segunda-feira, 25 de julho de 2022

A fé divide e só o amor une. É o princípio da teologia do pluralismo religioso: Há mais verdade religiosa na soma de todas as religiões do que numa só: Uma flor é uma flor, um jardim é um jardim.


 

Tratamos agora da teologia do pluralismo religioso de fato e teologia do pluralismo religioso de direito. Definição. O pluralismo religioso de fato é a constatação histórica que depois de 20 séculos o cristianismo só se estabeleceu nos países “colonizados”, e em 17,7% da população global. O pluralismo religioso de direito, segundo o teólogo Claude Geffré  baseia-se na reflexão teológica sobre a “salvação presente nas religiões mundiais, não apesar das suas teologias, mas pelo valor das suas teologias. E mais, atendendo ao principio seguinte: elas têm uma plenitude de salvação quantitativa em relação ao cristianismo, que dizemos que rem uma plenitude qualitativa. O que não significa que elas tenham de deixar o que são, para integrar-se no cristianismo, ou seja nas Escrituras, ritos e liturgias do cristianismo, mas continuando com as suas “Escrituras, ritos e liturgias (Cf. Claude Geffré, de Babel a Pentecostes, p.72). Na verdade, “se estas religiões do mundo invocam sua religião como “Escrituras Sagradas” perguntamo-nos por que seria impossível considerar essas “sementes como palavras de Deus aos homens?(Id).

Desde que há homens há uma única revelação como dom de Deus que coincide com a experiência espiritual do Absoluto que todo ser humano pode fazer, no dizer de Karl Rahner. E ainda: Se as diversas tradições religiosas têm um lugar no interior do desígnio de salvífico de Deus, isso quer dizer que há maior verdade religiosa na soma de todas as religiões do que numa religião tomada isoladamente, inclusive o cristianismo. (Cf.o.c.p. 70).

Tomamos como premissa que o amor vale mais do que a fé, como tenho repetido neste Blog(cf.1 Cor.13,13). Porém, olhando para a história, a constatação não é essa, mas para a Igreja e para as Igrejas a fé tem valido mais que o amor. Por causa da fé se caluniava, se brigava, se matava, se perseguia, se queimava gente. Esse alerta de Paulo sobre o amor não era posto em prática. A fé divide e só o amor une. Hoje em dia o Espírito orientou os olhos dos estudiosos para enxergar que as Igrejas deixem de perseguir outras igrejas e outras religiões e outras teologias. Na verdade, Deus não cabe nos conceitos humanos, Deus é maior do que as palavras. Deus não cabe aí, só cabe no amor. É por isso que “há maior verdade religiosa na soma do que numa parte”. Você observa uma flor; e observe um jardim; quem sabe, lá tem a totalidade da beleza. Mas não na flor que tem na mão. Uma flor é uma flor, um jardim é um jardim. Tudo que há no mundo são parcelas, são sementes do bem. E por isso trata-se das sementes de verdade, de bondade e de santidade das quais as próprias religiões são portadoras. Veja bem, no Antigo Testamento vem assim, que a “Sabedoria” diz: “Em mim está o caminho de toda a verdade, da vida e da virtude”(Versão latina de Siraque, 24,25). E que afinal os evangelhos aplicaram a Jesus: Eu sou o caminho, a verdade e a vida, ninguém vai ao Pai senão por mim”(Jo.14,6). Isto não admira, na medida em que toda a religião se arroga o direito de ser a verdade e o caminho, como direi no próximo tema (www.paroquiadechapadinha.blogspot.com.br 19/6/22).

É a Constituição Lumen gentium que faz referência ao bem e “Sementes do Verbo” no coração dos seres humanos, e também a Enciclica “A missão do Redentor” de Pio XII fala das “sementes e fulgores que se abrigam nas pessoas, e nas tradições religiosas da humanidade(n.51). Como eu falei, na soma das religiões como um jardim, o teólogo Claude Geffré diz que “há verdades nas outras religiões, e experiências autênticas que não foram e nem serão tematizadas ou postas em prática no interior do cristianismo pelo fato mesmo de sua particularidade histórica”(o.c.p.72). São como as flores que não estão todas no pequeno jardim do cristianismo. O mesmo teólogo fala de “palavras de Deus” nessas religiões, como estas flores que não germinaram no nosso jardim, e fala de “plenitude qualitativa” cristã, e de “plenitude quantitativa” a de todas as religiões. E deste modo também são palavras de Deus aos homens. (o.c.p.72). Isto nos leva a pensar na possibilidade de cada religião ser portadora de salvação.

