domingo, 2 de janeiro de 2022

Plantas e animais têm alma? O entendimento da essência “alma” desde Heráclito, Platão, Aristóteles e Paulo, e os modernos.

Chamamos essência ou substância aquilo que subsiste. Uma coisa é o que existe, outra o que subsiste. Na construção de uma casa as paredes existem; os alicerces subsistem. Se a casa cai, os alicerces não caiem porque subsistem, isto é, eles estão sub, por debaixo, segurando tudo. Os alicerces subsistem mesmo que a casa já não exista. Era assim que Heráclito (séc. VI a.C.) entendia a alma. “Por mais que você vá em busca dos confins da alma, você não os encontra, mesmo que percorresse todas as estradas, tão profundo é o sentido que ela tem” (Heráclito). Heráclito dizia ainda, que a alma está junto e além do corpo. Justo, como os alicerces estão junto e além das paredes numa presença de segurança. E assim no ser humano, a alma está junto e além do corpo numa presença que sustenta.

Aristóteles dizia: a alma é “aquele princípio cósmico, substancial, imaterial (Psiché). Este principio imaterial é também a alma das plantas e dos animais. Platão dizia dizia que no ser humano há um elemento corpóreo, e um elemento psíquico espiritual. Foi esta  visão de Platão que entrou na linguagem cristã. Porém Platão ainda deixou uma janela para outra dimensão pneumatológica do ser humano. O elemento pneuma, da raiz n, ou an, grega, da qual deriva propriamente a “alma”. De “an”, que passou para o latim e português, “anima”. São Tomás, ao princípio cósmico, substancial e imaterial de Aristóteles chamou-lhe principio vivente; e ao elemento espiritual metafísico de Platão chamou-lhe “alma”.

Recapitulando antes de prosseguir, dados histórico-filosóficos sobre o ser humano 1- Carne ou matéria corpórea; 2- Psiché princípio vivente imaterial presente nas plantas e animais (Aristóteles); 3- Alma, raiz grega, de an, principio vivente espiritual e racional do ser humano. (Platão, S.Tomás e S.Paulo). Nas Epistolas São Paulo fala em “espirito, alma e corpo”: “Que o Deus da paz vos torne perfeitos e irrepreensíveis em todo o vosso ser, espirito, alma e corpo, até a vinda de Nosso Senhor Jesus Cristo”(1 Tes. 5,23).

Falei atrás no assombro de Heráclito sobre a alma. O mesmo assombro atinge também os cientistas sobre a extensão e a natureza do cosmo, o Universo. Para todo lado que eles apontam os telescópios é  um espaço sem fim. Só para termos uma ideia: a distância da Terra à estrela mais próxima, a Alfa-Centauro, é de 4,24 trilhões de anos-luz. Sabendo que um ano-luz é de 9,46 trilhões de quilômetros. E para a estrela Sirius bem conhecida, é de  8,58 trilhões de anos-luz. E à mais longínqua numa lista de 30 estrelas, a DEN, é de 16,20 trilhões anos-luz. Lembrando que o SOL está apenas a 149 milhões e 600 mil quilômetros, e a LUA a 384 mil e 400 quilômetros...

Considere ainda que a nossa galáxia do nosso sistema solar é composta por 200 bilhões de estrelas. E que há outras 200 bilhões de galáxias semelhantes à nossa, cada uma com também 200 bilhões de estrelas...

No entanto, o que era uma vertigem para Heráclito sobre a alma, a vertigem dos cientistas apontando com os seus telescópios se transformou numa certeza e numa definição plástica pela inteligência de Galileu Galilei (1.564-1.647), pai da ciência moderna, o pai também do primeiro telescópio. Galileu definiu: A Natureza é a escrita em “caracteres matemáticos” por meio dos quais é possível ler os seus movimentos e estabelecer as suas leis” (Galileu).

A Natureza é uma escrita em andamento. Os astros se distinguem pelo seu movimento. Assim paralelamente, a alma é uma essência em movimento, e como os cientistas astrofísicos estudam a natureza, assim  os psicólogos estudam a alma que é movimento. E tem a ciência da Psicologia, da Fenomenologia, da psicopatologia e parapsicologia.

