Convido você a brincar só um pouquinho com uma interpretação
que supostamente terá sido atribuída a Jesus num dado momento. É quando o
próprio Jesus teria dito: “Moisés permitiu despedir a mulher por causa da
dureza do vosso coração; mas não foi assim desde o início” (Mt.19,7b). E “Nunca
lestes que o Criador desde o início os fez homem e mulher; e
disse: por isso o homem deixará pai e mãe e se unirá à sua mulher, e os dois
serão uma só carne; portanto, o que Deus uniu, não separe o homem” (Mt.19,4-7).
Vejamos: Havia cinco milhões de anos que haviam passado quando estas coisas
foram escritas no livro do Gênesis. Já 5 milhões de anos que os homens e as
mulheres se uniam, e não esperavam a ordem de Deus. E, onde se diz: “Não foi
assim desde o inicio”: sabemos que desde o início foi pior porque ninguém
sabe como foi, mas pouco diferente dos
animais. Eles não sabiam “quando” foi o “início”, nem “como” foi.
Parece curioso notar isto, mas tem que se dizer: nem eles nem
Jesus sabiam quando foi esse início. E nem eles nem Jesus sabiam da cosmologia
de hoje, que diz que nós, os humanos, aparecemos por evolução, ou seja, eles
estavam na cosmologia antiga do “criacionismo” que dizia que o homem tinha sido
criado do pó da terra, ou com o sangue de algum deus, segundo o “mito” dos
vizinhos dos judeus, ou com a água e o pó da terra segundo o “mito” dos judeus.
E de quebra haveria só um casal. Enquanto que hoje temos a teoria científica da
evolução do cosmo, que diz que não foi
só um homem e uma mulher que surgiram, mas um sem número de machos e fêmeas, o
que levou o nome de poliformismo. Chegando
agora na pequenina tribo de Israel, na época de quando foi escrita esta
narrativa, o que sabemos? Duas coisas: a primeira, que quando o homem queria
abandonar a companheira, bastava que acordasse mal naquele dia achando que ela
não estava bonita ou algum defeito na comida, então escrevia um papel, um
“libelo”, lhe entregava, e a mandava para a casa da mãe. É donde vem a
pergunta: “É permitido ao homem despedir a mulher por qualquer motivo?”
Mt.19,3. Segundo: As famílias dos sumos sacerdotes tinham esquadrões de
assassinos profissionais encarregados de invadir as casas dos camponeses para
tirar até com ameaças de morte os dízimos e os impostos, e raptar esposas para eles
trocarem ou ajuntarem às que já possuíam, como afirma Helmut Koester em História
e cultura do cristianismo primitivo, pag. 192. Se era assim na
época deles, imagine como devia ser naquele “início dos inícios”, em que os
primeiros machos e fêmeas eram ainda meio animais e meio humanos. Em terceiro
lugar, a ciência diz que entre o reino animal 25% por cento são híbridos, isto
é, misturados num só animal os dois sexos. E ainda: em todas as culturas
ancestrais dos seres humanos tem havido a mesma proporção da mesma hibridez.
Percorrendo a história da Grécia e de Roma fica evidente essa narrativa. Então,
o “mito” que Deus os formou “homem e mulher” estaria só na cabeça do redator,
mas não estava escrito nem na criação seja da mãe natureza, seja do
Pai-Deus criador.
P. Casimiro João
smbn www.paroquiadechapadinha.blogspot.com.br
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