Está quase
terminando a campanha eleitoral. Deve ter sido a mais complexa que Chapadinha
viveu. Tanto para eleitores como para candidatos. A bipolarização das
candidaturas à Prefeitura facilitou a competitividade, extremou as posições,
radicalizou as atitudes e fez que as propostas se dissolvessem em propaganda
agressiva e incômoda demais para a população. Preferiu-se a bagunça à ordem, a
baixaria à educação, as demonstrações de valentia injuriosa ao respeito mútuo.
Seja-nos lícito, agora, fazer uma análise fundamentada no que sentimos no
ambiente e facilitar a reflexão das comunidades católicas:
1)- “A Igreja
não pode deixar de se preocupar pelo bem comum dos povos e, em especial, pela
defesa de princípios éticos”. O laicismo materialista, o relativismo ético e a
ignorância interesseira tentam desviar o trabalho pastoral desta preocupação
para se proporem eles como fundamento da democracia. Mas a vida cristã não se
pode expressar só nas virtudes pessoais, mas também nas virtudes sociais e
políticas. Tudo isto é afirmado no documento da Aparecida. Não devemos fugir da
realidade que vivemos, fomentando o intimismo e o individualismo religioso. Por
isso, nossa Paróquia trabalha para formar as consciências e ser advogada da
justiça e da verdade e educar nas virtudes individuais e políticas, a conselho
do Papa Bento XVI. Custe a quem custar, mas não abdicaremos das indicações de
nossa Igreja.
2)- “É aos
leigos que compete ser conscientes de sua responsabilidade na vida pública.
Devem estar presentes na formação dos consensos necessários e na oposição
contra as injustiças” (Bento XVI em Aparecida). Não tememos em afirmar que
estão saindo de nossa comunidade, com prática religiosa, candidatos honestos
com compromisso social e com a força da fé que, mesmo sem usar a palavra
exclusivista “irmão”, se merecerem o voto dos eleitores, irão trabalhar pelo
bem comum.
3)- Para
todos, eleitores e candidatos, esta campanha foi complexa. O candidato a
Prefeito surgiu desgastado pelo exercício do poder, depois de apoiar uma
Administração Municipal frustrante e vergonhosa e com necessidade de se
defender de processos que lhe foram promovidos. A candidata apareceu sem
experiência pública, mais confiada no dinheiro que em sensibilidade social e
apoiada por liderança política reconhecida, oficialmente, como “ficha suja”,
com demonstração, no passado, de incompetência administrativa. Ambos, julgamos,
sem exemplar comportamento familiar e, alguém, até, com promoção e
aproveitamento da promiscuidade e da infidelidade conjugal. Isto num ambiente
em que é indispensável o incentivo e a promoção de políticas públicas que
respondam aos direitos da família como sujeito social imprescindível. A família
faz parte do bem dos povos e da humanidade inteira.
4)- Os
candidatos viram-se obrigados a recorrer a um excessivo e perturbador barulho,
a uma preocupante, suscitada e aceite
alienação popular, a uma agressiva e selvagem propaganda quer nas
músicas, quer nos confrontos de palanque. Preferiu-se a bagunça à ordem, a
baixaria à educação, as demonstrações de valentia injuriosa ao respeito mútuo
pela população e pela diversidade de opiniões. Tudo isso, ofensivo à dignidade
pública. Da parte da população notou-se mais inclinação para a folia que para a
responsabilidade cívica, mais entusiasmo na alienação que propensão para a
reflexão. Assim, a população consciente
teve ou tem dificuldade em fazer sua opção de voto e as coligações acharam-se
no direito de usar e abusar do barulho ensurdecedor, da exagerada panfletagem,
do impossível festival de foguetes, do jeito populista de alienar multidões.
Gastos enormes, exagerados demais e que vão prejudicar o desenvolvimento na
futura administração. Pensemos bem qual é a origem de todos esses dinheiros que
estão a ser queimados agora.
5) – É
importante e deve preocupar-nos a escolha dos nossos futuros representantes,
tanto na Prefeitura como na Câmara. Interessa ao Município, na Prefeitura, uma
pessoa que, com intrepidez, trabalhe pelo desenvolvimento sem perseguir
pessoas. Que sirva e não se sirva. Mas, para a Câmara, será também necessário
que escolhamos pessoas não viciadas na corrupção, capazes de reprovar o que já
foi reprovado pelo Tribunal de Contas, que tenham propostas válidas para o
Município, preocupadas pelo bem comum e inquietadas pela degradação da
dignidade pessoal com a droga, a prostituição, o álcool e as sutis miragens de
felicidade.
