segunda-feira, 29 de maio de 2023

PAULO E AS MULHERES.


 

Em primeiro lugar, nas Cartas de Paulo “existem palavras que foram escritas em seu nome por outros, alguns séculos depois de sua morte. (Neil Elliot, Libertando Paulo, Ed.PAULUS, P.19).     E o autor exemplifica a sua afirmação com o seguinte texto: “O marido é a cabeça da mulher assim como Cristo é a cabeça da Igreja” (Ef.5,22). “Esse texto, interpolado depois, tornou-se mantra quase semanal em muitas igrejas em toda a Idade Média. Este apelo ao Paulo bíblico tornou-se parte integrante do controle social das mulheres. Até houve um documento de um ministro evangélico, há dois séculos, nos Estados Unidos, dizendo que “bater em mulheres está sendo normal porque os homens são líderes em suas casas” (o.c.p.23).

Os escritores bíblicos do Novo Testamento tinham intenções de não mexer com a dominação reinante no império romano do poder dos machos sobre a mulher, e por isso inseriram nas Cartas de Paulo os mesmos tratos dos romanos como sendo da autoria de Paulo. E não só faziam isso com frases particulares mas escreviam cartas inteiras como sendo da autoria de Paulo. Por exemplo essa Carta dos Efésios não é de Paulo, como está hoje aceito por todos os críticos bíblicos. Os escritos não não originais de Paulo são chamados de “pseudo-paulinos”, ou seja, falsamente atribuídos a Paulo.(oc.p.39). Isto resultou não só como um retrato torcido do pensamento do Apóstolo, mas também contaminou a maneira de lermos as Cartas autênticas de Paulo.

Eis as Cartas Pseudo-paulinas: Carta aos Efésios; Carta aos Colossences; Carta as Hebreus; 2ª Tessalonicenses; 1ª e 2ª Timóteo; Carta a Tito. Cartas autênticas de Paulo: 1ª Tessalonicenses; 1ª e 2ª Coríntios; Carta aos Gálatas; Carta aos Filipenses; Carta aos Romanos; Carta a Filemón. Portanto, das 14 CARTAS antes atribuídas a São Paulo, sete são autênticas e sete pseudo-paulinas.

Aparte estas sete Cartas pseudo-paulinas existem trechos ou frases interpoladas nas Cartas autênticas. Dois exemplos: Primeiro, a passagem que urge que as mulheres se calem nas igrejas: “As mulheres estejam caladas nas igrejas; não lhes é permitido falar, mas devem estar submissas, como também ordena a lei.”(1 Cor.14,34). Segundo: “Cada qual seja submisso às autoridades constituídas porque não há autoridade que não venha de Deus”(Rom, 13,-1-7). Quais são os reais motivos? No 1.º exemplo era porque no império romano, a mulher não podia falar na presença do marido, tinha de ficar de boca calada, e de cabeça coberta, como diz também em 1.Cor.11,4-16). O segundo exemplo era para manter a submissão ao império romano e não serem perseguidos, e também porque o imperador César Augusto se considerava deus.

Vamos refletir os quatro itens nevrálgicos para os cristãos do 1.º e do 2º século: Primeiro: O cuidado para não dedurar o império, no meio do qual eles viviam; segundo: a herança do machismo reinante na sociedade romana quanto judaica e grega; terceiro: a herança da exclusão da Sinagoga; quarto; A ideologia da antiguidade dos poderes divinos do rei.

No 1º item: Todos os críticos atuais confirmam a submissão servil ao império e suas instituições. Historicamente, sabemos de várias tentativas falhadas de rebeliões de líderes judeus contra Roma, e que todas levaram ao fracasso final da destruição de Jerusalém no ano 70 d.C. Foi nessa época que os evangelhos e as Cartas estavam sendo escritas. Havia um cuidado da parte dos escritores de não acirrar mais os romanos, mas ao contrário, de adulá-los tentando torná-los parceiros e amigos. Autores mais atentos vêem, por exemplo, a atribuição da culpa da morte de Cristo aos judedus e não aos romanos, inocentando completamente Pilatos. Vem Daí gesto de “lavar as mãos”, coisa discutida de ser histórica ou não. Há outros exemplos nos próprios evangelhos quando exaltam a fé e o comportamento dos romanos, versus a fé dos judeus, como quando Jesus teria dito: ”Eu lhes afirmo que nunca vi tanta fé mesmo entre o povo de Israel” (Mt.8,10). Este espirito de não exasperar os companheiros ou autoridades romanas com quem conviviam esteve sempre nos primeiros séculos.

Segundo item: o machismo e costumes dos romanos no plano familiar: Vejamos como era o patriarcalismo dos Coríntios romanos: onde estivesse o marido, a mulher não podia falar nem opinar. E a cabeça tinha que estar coberta por respeito ao marido(1 Cor.11,4).

