Vivemos um tempo muito complexo. Nota-se a falência do puramente racional. Hoje uma verdade, para ser aceite, tem que passar pela sintonia da aceitação de muitas faculdades. Envolve o homem todo. Enlaça o ser humano não só pela inteligência, mas pelo coração, emoção, liberdade, vontade, utilidade... Um exemplo disto é todos saberem que Deus existe. Hoje quase não há ateísmo racional. Mas falta a disponibilidade para acolher Sua vontade. Admite-se que Deus existe, mas nós cá nos vamos governando sem Ele, com a moral possível, com a prática de rituais que a sobrevivência do nosso imaginário nos vai ditando. Deus existe, mas sem utilidade prática. Fica na prateleira das inutilidades.
Deus existe, mas que não nos incomode! Que não queira acabar com nossa liberdade de procurar o que mais agrada. Exagero? – Penso que não! Sempre que, ao domingo, passo por essas avenidas e vejo grupos sentados jogando baralho, descansando, palestrando com amigos... pergunto-me: afinal quem é Deus para esta gente? Muda alguma coisa, na vida deles, o dizerem que acreditam na existência de Deus? E em que Deus acreditam? Deve ser um deus especial que eles mesmo fabricaram. O deus de Jesus não é. Fé verdadeira dá cristão comprometido. E fé que se não zela morre, desaparece.
Pelo desinteresse prolongado, pelo hábito repetido, pela falta de educação familiar, pela influência do ambiente social... assim se afasta Deus do quotidiano. Encosta-se Deus na esquina e lança-se no esquecimento valores defendidos pela religião. Na peregrinação da vida, Deus não é caminho necessário. E cortam-lhe até a intervenção na área social.
A mídia cala os acontecimentos religiosos quanto pode. E o ser humano, orgulhoso e independente, traça as linhas da História à sua imagem e semelhança. Sozinho. A facilidade com que igrejas aparecem é comparada ao nascimento de cogumelos. Prega-se o evangelho como quem apregoa pipocas. Berra-se nos encontros como quem amedronta bichos. Amedrontando, psicologicamente. E inventando um Deus diferente do de Jesus. Como se este não interessasse para nada. Quando muito, os meios de comunicação social, como os abutres, só fazem um vôo picado a ver se encontram carniça podre ou como urubus a satisfazerem-se em lixo humano. E, depois, fazem-se citações bíblicas para mostrar erudição ou abrilhantar discursos de ocasião. Valha-nos Deus!
FILHO MAIS VELHO... O RESMUNGÃO!
O DE ONTEM E OS DE HOJE
Vimos na primeira página deste boletim o itinerário do regresso. O evangelista Lucas nos descreve a parábola do pai bondoso e do filho pródigo. A volta do desiludido. O trajeto do procurador da felicidade perdida. E há tantos, hoje, a quem poderíamos chamar “procuradores”! Senão vejamos a cena do Evangelho na pessoa do filho mais velho que não se alegrou pela volta do irmão, não concordou com o pai, não participou da festa, não aceitou o irmão e, talvez tenha sido por causa de sua arrogância que o irmão mais novo se ausentou de casa. Ainda hoje há muitos “filhos mais velhos” que têm atitudes velhas, ridículas e que não se deviam repetir. Vejamos o que se passou com o filho mais velho da parábola e o que pensam os filhos velhos de hoje:
1- Há cristãos enganadores. Enganam-se a si mesmo, tentam enganar os outros e, se possível, a Deus. São arrogantes e tentam esticar ao máximo sua competência. O filho mais velho da parábola disse: “nunca transgredi uma ordem tua!” E os filhos mais velhos de hoje dizem:
“Não me confesso, porque não tenho pecados!”. “Vou à missa, mas só quando me apetece! Sou melhor que quem anda sempre por lá!”.“Já fui coroinha e batizei todos os meus filhos! A minha mulher é muito da igreja!”. “Desliguei da religião, porque me proíbe fazer o que gosto: buscar o prazer!”. “Não vou à missa porque não tenho tempo!”
2- Há “catoliquinhos”. Só sabem inventar desculpas e muitas mentiras! Para isso, transformam-se em juízes dos outros. Escondem sua vida de desinteresse, de mediocridade... catando desculpas, aumentando e badalando os defeitos dos outros. O filho mais velho da parábola disse: ”Esse teu filho que consumiu os bens!...” E os filhos mais velhos de hoje dizem: “Deixei de ir à igreja por causa da saliência do padre!”. “Batizei outros filhos e não era preciso tanta reunião!”. “Não me interessei mais com religião, porque é coisa antiquada, retrógrada!”. “Não concordo com alguns preceitos sobre sexo, aborto, camisinha!”. “Os padres deviam casar. Não casam... olhem o que vai por aí!”. “O padre acabou com a festa não permitindo barracas. Quer mandar em tudo!” “Não vou à missa, porque o padre só fala em política!”
3- Há cristãos oportunistas. Queixam-se de tudo. Querem tudo do seu jeito. Têm interesses contrários ao Evangelho de Jesus. O filho mais velho da parábola disse: ”Nunca me deste um cabrito para fazer uma festa!” Os filhos mais velhos de hoje gostariam ser proprietários do céu! Que Deus fosse seu “garoto de recados”, sempre ao seu dispor, para fazer o que eles querem. Do que fazem, passam fatura a Deus. Exigem benefícios. São uns revoltados por nunca terem sido contemplados na sorte. E dizem: “A religião é uma coisa triste. A missa é sempre a mesma coisa!”. “Comecei um negócio e não deu certo. Deus não me ajudou!’. “Não adianta ir na missa que padre não dá feijão!”. “Minha mulher teve um câncer ... Rezei, rezei e Deus não me valeu!”. “Ia na igreja, mas me convenci que quem lá não vai tem mais sorte!”
