Quaresma não é tempo triste. É tempo de revisão de vida, de reflexão e conversão. Tempo de preparação para a festa da Páscoa. Não se pode celebrar esta grande efeméride em cativeiro de pecado, de costas voltadas para o Deus Libertador. Segundo os grandes espiritualistas a caminhada da Quaresma deve obedecer a três atitudes: jejuar, orar e partilhar. Ou dito de outra maneira: oração, jejum e esmola.
Estas são umas atitudes purificantes e purificadoras que nos ajudam a ser mais humanos e mais cristãos. Mas as três atitudes têm que andar bem juntas. Não funcionam separadamente. O autor Juan Ávila Estrada escreve: “Quem jejua e não ora só está a passar fome; Quem jejua e não partilha só está a economizar; quem partilha e não ora só faz filantropia; quem ora e não partilha tem um diálogo egoísta com Deus”
Quaresma é entre nós tempo da Campanha da Fraternidade, tempo de remover costumes que tratam o ser humano como mercadoria. Mesmo que o negociante possa ser a própria pessoa que se deixa arrastar por forças humilhantes que a escravizam a situações de exploração da vida, do sexo, da força do trabalho.
Há quem semeie ilusões enganadoras para arrastar outros e se aproveitar de sua ingenuidade, há quem não respeite a vida dos outros e a sacrifique a suas pretensões; há quem mate outrem para enriquecer, quem use gente como material de uso corrente... quem dispa pessoas de sua dignidade como despiram Cristo antes de O crucificar.
Precisamos de cireneus que ajudem a sociedade a evoluir, que denunciem grupos de extermínio, gangues homicidas, pessoas violentas usadas para satisfazer vinganças pessoais.
O tráfico humano não se pratica lá longe, mas também entre nós: quantas garotas seduzidas, chegam à cidade como empregadas domésticas e têm depois que se sujeitar à exploração sexual de patrões e ambientes familiares desonestos, quantas arrastadas por promessas de vida fácil se entregam ao lucro de pessoas irresponsáveis e ao prazer de imorais, quantos trabalhadores aceitam ser levados a cortar cana no Sul e depois ficam abandonados, quantos velhinhos vêm para a cidade com ajuda prometida e depois roubam-lhe o aposento e ficam à mercê dos vizinhos...!
A liberdade é um dom de Deus e uma tarefa humana. Ninguém está dispensado de lutar pela sua dignidade. Se Cristo se tornou humano, o ser humano tem valor sagrado. Vamo-nos preparar para uma grande reflexão durante a encenação da Paixão de Cristo e para as via-sacras que as comunidades realizam. Paixão de Cristo que continua no sofrimento de tantos irmãos nossos, membros de seu Corpo Místico.
Somos irmãos, não escravos uns dos outros!
CEGOS QUE VÊEM E VIDAS QUE FOGEM DA ESCURIDÃO
Olhar não é o mesmo que ver. Para ver, temos que prestar atenção, observar com tempo e digerir com uma reflexão o encontrado. Ver é mais que olhar. E, para ver, não basta ter olhos. É preciso abri-los, deixar que a luz entre. O adormecido tem olhos, mas não vê, Suas pálpebras estão fechadas. E estas é que são a porta de entrada das imagens para o cérebro. Quem quer ver tem que abrir os olhos. O pior cego é o que não quer enxergar.
Continuamos o nosso itinerário batismal. Para sermos cristãos temos que aceitar nossa fragilidade (1º domingo- tentações), aceitar a necessidade de Jesus Ressuscitado como Deus Salvador ( Transfiguração), aceitar a vida nova que nos vem pela originalidade do Espírito nas águas batismais (3º domingo, samaritana- simbologia da água). Hoje, quarto domingo, a catequese da simbologia da luz.
As trevas na Bíblia são ocasião de mal: Judas entrega Jesus e enforca-se durante a noite, os apóstolos nada pescam durante a noite e Jesus tem que lhes indicar outra direção, Pedro nega Jesus no escuro da noite, Nicodemos visita Jesus, durante a noite e pouco compreende de seu ensino. Mas a samaritana encontra Jesus e decide-se por uma vida nova no pique do dia, em pleno meio-dia.