Item três: Entre o machismo dos judeus não era melhor a situação da mulher. Primeiro que nas Sinagogas eram excluídas as mulheres, os escravos e as crianças. Veja bem o grau em que era colocada a mulher. Segundo, havia o ditado dos masculinos agradecendo a Deus: “Eu te agradeço, ó Deus porque não nasci mulher  “ (Tales de Mileto).

Quarto item sobre as autoridades: Desde a história arcaica da entronização do “filho do rei” nos primórdios da realeza: O filho do rei ganhava “status divino” e recebia poderes divinos; por isso podia fazer o quer que fosse do cidadão: “Levará tuas filhas como perfumistas; levará o melhor das tuas colheitas e o melhor dos teus rebanhos; e os teus filhos homens para serem cocheiros do rei” 1 Sam.8,13). Desde os tempos mais remotos era assim, e os judeus herdaram, como já desde o Código de Hamurabi, o primeiro código do mundo. Por isso que Paulo, embora que pouco menos que os seus copistas, também participou desta ideologia. Sobre os escravos diz: “que permaneçam na escravidão” (1 Cor.7,24). Assim as coisas correram o tempo todo e por toda a Idade Média,  onde se praticava a teocracia, na união de Estado/ Igreja Rei /Papa. Criou-se uma ideologia do machismo politico e do poder quase divino que hoje se denuncia, mas leva tempo à transformação porque tem profundas raízes. Somos herdeiros dum machismo bíblico e de divinizar as autoridades.

Podemos agora definir a teoria da “família tradicional” e dos “costumes tradicionais”. 1- Entre os Judeus:

- Excluíam as mulheres das Sinagogas; Os homens eram donos delas; Elas não podiam mostrar os cabelos; Em hebraico a palavra marido é baal, que significa dono, patrão proprietário; O judeu podia ter duas mulheres, desde que tivesse autorização de um rabino; A mulher era considerada impura por conta da menstruação (Torá); Mulher não podia ser rabino nem juíza; Mulher não podia servir de testemunha; Mulher não podia rezar ao lado de um homem; Mulher só foi criada para gerar filhos para trabalhar nas terras e para as guerras; Mulher não podia ler a Lei, nem conduzir culto. Então...quando se fala em “família tradicional inclua todo este pacote judeu.

2- Entre os romanos: As mulheres eram excluídas dos diretos políticos; Como eram sociedades guerreiras valorizava-se só o sexo masculino; O pai é que combinava o casamento da filha; A mulher só saía de casa quando fosse para o casamento; A mulher não aprendia as letras com o fito de agradar ao marido; O casamento tinha como principal objetivo gerar filhos para trabalhar nas terras e para as guerras.

3- Na Grécia: Assembleias de cidadãos só de homens, excluídas as mulheres; Tribunais, só compostos de homens, excluídas as mulheres; Funcionários públicos, só homens, excluídas as mulheres; Na cultura e filosofia, só para os homens, eram excluídas as mulheres; O homem dominava, a mulher não podia falar, abrir a boca e nem opinar na presença do marido.

4.- Idade Média: Na Idade Média a Igreja e a sociedade juntavam essas limitações romanas e gregas. E além disso ficou agravada a situação, porque as mulheres foram mais discriminadas do que os homens porque quando se interessavam com a ciência eram acusadas de bruxas, e condenadas `a fogueira, coisa que aconteceu no Brasil colonial também. Quando se fala em “família tradicional junte o pacote.  No Art.V da Constituição federal está escrita a “igualdade da mulher e do homem. E no art.226 a igualdade dos gêneros pelo que ambos os gêneros têm o direito de exercer a mesmas funções. Porém ainda há um longo caminho para que se cumpra esta igualdade.

Conclusão. Há ainda muita coisa a pensar. Para uma parte de pessoas bem intencionadas há uma fala que agrada, porque é aquela da chamada “família tradicional”. Essa onde o marido é o dono da mulher, dos filhos e das opiniões, como nos romanos e judeus e gregos. E que passou para a Bíblia. Mas assim como a Igreja oficial já classificou os 11 primeiros capítulos da Bíblia como lenda ou conto dos antigos para imaginaar a criação do homem e do mundo como eles pensavam, assim fizeram transportar para a Biblia o que se praticava nas sociedades pagãs e judaicas do seu tempo. Já é tempo de usar filtros para a leitura da Bíblia, e ler a Bíblia com critérios de adulto e esclarecido cristão

P.Casimiro João   smbn

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segunda-feira, 22 de maio de 2023

“Viver em Deus sem Deus, como se Deus não existisse” (D.Bonhoeffer).


 

Uma esposa a quem morreu o marido de mal súbito, alguma pessoa lhe dirá que Deus assim queria? E, na missa fúnebre o padre dirá aos filhos do casal que “Deus levou o seu pai”?

