Creio que, entre nós, ser
ateu, não acreditar na existência de Deus, é difícil. Estamos, mais ou menos,
todos convencidos que Deus existe. Aceitamos a Sua importância e necessidade, mas
depois não temos disponibilidade interior para acolher Sua Vontade. Estamos
tolhidos por mil preocupações, interessados com muitos problemas, anestesiados
por milhares de razões, desligados do essencial, entretidos com bijuterias
inúteis. Mas vamos continuando a viver! Vamos arrastando a vida. Colocando para
acidental o que é essencial.
Dizemos até que pertencemos a uma religião, mas
não somos praticantes. É como ser aluno, mas não querer aprender, como ser
atleta e não treinar, como ir a uma festa e não dançar, participar de uma
refeição e não querer comer... Dizemos “sim”, mas praticamos “não”. Somos como
aquele que se afirma bombeiro, mas não quer apagar incêndio nem ajudar em
incidente grave. Somos!...Isso nos basta, satisfaz-nos! Isso é tudo! Somos!... O
resto são cantigas!
Admitimos que Deus existe, temos uma Bíblia em casa,
afirmamo-nos católicos/as, mas... Somos religiosos em nada, como quem quer ser
doutor em nada. Em nada, absolutamente! Dispensamos a prática religiosa. É como
quem quer viver, mas dispensa comida. Quer aprender, mas não estuda, quer ver,
mas fecha os olhos, quer falar, mas grampeia a boca... Mas os não-praticantes
não grampeiam a boca, não! Desculpam-se e de quantas maneiras!
O profeta Amós da liturgia
deste domingo é bem claro. Dá para se compreender, porque é um homem rude,
habituado às lides da roça. Era lavrador e foi chamado por Deus para ser
profeta no Reino do Norte. Não sabe esconder, nem envernizar o que vê. Fala
claro. Não se deixa invadir por facilidades. Sente que não se pode viver na
brincadeira, desprezando os outros e o Outro que é Deus! Há feridas que custam
sarar e, se deixamos alojar maus hábitos, exploramos os outros, reduzindo-os à
miséria para nós vivermos na opulência. E, se nos habituamos a desprezar o
sagrado, viramos vítimas de consolações individuais que não passam depois no tribunal
de Deus! Não basta aceitar Deus! É preciso agarrá-lO, vivê-lO,
comprometermo-nOs com Ele. Se Deus é necessário e importante, como dizemos,
temos que viver essa importância e necessidade com toda a paixão e alegria. O
desinteresse é mortífero duma vida eterna feliz.
A vida é como um quintal. Quanto mais se cuida dele, mais
frutos ele dá. Abandonado, só junta sujidade e cria capim seco. Assim é nossa
vida: quanto mais a pessoa pratica o bem, melhor fica. Se se habitua ao mal, a
pior coisa que se faça é coisa banal!
Vivemos um tempo complicado. Com toda a facilidade troca-se
o racional pelo emotivo, o necessário pelo descartável, o essencial pelo
aparente, o bem pelo agradável, a virtude pelo prazer... Há uma falência de
reflexão. E, se alguma reflexão existir, não há força de decisão. A formação da
consciência reta não preocupa. Basta a espontânea. E assim somos solicitados,
empurrados, arrastados pela influência dos ambientes. Vive-se ao sabor de tudo
que aparece, do que todos gostam de fazer. Parecemos papel velho levado pelo
vento: vamos para aqui e pralá, como calha, ao sabor da circunstância. Vidas
alugadas ao nada!
E, se passamos a analisar a vida espiritual, ainda
encontramos situação pior. Só interessa o que se enxerga, o material, o
epidérmico, o superficial. É a tal vida light de que tanto se fala:
alimentação sem calorias, açúcar sem glicose, cerveja sem álcool, manteiga sem
gordura, café sem cafeína, pastel sem recheio, ovos sem gema nem clara... A
verdade é o que diz a maioria. A pessoa comunga com tudo, mas não se identifica
com nada, é informada, mas não formada. É sem essência. A família é instituição
sem alicerce, sem amor, maneira fácil de substituir a prostituição por algumas
semanas. O namoro?- Brincadeira lúdica para satisfazer prazeres. Vidas com o
itinerário da inutilidade cuja ideologia é o pragmatismo! Direção? –À deriva, o
rumo à toa. Código de valores? – a permissividade total. Fundamento da ética? –
o interesse individual. Motivação de vida? – O êxito e o prestígio
individual... Finalidade do que se faz? – Despertar interesse. Valor absoluto?