6) -
Democracia não é só o povo escolher representantes. É também contínua
participação ativa e responsável. É perpétuo exercício da cidadania. É
compromisso com o bem comum. A paróquia tem consciência do esforço que tem
feito para formar a consciência pública e evangelizar a dimensão social das
pessoas, onde é importante a ação política. Não é arbitrariedade dos agentes de
pastoral, mas seu dever indeclinável, formar para a participação, para a paz e
a para a solidariedade, além de fazer oposição às injustiças, denunciar abusos
graves, sistemas de perseguição, satisfação criminosa das exigências dos
agiotas, compra de votos, falta de transparência na administração e passividade
perante a urgente problemática do Município. A campanha eleitoral devia ter
sido um tempo de reflexão e educação para uma melhor democracia. Mas, cremos,
que não foi. Não houve respeito pelas diferenças e não se auscultou os anseios
da população. Predominaram as demonstrações de espíritos centralizadores e de
incompetências atrevidas. Falaram alto demais a busca de interesses individuais
e a baderna de tipo carnavalesco que excita o ambiente, cria confronto de
grupos, abafa a reflexão e aliena as pessoas. Por sua vez, a população
entusiasmou-se demais, preferiu a folia à reflexão, apreciou mais carteiras
cheias que cabeças pensantes, inclinou-se mais para interesses individuais que
para o bem comum e predominou a falta de exigências morais aos candidatos, o
que, no futuro, trará consequências graves.
7) - Um
candidato nunca surge sozinho. Se aparece, é porque alguém se junta a ele no
apoio e na organização do futuro, dentro de um partido. O candidato vale o que
vale o seu grupo. Com ele surgiu e planeja e com ele vai ficar e trabalhar.
Seja lícito e recomendável à comunidade católica ter isto como uma evidência. E
seja-lhe também legítimo e de toda a conveniência consultar a memória do passado
e lembrar exageros de concentração do poder, muita corrupção, contas da
Secretaria de Saúde reprovadas e vingadas, agressões e invasão da residência
sacerdotal, prejuízo em terrenos, falta de fidelidade em compromissos
assumidos; durante anos impossibilitada de fazer o festejo da Padroeira, a
educação esquecida, a segurança desprezada, os direitos dos trabalhadores não
respeitados e os missionários ameaçados e perseguidos. Ao escolher devemos ter
isto presente e saber de que lado veio. Quem não o fizer será pior que o
pássaro “caburé” que, quando canta, sempre fica olhando em frente e para trás.
A prevenção de ocorrências insanas e de prepotências vingativas devem ser,
mentalmente, prevenidas e, inteligentemente, evitadas. Tememos que, no auge da vitória, haja
exageros. Responsabilizamos os grupos políticos por tudo que acontecer de
desagradável.
8) –
Agradecemos a atenção que todos, mais ou menos, tiveram durante o festejo da
Padroeira para não perturbar as atividades da comunidade. Mas lamentamos que as
carreatas tenham exagerado na perturbação da ordem e do sossego público e
puxado para a bebedeira e vícios de baixaria inadmissível. Achamos que se
deixou ir longe demais a arbitrariedade. Letras de músicas e outros excessos
poderiam ter revelado mais educação. Se os “showmicios” são proibidos também as
“showrreatas” o deviam ser. Quem não respeita o sossego da população em geral
e, em particular, dos doentes e idosos, como conseguirá demonstrar que depois
vai respeitar os direitos dos cidadãos? Hoje, com tantos meios sociais de comunicação,
já não devia ser permitido barulho tão perturbador.
9) – A
comunidade católica, através da equipe sacerdotal e das pastorais, fez todo o
esforço para respeitar a liberdade das pessoas e não intervir em política partidária.
A comunidade sai da campanha eleitoral com sua comunhão ferida, mas
trabalharemos para tudo recompor. Não temos culpa se, por razões morais e
temperamentais, alguns candidatos oferecem mais proximidade, mais
possibilidades de diálogo e de educação que outros. Se houve reuniões de
pessoas integradas em Pastorais e Movimentos, isso não prova adesão, mas
legítima preocupação por causa de reboliços abusivos e perturbadores que andam
no ar. Os Padres e a Paróquia não se fecharam em partidarismo. Respeitam
a liberdade dos eleitores, embora se sintam na obrigação de lembrar que a
Igreja é para todos, mas não pode servir para tudo, nem concordar com
comportamentos que favorecem o contrário de sua tradicional moral.
10)-Desejamos,
ao terminar, pedir que se evolua no respeito pela diversidade. É revoltante
alguém fingir que ajuda as comunidades para depois ir cobrar apoio político.
Quem for eleito não se julgue senhor do que é público. Não se use e abuse tanto
da alienação popular. Incentivamos todos a votar e a se sentirem cidadãos no
dia das eleições e sempre. Depois de tanto entusiasmo, ninguém adormeça no
desinteresse. Ninguém encaroce em resignação perante o mal. Não deixemos que os
eleitos possam governar sem transparência, pagar a vereadores para aprovarem
contas reprovadas pelo Tribunal de Contas, pagar aos agiotas e retirar o que
agora andam, excessivamente, gastando na campanha. A população deve organizar-se
e a oposição não deve desaparecer, mas continuarem lutando, em colaboração de
opiniões e denúncias, para uma melhor procura do bem comum.
A algumas
notas que vieram a público na internet não respondemos pela sua
insignificância. Os amigos analisam e
aconselham. Os presunçosos apaixonados inventam, criticam e condenam. Esperamos
que cresçam na responsabilidade.
Nenhum comentário:
Postar um comentário