Uma preocupação perene da humanidade é o problema do mal. O aspecto do “problema’ depende muito da imagem de Deus e da visão do mundo em que operamos. A primeira resposta à pergunta “como Deus permite o mal” deveria ser: “qual a imagem que eu faço de Deus”? Se lidamos com um Deus  manipulador exterior ao mundo e aos acontecimentos, que poderia ter feito as coisas perfeitas mas por alguma razão decidiu deixar coisas más acontecerem, temos aí um problemão, como considerando o deus onipotente ditador do universo, responsável por tudo que acontece, o qual teria deixado à sorte o rumo das coisas em vez de atuar na hora com um simples estalar os dedos ou com uma varinha mágica? E porque não o fez? Eis a resposta do teólogo D.Bonhoeffer. O teólogo Dietrich Bonhoeffer emitiu uma teologia observável pela experiência da criança crescida quando, desde o cativeiro nazista, escrevia: “Estou na situação de ‘viver em Deus sem Deus, como se Deus não existisse”. (Cartas, Ed. Sigueme). É assim como a evolução da criança: no inicio ela está na mãe e com a mãe, e se sente uma só coisa com ela pelo cordão umbilical biológico, depois pelo cordão umbilical afetivo. Em seguida vem a experiência da adolescência e da adultez. Na vida adulta o filho vive na mãe sem a mãe, como se a mãe não existisse. Exerce completamente a sua liberdade e responsabilidade. Deu certo? Deu. Não deu certo? Não. De quem são os acertos? Da mãe? Não. Os erros? Da mãe? Não. Assim Deus e nós. Vejamos uma página de Bonhoeffer: “Deus nos dá a conhecer que devemos viver como indivíduos capazes de enfrentar a vida sem ele. As pessoas religiosas falam de Deus quando o conhecimento humano não dá mais de si mesmo, ou quando fracassam as capacidades humanas. Na realidade limitam-se a oferecer um deus ex machina, ao qual exibem para que ele solucione os problemas impossíveis. Mas eu não quero falar de Deus nos limites, mas sim no centro, não nas fraquezas mas sim na força, isto é, não na hora da morte e da culpa mas sim na vida e no bom do homem. Nos limites parece-me melhor guardar silêncio e deixar sem solução o impossivel. Diante de Deus e com Deus, vivemos sem Deus. Como Cristo na cruz” (Cartas, 2008).

Vejamos em pratos limpos. O filho que se emancipou assumiu sua liberdade. Os pais ficam para trás. Age por sua conta e risco. Não está mais esperando o aval do pai. Os filhos vivem nos pais como se os pais não existissem. Vivem de experiências, e de experimentar como é. Objetivo deles? Querer avançar. E fazer diferente. Deus certo? Às vezes. Deu errado? Às vezes. E, como na natureza há um princípio de reconstrução, também há no ser humano. Sim, porque a natureza não é burra, ela é inteligente e interage com as inteligências do ser humano.

E qual é o lugar de Deus aí? Autores falam na encarnação como se Deus se encarnasse em toda a criação, comunicando não só matéria mas inteligência, de modo que toda ela fosse infundida com a energia que é de Deus e por ela fosse sustentada e guiada. “Não podemos restringir essa realidade a um “ele” que estaria lá em cima no céu, até porque não tem acima nem em baixo. Por outro lado Deus deve estar presente em toda parte como força, energia ou poder da vida, seja o que for que sustenta e energiza a vida” (Michael Morwood, O católico de amanhã, p.40). Para avançar mais vejamos: Há duas maneiras de pensar em Deus: Numa, Deus é considerado totalmente distinto da criação, muito acima dela, como o dono de uma máquina que ele controlasse à distância. “Deus ex machina” como se dizia na filosofia clássica. É o entendimento mecanicista de Deus. A máquina do mundo trabalha e um super inspetor exterior só intervém quando a máquina entra em mau funcionamento, e então se chama o deus bombeiro. A segunda maneira compromete a mente dos filhos crescidos e emancipados. Aqui a inteligência está na cabeça do filho emancipado que lida com a mente da matéria. Você sabe, os filhos emancipados trabalham tanto com a mente deles como com a mente da máquina...pense só na descoberta das vacinas... “A mente não está só no cérebro, a mente está em toda a matéria e interage com o cérebro. “A mente está presente nas plantas e nos animais e essa mente torna-se consciente em nós. Esse é um modelo científico que nos permite imaginar a presença de Deus impregnando tudo que tem existência e os seres humanos de maneira especial. E essa presença criadora - chame de Mente, chame de Energia da vida ou de qualquer outro nome - leva em conta o acaso e a liberdade e a responsabilidade e o totalmente inesperado.(Morwood o.c.p.42). Lembremos como neste totalmente inesperado foi inventada por acaso a primeira lâmpada elétrica pelo inglês Edson; e como, pelo acaso, foi inventado também o FACEBOOK. Pergunte ao americano Mark Zurckenberg e ao colega brasileiro Eduardo Luiz Saverin.

