sábado, 29 de janeiro de 2022

O AMOR VALE MAIS DO QUE A FÉ (1 Cor.13,13)

 

A Igreja é rica na diversidade. Pessoas muito diferentes entre si formamos o corpo de Cristo, cabeça da Igreja. Estas diversidades desde os primeiros tempos geraram desentendimentos. Mas, como em todas as coisas, as dificuldades geraram degraus para fazer uma escada e subir mais alto.

 Sabendo muito bem disso, Jesus, na oração que apresenta ao Pai antes da sua paixão, pede pela unidade dos que o seguem. Estar unido a Jesus, e em Jesus, viver em comunidade não é tanto questão de aceitar teorias ou ideologias, e sim caminhar alicerçados no mesmo amor que gera comunhão. Na verdade, o amor é maior do que a fé. Os judeus, uns acreditavam na ressurreição, outros não. Uns acreditavam em anjos, outros não. Uns acreditavam, na vida eterna, outros não. Mas todos eram judeus.

 Entre os protestantes tem vários tipos de fé, várias designações de igreja, mas todos se chamam de crentes. Entre os católicos também a fé tem variantes na qualidade de fé. Mas todos  somos católicos. E ainda mais, protestantes e católicos todos temos um só nome igual que é cristão. 

Nós somos cristãos, eles são cristãos. Nas estatísticas internacionais reza assimcristãos no mundo: 2 bilhões e duzentos milhões de cristãos, isto é católicos e protestantes unidos. Porquê? Porque Cristo nos une a todos. Nós aceitamos Cristo, eles também, nós servimos a Cristo, eles também, nós amamos Cristo, eles também. Cristo é o eixo que nos une a todos, como o eixo da bicicleta. E se nos amamos uns aos outros, o amor une mais do que a fé. Porque o amor vale mais do que a fé, (1 Cor.13,13.)          

 Até mesmo entre os bispos tem também graus de fé. No Sínodo dos bispos sobre a Família havia três tendências. Uns bispos tinham a linha conservadora, do deixa tudo como está. Tinha a 2ª linha dos avançados. E tinha a terceira linha dos que ficam em cima do muro. 

 E o Papa, na Exortação apostólica “A alegria do amor ”qual caminho seguiu? Um 4º caminho, como afirma o jesuíta Padre Ramón Cigonha. “O Papa preferiu um quarto caminho novo na Igreja e nas famílias; o 4º caminho é o caminho do discernimento espiritual”.  E o P. Ramón Cignha explica mais: antes olhava-se para a lei, agora olha-se mais à consciência”.

Quando é para prestar um socorro não se olha a fé, olha-se o amor. Como no samaritano (Lc.10,25-38). Somos todos samaritanos. O amor é samaritano.A fé divide; o amor une. O cantor brasileiro MARCOS AURÉLIO canta "ninguém explica Deus". Na verdade os cientistas explicam do jeito deles; o morador de rua explica do jeito dele; a Igreja explica do jeito dela; as outras igrejas explicam do jeito delas. o Antigo Testamento explicava do jeito dele. E as religiões mais antigas explicavam do jeito delas, como os Índios, os africanos e os afro-brasileiros explicam do jeito deles. E há erros? Não, porque todos querem acertar e ninguém acerta, só tenta, "procurando Deus às apalpadelas" como diz o próprio Paulo.(At.17,21-24), E ainda "Agora vemos como num espelho, em enigma, mas então veremos face a face"(1.Cor.13,12)

Já dizia um jargão antigo: "Nas coisas necessárias haja unidade, nas duvidosas e incertas a liberdade, mas em todas a caridade. E eu sempre digo: O amor vale mais do que a fé.

P.Casimiro Joaõ      smbn

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domingo, 23 de janeiro de 2022

“Senhor, eu não sou digno de que entreis em minha morada, mas dizei uma palavra e eu serei salvo. ”Será uma parábola ?

