segunda-feira, 20 de janeiro de 2025

OS LOOKS DE JESUS CRISTO DO PASSADO E DE HOJE


 

Podemos arriscar e dar uma chance de considerar os diferentes “looks” de Jesus durante a história. Quem sabe, os looks foram mudando e acompanhando o processo da revelação. Na teologia clássica se considerava que a Revelação se encerrou com a morte do último apóstolo. Isso hoje se considera como uma falácia, primeiro porque ninguém sabe quando morreu o último apóstolo; segundo, porque quase todos os livros do Novo Testamento vieram à luz depois que todos os apóstolos não eram mais vivos. Em terceiro lugar, porque hoje se sabe que a “revelação” foi feita por camadas, e segundo o entendimento e a “fé” das várias camadas de gerações de cristãos. Por esse mesmo motivo todos os looks dos judeus sobre Jesus não serviram para os gregos e os Sírios, como o look “Messias” e “Cordeiro” ou “filho do homem”, que eram da cultura judaica. Para os gregos e sírios serviam mais os looks que incluíam Jesus como o ser que tinha o poder sobre o Cosmo e sobre a Terra como os generais. E lhe deram o look de “pantocrator” e “Logos”, assim como os sírios. Também ninguém lhe dava o look de “sacerdote” e “sumo sacerdote”. Foi preciso um anônimo judeu ir ao Antigo Testamento e pegar os links do sacerdócio do A.T. para vestir Jesus com esse look, porque queria apresentar Jesus aos judeus vestido com esse look sacerdotal e por isso redigiu a “Carta aos Hebreus” com esse objetivo. Embora as páginas da Bíblia não digam nada sobre o aspecto físico de Jesus, os primeiros cristãos se apropriavam de figuras pagãs para representar Jesus. Era comum recorrer a imagens pagãs de pastores jovens e sem barba para apresentar Jesus como pastor. Com a autorização do culto cristão pelo imperador Constantino em 313 os artistas traduziam Jesus com sentimento de vitória e o representavam em belos e grandes mosaicos bizantinos. Assim ficou o primeiro look de Jesus, uma figura com rosto de um nobre romano, de túnica e barba. Na Idade Média ficou famoso o look de Leonardo da Vinci, outro nobre romano, da elite, e junto com esse, o Jesus da Última Ceia do mesmo autor. Um pouco mais à frente ganhou fama o look dos afrescos de Michelângelo, no Vaticano, inspirado nos looks dos deuses gregos Apolo e Orfeu. Antes do século dezoito não havia o look de Jesus como “Coração de Jesus”. Foi preciso uma freira como Santa Margarida Maria de Alacoque ter na sua imaginação a representação de Jesus mostrando o seu coração para vestir esse look em Jesus, em 1678. Isso porque era um tempo em que a comunhão não se praticava. O povo tinha medo da “hóstia” e do “sacrário” e nem podia pensar em comungar. Dizia São João Eudes que “se soubéssemos do valor da “reserva” que era a hóstia no sacrário, tínhamos que colocar grades em volta para não se aproximar. Isso refletia a frieza e o medo daquela época em que ninguém comungava por aquela magia daquela presença que até podia fulminar quem se aproximasse. Havia na teologia da época a magia até de quem tocasse nos panos da missa e do altar ficava excomungado. Esse ambiente repercutiu no espírito da Santa Margarida, e foi o estopim para esse look e essa “experiência” de um Cristo que teve que usar até a estratégia de mostrar o coração fora do peito para que o povo se aproximasse de um Jesus que amava as pessoas em vez de expulsar. E havia uns pedidos e umas promessas para que o povo se aproximasse da comunhão nas primeiras sextas-feiras. Imagine se pedisse todos os domingos ou todos os dias. E Jesus foi assim vestido com esse look do Sagrado Coração de Jesus. Como vemos, foi um look para uma época, se fosse hoje não teria sentido porque com o andar dos tempos a missa e a comunhão tornou-se popular. Como dizem os teólogos, toda a devoção inclui uma experiência. E na Igreja católica as experiências têm um objetivo direcionado à prática sacramental, enquanto que nos evangélicos a experiência é sobre  a “Palavra” da Bíblia. Essa experiência do look do “coração de Jesus” chegou “como vinda do céu”. Ainda não havia o look de Cristo Rei. Foi na época do Papa Pio XI que Jesus foi vestido com o look de Cristo Rei em 1925. E tem uma simples motivação da proclamação de Jesus com esse look. O papado estava de baixo astral porque tinha perdido os Estados Pontifícios. A cidade de Roma tinha passado das mãos do Papa para ser a capital da Itália, quando foi tomada por Victor Emanuel em 1870. Por seu lado, Pio XI foi o primeiro Papa a ficar confinado no Vaticano pelo Tratado de Latrão. O papado ficou reduzido no seu poder temporal, como sempre deveria ter sido, acarretando humilhações e decepções nesse sentido. De sua vez, Pio XI flertou muito com as opiniões de seus antecessores que detonaram e condenaram os avanços do mundo moderno. Ele condenou o que chamou de “modernismo”. E isso foi o estopim para proclamar Jesus como Rei do universo, vestindo mais esse look em Jesus, o look de Cristo Rei.

Conclusão. Tivemos oportunidade de ver como os looks de Jesus têm mudado conforme a história, a cultura e a política. Pode imaginar qual seja hoje o look de Jesus preferido, ou que mais adequa com o nosso tempo.

P.Casimiro João      smbn

www.paroquiadechapadinha.blogspot.com.br

 

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