“Aqui Deus é entendido como presença encarnada em vez de manipulador exterior. Onde quer que a presença de Deus esteja, seria de esperar encontrar variedade, espontaneidade, mudança, crescimento, desenvolvimento, novas possibilidades, adaptabilidade e até desordem, o preço da liberdade e de encontros casuais”(o.c.p.42). Por isso mesmo os cientistas dizem que a natureza traz em si movimentos: o desacerto e o conserto. A religião hindu traz esse mesmo conceito quando observaram a presença de três forças na natureza, a que chamaram de deus: o deus criador, o deus destruidor e o deus consertador. Essa é uma maneira inteligente e religiosa de conceber a presença encarnada de Deus em toda a natureza. Um dos humanistas mais conhecidos do séc.XV põe estas palavras no boca de Deus ao criar o homem: “Coloquei-te no mundo para que daí possas ver melhor tudo que no mundo existe. Não te fiz celeste nem terrestre, nem mortal nem imortal, para que, livre e soberano, artífice de ti mesmo possas modelar-te e esculpir-te com a forma que escolheres. Serás capaz de regressar ao nível das coisas inferiores e dos animais mas serás também capaz, mediante a tua vontade, de renascer no nível das coisas mais elevadas das coisas. Quando homem filosofa ele ascende a uma condição angélica e comunga com a Divindade” (Pico della Mirandola, em Delumeau, 1984, p.108). E John Robinson, autor do Livro “Honestos com Deus” (Honest to God) afirma: “A fronteira que separa os que creem em Deus dos que não creem, não tem quase nada a ver com o fato de aceitarem a existência ou não existência de tal Ser; é antes, uma questão de abertura ao que é santo, ao sagrado, que se esconde mesmo nas insondáveis profundidades das relações mais seculares” (J.Robinson, 19963,p47-48). Do dito nesta página, termino a modo de

Conclusão: Do que fica dito vamos avaliar a resposta adequada ou não para o problema com que começamos: se o marido morre de repente de um ataque de coração que imagem de Deus é transmitida à mulher, ao lhe dizer que isto deve ser o que Deus queria? Ou que imagem de Deus é transmitida aos filhos quando o padre na missa fúnebre faz uma declaração no sentido de que “Deus levou” este homem de nós? Uma visão de um dos seres mais inteligentes da humanidade disse sobre a Natureza: “a vida é a sua invenção mais bela, e a morte é o seu artifício para ter mais vida. A morte é só o elo necessário à corrente da vida” (Goethe, em Umberto Galimberti, Rastos do sagrado, p.140).

P.Casimiro João    smbn

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segunda-feira, 15 de maio de 2023

Durante tempos “brincando de Deus”.


 

Durante tempos pessoas passavam o tempo “brincando de Deus” como se o que elas diziam e pensavam é como se fosse o que Deus assim pensasse e agisse. Era assim que faziam os Fariseus e não só. E, como noutras religiões tradicionais, houve e há gente que brinca ainda de Deus. É conhecido o caso de Inocêncio XIII em 1216: “Eu estou no lugar de Deus, posso julgar a todos mas ninguém pode me julgar a mim” (Bruce J.Malina, O evangelho social de Jesus,, p.97).

