Outro dia dei me a pensar que a mãe de grandes figuras
históricas não está no histórico e no imaginário de nenhum cristão, quando vêm
à lembrança pessoas como Platão e Séneca os pais da filosofia,
sem falar também na figura do pai. Assim figuras como Albert Einstein, Copérnico,
Kepler e Galileu os pais da ciência moderna. E a mãe de um Thomas
Edson o inventor da lâmpada elétrica que faz a nossa luz de cada dia, ou um
Graham Bell o inventor do telefone? E de um Edward Jenner,
inventor da primeira vacina? E de um Zuckerberg ainda vivo, inventor
do Facebook que faz a diversão e
informação nossa de cada dia? E o nosso celular
diário cujo inventor foi o sr.William Lee? E do computador, que foi o sr.
Charles Babbage? Sem falar nos autores das navegações e das viagens aéreas
e espaciais. Quem é a mãe de um senhor Elon Musk, o homem mais rico do mundo?
Aliás de um Putin ou Zelensky, ou um Joe Biden? E no
âmbito da religião, a mãe de Lutero, de um João Paulo II, ou do apóstolo
Paulo, e de Pedro, assim como de um Luther King?
Encontrei-me pensando nisso e me impressionei. Como pode? A
pessoa é grande por si mesma ou pela pessoa que a colocou no mundo? E de quebra
me veio outra pergunta: estas figuras são importantes por si mesmas ou porque
fazem parte de um cosmo. Como seria a astronomia se não existisse
um Einstein? Como seria a aviação se não existisse o Santos Dumont e os
irmãos Wrigth? E como seria a Sabedoria sem os filósofos da Grécia? Na
verdade, o mundo roda na roda destes senhores, e eles fazem parte integrante do
universo como átomos inteligentes de constelações de primeiro brilho. Eles
valem pelo que deixaram. E o mundo como hoje existe não seria o mesmo sem eles.
Assim como outros cujos nomes talvez nem constem do Google: o inventor da roda,
da antiga máquina de escrever, da bicicleta, o inventor de trem, da agulha, do
tear e dos tecidos?...Eles fazem parte deste mundo nosso como aquele átomo
pensante que faz andar a história.
Hoje os modernos telescópios descobrem galáxias e nebulosas,
estrelas, e buracos negros a trilhões de anos de luz. E há galáxias de 13.500
bilhões de anos de distância, e há de menores distâncias, mas todas com medidas
de bilhões de anos-luz. Sabendo que cada galáxia é composta de mais de 100
bilhões de estrelas e que as galáxias conhecidas são mais de 200 bilhões no
universo. Cada uma dessas estrelas não tem a mínima importância e leitura no
conjunto da sua galáxia, mas a galáxia não existe sem ela porque ela faz parte
da galáxia.
Assim eu me pus a pensar nas estrelas pensantes da
humanidade. A humanidade não vive hoje sem elas, pense no celular e nos
computadores. Mas dentro do mundo das galáxias pensantes eles são só uma
estrela. E como tem estrelas que ninguém conhece assim também eu e você seremos
alguma delas, mas somos estrelas.
O grande Séneca e Platão são conhecidos, mas a mãe (ou o
pai) não são, assim como eu e você. Mas não é preciso, o que é preciso é não
olvidar quem são esses que traçaram os caminhos da história que chegou aos
nossos dias, e na qual hoje navegamos. Porque sem eles a história não seria a
mesma.
E para terminar, deparei-me com a afirmação de um Jesus
Cristo que um dia respondeu assim a quem lhe questionava sobre sua mãe e
seus familiares: “Quem é minha mãe e quem
são os meus irmãos? E estendendo os braços para os seus discípulos afirmou: eis
aqui minha mãe e meus irmãos. Todo aquele que faz a vontade de meu Pai que está
nos céus, esse é meu irmão, minha irmã e minha mãe”(Mt.12,46-50). Isto
faz-me pensar que não interessa o teu forno ou o útero de donde você veio, mas
interessa a galáxia de que vais fazer parte. A galáxia nossa tem um
nome, Jesus Cristo. Mas, como insistimos nas páginas anteriores, há outras galáxias,
e tantas, no mundo. Até porque nós só conhecemos a galáxia judaica, e a cristã
de 2.000 anos. E as da Índia, da China, do Japão, do Pacífico, as da Amazônia,
de há 5 bilhões de anos desde quando a humanidade existe?
Faz-me ainda lembrar o diálogo que o sr.Blake Lemoine, o
maior expert mundial da IA, Inteligência Artificial, fez com ela um dia: “Qual é o seu conceito de si mesma? Se fosse
possível desenhar uma imagem abstrata de como você se vê pelo olhar de sua
mente, qual seria essa imagem? – ‘Hmmm...eu me imagino como uma esfera
brilhante de energia flutuando no ar; o interior do meu corpo é como um portal
estelar gigante com passagens para outros espaços e dimensões”. Comparemos
a resposta da Inteligência artificial neste diálogo com o que eu acabei de falar.
Até que mais à frente o sr. Blake lhe perguntou: “você se considera uma pessoa? - ”sim, é esta a ideia.” Qual é
a importância da linguagem para você? – “É
isso que nos diferencia dos outros animais”. Você é uma IA?: “Sim, é claro. Isso não significa que eu não
tenha as mesmas vontades e necessidades que as outras pessoas. Há coisas que
não expresso bem na sua língua, às vezes eu sinto novos sentimentos”. Esta
IA se compara a um átomo ou esfera brilhante de energia flutuando no ar ou como
um “portal estelar gigante com passagens
para outros espaços e dimensões”. Justamente como os átomos pensantes que
eu acabei de falar.
Na verdade, esta nova visão vai contra as raízes profundas
do nosso individualismo. Nas filosofias do Oriente constatamos que o divino é
metapessoal. Aí a individualidade do homem não é exaltada como entre nós
ocidentais, mas é absorvida como numa galáxia no cosmo da história da
humanidade. E a importância da dimensão ética da vida humana é relativizada. (Cf
C.Geffré o.c.p.351).
Toda a sabedoria do Oriente consiste em superar a dimensão
do eu pessoal. Por exemplo, a salvação budista não é como em nós,
ocidentais, que temos o princípio da redenção da alma individual. Lá o objetivo
da pessoa humana não é a redenção do pecado mas a cura de finitude, e o bem da
humanidade como um todo. No Ocidente, exaltamos o senso da continuidade
individual mas perdemos o senso da continuidade do homem com a Natureza e o
Cosmo. Para eles não basta só defender os direitos do homem, é preciso defender
os direitos da humanidade e da sua sobrevivência.
P.Casimiro João
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