SANTAS MISSÕES POPULARES
E, na hora das eleições políticas, onde está o compromisso com o bem comum? E será que há exigências morais para nossa escolha ou apenas valem as promessas ou algum dinheiro? E as pessoas eleitas que se dizem católicas fazem diferença das que não são católicas?
E, mesmo entre as pessoas que freqüentam os atos litúrgicos, haverá muita diferença das que não praticam? Porque será que há tantas pessoas que se confessam quando casam e nunca mais? Porque será que muitos vêm à missa só para batizar filho ou ser padrinho e nunca mais? As reuniões de preparação para os sacramentos são bem aceites ou as pessoas o que querem é só receber os sacramentos como atos mágicos?
2- O QUE SÃO AS SANTAS MISSÕES POPULARES?
A vida é um valor. Não a podemos desperdiçar. Mas o hábito, a repetição, a rotina... sem algum esforço de renovação e abertura ao Espírito, fazem-nos perder o entusiasmo e ficar na superfície ou no mais fácil da religião. Nossa sociedade tem muitas coisas boas. Mas quanta coisa errada! A influência dos ambientes, o relativismo que nos diz que de qualquer jeito serve, a falta de compromisso que nos arrasta para o menor esforço... e assim vem a mediocridade, a banalidade de vida, o arquivar a fé e dar lugar à idolatria: ao prazer, ao ter e ao poder. Quantas falhas, medo e tantos sinais de covardia! Sonhamos alto, mas depois nos arrastamos pelo chão! Entramos no comodismo.
Precisamos despertar energias adormecidas, articular forças inativas e movimentar possibilidades que nunca foram exercitadas. A Santa Missão Popular é uma sacudida, um acordar para nos ajudar a sentir e a viver a beleza de nossa vocação cristã. Na Bíblia, os Profetas, Jesus e os apóstolos comunicaram o grito da urgência da Vontade divina. Na Igreja,a Tradição, a vivência dos Santos/a, os Concílios (para nós, sobretudo, Vaticano II), as reuniões do Episcopado da América Latina (Medellin, Puebla, S. Domingos, Aparecida), foram momentos altos que nos chamam a atenção para uma vida cristã séria. O catolicismo não é uma religião sel-service, em que cada um só aceita o que lhe agrada.
3- NOSSA ÉPOCA É PERIGOSA
A Santa Missão Popular é um tempo especial de parada, de reflexão, de decisão. Temos que analisar o presente, olhar para o futuro e ver a influência de nossas tradições. Precisamos dar o lugar central de todo o nosso viver a Cristo. Ele está vivo hoje. É o Princípio e Fim de tudo. É a solução a nossos problemas, é a razão do nosso viver, é o Centro e será o Fim da História. Cristo é a grande manifestação divina na História Humana. Não é um Ser do passado. É nosso contemporâneo. É de hoje. Está vivo e ativo. A Igreja não continua Jesus, como se ele ficasse arrumado no passado e agora é ela que O substitui. Não. A Igreja, através de palavras, sinais, acontecimentos... atualiza a presença e a ação salvífica de Jesus. “Eis que estarei convosco, todos os dias, até o fim...” ( )Sacramentalmente, isto é, o invisível da garça transmite-se hoje através da visibilidade dos sacramentos.
O cristão devia ser um apaixonado pela Missão de Jesus hoje. Encarnamos esta missão no nosso compromisso de batizados. Mergulhamos nossa vida no sagrado. Agora não podemos viver de qualquer maneira. Não podemos pensar que só somos cristãos quando participamos de ações litúrgicas ou de celebrações na igreja ou capela.
4-OBJETIVOS DA SANTA MISSÃO POPULAR
Através da partilha de testemunhos, da reflexão pessoal e do contato, mais profundo, com o Evangelho somos convidados a despertar de nossa sonolência religiosa, de nossa apatia e desinteresse e a abrirmo-nos ao Espírito. A S.M.P. é um renovado encontro com Deus, um misericordioso abraço com Cristo, um feliz e profunda experiência mística com Deus.
Toda a nossa vida é missão. E a Igreja é serviço à Missão de Cristo. Na Igreja todos somos missionários, como Cristo foi o Missionário do Pai. “Ide por todo o mundo e anunciai a Boa Nova e batizai... (Mat.28
Somos enviados: ao nosso interior onde há muitos espaços onde Deus não manda. Somos enviados a outros para que conheçam melhor a Palavra de |Deus. Somos enviados a nossos ambientes para os renovar pelo Evangelho. Temos que destruir muros, derrubar barreiras ou muralhas que nos separam de Deus, dos outros e da felicidade verdadeira. A S.M.P. defende a vida, cultiva relações pessoais mais autênticas, fraternas e solidárias.