Isto tem antecedentes pagãos que são os seguintes. Os povos primitivos consideravam o rei como filho de Deus com grande pompa. Na Bíblia os Judeus também. Quando havia a “entronização do rei” aí ele era proclamado filho de Deus. Com o tempo, o filho do rei passava a ser considerado também Deus. Daí a considerar todas as ações e palavras do rei como ações e palavras de Deus foi só um passo. O problema não existia quando na nação havia só um rei. O problema começa quando numa nação  havia mais reis e mais deuses, e qual deles seria o maior. Aconteceu também assim quando o povo de Israel se dividiu em dois reinos: o do Norte e o do Sul. Dali a alguns séculos o império romano dividiu-se também em dois, com o imperador bizantino no Oriente e o imperador de Roma no Ocidente. Ajuntava-se a isso a luta da Igreja cristã que estava tomando os seus rumos, só que ela estava tanto no Oriente como no Ocidente. E a divisão da Igreja ameaçava a divisão do império romano, porque o cristianismo estava num processo de formação dos seus dogmas e havia muitas divisões que envolviam tanto a Igreja como os imperadores. Foi quando o imperador Constantino se impôs e decidiu que quem não alinhasse com ele seria herege, e perseguido ou exilado E ele mesmo convocou o primeiro concílio de Niceia em 325, depois o concilio de Constantinopla em 381, o de Éfeso em 431 e de Calcedônia em 451. Pouco a pouco o império de Roma foi engolido pelas invasões dos germanos e ficou o império bizantino com a capital em Constantinopla. A Igreja de Constantinopla ficou separada da Igreja de Roma após o concilio de Calcedônia em 451, com o Patriarca de Constantinopla enfrentando o Papa de Roma, aliás também ele Patriarca ou bispo de Roma porque o nome de Papa veio mais tarde pelo século sétimo. Os historiadores dizem que as questões de autoridade política e eclesiástica exageraram as diferenças entre as duas profissões de fé, do Oriente e do Ocidente, no concílio de Calcedônia” (Oliveira J. Lisboa Moreira). Notemos como diz o can.8 do concilio de Calcedônia: “Se algum clérigo ou monge arrogantemente afetar os militares ou qualquer outra autoridade seja amaldiçoado”. Foi numa época dessas que o já Papa de Roma se arrogou o direito de declarar, como vimos, numa competição aberta com as Igrejas Orientais naquela afirmação: “Eu estou no lugar de Deus, posso julgar a todos mas ninguém pode me julgar a mim”. As igrejas Orientais que não aceitaram a de Roma foram: Igreja ortodoxa copta ou egípcia, Igreja Síria, Igreja Armênia, Igreja da Etiópia e Igreja da Rússia. Isso nos prova duas coisas: primeiro, a competição das Igrejas pela luta de quem possui a verdade; segundo, que durante tempos pessoas passavam o tempo ‘brincando de Deus’ como se o que elas pensassem e diziam era como se fosse Deus que assim pensasse e agisse. A Igreja católica nos nossos tempos já tentou reverter a situação quando em 2001 o Papa João Paulo II pediu perdão em nome da Igreja às Igrejas ortodoxas Orientais, e o Papa Francisco repetiu em 2021, assim como às Igrejas protestantes. E em 1965, com o Papa Paulo VI foram retiradas as mútuas excomunhões entre as duas Igrejas. 

Consideremos agora o que nos diz a história: “As Igrejas se arrogavam o dieito de determinar qual era a “verdade objetiva” da Bíblia e de dirigir a aplicação dessa verdade ao cotidiano dos crentes. Davi Bosh afirmou que Schliermacher foi o primeiro em perceber que toda a teologia era influenciada, se não determinada, pelo contexto em que evoluira” (Em Missão transformadora – Mudanças de paradigma na Teologia da Missão” Ed.Sinodal, Rg.do Sul, 2002.p.504).

Conclusão. Como a história é mestra da vida, a Igreja aprendeu algumas lições da história. Pediu perdão à ciência pelas condenações que fez contra os cientistas. Pediu perdão às Igrejas Ortodoxas Orientais na pessoa do Papa João Paulo II e do Papa Francisco em 2001 e 2021 respectivamente, e pediu perdão às Igrejas Protestantes em 2016. Hoje em dia a Igreja deverá levar em conta o que foi resolvido no concílio vaticano II de deixar de lado o sistema imperialista das condenações. E de concretizar o seu acordo com a Declaração Universal dos Direitos Humanos onde o maior avanço está no direito da liberdade de consciência e de religião. E por isso largar de mão a propensão ou compulsão da competição das Igrejas entre si pela luta de quem possui a verdade. E de não passar o tempo ‘brincando de Deus’.

P.Casimiro João smbn www.paroquiadechapadinha.blogspot.com.br

sábado, 13 de maio de 2023

PARABÉNS DO BLOG DA PARÓQUIA DE N.S. DAS DORES A TODAS AS MÃES DE CHAPADINHA


 

HOJE É O TEU DIA E TODOS OS TEUS FILHOS QUEREM TE AGRADECER: VOTOS DO BLOG DA PAROQIA PARA TODAS AS MÃES DE CHAPADNHA


 HOJE É O SEU DIA e todos seus filhos querem te  agradecer. Nesse dia tão lindo mamãe tá sorrindo com todo prazer: Muitos filhos contentes já trazem presentes para lhe entregar, Ó minha Mãe querida tu me deste a vida, Rainha do lar.

 

MINHA MÃE, MINHA MAMÃE QUERIDA, AGRADEÇO MAMÃE POR TER ME DADO A VIDA

 

Quando eu era pequeno mamãe me embalava com todo carinho; hoje eu estou crescido, mamãe tá distante eu ando sozinho. Por onde eu andar eu vou sempre lembrar o que ela me fez, sofreu pra me criar e o que ela me fez só Deus pode pagar. (Francisco Marinho)


São 3 letras apenas

Desse nome bendito

3 letrinhas nada mais

Onde cabe o infinito

Palavra tão pequenina

Confessam até os ateus

És do tamanho do céu

Apenas menor do que Deus

(Mário Quintana)





 



 

 

 



 

segunda-feira, 8 de maio de 2023

Os gregos aprenderam para compreender, os hebreus para reverenciar (Abraham Yoshwa).