– O relativismo, cada um fazer o que lhe agrada, o que lhe convém.
Como temos uma natureza decaída, a puxar para baixo... aonde
fica o lugar para Deus? – Em lado nenhum. Arruma-se no desinteresse. Sai fora
das preocupações diárias. Serve para uma festa, lá de vez em quando,
satisfaz-se com uma procissão, uma celebração ocasional, tolera-se que
entretenha alguma criança ou pessoa de família. Admite-se que Deus existe, mas
o que nos orienta é o que nosso imaginário nos dita. Deus existe, mas que não
nos incomode! Que não se meta com nossa liberdade! Aceitamos sua existência, aceitamos
o que nos dizem dEle, mas não nos comprometemos com Sua Vontade. Os padres que
se arranjem com Ele! Nós somos puxados por outras forças! Mas que aceitamos
Deus, aceitamos! Mas que deus?- O que nos convém.
Assim pensando e vivendo, para onde vamos? E há tanta
gente a pensar deste modo!
EXIGIMOS EXPLICAÇÕES PÚBLICAS, VERÍDICAS E
RAZOÁVEIS!
O papa
Francisco exorta os cristãos a intervir no campo da política, contribuindo para
a construção do bem comum. Diz ele: “envolver-se na política é uma obrigação
dos cristãos. Nós os cristãos não podemos fazer como Pilatos: lavar as mãos!
Temos de nos meter na política, porque a política é uma das formas mais altas
da caridade, dado que busca o bem comum... Trabalhar pelo bem comum é um dever
dos cristãos.”
Compete aos
profissionais da política consolidar o processo democrático pela sua
honestidade, competência e espírito de serviço. E compete aos cidadãos pedir
responsabilidade, elogiar e incentivar o bem que se faz, mas também denunciar o
abusivo, o corrupto, o arbitrário interesseiro. Para isso devem as instituições
públicas ter uma maneira de informar a sociedade. Há a obrigação, por exemplo,
das Prefeituras terem o “blog da transparência”. Mas tê-lo atualizado!
Em Chapadinha
está a criar-se um ambiente, socialmente, desagradável. Por toda a parte se ouve
queixas, há um falatório geral de crítica. Fala-se que o comércio baixou 40% em
relação a anos anteriores. Não se vê melhoramentos que justifiquem o gasto das
verbas atribuídas ao Município. Estamos habituados a isto, mas não podemos deixar
que o desinteresse incapacite nossa responsabilidade social de reagir. As
autoridades devem vir a público dar contas do dinheiro público que já devia
estar explicado no blog da transparência. Segundo mensagem à Prefeita, pelo
Presidente da Câmara, foram recebidos desde Janeiro a fim de Agosto
R$74.074.014.35 (setenta e quatro milhões!). É muito dinheiro! O que dá, por
mês, uma média de nove milhões, duzentos e cinqüenta e nove mil reais. Também é
muito dinheiro que bem administrado dava para muita coisa. As clínicas
particulares se vêm multiplicando, sinal que a saúde pública também não está
boa.
O Mercado Municipal está a pior sujeira. O fornecimento de água à população
não tem solução à vista. Os cemitérios existentes não chegam para enterrar
mortos e é a população que cuida deles. As praças públicas estão a virar feira
e a impossibilitar que os habitantes sosseguem um pouco nos bancos dos espaços
públicos. Quem trabalha ou vem ao Secretariado Paroquial tem que ficar a
cheirar a catinga dos burros dos carroceiros...
A lixeira nos bairros quase afoga a população e há dezenas de carros a
trabalhar, o que também merece uma explicação sobre a sua precedência. Numa
palavra: aguardamos uma explicação sobre a aplicação do dinheiro e quais as
linhas de prioridade. Não só. É bom que se explique o que se está fazendo e o
porquê dessas prioridades.
Mas o padre não se devia meter
nisso de política! O padre, como cidadão que é, não se mete em política
partidária. Mas deve preocupar-se em formar o povo no exercício de uma
cidadania participativa e responsável. O que está acontecendo não é educativo.
