domingo, 26 de dezembro de 2021

“Emanuel”, antes de ser Emanuel era emanú, um grito de guerra, veja mais.

Antigamente, as guerras faziam parte da vida cotidiana dos povos, digamos, como hoje o futebol. E eram o esporte preferido e único dos reis, e seu passatempo. “No retorno do ano, na época em que os reis costumam fazer a guerra, Davi enviou Joab, e com ele a sua guarda e todo Israel e eles massacraram os amonitas” (II Sam.11,1)

 Para iniciar o ataque da guerra cada povo tinha o seu grito de avançar contra o inimigo. O grito de Israel era “emanú”. O comandante gritava “emanú”(que significava “quem conosco”? e os saldados respondiam .......................                                                 ‘El”, que significava: “Deus”. E isto por quê? É porque antes de Javé ser o Deus de Israel, o primeiro deus de Israel tinha sido “El”, ou “Elohin” no plural. Daí veio a palavra Emanuel. De um  grito de guerra passou a significar a presença de Deus no meio do povo.(Cf. www.paroquiadechapadinha.blogspot.com.br 4/3/18).

 Na época do primeiro Isaías, o rei Acaz estava acuado e ameaçado por dois reinos  e dois reis que iriam avançar contra ele: o reino do norte e o reino da Síria. O profeta então correu para dar-lhe conselhos e coragem. “Assim falou Javé: peça para você um sinal, quer seja na profundeza dos mares ou nas alturas do céu. Acaz respondeu, não vou pedir, e não tentarei a Javé. Respondeu Isaias: Pois saiba que Javé lhes dará um sinal: a jovem conceberá e dará à luz um filho e o chamará pelo nome de Emanuel” (Is. 7, 11-14).

 Na verdade, com essa história, o profeta mudou o nome de um filho do rei para Emanuel, que seria o mesmo nome das vitórias das guerras. Esse filho ainda estava no ventre da jovem grávida, esposa de Acaz. Foi o passo para fazer o paralelo para épocas futuras, quando apareceu o mensageiro do céu à mãe de Jesus, e que o filho Jesus seria o Emanuel que significa Deus conosco.

 O evangelho de Mateus foi buscar esta passagem para a origem de Jesus; “A origem de Jesus foi assim: Maria, sua mãe, estava desposada com José. Antes de viverem juntos aconteceu que ela concebeu pela virtude do Espirito Santo. José, seu esposo que era um homem justo, não querendo denunciá-la, resolveu deixar Maria em segredo. O anjo do Senhor apareceu-lhe em sonhos e lhe disse: José filho de Davi não temas receber Maria por tua esposa, pois o que nela foi concebido vem do Espírito Santo. Tudo isto aconteceu para se cumprir  o que o Senhor falou pelo profeta: eis que uma virgem conceberá e dará à luz um filho, que se chamará Emanuel, que significa Deus conosco” (Mt.1,18-24).

 Na verdade, esse grito é a continuação do povo do Antigo Testamento que tudo atribuía a Deus na teocracia em que eles viviam. As vitórias vinham de Deus, e não dos homens, como falavam em suas orações dos Salmos: Não são carros e cavalos que dão a vitória ao rei”...(Sl.20,7). “Em vão vigiam as sentinelas se o Senhor não guardar a cidade”(Salmo 127,1).

Partindo desta narrativa, a Igreja tem visto nessa jovem grávida a virgem Maria, mãe de Jesus. E isso resultou nos nomes mais floreados com que se tem prestigiado e adornado o nome de Nossa Senhora: Nossa Senhora da Vitória, NªSªda Ajuda, do Amparo, do Socorro, Auxiliadora, da Boa Hora, da Boa Viagem, do Bom Conselho, do Bom Despacho, do Bom Sucesso, da Esperança, da Luz, da Consolação, dos Desamparados, Desatadora dos Nós, das Dores, da Piedade, da Estrela, Rainha, da Glória, N.S. da Glória, da Lampadosa, do Livramento, das Mercês, da Misericórdia, dos Navegantes, dos Remédios, da Saúde, sabendo que todas as nossas senhoras são a mesma Mãe de Deus, como canta o rei Roberto Carlos.

 E digamos, não foi só em vida que Jesus foi considerado o Emanuel, o Deus conosco, mas também na cruz e na morte. O grito abafado na cruz e escondido na morte fez-se ecoar quando Deus o ressuscitou. E, como frisa e evangelho, “segundo as escrituras”. Porque segundo as Escrituras, o grito da vitória de “Emanuel” já estava-lhe garantido.

 Lembremos que o Evangelho de Mateus é um evangelho de judeus cristãos. E foi nessa linha e nessa tradição teocrática que eles transmitiram essa teologia. Por isso ao nome de Jesus que quer dizer “Deus salva” foi também aplicado o nome de “Emanuel” pelos primeiros cristãos.

O Filho da Virgem Mãe será chamado Emanuel. Se no diálogo de Isaías com Acaz esse nome poderia lembrar apenas um grito de guerra, aqui devido à teologia do evangelho de Mateus ganhou um significado para o Messias. (Cf.www.paroquiadechapadinha.blogspot.com.br 16/03/2016)

(Cf. também P.Emanuel Cordeiro Costa – Cert.de Reg. de averb.na Fundação Biblioteca Nac.(EDA) N.527.761, Lv. 1002 fl.320).

P.Casimiro João   smbn

www.paroquiadechapadinha.blogspot.com.br

 

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