A bíblia não é geográfica, nem histórica, é uma fé e uma teologia. O nascimento de Jesus é um exemplo claro pois até há bem pouco tempo não estava definido o ano do seu nascimento. Hoje em dia sabe-se que nasceu 6 anos “antes de Cristo”. É que o evangelho não foi escrito por  especialistas históricos da época, mas por especialistas de fé.

Diferentes dos gregos, que aprendiam para compreender, os judeus aprendiam para reverenciar. Dos gregos nasceu a filosofia mundial, a física e a matemática. Na verdade, o conhecimento de fé e o conhecimento de ciência são diferentes. A Igreja, por sua vez, como herdeira dos judeus, também aprendeu para reverenciar e não para compreender. Daí vieram os dogmas e muitas doutrinas. Daí veio também a tradicional briga entre a fé e a ciência. A teologia antiga dizia que a ciência tinha que ser escrava da fé. Hoje não é mais isso, e embora a fé não seja escrava da ciência, no entanto a fé tem que seguir os ditames da ciência para não virar crendice. Na verdade Santo Anselmo de Cantuária, no séc.XII já proferiu a famosa sentença: “Fides quaerens intelectum”, a “fé buscando entendimento”, o qual também explicava: “acredito para entender” e vice-versa: “penso para que possa crer”. E o Papa Paulo VI em 1970, comentando a sentença de Anselmo falava muito claro na “confiança na capacidade cognoscitiva do ser humano: “A fé tem necessidade do serviço da razão; a fé não sufoca a razão nem a substitui”.

Na Grécia nasceu a ciência, na Judeia nasceu a Bíblia. Diferença: a ciência é universal, e a fé bíblica é particular, embora os judeus até alimentassem a ambição de torná-la universal, e até hoje nem atingiu 20% por cento da humanidade. E assim como a fé nasce de experiências religiosas concretas, assim há tantas religiões como povos e civilizações no Universo. Além da fé bíblica temos as religiões mesopotâmicas e sumérias, donde aliás a Bíblia partilhou muitos elementos, as religiões indianas, chinesas, japonesas, as pérsicas ou masdeístas de Zoroastro, as religiões iranianas, e babilônicas. Em todas as religiões antigas havia profetas, Orações, Salmos, alguns dos quais passaram para a Bíblia, assim como mais de 30 provérbios do Livro dos Provérbios, sem falar nos mitos da criação, dilúvio, arca de Noé, Torre de Babel etc.(Cf. John Bright, História de Israel, p;118-120).

Essas religiões nasceram da experiência mística de um fundador. No povo hebreu a sua experiência deveu muito ao símbolo formado em torno do sofrimento do “Servo Sofredor” como personificação dos cativeiros do Egito, Pérsia e Babilônia. Na Pérsia surgiu Zoroastro que viveu a juventude perambulando e meditando, sempre no contato com Deus. Com ele surgiu uma religião monoteísta registrada como a primeira religião monoteísta do mundo. Perseguido pelos príncipes e sacerdotes, morreu assassinado por eles. (o.c.p.129). O conceito de céu-inferno-purgatório vem inclusivamente desta religião fundada por Zoroastro, que passou para os sumérios e babilônicos e judeus. O conceito de alma vem de Platão, e para ele era uma emanação dos deuses, separada da matéria, teoria esta que originou a filosofia e depois a teologia dualista. Temos outros fundadores de religiões, que como Zoroastro percorreram suas nações como peregrinos e profetas ambulantes que sentiam o fogo de Deus queimar os seus corações, como Confúcio na China, Buda na Índia, Narayana no hinduísmo, Am Omikami no Japão bem como os monges Sohei, e também Maomé na Arábia. Os profetas surgiram da crise. ”Não resta a menor dúvida de que o aparecimento dos profetas nasceu do desaparecimento de alguns templos o que levou a se juntarem em grupos de livres movimentos carismáticos. Vemo-los peregrinando ardentes de zelo, “profetizando” ao som de música e no meio de sua fúria incentivando todos a um zelo santo para combater o inimigo invasor” (J. Bright o.c.p.232).

Assim como a cultura, as ideias, a filosofia, as religiões passam de uns países para os outros. “Inúmeros estudos sobre as línguas antigas, o contexto histórico e social, os costumes e a mentalidade dos autores, os empréstimos que fizeram, tudo isso nos permite uma melhor compreensão da unidade do ser humano, suas relações uns com os outros e com o Criador”.(Gilles Drollet, Compreender o Antigo Testamento, p.33). Graças a Deus que os estudos modernos descobriram esta riqueza humana na unicidade do ser humano”, como refere também G.Drollet. O resgate das literaturas antigas  que recoloca o Antigo Testamento em seu ambientge natural é algo absolutamente moderno. Nem o Renascimento, nem a Idade Média, nem a própria antiguidade puderam instituir uma comparação direta entre os textos da Bíblia e seus correspondentes egípcios e cananeus e outros. Atualmente conhecemos testos mesopotâmicos sobre a Criação, Jardim do Éden o dilúvio, e sabemos que os autores da Bíblia se inspiraram neles para expor sua própria visão das coisas e do mundo. Desse modo podemos entender melhor sua mensagem”(o.c.p.33).

