Confira
abaixo a íntegra da mensagem do Papa Francisco:
Queridos irmãos e irmãs
do Brasil!
Com o início da Quaresma,
somos convidados a preparar-nos, através das práticas penitenciais do jejum, da
esmola e da oração, para a celebração da vitória do Senhor Jesus sobre o pecado
e a morte.
Para inspirar, iluminar e integrar tais práticas como componentes de
um caminho pessoal e comunitário em direção à Páscoa de Cristo, a Campanha da
Fraternidade propõe aos cristãos brasileiros o horizonte das “políticas
públicas”.
Muito embora aquilo que
se entende por política pública seja primordialmente uma responsabilidade do
Estado cuja finalidade é garantir o bem comum dos cidadãos, todas as pessoas e
instituições devem se sentir protagonistas das iniciativas e ações que promovam
«o conjunto das condições de vida social que permitem aos indivíduos, famílias e
associações alcançar mais plena e facilmente a própria perfeição» (Gaudium et
spes, 74).
Cientes disso, os
cristãos – inspirados pelo lema desta Campanha da Fraternidade «Serás libertado
pelo direito e pela justiça» (Is 1,28) e seguindo o exemplo do divino
Mestre que “não veio para ser servido, mas para servir” (Mt 20,28) – devem
buscar uma participação mais ativa na sociedade como forma concreta de amor ao
próximo, que permita a construção de uma cultura fraterna baseada no direito e
na justiça.
De fato, como lembra o Documento de Aparecida, «são os leigos de
nosso continente, conscientes de sua chamada à santidade em virtude de sua
vocação batismal, os que têm de atuar à maneira de um fermento na massa para
construir uma cidade temporal que esteja de acordo com o projeto de Deus» (n.
505).
De modo especial, àqueles
que se dedicam formalmente à política – à que os Pontífices, a partir de Pio
XII, se referiram como uma «nobre forma de caridade» (cf. Papa
Francisco, Mensagem ao Congresso organizado pela CAL-CELAM, 1/XII/2017) –
requer-se que vivam «com paixão o seu serviço aos povos, vibrando com as fibras
íntimas do seu etos e da sua cultura, solidários com os seus
sofrimentos e esperanças; políticos que anteponham o bem comum aos seus
interesses privados, que não se deixem intimidar pelos grandes poderes
financeiros e mediáticos, sendo competentes e pacientes face a problemas
complexos, sendo abertos a ouvir e a aprender no diálogo democrático,
conjugando a busca da justiça com a misericórdia e a reconciliação» (ibid.).
Refletindo e rezando as
políticas públicas com a graça do Espírito Santo, faço votos, queridos irmãos e
irmãs, que o caminho quaresmal deste ano, à luz das propostas da Campanha da
Fraternidade, ajude todos os cristãos a terem os olhos e o coração abertos para
que possam ver nos irmãos mais necessitados a “carne de Cristo” que espera «ser
reconhecido, tocado e assistido cuidadosamente por nós» (Bula Misericórdia
vultus, 15).
Assim a força renovadora e transformadora da Ressurreição poderá alcançar
a todos fazendo do Brasil uma nação mais fraterna e justa. E para lhes
confirmar nesses propósitos, confiados na intercessão de Nossa Senhora
Aparecida, de coração envio a todos e cada um a Bênção Apostólica, pedindo que
nunca deixem de rezar por mim.
Vaticano, 11 de fevereiro
de 2019.
[Franciscus PP.]
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