No Blog anterior falámos que o “céu geográfico” da teologia do eurocentrismo foi ultrapassado pelo “céu planetário”, e que, por outro lado, o “céu olímpico” de que eles se julgavam donos também, eles não são mais os donos. Se nos apoiarmos no nascimento de Jesus como localizado no “céu geográfico” da Palestina temos que convir que Jesus levava esse “céu geográfico na sua pessoa, na suas cultura e na sua história. Da tradição de Jesus recebemos a instituição da Igreja, da Palavra, dos ministérios, e dos sacramentos. Porém, como lembrou a Constituição Lumen gentium, “a graça é oferecida a todos os homens segundo as vias conhecidas só de Deus”. E no decreto Ad gentes afirma-se que o “desígnio salvifico de Deus se realiza igualmente pelos atos religiosos pelos quais, de diversas maneiras, os homens buscam a Deus”(n.3). E João Paulo II: “Cada oração autêntica é suscitada pelo Espírito Santo que está misteriosamente presente em cada pessoa humana”. Outro teólogo do pluralismo religioso declarou: Se muitos homens e mulheres são salvos, não é apesar da sua religião, mas nela e através dela”.

Chamamos a isto teologia do pluralismo religioso de direito, que é o reverso da medalha do pluralismo religioso de fato. Vale dizer, por um lado a religião cristã só é praticada por 17,7%por cento da população global, restando os 82,3% por cento sem o cristianismo. E por outro lado, que as religiões destes 82,3% por cento  constituem possíveis mediações de salvação.(Christian Dupuis).

Falámos atrás na metáfora do imenso jardim para a amplitude das religiões mundiais. E, como aqui cada flor ou canteiro de flores contém suas características e propriedades, não se deve ter a pretensão de substituí-las para que ingressem ou tomem a cor dos canteiros do cristianismo. Quer isto dizer que a Igreja não pode pretender integrar nem substituir as riquezas autênticas das outras religiões.

Conclusão. Podemos concluir com o teólogo Claude Geffré: “É por isso que nos parece legítimo falar de um pluralismo religioso de principio (ou de direito) que depende do desígnio de Deus criador e libertador. Como conclusão é adequado dizer que se os valores das religiões são recapitulados em Cristo é sob a condição de que seus valores próprios não sejam compreendidos como degraus inferiores e transitórios que desapareceriam completamente quando encontrassem seu cumprimento na religião cristã. Cada figura religiosa tem algo irredutível na medida em que pode ser suscitada pelo Espírito de Deus que sopra em todos os lugares.” (o.c.p.83).

P.Casimiro João    smbn

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segunda-feira, 18 de julho de 2022

Deus não é judeu, e nem cristão, e nem romano, e nem de Atenas e nem de Roma.


 

Todas as religiões são teorizações, a que podemos chamar teologias que se completam umas às outras. Partindo do princípio de que “se as diversas religiões têm seu lugar no interior do desígnio salvífico de Deus, isso quer dizer que há maior verdade religiosa na soma de todas as religiões do que numa religião tomada isoladamente, inclusive o próprio cristianismo” (Glaude Geffré, “De babel ao Pentecostes”, Ensaios de teologia inter-religiosa, Paulus, p.70). “E se certas religiões do mundo invocam suas religiões como Escrituras Sagradas, perguntamo-nos: porque seria impossível essas “sementes do Verbo” não apenas como palavras humanas sobre Deus, mas como palavras de Deus aos homens”? (o.c.p.72)

