Chamamos essência ou substância
aquilo que subsiste. Uma coisa é o que existe, outra o que subsiste.
Na construção de uma casa as paredes existem; os alicerces subsistem. Se a casa
cai, os alicerces não caiem porque subsistem, isto é, eles estão sub, por
debaixo, segurando tudo. Os alicerces subsistem mesmo que a casa já
não exista. Era assim que Heráclito (séc. VI a.C.) entendia a alma.
“Por mais que você vá em busca dos
confins da alma, você não os encontra, mesmo que percorresse todas as estradas,
tão profundo é o sentido que ela tem” (Heráclito). Heráclito dizia
ainda, que a alma está junto e além do corpo. Justo, como os alicerces
estão junto e além das paredes numa presença de segurança. E assim no ser
humano, a alma está junto e além do corpo numa presença que sustenta.
Aristóteles
dizia: a alma é “aquele princípio cósmico, substancial, imaterial (Psiché).
Este principio imaterial é também a alma das plantas e dos animais.
Platão dizia dizia que no ser humano há um elemento corpóreo, e um
elemento psíquico espiritual. Foi esta
visão de Platão que entrou na linguagem cristã. Porém Platão
ainda deixou uma janela para outra dimensão pneumatológica do ser
humano. O elemento pneuma, da raiz n, ou an, grega, da
qual deriva propriamente a “alma”. De “an”, que passou para o latim e
português, “anima”. São Tomás, ao princípio cósmico, substancial
e imaterial de Aristóteles chamou-lhe principio vivente; e ao
elemento espiritual metafísico de Platão chamou-lhe “alma”.
Recapitulando antes de prosseguir,
dados histórico-filosóficos sobre o ser humano 1- Carne ou matéria
corpórea; 2- Psiché princípio vivente imaterial presente nas plantas
e animais (Aristóteles); 3- Alma, raiz grega, de an,
principio vivente espiritual e racional do ser humano. (Platão, S.Tomás
e S.Paulo). Nas Epistolas São Paulo fala em “espirito, alma e corpo”: “Que o Deus da paz vos torne perfeitos e irrepreensíveis
em todo o vosso ser, espirito, alma e corpo, até a vinda
de Nosso Senhor Jesus Cristo”(1 Tes. 5,23).
Falei atrás no assombro de Heráclito
sobre a alma. O mesmo assombro atinge também os cientistas sobre a
extensão e a natureza do cosmo, o Universo. Para todo lado que
eles apontam os telescópios é um
espaço sem fim. Só para termos uma ideia: a distância da Terra à estrela
mais próxima, a Alfa-Centauro, é de 4,24 trilhões de anos-luz.
Sabendo que um ano-luz é de 9,46 trilhões de quilômetros. E para a estrela
Sirius bem conhecida, é de 8,58
trilhões de anos-luz. E à mais longínqua numa lista de 30 estrelas, a
DEN, é de 16,20 trilhões anos-luz. Lembrando que o SOL está apenas a
149 milhões e 600 mil quilômetros, e a LUA a 384 mil e 400
quilômetros...
Considere ainda que a nossa galáxia
do nosso sistema solar é composta por 200 bilhões de estrelas. E que
há outras 200 bilhões de galáxias semelhantes à nossa, cada uma com também
200 bilhões de estrelas...
No entanto, o que era uma vertigem para
Heráclito sobre a alma, a vertigem dos cientistas apontando com os seus telescópios
se transformou numa certeza e numa definição plástica pela inteligência
de Galileu Galilei (1.564-1.647), pai da ciência moderna, o pai também do
primeiro telescópio. Galileu definiu: A
Natureza é a escrita em “caracteres matemáticos” por meio dos quais é possível
ler os seus movimentos e estabelecer as suas leis” (Galileu).
A Natureza é uma escrita em andamento.
Os astros se distinguem pelo seu movimento. Assim
paralelamente, a alma é uma essência em movimento, e como os cientistas
astrofísicos estudam a natureza, assim
os psicólogos estudam a alma que é movimento. E tem a ciência da Psicologia,
da Fenomenologia, da psicopatologia e parapsicologia.