A Missão é “Santa” porque é hora de Deus para nos transmitir a graça. É “Missão” porque é o Espírito que nos envia a ser missionários, como Cristo foi Missionário do Pai. É “Popular”, porque todos somos enviados. Não é coisa dos padres ou dos dirigentes da comunidade. É de todos.
5-O POUCO COM DEUS É MUITO, O MUITO SEM DEUS É NADA
Nada somos sem Deus. Por isso, devemos saber agradecer, partilhar com outros esses dons, sentirmo-nos alegres... Abrir a vida a Deus. Deus sem mim é Deus. Eu, sem Deus, não sou nada. Nossa fé ou se apega a outros, ou se apaga. Nosso viver ou contagia pessoas e ambientes ou é sinal que não tem Deus. A S.M.P. é um tempo de gratidão, de alegria partilhada, festa popular religiosa, grande manifestação da presença de Deus no nosso meio. Seu grande objetivo é acolher a graça de Deus e converter nossa vida ao amoroso projeto divino. Mas não pensemos que S.M.P. é algo de mágico que tudo consegue sem nossa participação, que é uma promoção do céu mais barata do que está no Evangelho, que é uma campanha barulhenta a suscitar entusiasmo carnavalesco e passageiro... Não não podemos inutilizar esta santa oportunidade.
“Santas” porque são um tempo especial de graça e salvação (2Corint.6,2). Atualizam em determinado lugar e a pessoas concretas a Missão de Jesus que é santa (Jo.4,34;Lc.4,14-21).
“Missões” porque é tempo para todos serem enviados, tempo para o amor que temos a Deus nos empurrar para darmos testemunho dele. É tempo de andar, de visitar, “de caminhar, deixar tudo, sair de si, quebrar a crosta do egoísmo que nos fecha no nosso eu” (D. Helder da Câmara)
“Populares” porque acontecem no meio do povo e com o povo. Conhecida a realidade social, familiar e cultural do ambiente, as SMP são convite insistente para que todos se convertam e transformem suas vidas (Mt.25,3146)
2)- METODOLOGIA DAS SMP.
Nada de bom se pode fazer sem programação. É preciso escolher o melhor caminho para chegar a determinado lugar. Assim também, para se atingir os objetivos desejados nas SMP temos que buscar o método que nos parece ser o melhor, senão vamos ter confusão, trabalhar em vão, perder tempo e energias e ter fraco resultado. A experiência já foi feita, testada e não se deve fugir desse método sem graves motivos. Toda a metodologia que se deve usar vem bem descrita no livro do P. Mosconi exatamente sobre as santas SMP. Cada pessoa, ou a menos cada grupo, deve possuir esse livro.3)- CONTEÚDO DAS SMP
3)- CONTEÚDO DAS SMP
Dois são os eixos nos quais se deve fazer rolar as SMP.
a)- Criar uma mística – apaixonar-se por Jesus, entusiasmar-se pelo Seu seguimento, desejar uma santidade de vida em profunda comunhão com Cristo. Fazer as SMP sem esta alegria de viver em Cristo e expressar entusiasmo nos cânticos, na zoada, em movimento social... é pura ilusão. É como levar um andor numa procissão, bem enfeitado, bonitinho, mas onde se esqueceu colocar o santo. É como desejar oferecer um bom jantar a amigos, não se esquecer de fazer a comida.
b)- Ter uma militância. Jesus não nos deixou sua palavra para a Igreja a guardar bem guardadinha. Não. Foi para nós a praticarmos e a comunicarmos. A Igreja não é armazém nem museu para guardar o passado.Jesus deixou-nos a tarefa de levar a Sua Palavra até os confins do mundo. O cristão verdadeiro tem que meter ombros a esta tarefa. “Felizes os pobres em espírito”(Mat.5,3). São felizes aqueles que se deixam encher de graça, que ficam repletos do espírito de Deus. Deus não gosta do pobre porque ele tem pouco dinheiro, mas porque, sendo desprendido, tem possibilidade de amar mais. Vida simples, sem ganância, sem ambições desmedidas, sem falsas pretensões, sem miséria nem consumismo. O livro da Sabedoria pede para não sermos tão pobres que temos que roubar para viver, nem tão ricos que pensemos que já podemos dispensarmos de Deus (Sab.30,8-9)
Jesus faz um apelo a todos. Somos peregrinos. Temos uma meta e, por isso, não podemos prender-nos durante o caminho. O estilo de vida simples exige esforço. Amor exige também sofrimento. Os gregos compreendiam muito bem isso. A palavra “ágape” que significa “amor” tem a sua origem em “agon” que significa sofrimento, dor. Só em vida em Deus dá alegria verdadeira. Só em Deus temos festa, felicidade e prazer duradouro. Sem Deus, nada somos.
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