domingo, 10 de fevereiro de 2013

PARÓQUIA DE CHAPADINHA - CRISTÃOS EM TRÂNSITO E A LITURGIA DO TEMPO



A liturgia da Igreja não celebra só festas ou acontecimentos marcantes da História da Salvação. Também celebra o quotidiano sem festa, sem novidade, o ritmo diário da vida, tantas vezes rotineiro e enfadonho. E chama a isso “Tempo Comum”. Depois das festas do ciclo do Natal e do ciclo da Páscoa, há alguns domingos, tempo útil, mas com dieta festiva. São o “Tempo Comum”. A vida cristã exige esse compasso de espera. Nossa vida também tem dias iguais, gestos ciclicamente repetidos, a mesmice da vida que passa sem, às vezes, darmos por isso. Estamos hoje já celebrando o 5º domingo comum depois do ciclo do Natal. É o último domingo deste tempo. No próximo domingo já estaremos no primeiro domingo da Quaresma que começa com Quarta-Feira de Cinzas.

O termo “Quaresma”vem da palavra “quarenta”. É uma quarentena que nos prepara para a grande festa da Páscoa, centro da celebração do Mistério Pascal de Cristo. Durante estes dias devemos viver e atualizar alguns passos da História da Salvação.
1º - Quarenta dias durou o dilúvio em que a água trouxe um novo viver à humanidade. Assim nós, pelo Batismo, recebemos, pela água, uma vida nova no Espírito, vida que devemos reavivar continuamente.
2º - Quarenta dias durou a caminhada de Elias até o monte Horeb, às origens da Aliança de Deus com Moisés e com o povo de Israel. Depois da comida que lhe trouxe o anjo. Também nós devemos lembrar a presença divina no Pão e Vinho da Eucaristia que nos anima e fortalece na caminhada cristã. Sempre em ordem a uma maior comunhão com Cristo, centro de tudo.
3º - Quarenta anos durou a travessia do deserto para a libertação do povo eleito, vencendo dificuldades. Também nós devemos lembrar as exigências de sacrifício e penitência para seguir Jesus no discipulado.
4º - Quarenta dias esteve Moisés, na intimidade com Javé, no monte, recebendo a Lei para celebrar a Aliança. Para nós, a Quaresma deve ser tempo de oração, de caridade com os irmãos e de intimidade com Deus. 
5º - Quarenta dias ficou Jesus, depois da Ressurreição, para confirmar na fé seus discípulos. Lembrar durante a Quaresma a renovação das promessas do Batismo e o aprofundamento da fé. Batismo é porta, primeiro degrau, princípio de nova vida... E vida cristã é participação, festa de comunhão, caminhada rumo à plenitude. A graça deve ser cada vez mais consciente, crescente e comunicante.

Como vemos o tempo da Quaresma tem
 a)- uma dimensão batismal em que se deve firmar nossa adesão a Cristo e nossa integração na comunidade.
 b)- uma dimensão penitencial em que se combate o pecado como coágulo na circulação da graça e como anemia na espiritualidade.
  c)- uma dimensão de partilha: partilhar bens espirituais pela oração e esforço de conversão, partilhar atos de arrependimento através do jejum e da luta contra vícios, moderação na vaidade, no exagero do comer e beber, nos gastos supérfluos... partilhar bens materiais pelo dízimo, esmola, caridade a favor dos mais necessitados... partilhar serviços pela disponibilidade às necessidades da comunidade na catequese, na participação nas pastorais...  Vida cristã deve estar sempre em trânsito para a plenitude. Dormir no abandono ou cochilar no desinteresse é perder tempo. Devemos viver a liturgia do tempo e estar atentos ao tempo da liturgia.

 A TERRA TUDO DÁ E TUDO TOMA DE VOLTA!
MAS A MORTE NÃO MATA TUDO

Aqui chamam-lhe “Carnaval” ( adeus à carne para entrar nos rigores da Quaresma). Na minha terra chamam-lhe “Entrudo” (entrada na Quaresma). Com um ou outro termo, definimos um espaço fora do convencional. Uma tendência para o exagero, para a brincadeira, para o irracional. Uma instituição para a descarga, para nos desamarrar a vida do relógio, para descansar a autoridade do nosso rosto, para não nos preocuparmos com a posição social que inventamos.

O Carnaval surge como um parêntesis do sério e do respeitável, para estourar o ridículo que queremos ser no quotidiano. Alguns dias em que nos é permitida a descompressão. A folia pode ser uma maneira respeitável de curtir o Carnaval, uma diversão para extravasar a felicidade, mas respeitando os preceitos cristãos. Há dioceses como a de Rio de Janeiro e S. Paulo que promovem “micaretas cristãs” para os católicos poderem espalhar a alegria. Talvez, entre nós, ainda iremos chegar a essa boa ousadia. Mas que há exageros nessas folias seculares, há! E muitos! Valha-nos Deus! O pior é deixar que os três dias de libertinagem se vão transformando em ensaio para uma vida em sociedade pouco responsável. Depois não há cuidados de Saúde Pública que possam enfrentar o resultado de tanto atrevimento, bebida, barulho, falta de sono, de moral, de vergonha, de educação, de desprezo da lei! Os efeitos estão à vista! Mas, apesar de tanta libertinagem, sabemos que tudo terminará pacificamente na Quarta Feira de Cinzas. Haverá a reposição do quotidiano.