Para nos aproximar da comunhão, o Ritual romano traz esta exclamação. O Ritual já vem do século XIII, corroborado pelo Papa Pio V no século XV. E por sua vez foi buscar isso no evangelho de Mateus: “Senhor eu não sou digno de que entres em minha casa, mas dize uma só palavra e o meu empregado será curado”(Mt.8,8). Quem falou essas palavras foi um oficial romano que tinha mandado empregados para que Jesus curasse um empregado dele.

Temos que ver os motivos e o ambiente em que essa expressão vem no evangelho de Mateus, e por que é que vem. Dois motivos: O mais relevante é um motivo político. O redator ou redatores do evangelho tinham a preocupação de adular o império romano, por um lado, e por outro lado rebaixar o povo judeu diante dos romanos. Porquê? Eles pretendiam que os romanos aceitassem as comunidades e o cristianismo em vez de persegui-lo. Por isso tinham que encontrar motivos e exemplos para agradar os romanos. Como quem diz: Eu apresento a vocês este exemplo: “Um dia um oficial romano aproximou-se de Jesus suplicando, ‘Senhor, o meu empregado está de cama, lá em casa, sofrendo terrivelmente com uma paralisia. Jesus lhe disse, ‘vou curá-lo”(Mt.8,6-7). Seguindo a cena, o oficial recebeu o elogio de Jesus, que disse ”Nunca encontrei em Israel alguém que tivesse tanta fe. E vos digo, muitos virão do Oriente e do Ocidente e se sentarão à mesa no reino de Deus junto com Abraão, Isaac e Jacó”(8,10).

Isto nos diz que o evangelista está adulando o povo romano sem restrições e por outro lado colocando a fé do centurião acima da fé do povo de Israel. Isso portanto é uma parábola, com a finalidade de convidar os romanos à conversão, porque seriam mais dignos ainda do que os Judeus para “sentarem à mesa no Reino dos céus junto com Abraão, Isaac e Jacó”. Até que em outras ocasiões os evangelistas chegam ao ponto de afirmar que dessa mesa iriam ser excluídos os judeus. (Cf. Mt.8,12).

O evangelista tem ainda em mente a conotação purista que o oficial saberia que Jesus não poderia entrar na casa dele por ser pagão, porque os judeus ficavam impuros entrando na casa dos pagãos. Difícil é imaginar que o oficial saberia desse detalhe, claro que não sabia, mas convinha para a narrativa. Finalmente, o convite para a conversão: “virão muitos do oriente e do ocidente e se sentarão à mesa no reino de Deus junto com Abraão, Isaac e Jacó”(MT.8,11).

A Igreja adotou essa frase de há séculos para o momento da comunhão, o que hoje é discutível em todos os sentidos: nem nós somos os romanos nem Jesus é  mais o judeu que ficaria impuro ao entrar na casa, nem nós somos funcionários. E nem Jesus entra em morada alguma porque ele já está na vida do comungante. E se é para “dizer uma só palavra” para quê a comunhão? “Dizei uma só palavra e eu serei salvo”, mas todo mundo vai comungar. Qual é o motivo mais oculto dessa tradição? Faça uma pesquisa do significado e do motivo dessa palavra “dizei uma só palavra”: Não será uma comunhão que me dê só a mim a salvação individual, só a mim e mais ninguém? Mas onde há só eu onde há  comunhão? Onde fica aí o empenho comunitário pelos que não têm lugar na “mesa do pão da família? Os desempregados, os sem-teto, e os sem-terra? Os sem-saúde e sem-pão e sem-estudo? Mas tudo bem, contanto que eu, na comunhão, eu escuteuma palavra, o resto que se dane.

Aí acabou a comunhão, entrou a solidão.

P.Casimiro João

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domingo, 16 de janeiro de 2022

A luz dos olhos vem do coração. ‘Faça-se conforme a vossa fé”(Mt.9,27). Para o judeu a luz não está nos olhos, mas no coração.


 

A Torah era o rochedo, a luz e a salvação. Jesus substituiu a Torah como o novo rochedo, a nova luz e a nova salvação.  

Um dia dois cegos aproximaram-se de Jesus e lhe pediram “tem piedade de nós, filho de Davi”. “Quando Jesus entrou em casa os cegos se aproximaram dele e pediram ‘filho de Davi tem piedade de nós. Então Jesus lhes perguntou ‘vós acreditais que eu posso fazer isso’? Eles responderam ‘sim Senhor’. E Jesus lhes disse ‘Faça-se conforme a vossa fé”(Mt.9,27).

