Foi preciso chegar ao século vinte, 20,
para que a Comissão Bíblica Internacional explicasse que o “Gênesis” não é
“história”, mas a continuação dos mitos tradicionais dos povos primitivos do
entorno dos Judeus. Embora que a tal explicação possa soar como “cantiga para
boi dormir” porque todo mundo, em todo lugar, e em todo culto e catequese e
liturgia, continua lendo os eventos da tal “história da criação”. Os livros são
os mesmos, e o entendimento é o mesmo. E acontece uma coisa: a repetição das
mesmas leituras faz e continua fazendo a lavagem cerebral dos cérebros. É como
assim: “alguém disse mas não disse” porque a leitura continua a mesma, a percepção
continua a mesma, e a inércia da história internalizou essa bendita criação em
todo bicho humano. Abstraindo da historia científica, do barro no palco da ação
do homem no tal “jardim”, o que era esta terra nua e crua? O que aconteceu é
realmente assustador: esse tal humano, isolado dos restantes animais, que pode
ter desobedecido ao criador, viu-se expulso do seu lugar por dois guardas com
“espadas de fogo”, Gn.3,24. À terra foi dada ordem para castigá-lo, trabalhando
e nada produzindo; os animais se tornaram os piores adversários; o sexo em vez
de prazeroso, tornou-se um enigma e até castigador; os primeiros filhos
mataram-se um ao outro; finalmente veio o pior castigo que se podia imaginar: o
afogamento de todo mundo no castigo das águas que subiram até o cume das
montanhas. O que mais podia acontecer? Só o inferno no fim das contas, para
completar a última infelicidade da pobre criatura. E isto os antigos anunciaram
como coisas dos deuses deles. E os judeus, de quebra, anunciaram também como fiéis
companheiros e ouvintes e aprendizes. E a internalização de todo este complexo
de um imaginário terrífico se concretizou na minha, na sua e nas nossas
cabeças. E há sempre aquela sombra divina: “Deus
arrependeu-se de ter criado os homens” para completar a nossa pouca sorte.
(Gn.6.6). Não me admiro de tantos
meninos e meninas chegarem um dia a um ponto de dizer ”para que eu nasci” Melhor eu não existir”. É assim que um olhar
sobre os textos reunidos no Livro do A.T coloca-nos diante da visão semita que
imaginou o mundo semiticamente e o semitizou até hoje em dia. Como hoje a
Internet globalizou-se usando a cultura anglo saxônica, assim os povos semitas
semitizaram, leia globalizaram, os seus pensamentos superprimitivos. E, como
disse, eles continuam fazendo a lavagem dos nossos cérebros. Anotemos mais algo
do acervo semítico do A.T. sobre a violência que eles atribuíam aos seus deuses
e como semitizaram a violência dos nossos dias: “Não é difícil constatar o que alguns estudiosos afirmam: o Antigo
Testamento é, certamente, um dos livros mais banhados de sangue da literatura
mundial” (Barraglio, J. “Dio violento, Lettura della Scritture ebraiche e
Cristiane, 1990, Apud Maria Inês de Castro Millen - SOTER- pag.184). A
Bíblia não dará ocasião para a prática da violência como busca de legitimação
divina para a violência praticada pelos seres humanos? Na verdade os violentos
encontram na Bíblia um ponto de apoio para a sua violência, até pensarem que
estão prestando culto a Deus. Jo.16,1-3. A imagem de um deus irado, castigador
e violento acompanha nosso imaginário desde crianças. E ensinaram-nos que a
Bíblia é a palavra de Deus. E como “palavra de Deus”, o que mais fez a cabeça
do cristão foi a “bendita história da criação”. E como fixada na mente da
criança, a ideia dessa história está universalizada. Foi preciso chegar ao
século 20 como dissemos, para que alguém da Igreja dissesse que isso não é
histórico mas mítico.
Conclusão.
Concluindo, podemos tirar uns corolários: Primeiro, existe ainda o “querer
desculpar Deus” desviando para escanteio, quando mais tarde “Deus exigiu mais
mortes de filhos primogênitos, até chegar à morte de Jesus. (Cf. Jz.cap.11 e
Gn.22). O segundo corolário: a violência contra a natureza, cujas consequências
vão sempre em cima dos pobres; o terceiro corolário: a violência moral: o
dinheiro da nação que deveria prevenir as catástrofes naturais é roubado para
os donos do poder “comprarem mais poder e deixarem o povo ao deus-dará; assim
as calamidades que “venham e matem” porque eles já compraram mais votos
aumentando seus currais para encurralarem o seu “gado”, leia o cidadão que
virou gado nas mãos deles.
P.Casimiro João smbn
www.paroquiadechapadinha.blogspot.com.br
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