Deus é eterna pergunta; as respostas
nunca chegam a responder. A teologia atual diz que a resposta é sempre o fruto
de uma experiência desse Deus irrespondível. (Cf: E.Schillebeekx, “Jesus, a
história de um Vivente”, p.20-22; H.Kung “Teologia a caminho, p.135). Sempre
houve homens e mulheres com experiências mais vivas de Deus. Alguns escreveram
livros, outros só deixaram discípulos. Entre os judeus, que eram agricultores,
eles tiveram uma experiência de um deus agricultor que criou o homem num
jardim. Mais à frente tiveram a experiência de um deus guerreiro com a
experiência do faraó no Egito e com a experiência da monarquia de Davi. O
primeiro deus era El, o deus da montanha e da agricultura. O segundo foi
Javé, o deus da guerra e dos exércitos (Sabaoth). O vizinhos e
antepassados deles, os sumérios começaram também com o mesmo deus “El”
da agricultura e da fecundidade. Os gregos tiveram o deus do fogo que acabou
sendo roubado por um deus revoltado, o famoso Prometheu que trouxe o fogo para
a terra. Pandora a mulher do ladrão do fogo espalhou os males na terra porque
recebeu uma caixa com todos os males, e quando foi abrir a caixa espalhou os
males no mundo, quase assim como fez a Eva na Biblia dos judeus. Os gregos
cultivavam a sabedoria, que era representada pelo fogo. Mais à frente,
concentraram a sabedoria no Logos, deus da sabedoria, principio sem
princípio e existente antes de todas as coisas. Sabedoria que tudo criou.
Os chineses tiveram a experiência da
harmonia do universo. O deus Panku era o dono de um machado que dividiu o mundo
entre céu e Terra. Panku era a consciência do Universo. Para os chineses a
sabedoria conta mais do que a santidade. Por isso cultivavam a harmonia entre o
mundo e o espirito. O mestre Confúcio foi o primeiro a publicar a grande máxima
dos chineses: “Não faças a ninguém o que
não queres que te façam”. Ele divulgou o principio do Tao ou Taoismo que representa o equilibrio das forças positivas e negativas do universo.
Os índios da América do Sul tinham o
deus Tupã, deus das matas e das florestas e dos frutos. As matas mais fechadas
se abriam por elas mesmas para lhe dar passagem. A um aceno seu se acalmavam os
ventos mais desencadeados. Quando o mar estava furioso, um simples gesto de sua
mão lhe impunha obediência. Nessa experiências das matas e dos mares e dos
frutos, o símbolo maior é o Cocar, confeccionado de penas de aves e plantas só
existentes na Amazônia.
Já para os Japoneses, cercados de água
e cujo país é um aglomerado de ilhas e mar, é o deus Kami, o deus dos
kamikazes, que é o deus dos pescadores. Das águas e dos mares. É ele que dá aos
homens o equilíbrio entre os homens e a natureza. Ele também é o deus da
agricultura e do arroz. Os japoneses mostram o seu talento para o trabalho
porque produz riqueza por meio do deus Kami tendo um martelo na mão. A cada
martelada faz surgir moedas de ouro, e a martelada representa o trabalho.
Nesta breve exposição vimos como a
experiência que os homens tinham de Deus é resultado das suas experiências com
o meio ambiente, de onde partem para o ser superior. Uns se baseiam na
agricultura, outros nos rios e matas, outros na floresta, e outros na
sabedoria. Um dia Jesus perguntou aos discípulos o que pensavam de sua pessoa,
quem ele era? Pedro de imediato deu uma resposta: o Messias, o filho de Deus. E
pela sequência fica bem claro qual era o conceito de Messias que ele tinha na
cabeça, e que estava na cabeça de todo mundo: um rei guerreiro enviado por Deus
para restaurar o Israel e sujeitar todas as nações ao seu domínio. Portanto,
Pedro tinha na cabeça a experiência de Israel, o deus guerreiro da época
gloriosa da monarquia de Davi. E de quebra, o Messias enviado por Deus devia
ser o mesmo terrível monarca e invencível guerreiro e imperador.
Que isto estava na cabeça dos
discípulos fica claro no episódio dos filhos de Zebedeu, que junto com a mãe se
dirigiram a Jesus para que, no seu reino colocasse eles dois, “um à direita e
outro à esquerda". (Mc.10,35-45). A resposta de Jesus foi decepcionante
para eles. Exatamente como a resposta ao Pedro a quem disse que estava fazendo
o papel dos “demônios”, i.é, desviando-o de seu propósito, quando Pedro lhe
falou que ele não era Messias para sofrer: “Afasta
te de mim, você está sendo para mim como um satanás”(Mt.16,20). Não foi
suficiente a lição, porque nos Atos dos Apóstolos, no relato da Ascensão, todos
eles gritaram em coro: “É agora que vais
restaurar o Reino de Israel”? (At.1,6).
Já houve tempo em que havia da parte de
algumas figuras humanas a convicção de que tinham a resposta certa sobre Deus. “À
maneira do Coran”, o livro do Islão que os islamitas pensam que é a resposta certa
de Deus que teria mandado um Anjo, o anjo Gabriel para escrevê-lo, e portanto
nada se pode mudar dele; por isso eles são o ponto do fundamentalismo mais terrível
do mundo ainda hoje. Simultaneamente e paralelamente antes do Concílio Vaticano
II nas Igrejas cristãs e católica reinava essa mesma ideia, o que hoje já não é
mais sustentável. A não ser em algumas minorias que ainda têm a cabeça de há
1500 anos atrás, ou então a cabeça dos fundamentalistas islâmicos. Enquanto que
a teologia chegou ao consenso de que a resposta de Deus é o fruto elaborado de
homens e mulheres que desenvolveram experiências mais vivas de Deus.
(Schillebeebkx e H.Kung, oo.cc.p. 20-22 e pag.153 respectivamente). E nisto se
baseia o novo conceito de "revelação" universal, com o corolário de
salvação universal, que não se limita ao povo de Israel mas se estende também aos
outros povos e suas “bíblias”, como delineado
pelo Vaticano II, (L.G. n.16) e Pontifícia comissão Biblica, 1993, pp.40-41).
Conclusão.
Deus é eterna pergunta; as respostas nunca chegam a responder. Deus é maior do
que todas as palavras. Deus não pode ser domesticado por nenhuma religião e não é propriedade de nenhuma religião.
P.Casimiro João smbn
www.paroquiadechapadinha.blogspot.com.br
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