 Novamente regressará a ordem (uma ordem ferida!) olharemos o relógio, cumpriremos o horário e entraremos no cinzento cortejo das nossas obrigações rotineiras. Se na quarta, quinta ou sexta feira de Cinzas, entrarmos numa igreja veremos uma taça de cinza e o padre distribuindo-as e dizendo: “lembra-te que és pó e em pó te vais tornar!” Aqui as cinzas são símbolo eloquente da fugacidade que somos, da insegurança em que vivemos, do transitório que nos invade, da morte que nos espreita e de que não nos podemos esquecer. Daqui a dez, vinte, trinta anos ou – quem sabe? – daqui a poucos meses ou dias... que restará desta pirâmide de vaidade? Andamos muito obcecados pelo imediatismo! Que pensaremos naquele momento derradeiro da seriedade com que nos relacionamos, da vaidade com que vestimos, do saber que gostamos de exibir, do poder que julgamos ter quando mandamos, do ar sério que ensaiamos pensando que o vamos ter eternamente? 

 As cinzas têm uma linguagem muito saudável! Lembram-nos a necessidade que temos de relativizar nossas certezas, de tomar consciência de nossas limitações, de assumir a estupidez do nosso desinteresse perante o Eterno e o Absoluto. Com muita facilidade deixamos de sentir nossas limitações e fraquezas! E nem tudo que somos será pó. O amontoado de ossos e os quilos de carne que carregamos serão varridos pela tempestade do tempo. Mas algo vai ficar! Algo vai existir para sempre. – O que soubermos colher de eterno na travessia do nosso nada.



 NINGUÉM É DONO DA VIDA! SÓ DEUS!
MATAR É PECADO.

Vamos entrar na Quaresma, tempo de reflexão e conversão. Precisamos organizar a vida, programar iniciativas, limpar vícios e arrumar, em vivência cristã, muitas virtudes. Hoje desejava propor a você, amigo leitor, a reflexão sobre um assunto muito falado e que alguns querem que mereça uma legislação para que seja praticado sem pena. Estou-me a referir ao aborto. Não vamos embarcar em facilidades e querer viver, com toda a legitimidade, o prazer, seja ele qual for.

Dizem os adeptos do aborto: deve ser legalizado para a mulher não correr tantos riscos de vida ao fazê-lo, clandestinamente. E nós respondemos:
- A criança, desde o primeiro momento da concepção, é pessoa em desenvolvimento. Se ela ainda não tem todas as faculdades em exercício, quem então define quando se é pessoa ou não é? A Constituição Brasileira garante a inviolabilidade do direito à vida (Art.5). Ninguém será processado nem sentenciado senão pela autoridade competente (5,LIII). È proibida a pena de morte (5, XLVII,a)) No aborto todos estes direitos fundamentais são violados.                                                                                                                                                                                                                  
- Os argumentos a favor do aborto são argumentos para fazer rir elefante. Será que se deve também legalizar o roubo para ladrão não correr o risco de ser preso ou baleado? Como ficam os cleptomaníacos?
- Será que pedofilia deve ser legalizada em estabelecimentos autorizados para as crianças poderem ter tratamento higiênico e psicológico?Monstruosidade!
- Por que não legalizar também a corrupção política para os políticos corruptos não serem humilhados nos meios de comunicação social, sujeitos a CPIs e presos?
- Será que num julgamento sério, em tribunal, o Juiz escuta só os argumentos de uma parte e, sem ouvir a outra parte, condena-a simplesmente?Quem quer o aborto só escuta os argumentos da mãe. Mas a criança também é gente, tem direito à vida e à defesa. Mas quem a vai defender?
- Que lei permite que algum Juiz, em julgamento, absolva o culpado e condene à morte o inocente? Mãe tinha muitos meios de evitar a gravidez. Por que condenar o inocente que nem pediu para nascer e, de tão pequenino e escondido, não vai ter quem o defenda? Se a lei não permite matar o filho mais velho, poderá agora permitir matar o mais novo?
- Nascituro não é propriedade privada de quem dele quer dispor. É filho que deve ser respeitado e ajudado. É fruto belo da natureza humana que Deus confia aos pais.
- Feto não é carrapato nem pode ser comparado a qualquer parasita que a mãe pode extrair. É habitante do útero materno que Deus alugou para continuar a criar.
- Nascituro/a não é excrescência inútil de que alguém se pode desfazer. É gente como nós que tem o direito de viver e ninguém pode matar.
- Criança pequena não é lixo que se pode botar na lixeira. É pessoa em desenvolvimento que deve ser acarinhada. A mãe que mata um filho que Deus lhe confiou jamais vai tirar da memória esse crime horroroso que praticou!
- Filho não pode ser considerado como mosca incômoda que se enxota para não chatear. É fruto humano que Deus deu para criar.
- Nascituro não é sujidade que pode ser lavada. Nem cobra venenosa que se deve evitar. É graça divina que pais devem amar.
- Quem defende o aborto prevalece-se do respeito à vida que seus pais tiveram. Se seus pais tivessem praticado o aborto, essas pessoas agora não estariam vivas. O que, certamente, estão felizes por não ter acontecido consigo, não o devem desejar agora para outros.