Convido ainda você a entrar comigo no
êxtase da alma e da Natureza. Como é do conhecimento evolutivo, as galáxias
e todo o Universo estão numa expansão que não terminou porque sempre está ainda
em movimento desde o primeiro Big-bang, há 15 bilhões de anos. O sol
vem daí, todas as galáxias vêm daí, os seus bilhões de estrelas vêm daí,
e a nossa galáxia e o nosso Sol e a nossa Terra e a nossa Lua vêm daí. E, referente a nós, cada um de nós, eu e você
somos uma fagulha de estrelas, no dizer do cientista Carl Sagan. Será
brincadeira? Vejamos a intuição sobre isso que já vem desde Heráclito e
a cultura grega e uru e povos afins, sobre a essência da alma. Heráclito
dizia que o ser humano provém da energia vital primordial. Aristóteles
e Platão diziam que é um princípio cósmico. São Tomás um
princípio metafísico. A Psiché de Aristóteles e “An” de Tales de Mileto
são tanto “sopro cósmico” como energia da “água primordial”. Comparemos
todas essas intuições com a comprovada ciência moderna do Big-Bang, e
com a faísca ou fagulha das estrelas, que nós somos, de Carl Sagan.
Heráclito dizia que o ser humano
provém da energia vital primordial. Essa palavra “Psiché” é da linguagem
grega-indo-uru que significa “sopro cósmico”. Daí energia vital. Uniram com outra raiz de outra palavra “An”,
do sânscrito, língua vizinha, que significa “respiro”, donde
veio a palavra grega “Anemos” , vento. Ambas mostram que o ser
humano provém exatamente da energia vital primordial. A “Psiché”,
de “Apsu”, também indica “aquilo que se origina da água primordial.
Outro sábio grego, Tales de Mileto também afirmava que a origem de
todas as coisas é a água. Então na origem primordial vital está o “sopro
cósmico”,o vento e a água. Nada melhor para uma aproximação com o
acontecimento do Big-Bang.
Voltando
ainda à evolução do ser humano que se daria há 20 bilhões de anos atrás,
fixemo-nos na teoria de Aristóteles que dizia que os animais e plantas
têm uma alma que é um princípio vivente e imaterial distinto da
matéria. São Tomás adotou essa teoria para a evolução do ser humano
desde o embrião. Começa com a matéria, torna-se um princípio vivente imaterial
vegetativo tipo planta e animal, até
chegar ao princípio racional, i.é até ser considerado ser humano.
Para São Tomás é esse o histórico do desenvolvimento do embrião humano. (Cf. blog
www.paroquiadechapadinha.blogspot.com.br
8/11/20).
Em
segundo lugar os ginecologistas afirmam que todos os fetos começam tendo uma
cauda. Essa cauda é absorvida pela matéria corpórea no útero
entre as 4 e 8 semanas depois da gestação. Há 40 casos no mundo
em que bebês nasceram com essa cauda porque a matéria corpórea não conseguiu
absorvê-la. O último caso comprovado foi no Brasil, em Fortaleza, no Hospital
Albert Sabin, no dia 6/11/21. A cauda vinha com 12 cm de comprimento e uma bola
na ponta de 4 cm.
Conclusão: O cientista Carl Sagan se extasiou
diante da explosão primordial. Heráclito com as dimensões da alma.
Os gregos com a energia primordial constituinte da Psiché e da “AN” que se transformou em anima
no latim e português. Os psicólogos estudam os movimentos disso tudo. E Galileu
definiu a Natureza como” uma escrita de caracteres em
movimento”. E as últimas notícias vieram confirmar a anatomia e
morfologia semelhante depois que, desde 20 bilhões de anos os espécimes
que encaminharam a evolução do Homo sapiens começaram a ficar sem
cauda.
Por outro lado as definições filosóficas dos
filósofos clássicos foram o substrato para a filosofia e teologia sobre
a evolução do embrião humano em S.Tomás, e depois dele a
Escolástica dominicana e franciscana. E finalmente essas teorias,
tanto as clássicas como as escolásticas adéquam com as conclusões
científicas dos ginecologistas sobre o tema da “evolução” do homem, e a cauda do
macaco. E atenção, o nosso DNA é 98% igual como dos Primatas. Até a
conclusão citada de Carl Sagan de que galáxias, estrelas, plantas,
macacos e homens“somos uma faísca das estrelas”.
Não
somos alma, nem somos corpo, somos um ser vivente-material-imaterial,-vegetativo-metafísico-cósmico-racional-Sopro
das estrelas e Sopro das águas.
P.Casimiro João
www.paroquiadechapadinha.blogspot.com.br
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