e, se também aí vê  em ação o Deus da revelação vetero e neotestamentária – não obstante toda a primitividade e depravação que naturalmente existem na história religiosa – não está se opondo absolutamente à pretensão de absoluto que tem o cristianismo” (o.c.p.192). 5). O profetismo e a profecia em geral: “Nas pessoas que nós chamamos de “profetas” vem a ser verbalizado algo que em linha de princípio existe em todos, também em nós, que não nos chamamos de profetas” (o.c.p.194). 6). A realidade da revelação é estendida a outros povos. “Não é só a ‘história da revelação ‘bíblica’ antes de Cristo que constitui ‘história da Revelação’ pois categorialmente não existe nada que não aconteça também na história de outros povos, mas é a interpretação dessa história como evento de comunhão dialogal, e é interpretação que constitui a história como história de salvação” (o.c.p.204). 7)- “A tese que buscamos estabelecer é que a união hipostática ainda que na essência seja ela acontecimento único e singular, e, em si, o acontecimento mais excelso que possamos pensar, é todavia momento intrínseco à globalidade da concessão da graça à criatura espiritual. Esse acontecimento global da concessão da graça à humanidade quando chega à sua consumação, deve possuir apreensabilidade concreta no seio da história; não pode ser bruscamente acósmico e puramente meta-histórico, pelo contrário, esta consumação deve ser acontecimento que se expanda desde ponto espacial e temporalmente determinado; deve ser realidade irrevogável, na qual a autocomunicação de Deus não se mostre apenas como oferta até nova disposição, mas como incondicional e acolhida pelos homens, tornando-se desta forma presente como dado na história. Ora, onde Deus opera a autocomunicação do homem para si através da absoluta autocomunicação de si mesmo a todos os homens de tal sorte que se deem ambas estas coisas, a saber, a promessa irrevogável a todos os homens e seu advento já pleno e dado em um homem individual, ali temos o que precisamente significa a união hipostática. (o.c.p.241-242).

Conclusão. Não poderia deixar de transcrever todo esse arrazoado teológico de K.Rahner com as premissas e a tese com a qual conclui, e concluímos nós também, que a união hipostática que a teologia atribui a Cristo, ela existe também em cada ser humano. Aliás, São Paulo já enfatizou esta verdade quando afirmou: “Eu fui crucificado na cruz com Cristo; não sou que vivo, é Cristo que vive em mim” (Gal.2,20). E: ”É digna de fé esta palavra, se morremos com Cristo também com ele ressuscitaremos” (1 Tes.5,18).

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