Assim como o esforço cristão levou à teorização da experiência da sua fé na sua teologia fundamentada na manifestação de Deus em Jesus Cristo, assim as outras religiões, como dito atrás, teorizaram as suas experiências de Deus “ encarnado” nos Livros como o Corão dos Árabes e nas vivências de fundadores de outras religiões. Na verdade, quando nós cristãos pretendemos defender a pretensão legítima de o cristianismo ser a única religião, haja em vista a manifestação de Deus em Jesus Cristo, porém topamos com o mesmo dilema com o qual se confronta qualquer teologia das outras religiões, eles também dizendo assim “nós também somos a única religião”. E por outro lado, Paulo sofre do mesmo dilema dizendo: ”há um só Deus, e  um só Mediador entre Deus e os homens, um homem, Cristo Jesus, que se deu em resgate por todos”, mas logo acrescenta: `”Ele quer que todos os homens se salvem e cheguem ao conhecimento da verdade”(1Tim.2.4). Como podemos constatar, passados que foram 20 séculos os católicos somos apenas 17,74% no mundo. E no grande continente asiático apenas 3% de cristãos. Por isso a teologia do pluralismo religioso debate-se com esse dilema: Aqui se debate a teologia do pluralismo religioso de fato, e no próximo Blog debateremos a teologia do pluralismo religioso de direito.  Paul Tilich afirma que “na teologia cristã, o próprio Jesus está sujeito ao condicionalismo humano, histórico e cultural”. E afirma que “a consideração da inevitável contingência da humanidade de Jesus nos convida a respeitar as teologias das outras religiões”. E Karl Rahner: “Desde que há homens, há uma revelação como dom de Deus, que coincide com as experiências espirituais de Deus que todos os homens neste mundo podem fazer” (o.c.p.75).                               

Falámos atrás na contingência histórica de Jesus. E desde essa contingência foi escrita a teologia católica até final da Idade Media. Na verdade, a cultura dominante mediterrânea da Europa durante vinte séculos formou a maneira de pensar da teologia. Porém, agora está dando lugar a um policentrismo cultural com as dimensões do planeta, não sendo mais com as dimensões da pequena Europa e bacia mediterrânea.

Desde as origens do cristianismo não se tinha ideia dos continentes e dos povos do planeta. E quando o cristianismo se formou e se expandiu, foi com a parceria do império romano. Começou com o império de Roma, e no final da Idade Média continuou com os impérios das nações colonizadoras europeias. Onde não chegou a colonização não chegou o cristianismo: toda a Ásia, Polinésia, China, Japão, e todo o Pacifico. Com as teologias em confronto com essas religiões, os teólogos viram finalmente que Deus é sempre maior do que os nomes que lhe damos. Esses nomes e teologias que nós, cristãos, lhe damos vêm de um tripé geográfico comum: Jerusalém, Atenas, Roma. Com a descoberta planetária que aconteceu depois, aparecem outros centros geográficos com  maior influência planetária do que a desse tripé. Foi no Concílio Vaticano II que por primeira vez a Igreja começou se dando conta disso, e do talento e gênio religioso que está por trás dessas religiões. O Concílio declarou no Decreto Ad gentes: “É impossível discernir o que é a parte do gênio religioso do homem e a parte do dom de Deus” (Ad gentes, n.11). E João Paulo II no discurso aos líderes mundiais das religiões em Assis em 1987 declarou que “as diferenças são menos importantes do que a unicidade do desígnio de Deus” (Documentação católica, 1987, 133).

Então, cada vez mais caminhamos para a convicção de que a teologia tradicional se apoiava no eclesiocentrismo, apoiado no eurocentrismo de 20 séculos. A teologia provinha de três capitais mediterrâneas Jerusalém, Atenas e Roma. Elas tinham suas filosofias que originavam suas teologias com pretensões de dominar todos os continentes, não se dando conta de que eram só o resultado dos povos circundantes de um mar, chamado o mar mediterrâneo. E quando lemos a afirmação contundente “Quem crer e for batizado será salvo, quem não crer será condenado”,(Mt.28,16) vemos aí a repetição e cópia do exclusivismo do Antigo Testamento: “Vós não podereis salvar-vos se não fordes circuncidados, como ordena a Lei de Moisés”(At.15,1).

Hoje sabemos que os habitantes do Mediterrâneo imaginavam que o “céu” geográfico deles seria o mesmo “céu geográfico” de todo mundo de que se consideravam os donos. Assim também se julgavam os “donos” do “céu olímpico” de Deus.