Como em outros episódios, aqui também acontece uma metáfora: a cegueira dos olhos é a cegueira do coração e vice-versa, a luz do coração é a luz dos olhos. Para o judeu a luz não está nos olhos, mas no coração. Quando as pessoas ficavam cegas é porque o coração estava cego.

Acontece assim como na lanterna elétrica. A luz não está no foco, no vidro que nós direcionamos, mas na bateria que é o coração da lanterna. Assim como também o som do nosso microfone não está no bucal, mas na bateria que é o coração do microfone.

Vejamos o resto da metáfora dos dois cegos. Eles nem pediram para ver, ou para ser curados. Simplesmente, “Filho de Davi tem piedade de nós”. Significa que o coração deles já estava iluminado. O coração que tem fé significa a luz. A pergunta de Jesus “vós acreditais que eu posso fazer isso? Sim Senhor,”  responderam. Vem a resposta de Jesus faça-se conforme a vossa fé”. Qual era a fé deles? A luz que já tinham no coração. Eis a metáfora que funciona no evangelho: cego é igual a sem fé; enxergar é o que tem fé. Quantas vezes os evangelhos nos surpreendem com esta atitude: “faça-se conforme a tua fé”. Faça-se conforme a luz que está no teu coração.

Conclusão. Noutra ocasião Jesus terá dito: “quem pratica as minhas palavras é como um homem que construiu a casa sobre a rocha (Mt.7,21-27). Também aqui o evangelho bebeu do Antigo Testamento, onde se diz :”a Senhora Sabedoria construiu uma casa sobre sete colunas” (Prov.9,1-6). É que quando mal nos damos conta nós estamos pisando terreno do Antigo Testamento, porque temos três quartos do Antigo Testamento e talvez só um quarto do Novo Testamento.

Nos evangelhos, tanto Jesus é a nova luz, e a nova Torah, como a nova Sabedoria e a nova rocha. Aquele que aceita Jesus fica sendo luz e casa construída sobre a rocha.

P.Casimiro João     smbn

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domingo, 9 de janeiro de 2022

Religião madura não é dogmática, aceita os desafios e corre os riscos da busca.

Hoje em dia os historiadores deram-se conta que alguns dogmas foram proclamados por motivos de viés político e por motivações até pessoais inconfessáveis. Isto deu-se em épocas de conflito e de não aceitação por parte da Igreja de filosofias que depois vingaram no mundo e que a própria Igreja acabou aceitando.

Aí se invocavam até motivações “divinas” para esse endurecimento da religião. O mesmo endurecimento se viu debilitado com o andar  dos anos. Foi assim  que o Papa Pio VI invocava uma suposta“revelação divina” para condenar a filosofia dos direitos humanos, a liberdade de religião, e a liberdade de consciência, em 1791. É por isso que afirmam os teólogos que os dogmas traduzem épocas e histórias discutíveis. E traduzem na verdade uma fé da Igreja ainda não madura, que na época “não aceitava desafios e  os riscos da busca”, como afirma Mário Aletti, docente da Universidade Católica de Milão.(citado por Ales Bello, “Entre  Fenomenologia, Psicologia, e Psicopatologia” Paulus, p.160).

