Se cremos que Jesus morreu e
ressuscitou, cremos também que Deus levará consigo os que morreram. Eis o que
vos declaramos conforme a palavra do Senhor, por ocasião do retorno do Senhor, nós
que ficamos ainda vivos não precederemos os mortos.
Quando for dado o sinal, à voz do
arcanjo e ao sinal da trombeta, o mesmo Senhor descerá do céu, e os que
morreram em Cristo ressurgirão primeiro, depois nós, os vivos, que ainda
estamos na terra, seremos arrebatados juntamente com eles sobre as nuvens ao
encontro do Senhor nos ares e assim estaremos para sempre com o Senhor.
Consolai-vos uns aos outros com estas palavras” (1.Tes.4, 13-18).
Esta
expectativa da proximidade da volta ou retorno do Senhor é um elemento
integrante do pensamento teológico de São Paulo desde as suas primeiras Cartas
(1.Tes.4,13-18) até as últimas, como Rom. 13,11 e Fil;3,20).
Porque
falamos desde as primeiras Cartas? É que de fato, as Cartas aos
Tessalonicenses são as duas primeiras peças dos escritos cristãos de
todo o Novo Testamento mesmo antes dos
evangelhos. A 1 Tes. foi escrita no ano 50 d.C. 17 anos após a conversão de São
Paulo à comunidade de Tessalônica, constituída por não mais de 20 pessoas.
Duas
observações a fazer. A primeira é que São Paulo usou a linguagem figurada
apocalíptica do Antigo Testamento para falar sobre o imaginário do “retorno” de
Cristo. Segundo, porque é que São Paulo fala “aqueles que já morreram”? e: “consolai-vos uns aos outros com estas
palavras”?
É
porque tinha havido uma peste na cidade e tinham morrido muitos irmãos de
Tessalônica, e como eles estavam no aguardo do retorno de Cristo em breve,
pensavam que só eles iriam ao encontro de Cristo e os mortos não. Aí São Paulo
os acalma dizendo, tenham calma, eles também irão ao encontro de Cristo, e em
primeiro lugar.
E
você pergunta: Mas esse Jesus nunca voltou assim como eles esperavam. Tem
razão. Daí nasceram quatro atitudes. A primeira: vamos aguardando, que a data
há de chegar. A segunda: isso nunca vai acontecer, tirem o cavalo da chuva. A
terceira: essa vinda está chegando, é a vinda de Jesus por meio do seu Espírito
que ele prometeu.
É
ele que vem com a força desse Espírito que ele chama Espirito Santo que
fortalece, que ilumina e que recorda tudo o que ele ensinou: “Ele me glorificará porque receberá do que é
meu e lhes ensinará; tudo o que o Pai possui é meu, por isso eu disse, há de
receber do que é meu e lhes anunciará” (Jo.16,14-15).
E
os da quarta atitude preferiram empurrar tudo para o final dos tempos,
trazendo à memória o mesmo retorno que vinha já do Antigo Testamento como “a
vingança de Deus” para premiar o sofrimento dos justos e para o castigo do
opressor.
E
foram buscar a sentença do salmo 90,4 que diz: “mil anos para Deus são como o dia de ontem que já passou” (Sl.90,4). A
segunda Carta de Pedro a reproduz: “Mas
há uma coisa, irmãos de que não vos deveis esquecer: um dia diante do Senhor é
como 1000 anos, e 1000 anos como um dia”.(2 Pd.3,8).
O
“retorno de Jesus” que está ainda no imaginário de muitas seitas cristãs e quem sabe de muitos
católicos tem o seu contexto tirado do oráculo que retrata Jesus retornando
feito um governador quando voltava de uma viagem, como acontecia na época de
Jesus. Os súditos saíam para saudá-lo, seja ele o rei, a rainha, ou o
governador, e o acompanhavam em cortejo triunfal até a sua cidade.
Este
é o termo oficial para “ir ao encontro do Senhor”, também chamado depois
de “parusía”, que está muito irmanado com a “escatologia” e “apocalíptica” do
Antigo Testamento, que é a expectativa da vinda de Deus na figura de um Messias
(ungido) que daria a vitória final a Israel como povo de Deus e vingança aos
seus inimigos.
A
apocalíptica de hoje tem em mistura essas quatro atitudes diluídas que fazem
parte ainda hoje do nosso imaginário, com o qual a teologia continua-se
debatendo.
P.Casimiro smbn
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