Os senhores vereadores (foram três!) que não assinaram o pedido de explicação
para a Prefeita, se concordam e sabem para onde estão indo as verbas, deviam
ser obrigados a explicar. Mas explicar não é tudo!
Precisamos de ser
convencidos de que o que se está fazendo é razoável. Achamos a comunidade
passiva demais. À Câmara de Vereadores compete fiscalizar. O que agora
aconteceu, a pedido do Presidente da Câmara, merece elogio. E aos senhores
Promotores de Direito Público compete averiguar o que se está passando. A
promoção do direito público é uma exigência de seu trabalho! Aqui fica um pedido
público para que atuem neste setor!
NOTICIÁRIO DA PARÓQUIA
1- Recebemos
do Juiz de Direito, Cristiano Simas de
Sousa, uma mensagem parabenizando a Paróquia pela organização e realização do
Festejo da Padroeira. Agradecemos seu gesto, assim como o do senhor Promotor Dr.
Gustavo que veio pessoalmente congratular-se com o Pároco. A todas as
Autoridades Municipais que mostraram interesse por nos ajudar no Festejo foi
mandada uma mensagem de agradecimento.
2- A
construção do Centro da Tigela continua. Pensamos poder telhar o novo edifício
esta semana. Mas o pior é transportar entulho para nivelar o terreno das salas
que é muito irregular.
3- P.
António tem dado notícias. Já fez uma cirurgia às cataratas de um olho e está
enxergando melhor. Mas precisará de fazer uma cirurgia ao coração para meter um
“marca-passos”. Está tendo freqüentes tonturas com quedas que o têm ferido. Diz
que deseja vir morrer em Chapadinha. Foi-lhe dito que venha para viver e viver
aqui ainda muito tempo. Para morrer, pode morrer mesmo lá!
4- Estão
a decorrer os festejos em honra de S. Teresinha no Bairro da Boa vista e S.
Francisco no Bairro da Cruz. Uma particularidade destes eventos é notar um
crescente interesse das comunidades pelas celebrações. As capelas enchem-se
completamente. E as pessoas, depois da novena, ficam convivendo em são
ambiente. Parabéns.
5- Queremos
insistir com pessoas entre 10 e 30 anos que gostam de música que se venham
matricular no Secretariado para freqüentarem a Escola de Música do Papa
Francisco com o Professor Tiago. O gosto pela arte torna a vida mais agradável,
os momentos livres podem ter mais beleza. E exercitar as capacidades artísticas
faz sempre bem! Sinal de Promoção humana! Agradecemos a pessoas que nos telefonaram
e se dispuseram a ajudar a adquirir instrumentos para em Novembro iniciarmos
aprendizagem instrumental. Mesmo a nossa Liturgia vai ser beneficiada. Também
anunciamos a primeira sessão para o grupo de teatro, terça feira, às 20.00H.
6- Pedimos
insistentemente que todos os membros das comunidades que integram o Ministério
da Música Litúrgica venham participar dos encontros de formação que se estão a
realizar no Centro CEBNET, ao domingo, das 15.00H às 17.00H. Precisamos de mais
formação para as nossas celebrações serem mais belas. A leitura da Palavra de
Deus tem que ser mais bem feita.
7- Ontem,
sábado, foi ordenado mais um sacerdote diocesano na nossa diocese. É natural de
Anapurús, foi acólito quando os Missionários da Boa Nova trabalhavam nessa
paróquia. Parabéns ao senhor bispo e ao novo sacerdote.
8- A
Paróquia está já preparando um novo encontro em praça pública para o fim do Ano
da Fé que será no dia 24 de Novembro, festa de Cristo Rei. Desde já convidamos
pessoas e comunidades a participar.
9- É
interessante que até hoje ainda não recebemos uma explicação da Assembléia de
Deus local sobre a ofensa pública que foi feita à comunidade católica por um
pastor interveniente no evento “Chapadinha para Cristo” a respeito de Nossa Senhora.
Sinal que foi consciente e considerado bom. Lamentamos! Depois da reação
pública da comunidade católica no Festejo desfizemos o propósito de recorrer a
tribunal pelo crime, mas prometemos estar mais atentos de futuro.
10- Vão
começar os encontros de formação para receber a Crisma, na semana, depois dos
festejos do Padroeiro S. Francisco. O número de participantes já está completo,
mas ainda se podem admitir mais alguns.