Entenda-se aqui “céu geográfico” por                                                                                                                                                                                                                                     cultura  ou tradições de fé. E assim nascia a pretensão de levar a fé do cristianismo a “todo mundo”, inclusive com a força das armas e dos reis colonizadores. Aliás já tinham aprendido isso com o judaísmo de ser imposto a todo mundo, “que o rei se erga vitorioso em defesa da fé, da verdade e da justiça, cingi-vos com vossa espada, ó herói”(Sl.44,5).  E Paulo declarava: “No céu não há outro nome dado aos homens pelo qual devemos ser salvos”(At.4,12). Isto significa que São Paulo considerava que o “céu geográfico” da Palestina e de Roma fosse o “céu geográfico” de todas as nações; e portanto, que o “céu olímpico” da sua teologia fosse também o céu olímpico de todos os povos, isto é, a salvação como ele a concebia. Na verdade ele ainda não tinha chegado à conclusão de que Deus não é judeu, nem cristão e nem romano, mas é asiático, japonês, africano, paquistanês e árabe e índio de todas as cores.

Conclusão. No evangelho de João vem também: “Eu sou o caminho a verdade e a vida, ninguém vai ao Pai senão por mim”(Jo.14,6). Não imaginavam eles que isto é uma cópia do Antigo Testamento. Aí Sabedoria declarava: “em mim está o dom de todo caminho e verdade, em mim está toda a esperança da vida e virtude”(Versão latina de Siraque 24,25). “É como se o interpolador tivesse associado a descrição joanina de Jesus com as reivindicações da Sabedoria”(Raymund Brown o.c.p.1006). Este é um exemplo, segundo dito atrás, que passou de Jerusalém para Atenas e para Roma. E como o Antigo Testamento dizia que não havia outro caminho de salvação que não fosse a Lei, assim os primeiros cristãos continuaram falando isso de Jesus. Na verdade, como tenho dito várias vezes aqui neste Blog “nós somos três quartos de Antigo testamento e apenas um quarto mais ou menos de Novo testamento. Hoje o mundo  não é mais Jerusalém, nem Atenas, nem Roma, mas é Xangai, Taiwan, Tókio, Nova Delli, Dubai, Bangldesh, Mumbai, Cairo, Peqin, Osaka, Seul e Moscovo e os Índios de todas as cores.

Finalmente, quando constatamos que na Ásia os cristãos são apenas 3% em toda a população nos deparamos com a realidade do pluralismo religioso de fato. No próximo blog iremos tratar da teologia do pluralismo religioso de direito.

P.Casimiro João     smbn

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segunda-feira, 11 de julho de 2022

O historiador Gerhard Lohfink no seu recente livro JESUS DE NAZARÉ afirma que “em todo ser humano existem forças de autocura”. Existe o poder de provocar câncer em si mesmo e o poder de curá-lo, diz a psicoterapeuta Renate Jost de Moraes.

As curas na Antiguidade, as curas de Jesus, e “a tua fé te salvou”(Mc.5,43), e “os vossos filhos por meio de quem expulsam os demônios”(Mt.17,27).

O historiador Gerhard Lohfink no seu recente livro JESUS DE NAZARÉ afirma que “em todo ser humano existem forças de autocura”o.c.p.191). Elas, despertadas no momento certo, só precisam de um empurrãozinho. Por outro lado, no ser humano existem também as forças correlatas de autodestruição, como veremos à frente. Comecemos pelas forças de autocura.

A respeito de certas doenças, podemos fazer esta avaliação genérica: Como uma pessoa tem “poder  de provocar câncer em si mesma, as mesmas reações em sentido inverso também têm poder de curá-la. Esta possibilidade psicossomática está comprovada pelos estudiosos recentes do inconsciente profundo, como a doutora Renate Jost de Moraes, nos seus dois volumes: “As chaves do inconsciente” e : O inconsciente sem fronteiras”. Ela é a criadora do método ADI/TIP –Abordagem direta do Inconsciente/Terapia de integração Pessoal. Vejamos algumas afirmações de seus estudos sobre formação do inconsciente e sua contribuição para a formação da pessoa.

“Existe energia elétrica no cérebro que irradia fora dele. O átomo é ao mesmo tempo matéria e movimento. O inconsciente não é limitado pelo tempo, pelo espaço, e pela matéria.”( Renate Jost de Moraes: O Inconsciente sem fronteiras, p.238). “O Eu pessoal fala com seus pais a partir do útero materno e age a partir do útero, sendo que a sua ação se concretiza em acontecimentos físicos ou em pensamentos dos outros” (o.c.p.240). “Outra propriedade do inconsciente é a existência nele de uma especial força ou energia capaz de atuar sobre o próprio organismo, sobre outras pessoas e sobre objetos”(o.c.p.66) este ultimo dado é básico para os efeitos telérgicos de aportes e agir sobre objetos a distância como os tijolos que caiem por exemplo nas casas assombradas, agulhas no corpo de pessoas, e queimação de roupas sem visível ação de ninguém...