Princípios éticos internacionais foram proferidos por fundadores de religiões que hoje fazem parte do patrimônio da ética mundial. É de Zoroastro o primeiro princípio chamado “regra de ouro”(Mt.7,21): “Não faças aos outros o que não queres que façam a você”. E Confúcio, da China dizia: “Quando vires um homem bom tente imitá-lo; um mau, examina-te a ti mesmo”. Não foi sem razão que o vaticano II declarou  a respeito da salvação universal: “Tudo que de bom e verdadeiro neles há é considerado pela Igreja como preparação para o evangelho e para que possuam a vida eterna” (Lumen Gentium, N.16).

Conclusão. Voltando ao mote com que iniciamos: “os gregos aprenderam para compreender, os hebreus para reverenciar” diremos agora a mesma coisa para as outras religiões, e que a religião hebraica partilhou muita coisa das outras religiões. A Pontifícia Comissão Biblica nos diz: “O estudo das múltiplas formas de paralelismo permite um melhor discernimento da estrutura literária dos textos bíblicos”; e “todos se baseiam numa cosmologia já ultrapassada”. Denuncia também a leitura fundamentalista como sendo “uma grande estreiteza de visão ao analisar certos episódios só porque encontram-se na Bíblia”. E afirma a necessidade de uma interpretação no hoje do nosso mundo porque “os textos da Bíblia são a expressão de tradições religiosas que existiam antes deles,  os quais foram retrabalhados e reinterpretados para responderem a situações novas desconhecidas anteriormente”. (Pont. Com. Bíblica, 1994).

Parafraseando então e retomando a afirmação de Abraham Yoswa concluiremos que a fé dos povos nasceu para reverenciar enquanto que a ciência é para compreender. E como afirma também Umberto Galimberti: “raciocinar” é mais dificil do que “crer”(Rastros do Sagrado, p.327) por isso em tantas nações uma só pessoa passou sua experiência religiosa para multidões, e sua experiência atingiu facilmente milhões.

P.Casimiro João    smbn

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segunda-feira, 1 de maio de 2023

O que a Bíblia copiou do mundo antigo; e o que a Igreja tem que copiar do mundo moderno.


 

O que a Bíblia copiou do mundo antigo? A Bíblia dos judeus aprendeu e colou partes do Gilgamesh, o primeiro livro do Mundo, no Gênesis; Depois aprendeu com o primeiro Código de Leis do Mundo, o Código de Hamurabi e colou partes dele no Código do Sinai. E, como dissemos na semana passada, aprendeu e copiou a cultura da Profecia, partes dos Salmos e dos Provérbios. Cf, John Bright, História de Israel, p.162-214; E: (Mark Smith “O Memorial de Deus”, 148).

E o que a Igreja aprendeu com o mundo moderno? Os Direitos humanos, a liberdade de religião, a liberdade de consciência, e a democracia. O reconhecimento dos Direitos humanos exarados na Declaração Universal dos Direitos Humanos, de 1949 é fruto da filosofia moderna do Iluminismo e da Razão. (Descartes). Esta filosofia faz hoje parte da Bíblia moderna das Nações e da Igreja, que a duras penas teve que aceitá-la depois de ter lutado tanto contra ela e a ter condenado no séc.XIX pela caneta do Papa Pio IX. E do mesmo jeito as outras duas questões que estavam no páreo das grandes relutâncias da Igreja: a liberdade de consciência e a liberdade de religião. Com isso surge na teologia católica a tese da salvação universal reconhecida igualmente, como a liberdade de consciência e de religião, pelo concílio vaticano II. Vejamos os termos da declaração: “Este Concílio Vaticano declara que a pessoa humana tem direito à liberdade religiosa. Esta liberdade consiste no seguinte: todos os homens devem estar livres de coação, quer por parte dos indivíduos, quer dos grupos sociais ou qualquer autoridade humana; e de tal modo que, em matéria religiosa, ninguém seja forçado a agir contra a própria consciência, nem impedido de proceder segundo a mesma, em privado e em público, só ou associado com outros, dentro dos devidos limites. Este direito da pessoa humana à liberdade religiosa na ordem jurídica da sociedade deve ser de tal modo reconhecido que se torne um direito civil. (Doc sobre a Dignidade Humana, I,2).

