Esta afirmação é de Dietrich
Bonhoeffer, teólogo luterano, morto no campo de concentração nazista da Alemanha. Foi
parafraseada pelo sacerdote, teólogo e filósofo jesuíta Roger Lenaers nas suas
publicações, e leva-nos ao simbolismo do desenvolvimento da criança para o
adulto, e à evolução da humanidade desde
os primeiros humanoides até hoje. Vamos ao primeiro item, que são as fases do
desenvolvimento da criança. A primeira fase: desde o embrião até o feto, esse
ser faz uma só coisa com a genitora mãe. O elo de ligação é abrangente mas
concretizado num ícone vital que é o
cordão umbilical. O cordão umbilical é o elemento físico e biológico da
alimentação, mas todo o ser intrauterino se alimenta psicoefetivamente e
emocionalmente do total do ser materno.
Sem a mãe não poderia ir em frente na vida. O “eu” ainda não funciona e não tem
consciência de si. Tudo é dependência da mãe genitora. É a primeira fase do ser
humano. Passamos para a segunda: o corte do cordão umbilical onde a criança
ganha 5%por cento de sua independência física e emocional, e onde se vê o
primeiro grau de independência, a qual não é 100% por cento mas 5% por cento.
Passamos para os três anos de idade, onde a criança está exigindo e cobrando
andar sozinha e afasta o braço da mãe genitora quando quer controlá-la. É a
segunda fase do corte do cordão afetivo e emocional. É nesta fase que os
cientistas dizem que a formação da cabeça da criança é de três quartos. E vem a
terceira fase dos 13 aos 16 anos quando acontece o exercício da
autossuficiência e da independência. Daí a pouquinho o(a) adolescente ou jovem
diz tchau papai, tchau mamãe, agora vou viver a minha vida, fiquem com Deus. É
a quarta fase e definitiva. Chegou quando o homem e a mulher assumem família,
profissão, e compromissos sociais, econômicos e políticos. Antes tinham muito
em conta os pais, agora vivem dos pais, i.é das heranças dos pais que carregam
na sua pessoa e na sua ideossincracia mas sem os pais e como se os pais não
existissem. E neste triângulo biológico o referido teólogo D.Bonhoeffer se
firma para elaborar o nosso triângulo fiducial de cristãos: “viver em Deus sem
Deus como se Deus não existisse”. Esta reflexão tem sua extensão nas
explicações das várias formas de fé dos cristãos, como nas as várias formas de
fé dos primitivos humanoides, e comecemos por eles, coisa de fenomenologia das
religiões. Senão vejamos. As religiões começaram sendo como o elemento
embrionário do feto e do embrião, em que tudo é a genitora e nada faz sem a mãe
genitora. Os primeiros humanoides e os primeiros bíblicos colocaram isso na
Bíblia. Era Deus que fazia tudo e sem Deus não faziam nada: era Deus que
ganhava as guerras, e era Deus que perdia as guerras; era Deus que castigava,
era Deus que fazia a chuva e o trovão e o relâmpago, que separava as águas dos
mares, que fazia as doenças e as tirava... Esta era e a fé de embrião e de feto
intrauterino. Isto está no início de todas as religiões e da religião bíblica.
Ficou no A.T. desde a primeira página até à última, e com isso estavam lidando
e passando para as nossas gerações uma fé de embrião e de feto. Daqui só
podemos passar para uma segunda fase do corte do cordão umbilical emocional na
fase após a Idade Média quando a humanidade começou a pensar com a sua própria
cabeça dizendo “tchau” aos reis e aos Papas. Foi a idade da independência da
razão, chamada de Iluminismo e do Renascimento, no século XVIII. Foi quando a
humanidade ficou adulta e pensando com sua própria cabeça. A duras provas a
Igreja aceitou, porque seguia a atitude dos pais quando veem os filhos crescerem
e tornarem-se independentes e adultos, deixando a sua “saia” e o controle dos
pais para trás. Mas finalmente depois do choro, a Igreja aceitou isto na sua
doutrina. E finalmente a terceira fase, esta expressa pelo teólogo citado
quando elaborou toda a situação e resumiu na frase lapidar do nosso título:
“viver em Deus sem Deus como se Deus não existisse”. Reparemos bem o sentido
das conjunções: “em”, “sem” e “como se”. Finalmente, a modo de
Conclusão:
o que vimos de desenvolvimento do embrião e do feto, continuando com a evolução
da humanidade, não se aplicará também à fé do cristão, minha, e sua? Aquela fé
que acha que “Deus tem que fazer tudo”, e se lamentado “Será que a mão de Deus
não é a mesma? (Sl.77,9); que “sem ele você não faz nada”, que tem que fazer
milagres a nosso pedido”: isso não é igual ao embrião e ao feto, e mais adiante
à criança “mimada” para a qual o pai e a mãe tem que “fazer tudo” para ela,
sempre dizendo: “Deus, faz para mim”? Onde está o crescimento do cristão adulto
que vive “em Deus, sem Deus, como se Deus não existisse”? O exemplo é, como
explicado no embrião e no feto que dependem 100% da mãe genitora, depois na
independência crescente da e do adolescente, e finalmente na total independência
do adulto, que vive "em" os pais, "sem" os pais, "como se" os pais não existissem.
P.Casimiro João smbn
www.paroquiadechapadinha.blogspot.com.br
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