Precisamos de luz para viver. E a luz não se deve esconder. Deve colocar-se em lugar alto para brilhar, iluminar, poder orientar. Por isso a cruz de Cristo, no cimo do Calvário, é o grande candelabro que ilumina a História humana e cada pessoa.
Na procura de Deus, todos somos cegos de nascença. Não temos fé porque procuramos Deus. Temos fé porque O descobrimos dentro de nós, à nossa espera. Nosso coração é lugar de encontro entre nós e Deus que nos aguarda como fez com a samaritana. Nosso coração é como um poço de Jacó onde Deus nos aguarda.
Feliz de quem abre os olhos do coração e sabe corresponder ao amor. No Batismo fomos como que lançados na piscina de Siloé e, pela força do Espírito Santo, nascemos para uma vida nova. Começámos a participar da riqueza da vida divina e a viver Sua beleza. Tivemos uma nova visão dos valores e do sentido da vida e do que poderíamos fazer. Deus é Luz e nós participamos desta missão. Não podemos viver em curto circuito. Nem sermos lâmpadas queimadas.
A graça habitual é o motor e as graças atuais são o combustível de nosso progresso espiritual.
CHAPADINHA DAS MULATAS E NÃO DAS MULETAS
Conheço Chapadinha há 36 anos. Metade, exatamente, de minha idade e quase metade da dela. Cheguei como estrangeiro, tornei-me amigo e permaneço como cidadão brasileiro.
Aproveitando o aniversário desta cidade, quero hoje agradecer a este povo que me acolheu e que eu adotei como família e parabenizar este solo de sol escaldante, céu azul, de gente jovem que passeia nas praças, namora e exibe beleza, de pessoas sorridentes, mas de rosto sofrido pelas agruras da vida, de grande número de velhinhos que aqui vivem para receber aposento e tratar da saúde, de muita criançada que alegre me saúda ao passar.
Chapadinha, terra bonita, de ruas rasgadas na planície de uma grande chapada que deixou de ser Chapada das Mulatas para conquistar o título real de Princesa do Baixo Parnaíba; terra generosa com sete nascentes de água que delegou na grande Itamacaoca o abastecimento de água à cidade; terra de muitos bairros, planos e feiticeiros que têm atraído gente de toda a parte; terra hospitaleira, situada á mesma distância de S. Luís, Teresina e Parnaíba que transforma quem bebe de sua água em eterno admirador de sua beleza. Já foi a cidade segura de portas abertas, de alegre convívio dos vizinhos ao anoitecer, trocando notícias e olhando o brincar das crianças no meio da rua. Hoje terra de preocupações, de roubos e assaltos, de ruas vigiadas por agentes de segurança.
Cheguei aqui há 36 anos. O interior era mais povoado que o centro urbano. Hoje quase chega aos cem mil habitantes que correm para o centro urbano, fazendo-
O latifúndio deu lugar aos assentamentos da Reforma Agrária. Somos hoje o Município com mais associações de agricultores no interior. Mas apesar de todo o esforço, a agricultura desta população que ainda é rural, é de mera e pobre subsistência. Não há quem compreenda e resolva o problema.
Seu centro urbano alargou-se para todos os lados. Seu principal meio de transporte antigo era o jumento, depois entrou a bicicleta e agora está nos veículos motorizados. É a cidade das motocas. A poça do Mar da Tranquilidade foi substituída pela represa da Itamacaoca que tão depressa encheu que nem se puderam retirar as palmeiras de buriti que foram cortadas e tingiram a água por três anos.
Hoje, Itamacaoca pede socorro, porque se sente pequena e insuficiente para abastecer a cidade. Chapadinha é uma cidade de gente alegre, de juventude entusiasmada que enche noites inteiras de luar com barulhento convívio. Cidade de animadas e prolongadas noitadas juninas, de carnaval de imensa zoada, do religioso Festejo da Padroeira que leva à rua dezenas de milhares de pessoas.
Chapadinha, Município de fé simples, onde os homens custam entrar. Quando chegaram os Missionários da Boa Nova em 1978 tinha uma Matriz por completar e duas capelas pequeníssimas: S. Camilo e S. Francisco. Hoje possui 136 capelas no interior e, na cidade 14 capelas e 6 igrejas.