Sobre a universalidade da salvação e de quebra sobre a necessidade do batismo para a salvação eis a historia de alguns textos. Em certa altura lemos no evangelho de João: “Aquele que rejeita o Filho não verá a vida pois a ira de Deus cairá sobre ele” (Jo.36). E outra afirmação paralela é aquela: “Quem não crer será condenado” (Mc. 16,16). Em primeiro lugar, estas afirmações de João e de Marcos não são do evangelho original, mas foram adicionadas depois de uns 150 anos pelo redator eclesiástico final. No evangelho de João trata-se da cena da conversa com Nicodemos cuja historicidade até é questionada. (E.Boring, Comentário do evangelho de João, vol.I,  p.349). Na verdade, deverá ser entendida esta cena de Nicodemos como uma adição muito posterior como uma programática catequese batismal, onde, na época de ‘Nicodemos’ isso não existia. E é de notar que essa adição é da época da mesma adição ao evangelho de Marcos onde se diz: “Todo aquele que crer e for batizado será salvo, quem não crer será condenado” (Mc.16,16). Como sabemos, o evangelho de Marcos termina na metade do capítulo 16, sendo adição posterior a segunda metade. E tanto aqui como em João, o que há por trás disso tudo? Como os judeus se julgavam a única religião do mundo, assim os primeiros cristãos se julgavam também a única religião do mundo. Como para os judeus havia a obrigação de circuncidar, para os cristãos havia a obrigação de batizar. Logicamente que a primitiva Igreja se julgava também na mesma situação: se converter para cristão e se batizar. Esta teologia primitiva rolou por toda a Idade Média e patrística. Porém ninguém notou que a circuncisão já tinha sido excluída, pela luta mortal de Paulo, pela qual ele deu a cabeça a prêmio e sofreu o martírio. Mas parece que isso passou despercebido em todas as cabeças, e nas teologias patrística e medieval. O batismo continuou condição essencial para a salvação, até ao concílio vaticano II em que se debateu a teologia da salvação universal, para batizados e não batizados. As teologias patrística e medieval tiveram como fundamental o mote de São Justino (séc. II): “Fora da Igreja não há salvação”.  O concílio vaticano II foi o primeiro a quebrar esse mote, de modo que hoje a teologia formula o mote “Fora da Igreja há muita salvação”.  Na verdade no documento Lumen Gentium se afirma: “A divina Providência não nega os auxilios necessários à salvação daqueles que sem culpa não chegam ao conhecimento explicito de Deus e se esforçam por levar uma vida reta; tudo o que de bom e verdadeiro neles há é considerado pela Igreja como preparação para receberem o evangelho para que possuam a vida eterna” (L.Gentium, n.16).

Então aquela afirmação de João: “Aquele que rejeita o Filho não verá a vida” (Jo.3,6), ou seja aquele que “não aceita” o Filho não seria salvo, foi portanto uma tábua do edifício com prazo  de validade vencida, como foi a outra tábua, a circuncisão. E, como dá a entender a Pontificia Comissão Bíblica, a Bíblia foi escrita, reescrita, editada, reeditada e reelaborada. Um discurso feito 150 anos depois por um pregador ou catequista sobre o batismo incrementou toda uma teologia milenária.

Conclusão. A duras penas a Igreja tem dado o braço a torcer na quebra de braço com o mundo moderno. Mas quando chegou no fundo do túnel não vê outra saída senão aprender com o mundo moderno. O tempo dos choros do século XIX ainda quer se perpetuar, mas sem eficácia, em muitas cabeças de hoje. A Igreja junto com os Estados Unidos foi a última em aceitar a doutrina dos Direitos humanos e da liberdade de religião e de consciência em 1949. Há porém atualmente no horizonte outras questões em debate que estão sendo osso duro para a Igreja, mas não terá outro jeito senão ir se declarando e aceitando as conclusões da ciência e as teorias da bioética e da engenharia genética. Como é costume, a Igreja acha que tem as chaves da ciência mas essas ela nunca teve. Se até nas chaves da fé ela já teve que se retratar, como na necessidade do batismo para a salvação e até para as crianças, como não irá se dobrar às chaves da ciência nos casos mencionados? E não só, também nos casos dos direitos de opção sexual que estão sendo tão estranhados por algumas alas da Igreja. Neste caso, como naqueles que analisamos o futuro é também da ciência. Não aconteça como aqui se declara: “A Igreja masculina e muitas vezes machista na sua hierarquia decisória, decidiu sobre a questão da regulação da natalidade, sem consultar as mulheres. Talvez por essa razão a voz da Igreja sobre o controle da natalidade não seja escutada”. (Cf. Maria Inês de Castro Millen, Sexualidade e Pastoral, p.231). E, como declarou numa frase célebre um dos maiores cientistas do planeta: “A religião sem a ciência é cega”(Albert Einstein).

P.Casimiro João        smbn

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