“A emissão de energia inconsciente parte de uma atitude de vontade firme e decisiva realizada através de raciocínios, por si mesmo tão rápidos que não chegam a ser claramente conscientizados. Para que uma pessoa possa transmitir irradiação positiva não basta um simples “querer” racionalizado, mas é preciso “ser”. Uma pessoa que carrega em seus sentimentos ódio, revolta e inveja tende a desiquilibrar seu psiquismo e apresenta somatizações físicas destes conflitos e sua energia inconsciente, portanto, fica perturbada, e a seguir transfere a mesma energia para aquelas pessoas que a cercam ou a quem ela deseja ajudar. De fato, não é possível desejar mal a ninguém sem antes prejudicar a si mesmo. (o.c.p.66). A autora apresenta um exemplo prático da rejeição inconsciente:

Um paciente via-se logo ao nascer rejeitando o leite materno e vomitando o pouco que sugava. Este paciente tinha sido rejeitado na sua concepção. E estes vómitos continuavam na adolescência levando a contínuas internações”. “O inconsciente percebe-se no momento da formação da consciência, forma julgamentos e se programa até para ganhar doenças físicas”. Já nos referimos atrás a estas forças correlatas de autodestruição.

Chegamos ao ponto de continuar com a nossa reflexão de que em todo ser humano existem forças de autocura, assim como de autodestruição, uma vez que como a pessoa tem poder de provocar um câncer em si mesma, as mesmas reações em sentido inverso também a podem curar. Os médicos modernos hoje em dia estão convencidos que todas as curas dependem 75% por cento de forças pessoais, e só 25 por cento da ação do médico.

Em continuação das forças internas de cura, vejamos como isto acontecia na antiguidade. A este tipo de coisas pertencem exemplos de cura bem testemunhados, cuja autenticidade não pode ser posta em dúvida nos relatados dos historiadores como Tácito e Suetônio. São narrações da coroação de um novo rei, onde milagres tinham que acontecer. Segundo Tácito(58-120 d.C.) no ano 70 aconteceu o seguinte: Vespasiano já fora proclamado imperador, mas ainda não tinha assumido. Estava em Alexandria no aguardo da viagem para Roma. De um novo imperador ou rei se esperava sempre um novo sinal de um novo  milagre. No meio da multidão, dois homens se aproximaram pedindo a cura, como sinal de seu poder. Um deles era cego, o outro paralítico das mãos. O cego pede a Vespasiano que passe em seus olhos e faces a saliva imperial. O outro deseja que o imperador toque sua mão paralisada com a sola dos pés. Vespasiano tocou nos olhos do cego com sua saliva imperial e com a sola dos seus pés a mão do paralítico, e a cura aconteceu para ambos diante da multidão que presenciou e aplaudiu.

Os judeus que moravam em Alexandria sabiam disso, e por isso trazem muitas vezes a pergunta a Jesus: “que sinal tu fazes tu para que possamos acreditar em ti”(Jo.6,30). Essa expectativa não era privilégio só dessa época. Na Europa medieval isso acontecia, até o século 19. Na França e na Inglaterra fazia parte do ritual de coroação que o novo rei ungido tocasse alguns enfermos. É claro que, às vezes, as circunstâncias específicas dos enfermos acabavam desencadeando a força da cura. A expectativa precisava só daquele empurrãozinho. Na verdade concorriam aí quatro elementos, para o empurrãozinho acontecer: interação do paciente com o curador; firmeza do paciente na expectativa; determinação e confiança no curador; e multidão para envolver o mistério. Não é à toa que esse ambiente vem expresso assim nos evangelhos: “vai em paz, a tua fé te salvou”(Mc.5.34).

O historiador Flávio Josefo conta outra história. Ele mesmo conta que foi testemunha ocular. “Eu próprio vi como Eliazer, na presença de Vespasiano e de seus filhos, das tribunas militares e de uma infinidade de soldados, libertou dos “demônios” alguns possessos. A cura se deu do seguinte modo: Sob o nariz do “possesso” ele segurava um anel onde estava inclusa uma das raízes dadas por Salomão. Ele fazia o doente cheirar a raiz e arrancava o demônio pelo nariz. O possesso caía imediatamente por terra e Eliazer conjurava então o demônio a jamais retornar, pronunciando o nome de Salomão.

Isto nos faz lembrar as palavras de Jesus em suja defesa contra as acusações de que ele expulsava os demônios com o poder do príncipe dos demônios: “Se eu expulso os demônios por belzebu, por meio de quem os expulsam os vossos filhos?”(Mt.12,27).

Conclusão. Concluímos que quatro elementos concorrem para que a psiqué trabalhe na melhora das condições de saúde das pessoas, do que resulta um trabalho conjunto da psique e da fisiologia, que é a predisposição da pessoa, em favor da qual há esses elementos indispensáveis: a sua convicção, e a pessoa confiável; os outros dois são concomitantes, a interação e a multidão que testemunha, a qual transmite uma energia enorme semelhante à energia dos estádios de futebol que corresponde ao décimo segundo jogador em prol da equipe da Casa. E como antigamente os “demônios” eram os donos das doenças, então para expulsar a doença tinha que se expulsar primeiro os “demônios”. Há até a piada que os judeus tinham a doutrina seguinte: que Deus não teve tempo de criar um corpo para os demônios, e ficaram só com o espírito, e então eles entravam nos corpos das pessoas e cada um trazia uma doença.

Porém, é necessário agora elevar nossa mente para  esferas mais altas, e concluir que o mal chamado “demônios” é a concentração dos males e “marginalizações” da sociedade, que se concentram em pessoas mais fragilizadas, e sobre elas recai assim a imperfeição e a enfermidade da sociedade. Aquele que ali cura ocupa o lugar de Deus, que não pode admitir que a boa criação de Deus seja destruída”. Essas pessoas, no caso dos evangelhos, precisavam de uma “oficialização” do seu novo estado de readmitidos na sociedade sã e sadia. (Cf. G.Lohfink o.c.p.193).

P.Casimiro João    smbn

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segunda-feira, 4 de julho de 2022

Ouvi num Video que os Casais em 2.a união vão todos para o inferno. Na época de S.Agostinho Crianças sem batismo também iam. Agora não. Quando é que esses senhores de vídeos irão dizer que os tais casais vão pro céu, igual as Crianças?


 

Esses que condenam ao inferno os Casais em 2.a união também condenariam ao inferno as Crianças sem batismo como as condenava santo Agostinho e a Igreja da sua época. Certamente eles se baseavam naquela frase do evangelho :”quem crer e for batizado será salvo, mas quem não crer será condenado” (Mc.16,16), agora a teologia da Igreja deu outra interpretação e encontrou motivos dessa afirmação. No documento a COMISSÃO TEOLÓGICA INTERNACIONAL declara assim: "A esperança de salvação para as crianças que morrem sem ter sido batizadas", cuja publicação foi aprovada pelo Papa Bento XVI, a Comissão conclui que "o destino das crianças que morrem sem ter recebido o batismo é o Céu" (inclusive as que morrem por aborto). (Cf. www.VATICANO, 23 abr.07/01:58 am (ACI).

.E também não há mais o “Limbo”, como se acreditava, depois da dúvida se elas se condenavam ou não. Perguntem ao Papa aposentado Ratzinger, ainda vivo no Vaticano, pois foi ele que declarou em 04 de Outubro de 2006 que essa “estória” de “Limbo” não existe mais.

Com essa mentalidade da época de santo Agostinho eles ainda hoje estão mandando para o inferno os casais em 2.a união. E “eles”, para onde eles irão? Eles tão fáceis de condenar?  (Obs: confira vídeos como de José Augusto e alguns padres mediáticos...)

 

Obs: Se no Antigo Testamento eram tão severos no castigo aos pecados de adultério como assim: ”o homem que cometer adultério com a mulher do seu próximo se tornará réu de morte, tanto ele como a sua cúmplice”(Lv.20,10), por outro lado veja a facilidade de desfazer um casamento: ”quando um homem se casa com uma mulher, se depois ele não gostar mais dela por qualquer coisa que lhe desagrada, escreva um documento de divórcio e lhe entregue” (Dt.24,1).

P.Casimiro João    smbn

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