- O aborto é uma aberração humana! Um crime hediondo! Um fruto de mentes sádicas! Quem o defende só mostra que perdeu a sensibilidade humana ou se deixou apodrecer em interesses políticos ou econômicos. Se pretende, com isso, viver mais tranquilamente, não o conseguirá. Ficará para sempre na sua memória esse crime e, ao ser julgado por Deus, terá o depoimento fulminante dos filhos que matou. É tão vergonhoso apoiar o aborto que políticos, ao colocá-la a votação, procuram termos velados como: “interrupção da gravidez” e outros... para votantes não sentirem a natural  repulsa que todo o ser humano sente quando se fala de aborto.. 


 NOTICIÁRIO DA PARÓQUIA

1- Quarta Feira de Cinzas: imposição das cinzas na Matriz às 17.30H. Às 20.00H no Bairro da Cruz, Campo Velho e  Terras Duras. Quinta Feira de Cinzas- às 20.00H – Areal, Boavista e Aparecida. Sexta Feira de Cinzas –20.00H - Corrente e Bairro Novo.

2- No próximo domingo, dia 17 de Fevereiro, vamos dar início à Campanha da Fraternidade. Não haverá celebração nos bairros para a comunidade paroquial se concentrar na Matriz, onde haverá celebração às 08.00H. As comunidades podem vir em grupo para a Matriz com seus distintivos. Haverá missa da noite na Matriz.

3- O primeiro retiro paroquial para as SANTAS MISSÕES POPULARES será realizado nos dias 13-14-15 de Abril. Teremos que acelerar a preparação e a mensagem vai já ser dada pelos papéis da Quaresma que vão ser distribuídos.




4 -  Visitas a doentes na Quaresma:
 Fevereiro: 14 e 15= Areal; 19 e 20= Corrente; 21= B. da Cruz; 22= N. Castelo
                  23= Recanto dos Pássaros
         (De 25 a 01 de Março os padres estarão em Retiro diocesano em S. Luis)
 Março: 05= B.Vista; 07 e 8= Campo Velho;09= S. Luzia; 12= S. Antônio
                 13= Tigela;    14 e 15= Terras Duras ; 16= Santana; 19= Fátima
                 20= Bairro Novo; 22 e 23= Aparecida





5-A Igreja de S. José já tem quase todas as tesouras do telhado no lugar. O templo irá receber o telhado, se Deus quiser, na próxima semana. Agradecemos também à empresa Amorim, construtora das 1000 casas, a oferta de um terreno de 30MX60M, ao cimo da primeira fila de casas quem vai da cidade.

6- De 25 de Fevereiro a 01 de Março os sacerdotes da Paróquia irão fazer seu retiro a S. Luis. Estarão, portanto, ausentes para presidir a celebrações que devem ser feitas e presididas por leigos.


 7 - Quinta-feira passada Ir. Márcia fez a despedida para ser enviada ao seu novo trabalho em Moçambique, na santa missa da noite, na igreja do Areal. Até Portugal irá junto com o P.Antônio. De lá seguirá para sua nova missão em Moçambique




 8 - Falta cultura! Promovamos a cultura! Sobram shows festeiros, alienantes, lucrativos para uns poucos e estagnantes na baderna para a maioria. Há excesso de festas! Precisa-se de incentivo à leitura, de esforço pela educação e impulso à criatividade produtiva e realizadora. Foi, neste sentido, que um “blogueiro” de Chapadinha, esta semana, destoou da baixaria em que têm andado os conteúdos literários dos nossos sábios locais. Especializados em disparatado confronto e num despique para se saber quem é o melhor pansófico, abarrotam suas páginas de insultos, empilham xingações, ruminam ofensas e empastelam termos agressivos. Esse relacionamento beligerante em que uns se distinguem pela otimização duma administração e outros pela diabolização de outra... não nos parece vantajoso. A crítica e o interesse pela participação deve continuar, mas de uma maneira mais civilizada. Mas acho que deve continuar, mesmo! É normal que, no início, todos se entusiasmem. Mas é na perseverança que se mede o valor das pessoas. É evidente que algumas coisas estão melhores. Mas, de tão péssima que estava a situação anterior arrastando o que vem lá mais detrás, que se tornava impossível piorar. Há muitas sugestões a dar sem que os intelectuais locais tenham que escorregar para o impropério pessoal. Autoridades e escritores devem mostrar que não só sabem escrever, mas que têm dignidade na maneira como o dizem. O que merece ser mesmo analisado, com seriedade, é o oportunismo. Ninguém seja tão atrevido/a que dependure suas pretensões de candidatura política em estruturas municipais. O  peso   já  está  grande  demais! E o enevoado horizonte do futuro mostra que há quem coloque a política individual muito acima do bem comum.




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