O GAROTO FUJÃO... E O CAMINHO DO REGRESSO
Dentro do itinerário catequético da Quaresma, temos, neste IV domingo, o tema da necessidade de uma vida nova e da certeza do acolhimento amoroso de Deus (Luc.15,1-3 e 11-32). Celebrar a Páscoa é sair da escravidão, atravessar o deserto das dificuldades, esquecer hábitos antigos e alcançar a alegria da aliança. Para isso, serão necessários alguns passos. Torna-se urgente tomar decisões. Regressar a Deus. O filho mais novo da parábola do Evangelho de hoje, o garoto fujão, ensina-nos que ao itinerário da ilusão se deve seguir o trajeto da penitência. O ser humano é frágil. Deixa-se enganar. Cai no erro. Perde o caminho da felicidade. O diabo (todas as forças contrárias a Deus!) puxa-o e, pouco a pouco, precipita-o na angústia. Aí não se realiza a ânsia da felicidade. Mas Cristo é força reconciliadora, é a Reconciliação. Por Ele começamos a ser novas criaturas. Sem Ele, não há Páscoa. Vejamos o percurso do afastamento da fé:
1- O maligno é hábil. A pessoa cai facilmente nas suas malhas. Depois vem o esforço para arranjar desculpas e justificar nossa decisão, mas a principal é sempre nossa fraqueza pessoal em aceitar certos conflitos que engordam o desânimo e nos empurram para o engano da ilusão. A solução mais fácil é fugir da família, da comunidade e viver uma aventura. (Pai, dá-me a parte da fortuna...)
2- A realidade é sempre diferente do sonho. A tristeza da solidão e o fracasso de ter caído na falsidade... afastam-nos da alegria e fazem surgir dificuldades intransponíveis. (reuniu tudo e emigrou para um país distante. Gastou tudo e sobreveio grande carestia...)
3- Deixamos de viver, para só padecer. Assim não dá para continuar! O jeito é parar. Travar a vida. Fazer uma viagem ao nosso interior e vislumbrar a possibilidade do regresso. (viveu como um libertino. Começou a passar grande necessidade...)
4- Reconhecer verdadeiramente a péssima situação em que se caiu. Assumir o passado amassado com atrevimento e recheado de erros. ( enviou-o para guardar porcos. Desejava encher o estômago com o que os porcos comiam, mas ninguém lhe permitia)
5- Convencer-se que é possível outra vida, a alegria. Somos feitos para a comunhão, para a família. A solidão não é nosso ambiente. Precisamos mudar de vida! Aceitar a corda da misericórdia divina que Ele nos lança ao fundo do poço da nossa miséria. Lembrar a casa paterna onde alguém sempre ficou esperando por nós. Acreditar na bondade do Pai. (caindo em si, disse...)
6- Rejeitar a rebeldia e o egoísmo. Sozinhos, desiludidos, sem forças... Como estamos, não dá para continuar. (morro de fome...)
7- Não basta sonhar, desejar... Falar é fácil. No fazer é que está a dificuldade. É preciso tomar decisões, aceitar o fracasso vivido e lançar-se para o novo que a vida ainda nos oferece. (Pôs-se a caminho...).
8- Reconhecer o erro e fazê-lo com toda a sinceridade. (Pai, pequei...)
9-Assumir o novo e trabalhar atitudes de perseverança no bem. (Já não mereço ser chamado teu filho...).
N O T I C I Á R I O DA P A R Ó Q U I A
1- A DEVOÇÃO A S. JOSÉ NA PARÓQUIA.
A Paróquia de Chapadinha tem duas imagens de S. José. Uma antiga que tem estado na igreja de Cristo Redentor no Areal e outra mais recente que está na capela de Terras Duras. Esta última, trazida do Rio de Janeiro por Dª Clara Martins, é oferta dos familiares do Sr. José Vieira que estão no Rio. A mais antiga já estava na Matriz quando vieram os Missionários da Boa Nova. Tinha sido entregue à Dª América residente onde hoje é o Hotel Chapadinhense a quando de uma tempestade que destelhou a Matriz no tempo do P. Prestes. Mas quando P. Neves pediu o regresso dessas imagens à Matriz, a de S. José já estava, na parede, ao lado de S. Raimundo, do lado direito do altar. É uma das três imagens que existiam no altar da igreja antiga que Mons. Valter, quando Pároco, substituiu por esta de agora. Havia nessa pequena igreja um pequeno retábulo em madeira com três nichos. Cada um tinha uma imagem. Na do centro estava a imagem de Nossa Senhora da Conceição. Esta semana tentei averiguar se haveria alguém que soubesse a origem dessa imagem de S. José que, agora restaurada, vai ser entregue à nova igreja nas 1000 casas para ser padroeiro dessa nova comunidade. Consultei as pessoas mais idosas que são tidas como arquivo da paróquia. Ninguém me soube dizer. A imagem já existia à veneração quando todas essas pessoas tomaram consciência. É, portanto, uma das imagens mais antigas da paróquia. A devoção a S. José mereceu até uma associação que se encarregava de arranjar donativos para a formação de sacerdotes no seminário de S. Luís.
2- A cruz dos jovens a lembrar a Jornada Mundial da Juventude vai hoje para a Igreja de S. José e depois vai percorrer todas as comunidades. No próximo número do Boletim vamos comunicar todo o percurso.
3- No próximo domingo, como está planejado vai haver retiro para casais. Vai decorrer na casa que foi das Irmãs da Caridade. O horário já foi transmitido.
4- Parabenizamos o P. Antônio, que hoje completa 83 anos e desejamos bastante saúde.
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