Podemos citar o ambiente histórico de Pio IX (1792-1878) que viveu a época da perda dos Estados Pontifícios. Podemos imaginar a crise emocional com que teve que conviver e que o levou a proclamar tantas condenações e a ainda mais à obstinação de lançar mão de todos os meios para proclamar a infalibilidade pontifícia, que era a última coisa que lhe restava para satisfazer o Ego, que ele via ser destruído por todos os lados como uma estátua que se vê derrubada de seu pedestal.   Enfrentando as filosofias do Modernismo, Iluminismo, e Liberalismo publicou o documento Syllabus que “enumerou” quase 100 erros da sociedade, e os condenava com o apelido de “a peste do mundo moderno”. Com isso ele declarava “guerra à modernidade“ e ajudou a debandada de cientistas e filósofos católicos e muitos intelectuais. Estava criado um ambiente em que a Igreja não era considerada nem escutada. Dali a uns anos, em 1950, o Vaticano não foi nem admitido a tomar parte na Convenção Europeia para os Direitos Humanos.  Essa crise do Papa atingiu o seu pique ao  convocar o Concílio Vaticano I em cujo encerramento tinha um propósito da proclamação da Infalibilidade papal. A história diz que não conseguiu a maioria dos Padres Conciliares, e teria resolvido o caso por meio de ameaças a uns e de privilégios a outros, fato que levou vários Padres conciliares a abandonar o Conclave.(Cf. H.Kung “A Igreja tem salvação”, Paulus, 166).

Já vimos que ele não aceitava as mudanças da modernidade que “eram a peste do mundo moderno”, e filosofias que defendiam a liberdade de religião e de consciência, como também as teorias que defendiam que o poder dos reis devia estar livre da tutela da Igreja, e os que defendiam a independência da razão, o liberalismo. Para nossa surpresa, hoje tudo isto faz parte da filosofia e da doutrina da Igreja, como confirmou mais à frente o Concílio Vaticano II (1960-64).

Para explicar fatos como estes, valemo-nos dos estudos dos psicólogos da religião. Estes psicólogos, como W.Allport, o fundador da psicologia da religião, e A.Vergote distinguem uma religiosidade “extrínseca” e uma religiosidade “intrínseca”. (A.Bello o.c.p.160). A religiosidade extrínseca diz respeito a uma necessidade de segurança, de conforto, de defesa. A religiosidade intrínseca reconhece que a fé é um valor que se traduz num empenho pelos outros e procura meios para fazer os outros e a sociedade crescerem para o objetivo maior que é o reino de Deus. A primeira olha para o seu reino, o seu umbigo; a segunda visa o reino de Deus, que é também o reino dos outros.

A religião intrínseca é alimentada por um processo de formação permanente capaz de conduzir à maturidade religiosa. A religião extrínseca parou no tempo. Acha que não há mais nada para aprender, que já sabe tudo. A religião intrínseca move-se naquela consciência própria do ser humano que sabe que nada está acabado, mas tudo por acabar, é a consciência darwuiniana do não acabado.

É por isso que Freud falava do infantilismo da religião, quando o ser humano só fabrica ilusões que governam a sua vida, como um plasma gravado na sua infância e que distorce as realidades da vida adulta. Esse plasma é uma camisa de forças que não deixa crescer. E depois dele, entre outros como Sartre e Nietzshe.

O que nos permite concluir desta situação é que a infantilidade da fé de muitos adultos é que provoca a incredulidade de muitos “ateus”. Ou seja, a religiosidade  do medo, do conforto e da defesa que não cresce. Que nunca chega a olhar o mundo e a própria fé com olhos de adulto. Seria como se um menino do Pré e do jardim de infância permanecesse assim no meio de adultos, doutores, cientistas, e professores ou gente com ensino médio, filosófico, e humanístico. No caso ele iria gritar que os outros estão todos errados e só ele está certo. Ou então se recolher e conviver só com seus parceiros do início da escolaridade e do tempo das fadas.

Conclusão. Falei que a Igreja teve seus problemas com os dogmas. Não será por isso que hoje em dia, como vem acontecendo depois do Concílio Vaticano II, a Igreja católica se tornou mais acolhedora e compreensiva e aberta às outras religiões? E não só, também para com os Sem fé, e sem religião? Na verdade, um princípio norteou os Padres do Concílio Vaticano II: de não publicar dogmas e nem excomunhões de jeito nenhum para nada e para ninguém.

P.Casimiro  João   smbn

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domingo, 2 de janeiro de 2022

Plantas e animais têm alma? O entendimento da essência “alma” desde Heráclito, Platão, Aristóteles e Paulo, e os modernos.

