No século XVIII e XIX países novos se emanciparam de seus
colonizadores, e se descolonizaram. Se libertaram da ideologia da classe
dominante que impunha suas estruturas, seus costumes, e sua ideologia.
A teologia como um todo custou mais a descolonizar-se pela
pressão central da Europa, e não seguiu a caminhada libertadora como aconteceu
com a descolonização das Nações. Roma ainda era a cultura, as estruturas e a
ideologia.
A Igreja de Roma confundia Unidade com Uniformidade.
Na Idade Média era proibido fazer perguntas. A “verdadeira fé” era só
aceitar sem perguntar. Na colonização também era assim, e na Igreja
também. Porém, na independência dos Povos as coisas mudaram. Só que na Igreja
as coisas não aconteceram assim, ela não queria mudar. A Igreja queria os seus
fiéis sempre como gente de menoridade. Ficou feio.
Por isso que condenou filosofias que proclamavam estes
avanços, como o Iluminismo, e Modernismo que apavoravam os eclesiásticos. E de
quebra condenava também as teologias que se baseavam também nesses princípios
filosóficos. Seria por exemplo como condenar os novos princípios pedagógicos de
Piaget para continuar com os métodos antigos tradicionais.
Hoje em dia apareceu um despertar de novas maneiras de
explicar a fé. Há visível insatisfação com as clássicas abordagens da teologia, Na Idade Média havia
o conceito da Imobilidade.
Nada podia ser mudado segundo os conceitos da
teologia do Antigo Testamento que passaram a influenciar o Novo Testamento, e
que ganharam novos reforços com a filosofia gnóstica, e depois com a filosofia
platônica, continuando com Aristóteles, e ganhou “status sagrado” com Tomás de
Aquino por toda a Idade Média. Era a clássica teologia perene, como lhe
chamaram.
Esta teologia clássica carregou, de forma inconsciente, a
ideologia centro-europeia. Assim legitimava preconceitos e formas de opressão.
As reações foram aparecendo e levantando novas bandeiras. Graças a Deus, as
Igreja cristãs vão apresentando hoje expressiva teologia, com correntes de
pensamento e enfoques teológicos múltiplos. Se as “Sementes do Verbo”
estão no mundo como afirma o Vaticano II (AG,11), essas sementes têm os seus
frutos em todas as religiões.
As Religiões Tradicionais Africanas, e não só, estão sendo
valorizadas e colocadas no seu patamar e no seu status de religiões de salvação, como
afirma na sua tese de doutorado o Padre José Armando Vicente cujo Tema
é: O VALOR SALVÍFICO DA RELIGIÃO TRADICIONAL AFRICANA (RTA), no contexto da
pluralidade das religiões na África.
E no livro que em o sugestivo título é A IDENTIDADE NEGADA E O
ROSTO DESFIGURADO, de Irene Dias de Oliveira, onde afirma: “Teólogos,
antropólogos e psicólogos devem compreender que ao abordar as crenças e as
práticas religiosas dos povos africanos faz-se necessário abandonar preconceitos, ideia pré-concebidas
e definições rígidas para observar, com a máxima objetividade possível que
todos os povos africanos têm capacidade (mesmo que os métodos sejam
diferentes), de se relacionar e comunicar com seres e poderes que não se vêem
mas cuja presença sentem”.
Na mesma linha vêm outros teólogos, como Adriano Langa e
José Batista Lundin, que pergunta: “Até quando as religiões permitem aos homens
e mulheres e crianças darem sentido e dignidade às suas vidas e se tornarem a “glória
de Deus Vivente”?
Outro exemplo
contemporâneo é a teologia negra de África do Sul, que assumiu inclusivamente a
teologia da Libertação. Lá, como nos outros países, o Povo assumiu sua própria
história e tradição.
Foi-se o tempo da história contada pelos colonizadores
europeus que santificavam a escravidão africana. Esta teologia agora defende
que Jesus passou a vida restituindo a vida aos oprimidos e oprimidas, e
defendendo as tradições que lhes eram negadas.
Este exemplo está sendo seguido
por outras nações e teólogos, como Tekunboh Adeymo, MacArthur, Herman Maia,
Kleber Campos, Martyn Llonck, Jones e Jame Kone.