Chapadinha, terra que eu gosto, mas onde meu caminhar encontrou alguns obstáculos de autoritarismo dominador, de incompetência administrativa, de ameaça por perseguição violenta. Mas tudo foi superado. Acabou-se o latifúndio, afastou-se a implantação do agro-negócio, impossibilitou-se a generalizada plantação do eucalipto. Mas ainda não se combateu a pobreza da população com administrações mais voltada ao desenvolvimento da agricultura, à abertura de estradas vicinais que possibilitem o escoamento dos produtos...
Vieram as Universidades e os Institutos de Formação Superior, todos se queixam da fraqueza do atual Carnaval, mas parece que se ignora que nossa Educação está no penúltimo lugar de aproveitamento escolar no Estado e que nosso sistema de Segurança está falido e amedronta a população. Sobram brigas para conquistar o poder, aumentam os confrontos de antagonismo político, aparecem enormes abusos de desvios de verbas... mas faltam pessoas de competência comprovada e que se dediquem mais a Chapadinha que a seus interesses particulares.
Temos muita política de alienação, de funil, de discussão e pouca de proveitosa ação.
NOTICIÁRIO DA PARÓQUIA
1. Como estava previsto há mais de três semanas e como é nosso costume, a Paróquia solenizou da maneira mais digna que pode a solenidade do aniversário de Chapadinha. A Eucaristia às 09.00H foi bem participada com muita gente, entre a qual algumas autoridades.
Os cânticos estiveram a cargo do Coral Paroquial regido pelo prof. Tiago. Agradou imenso a sua participação que no final cantou a vozes o hino de Chapadinha e o da Paróquia. Nas palavras proferidas com muita calma e solenidade, o Pároco frisou a necessidade da conversão à Palavra de Deus e a urgência de todos assumirem a sua responsabilidade na dimensão social para criar mais comunhão.
Chapadinha era chamada “Chapada das mulatas” e deve desenvolver-se com o interesse e entusiasmo de todos para não começar a ser chamada a “chapada das muletas”, onde a solução de muita coisa está sendo adiada não se sabe para quando. Na Câmara, numa solene sessão, houve pronunciamentos animados, promessas espetaculares, declarações de amor à terra onde habitamos. Mas transpareceu, na maior parte, muita insatisfação pelo atuar da administração e do posicionamento crítico da população.
2. Sobre informações que correram tentando explicar o individualismo religioso da Prefeita, a Paróquia não se pronuncia, por enquanto, por respeito à solenidade. Mas pedimos respeito e que não se queira tapar o sol com uma peneira.
3. Chegou hoje à tarde a notícia preocupante: o pai do prof. Tiago foi acidentado e está em coma. Prof. Tiago viajará terça feira para ajudar a família e sem previsão de época de volta.
4. Francisco Mário que veio já para o seminário, teve que voltar ao hospital. A irmã do P. Neves também não tem tido grandes melhoras. Ainda está no hospital.
5. As missionárias da Boa Nova e as Criaditas dos Pobres participaram do retiro diocesano que se realizou em S. Luís.
6. No dia do aniversário de Chapadinha foi colocada a cruz de quatro metros no cimo da igreja de Nª Sª de Lurdes no Recanto dos Pássaros. Pensamos poder inaugurar essa igreja no próximo dia 13, à tarde. A igreja de S. Luzia teve suas tesouras todas retificadas.
7. Por engano foi anunciado num domingo anterior que a Missa da Pastoral Familiar seria no segundo domingo. Perdão! Vai continuar no primeiro domingo, na Matriz, às 8.00H. lembramos a todos os casais da pastoral, de todos os bairros que façam desta missa um testemunho familiar. Depois da Eucaristia haverá convívio na praça, na lanchonete.
8. Lembramos também que a exposição do Santíssimo continua no primeiro domingo. Depois da missa das 10.00H até ao princípio da missa da noite, às 21.00H.
9. Quinta feira é dia de confissões na Matriz com celebração penitencial à noite. Sexta feira, primeira sexta feira do mês.
10. Esta semana foram visitadas as comunidades de S. Antônio, Campo Velho e Tigela. Esta semana serão visitadas : Santana, Nª Sª de Fátima, B. Novo e S. Expedito.
( VEJA FOTOS DA CELEBRAÇÃO DO DIA DO MUNICIPIO NA IGREJA MATRIZ)