Chamamos essência ou substância aquilo que subsiste. Uma coisa é o que existe, outra o que subsiste. Na construção de uma casa as paredes existem; os alicerces subsistem. Se a casa cai, os alicerces não caiem porque subsistem, isto é, eles estão sub, por debaixo, segurando tudo. Os alicerces subsistem mesmo que a casa já não exista. Era assim que Heráclito (séc. VI a.C.) entendia a alma. “Por mais que você vá em busca dos confins da alma, você não os encontra, mesmo que percorresse todas as estradas, tão profundo é o sentido que ela tem” (Heráclito). Heráclito dizia ainda, que a alma está junto e além do corpo. Justo, como os alicerces estão junto e além das paredes numa presença de segurança. E assim no ser humano, a alma está junto e além do corpo numa presença que sustenta.

Aristóteles dizia: a alma é “aquele princípio cósmico, substancial, imaterial (Psiché). Este principio imaterial é também a alma das plantas e dos animais. Platão dizia dizia que no ser humano há um elemento corpóreo, e um elemento psíquico espiritual. Foi esta  visão de Platão que entrou na linguagem cristã. Porém Platão ainda deixou uma janela para outra dimensão pneumatológica do ser humano. O elemento pneuma, da raiz n, ou an, grega, da qual deriva propriamente a “alma”. De “an”, que passou para o latim e português, “anima”. São Tomás, ao princípio cósmico, substancial e imaterial de Aristóteles chamou-lhe principio vivente; e ao elemento espiritual metafísico de Platão chamou-lhe “alma”.

Recapitulando antes de prosseguir, dados histórico-filosóficos sobre o ser humano 1- Carne ou matéria corpórea; 2- Psiché princípio vivente imaterial presente nas plantas e animais (Aristóteles); 3- Alma, raiz grega, de an, principio vivente espiritual e racional do ser humano. (Platão, S.Tomás e S.Paulo). Nas Epistolas São Paulo fala em “espirito, alma e corpo”: “Que o Deus da paz vos torne perfeitos e irrepreensíveis em todo o vosso ser, espirito, alma e corpo, até a vinda de Nosso Senhor Jesus Cristo”(1 Tes. 5,23).

Falei atrás no assombro de Heráclito sobre a alma. O mesmo assombro atinge também os cientistas sobre a extensão e a natureza do cosmo, o Universo. Para todo lado que eles apontam os telescópios é  um espaço sem fim. Só para termos uma ideia: a distância da Terra à estrela mais próxima, a Alfa-Centauro, é de 4,24 trilhões de anos-luz. Sabendo que um ano-luz é de 9,46 trilhões de quilômetros. E para a estrela Sirius bem conhecida, é de  8,58 trilhões de anos-luz. E à mais longínqua numa lista de 30 estrelas, a DEN, é de 16,20 trilhões anos-luz. Lembrando que o SOL está apenas a 149 milhões e 600 mil quilômetros, e a LUA a 384 mil e 400 quilômetros...

Considere ainda que a nossa galáxia do nosso sistema solar é composta por 200 bilhões de estrelas. E que há outras 200 bilhões de galáxias semelhantes à nossa, cada uma com também 200 bilhões de estrelas...

No entanto, o que era uma vertigem para Heráclito sobre a alma, a vertigem dos cientistas apontando com os seus telescópios se transformou numa certeza e numa definição plástica pela inteligência de Galileu Galilei (1.564-1.647), pai da ciência moderna, o pai também do primeiro telescópio. Galileu definiu: A Natureza é a escrita em “caracteres matemáticos” por meio dos quais é possível ler os seus movimentos e estabelecer as suas leis” (Galileu).

A Natureza é uma escrita em andamento. Os astros se distinguem pelo seu movimento. Assim paralelamente, a alma é uma essência em movimento, e como os cientistas astrofísicos estudam a natureza, assim  os psicólogos estudam a alma que é movimento. E tem a ciência da Psicologia, da Fenomenologia, da psicopatologia e parapsicologia.