Convido ainda você a entrar comigo no êxtase da alma e da Natureza. Como é do conhecimento evolutivo, as galáxias e todo o Universo estão numa expansão que não terminou porque sempre está ainda em movimento desde o primeiro Big-bang, há 15 bilhões de anos. O sol vem daí, todas as galáxias vêm daí, os seus bilhões de estrelas vêm daí, e a nossa galáxia e o nosso Sol e a nossa Terra e a nossa Lua vêm daí.  E, referente a nós, cada um de nós, eu e você somos uma fagulha de estrelas, no dizer do cientista Carl Sagan. Será brincadeira? Vejamos a intuição sobre isso que já vem desde Heráclito e a cultura grega e uru e povos afins, sobre a essência da alma. Heráclito dizia que o ser humano provém da energia vital primordial. Aristóteles e Platão diziam que é um princípio cósmico. São Tomás um princípio metafísico. A Psiché de Aristóteles e “An” de Tales de Mileto são tanto “sopro cósmico” como energia da “água primordial”. Comparemos todas essas intuições com a comprovada ciência moderna do Big-Bang, e com a faísca ou fagulha das estrelas, que nós somos, de Carl Sagan.

Heráclito dizia que o ser humano provém da energia vital primordial. Essa palavra “Psiché” é da linguagem grega-indo-uru que significa “sopro cósmico”. Daí energia vital. Uniram com outra raiz de outra palavra “An”, do sânscrito, língua vizinha, que significa “respiro”, donde veio a palavra grega “Anemos” , vento. Ambas mostram que o ser humano provém exatamente da energia vital primordial. A “Psiché”, de “Apsu”, também indica “aquilo que se origina da água primordial. Outro sábio grego, Tales de Mileto também afirmava que a origem de todas as coisas é a água. Então na origem primordial vital está o “sopro cósmico”,o vento e a água. Nada melhor para uma aproximação com o acontecimento do Big-Bang.

Voltando ainda à evolução do ser humano que se daria há 20 bilhões de anos atrás, fixemo-nos na teoria de Aristóteles que dizia que os animais e plantas têm uma alma que é um princípio vivente e imaterial distinto da matéria. São Tomás adotou essa teoria para a evolução do ser humano desde o embrião. Começa com a matéria, torna-se um princípio vivente imaterial vegetativo tipo planta e animal,  até chegar ao princípio racional, i.é até ser considerado ser humano. Para São Tomás é esse o histórico do desenvolvimento do embrião humano. (Cf. blog www.paroquiadechapadinha.blogspot.com.br 8/11/20).

Em segundo lugar os ginecologistas afirmam que todos os fetos começam tendo uma cauda. Essa cauda é absorvida pela matéria corpórea no útero entre as 4 e 8 semanas depois da gestação. Há 40 casos no mundo em que bebês nasceram com essa cauda porque a matéria corpórea não conseguiu absorvê-la. O último caso comprovado foi no Brasil, em Fortaleza, no Hospital Albert Sabin, no dia 6/11/21. A cauda vinha com 12 cm de comprimento e uma bola na ponta de 4 cm.

Conclusão: O cientista Carl Sagan se extasiou diante da explosão primordial. Heráclito com as dimensões da alma. Os gregos com a energia primordial constituinte da Psiché  e da “AN” que se transformou em anima no latim e português. Os psicólogos estudam os movimentos disso tudo. E Galileu definiu a Natureza como” uma escrita de caracteres em movimento”. E as últimas notícias vieram confirmar a anatomia e morfologia semelhante depois que, desde 20 bilhões de anos os espécimes que encaminharam a evolução do Homo sapiens começaram a ficar sem cauda.

Por outro lado as definições filosóficas dos filósofos clássicos foram o substrato para a filosofia e teologia sobre a evolução do embrião humano em S.Tomás, e depois dele a Escolástica dominicana e franciscana. E finalmente essas teorias, tanto as clássicas como as escolásticas adéquam com as conclusões científicas dos ginecologistas sobre o tema da “evolução” do homem, e a cauda do macaco. E atenção, o nosso DNA é 98% igual como dos Primatas. Até a conclusão citada de Carl Sagan de que galáxias, estrelas, plantas, macacos e homens“somos uma faísca das estrelas”.

    Não somos alma, nem somos corpo, somos um ser vivente-material-imaterial,-vegetativo-metafísico-cósmico-racional-Sopro das estrelas e Sopro das águas.

       P.Casimiro João

       www.paroquiadechapadinha.blogspot.com.br

 

Nenhum comentário: