As curas na
Antiguidade, as curas de Jesus, e “a tua fé te salvou”(Mc.5,43), e “os vossos
filhos por meio de quem expulsam os demônios”(Mt.17,27).
O historiador Gerhard Lohfink no seu
recente livro JESUS DE NAZARÉ afirma que “em todo ser humano existem forças de
autocura”o.c.p.191). Elas, despertadas no momento certo, só precisam de um
empurrãozinho. Por outro lado, no ser humano existem também as forças
correlatas de autodestruição, como veremos à frente. Comecemos pelas forças de
autocura.
A respeito de certas doenças, podemos
fazer esta avaliação genérica: Como uma pessoa tem “poder de provocar câncer em si mesma, as mesmas reações
em sentido inverso também têm poder de curá-la. Esta possibilidade
psicossomática está comprovada pelos estudiosos recentes do inconsciente
profundo, como a doutora Renate Jost de Moraes, nos seus dois volumes: “As
chaves do inconsciente” e : O inconsciente sem fronteiras”. Ela é a criadora do
método ADI/TIP –Abordagem direta do Inconsciente/Terapia de integração Pessoal.
Vejamos algumas afirmações de seus estudos sobre formação do inconsciente e sua
contribuição para a formação da pessoa.
“Existe energia elétrica no cérebro que
irradia fora dele. O átomo é ao mesmo tempo matéria e movimento. O inconsciente
não é limitado pelo tempo, pelo espaço, e pela matéria.”( Renate Jost de Moraes:
O Inconsciente sem fronteiras, p.238). “O Eu pessoal fala com seus pais a
partir do útero materno e age a partir do útero, sendo que a sua ação se
concretiza em acontecimentos físicos ou em pensamentos dos outros” (o.c.p.240).
“Outra propriedade do inconsciente é a existência nele de uma especial força ou
energia capaz de atuar sobre o próprio organismo, sobre outras pessoas e sobre
objetos”(o.c.p.66) este ultimo dado é básico para os efeitos telérgicos de
aportes e agir sobre objetos a distância como os tijolos que caiem por exemplo
nas casas assombradas, agulhas no corpo de pessoas, e queimação de roupas sem
visível ação de ninguém...
“A emissão de energia inconsciente
parte de uma atitude de vontade firme e decisiva realizada através de
raciocínios, por si mesmo tão rápidos que não chegam a ser claramente
conscientizados. Para que uma pessoa possa transmitir irradiação positiva não
basta um simples “querer” racionalizado, mas é preciso “ser”. Uma
pessoa que carrega em seus sentimentos ódio, revolta e inveja tende a
desiquilibrar seu psiquismo e apresenta somatizações físicas destes conflitos e
sua energia inconsciente, portanto, fica perturbada, e a seguir transfere a
mesma energia para aquelas pessoas que a cercam ou a quem ela deseja ajudar. De
fato, não é possível desejar mal a ninguém sem antes prejudicar a si mesmo.
(o.c.p.66). A autora apresenta um exemplo prático da rejeição inconsciente:
“Um
paciente via-se logo ao nascer rejeitando o leite materno e vomitando o pouco
que sugava. Este paciente tinha sido rejeitado na sua concepção. E estes
vómitos continuavam na adolescência levando a contínuas internações”. “O
inconsciente percebe-se no momento da formação da consciência, forma
julgamentos e se programa até para ganhar doenças físicas”. Já nos referimos
atrás a estas forças correlatas de autodestruição.
Chegamos ao ponto de continuar com a
nossa reflexão de que em todo ser humano existem forças de autocura, assim como
de autodestruição, uma vez que como a pessoa tem poder de provocar um câncer em
si mesma, as mesmas reações em sentido inverso também a podem curar. Os médicos
modernos hoje em dia estão convencidos que todas as curas dependem 75% por
cento de forças pessoais, e só 25 por cento da ação do médico.
Em continuação das forças internas de
cura, vejamos como isto acontecia na antiguidade. A este tipo de coisas
pertencem exemplos de cura bem testemunhados, cuja autenticidade não pode ser posta
em dúvida nos relatados dos historiadores como Tácito e Suetônio. São
narrações da coroação de um novo rei, onde milagres tinham que acontecer.
Segundo Tácito(58-120 d.C.) no ano 70 aconteceu o seguinte: Vespasiano já fora
proclamado imperador, mas ainda não tinha assumido. Estava em Alexandria no
aguardo da viagem para Roma. De um novo imperador ou rei se esperava sempre um
novo sinal de um novo milagre. No meio
da multidão, dois homens se aproximaram pedindo a cura, como sinal de seu
poder. Um deles era cego, o outro paralítico das mãos. O cego pede a Vespasiano
que passe em seus olhos e faces a saliva imperial. O outro deseja que o
imperador toque sua mão paralisada com a sola dos pés. Vespasiano tocou nos
olhos do cego com sua saliva imperial e com a sola dos seus pés a mão do
paralítico, e a cura aconteceu para ambos diante da multidão que presenciou e
aplaudiu.
Os judeus que moravam em Alexandria
sabiam disso, e por isso trazem muitas vezes a pergunta a Jesus: “que sinal tu fazes tu para que possamos
acreditar em ti”(Jo.6,30). Essa expectativa não era privilégio só dessa
época. Na Europa medieval isso acontecia, até o século 19. Na França e na
Inglaterra fazia parte do ritual de coroação que o novo rei ungido tocasse
alguns enfermos. É claro que, às vezes, as circunstâncias específicas dos
enfermos acabavam desencadeando a força da cura. A expectativa precisava só
daquele empurrãozinho. Na verdade concorriam aí quatro elementos, para o
empurrãozinho acontecer: interação do paciente com o curador; firmeza
do paciente na expectativa; determinação e confiança no curador; e multidão
para envolver o mistério. Não é à toa que esse ambiente vem expresso assim
nos evangelhos: “vai em paz, a tua fé te
salvou”(Mc.5.34).
O historiador Flávio Josefo conta outra
história. Ele mesmo conta que foi testemunha ocular. “Eu próprio vi como Eliazer,
na presença de Vespasiano e de seus filhos, das tribunas militares e de uma
infinidade de soldados, libertou dos “demônios” alguns possessos. A cura se deu
do seguinte modo: Sob o nariz do “possesso” ele segurava um anel onde estava
inclusa uma das raízes dadas por Salomão. Ele fazia o doente cheirar a raiz e
arrancava o demônio pelo nariz. O possesso caía imediatamente por terra e
Eliazer conjurava então o demônio a jamais retornar, pronunciando o nome de
Salomão.
Isto nos faz lembrar as palavras de
Jesus em suja defesa contra as acusações de que ele expulsava os demônios com o
poder do príncipe dos demônios: “Se eu
expulso os demônios por belzebu, por meio de quem os expulsam os vossos filhos?”(Mt.12,27).
Conclusão.
Concluímos que quatro elementos concorrem para que a psiqué trabalhe na melhora
das condições de saúde das pessoas, do que resulta um trabalho conjunto da
psique e da fisiologia, que é a predisposição da pessoa, em favor da qual há esses
elementos indispensáveis: a sua convicção, e a pessoa confiável; os
outros dois são concomitantes, a interação e a multidão que testemunha,
a qual transmite uma energia enorme semelhante à energia dos estádios de
futebol que corresponde ao décimo segundo jogador em prol da equipe da
Casa. E como antigamente os “demônios” eram os donos das doenças, então para
expulsar a doença tinha que se expulsar primeiro os “demônios”. Há até a piada
que os judeus tinham a doutrina seguinte: que Deus não teve tempo de criar um
corpo para os demônios, e ficaram só com o espírito, e então eles entravam nos
corpos das pessoas e cada um trazia uma doença.
Porém, é necessário agora elevar nossa
mente para esferas mais altas, e
concluir que o mal chamado “demônios” é a concentração dos males e
“marginalizações” da sociedade, que se concentram em pessoas mais fragilizadas,
e sobre elas recai assim a imperfeição e a enfermidade da sociedade. Aquele que
ali cura ocupa o lugar de Deus, que não pode admitir que a boa criação de Deus
seja destruída”. Essas pessoas, no caso dos evangelhos, precisavam de uma
“oficialização” do seu novo estado de readmitidos na sociedade sã e sadia. (Cf.
G.Lohfink o.c.p.193).
P.Casimiro João smbn
www.paroquiadechapadinha.blogspot.com.br
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