Convido ainda você a entrar comigo no êxtase da alma e da Natureza. Como é do conhecimento evolutivo, as galáxias e todo o Universo estão numa expansão que não terminou porque sempre está ainda em movimento desde o primeiro Big-bang, há 15 bilhões de anos. O sol vem daí, todas as galáxias vêm daí, os seus bilhões de estrelas vêm daí, e a nossa galáxia e o nosso Sol e a nossa Terra e a nossa Lua vêm daí.  E, referente a nós, cada um de nós, eu e você somos uma fagulha de estrelas, no dizer do cientista Carl Sagan. Será brincadeira? Vejamos a intuição sobre isso que já vem desde Heráclito e a cultura grega e uru e povos afins, sobre a essência da alma. Heráclito dizia que o ser humano provém da energia vital primordial. Aristóteles e Platão diziam que é um princípio cósmico. São Tomás um princípio metafísico. A Psiché de Aristóteles e “An” de Tales de Mileto são tanto “sopro cósmico” como energia da “água primordial”. Comparemos todas essas intuições com a comprovada ciência moderna do Big-Bang, e com a faísca ou fagulha das estrelas, que nós somos, de Carl Sagan.

Heráclito dizia que o ser humano provém da energia vital primordial. Essa palavra “Psiché” é da linguagem grega-indo-uru que significa “sopro cósmico”. Daí energia vital. Uniram com outra raiz de outra palavra “An”, do sânscrito, língua vizinha, que significa “respiro”, donde veio a palavra grega “Anemos” , vento. Ambas mostram que o ser humano provém exatamente da energia vital primordial. A “Psiché”, de “Apsu”, também indica “aquilo que se origina da água primordial. Outro sábio grego, Tales de Mileto também afirmava que a origem de todas as coisas é a água. Então na origem primordial vital está o “sopro cósmico”,o vento e a água. Nada melhor para uma aproximação com o acontecimento do Big-Bang.

Voltando ainda à evolução do ser humano que se daria há 20 bilhões de anos atrás, fixemo-nos na teoria de Aristóteles que dizia que os animais e plantas têm uma alma que é um princípio vivente e imaterial distinto da matéria. São Tomás adotou essa teoria para a evolução do ser humano desde o embrião. Começa com a matéria, torna-se um princípio vivente imaterial vegetativo tipo planta e animal,  até chegar ao princípio racional, i.é até ser considerado ser humano. Para São Tomás é esse o histórico do desenvolvimento do embrião humano. (Cf. blog www.paroquiadechapadinha.blogspot.com.br 8/11/20).

Em segundo lugar os ginecologistas afirmam que todos os fetos começam tendo uma cauda. Essa cauda é absorvida pela matéria corpórea no útero entre as 4 e 8 semanas depois da gestação. Há 40 casos no mundo em que bebês nasceram com essa cauda porque a matéria corpórea não conseguiu absorvê-la. O último caso comprovado foi no Brasil, em Fortaleza, no Hospital Albert Sabin, no dia 6/11/21. A cauda vinha com 12 cm de comprimento e uma bola na ponta de 4 cm.

Conclusão: O cientista Carl Sagan se extasiou diante da explosão primordial. Heráclito com as dimensões da alma. Os gregos com a energia primordial constituinte da Psiché  e da “AN” que se transformou em anima no latim e português. Os psicólogos estudam os movimentos disso tudo. E Galileu definiu a Natureza como” uma escrita de caracteres em movimento”. E as últimas notícias vieram confirmar a anatomia e morfologia semelhante depois que, desde 20 bilhões de anos os espécimes que encaminharam a evolução do Homo sapiens começaram a ficar sem cauda.

Por outro lado as definições filosóficas dos filósofos clássicos foram o substrato para a filosofia e teologia sobre a evolução do embrião humano em S.Tomás, e depois dele a Escolástica dominicana e franciscana. E finalmente essas teorias, tanto as clássicas como as escolásticas adéquam com as conclusões científicas dos ginecologistas sobre o tema da “evolução” do homem, e a cauda do macaco. E atenção, o nosso DNA é 98% igual como dos Primatas. Até a conclusão citada de Carl Sagan de que galáxias, estrelas, plantas, macacos e homens“somos uma faísca das estrelas”.

    Não somos alma, nem somos corpo, somos um ser vivente-material-imaterial,-vegetativo-metafísico-cósmico-racional-Sopro das estrelas e Sopro das águas.

       P.Casimiro João

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