sábado, 18 de abril de 2020

A CRUZ DE JESUS FOI PREPARADA POR HOMENS E NÃO POR DEUS

Muitos se perguntam e nos perguntamos que diferença faz num trabalho, fábrica, universidade, hospital, médicos, enfermeiras entre ser cristão e não cristão? Precisam de Deus para ser o que são?

Pergunta séria. O que significa precisar ? Por ventura de um Deus “tapa-buracos”? Substitutivo no caso de insucessos ou infelicidades? De um Deus tirânico para cumprir só por cumprir em “honrá-lo” esquecendo que o principal que Deus quer é a “dignidade humana”?

De um Deus que num acidente qualquer, até por comprovada culpa humana, a gente diz “é a vontade de Deus”?  Não será isso com frequência blasfêmia contra Deus atribuir à vontade de Deus coisas que são frutos dos pecados humanos?

Gente de muitas religiões abusaram muitas vezes do nome de Deus, pondo a perder a honra e a dignidade e a felicidade humana, escravizando o homem, impondo ao homem e principalmente à mulher cargas que nada tem a ver com a vontade de Deus. 

Sendo assim, temos que compreender que quando uma pessoa sincera diz que não crê em Deus está se referindo a esse “Deus” desumano e escravizador, ou “tapa-buracos” como é entendido por muita gente.

Desta afirmação que não adéqua com o conceito de Deus como sendo também vingador é que vem a ideia que ele exigiu o sacrifício de Jesus na cruz.

Por outro lado, nos conceitos das teologias do Antigo Testamento encontramos tanto a raiva e a vingança de Deus, como a afirmação de que ele não é deus de raiva, e de vingança, mas só de perdão e de companheirismo. E Jesus veio confirmar isto com a sua vida e ação, como no caso do filho pródigo. (Lc. 15,11)

E nas primeiras teologias de São Paulo ele refletiu dois princípios: o primeiro, a abolição da Lei, isto é, a salvação não vinha da Lei; e o segundo, a salvação vem só pela fé.

A salvação não vinha da Lei significa que  após a vinda de Jesus, acabou o valor da Lei, ou Torá. A salvação vinha pela fé quer dizer que com a vinda de Jesus já não é mais a Lei ou Torá que salva mas só a ação e a graça de Jesus, numa palavra, a aceitação de Jesus como salvador. Vem daí o jargão: “Só Jesus salva”.

Mas como para São Paulo a ação mais importante de Jesus foi a entrega na cruz, resumiu e colocou toda a força na cruz de Jesus como salvação para todos, esquecendo, digamos assim,  toda a vida de Jesus com a mesma força salvadora. 

Paulo era um continuador da religião dos seus pais; mesmo como apóstolo dos pagãos continuava sendo Paulo, o israelita, como diz James Dunn.

É um paralelo com as “tentações” de Jesus: os evangelhos resumem tudo nesse quadro, enquanto que essas tentações estavam em toda a vida de Jesus como estão nas nossas vidas: “ou ir atrás da fama, da ganância e do prestígio,  ou não desistir da entrega da vida pelos irmãos”. 

E nesta entrega da vida de todos os dias é que Jesus foi colocando sua cabeça a prêmio.

Por isso a afirmação do início: A cruz de Jesus foi preparada por homens e não por Deus.





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