Só Jesus salva – A fé sem as obras da lei - O que quer dizer
isso?
Quer dizer que após a vinda de Jesus,
acabou o valor da Lei ou Torá, do Antigo Testamento. Não é mais a Lei ou Torá
que salva, mas só Jesus, a sua vida e sua graça, numa palavra, a aceitação de
Jesus como salvador. Daí o jargão: SÓ JESUS SALVA.
Na verdade, a LEI ou TORÁ, que era o
patrimônio da salvação para Israel foi desbancada pela vinda de Cristo. E na
medida em que os Judeus continuavam presos a ela, estavam perdendo entrar no
trem da salvação. Não seria mais para a vida, mas para a morte. (cf. Rom.cap.7).
A Torá era a LUZ dos
Judeus. O que fundamentava o povo como povo de Deus. Quando os evangelhos
apresentam Jesus como “Eu sou a LUZ”,
estavam querendo dizer que a LUZ da Humanidade não era mais a TORÁ, mas JESUS.
Assim acontece o que São Paulo
chama a “salvação pela fé.” Os
Judeus se consideravam perfeitos
cumprindo as “Obras da Lei”. Em todos os detalhes; esta era a sua
glória. Era ela que constituía Israel como exclusivo povo de Deus, daí excluíam
todos os outros e discriminavam, até o ponto de nem tocar para não se
contaminarem, como hoje acontece com o coronavírus. Esta era a salvação
pelas obras da Lei.
Em contraposição, São Paulo põe a
salvação ou “justificação” pela fé.” “A justiça de Deus é gratuita de Deus para todos os povos”(Rom.4,4). “A
circuncisão identificou Israel como “Nação
de Israel“, a Nova vida da graça faz a “Nação dos filhos de Deus”.
A tradição de Israel era que a “justiça” ou
salvação de Deus pela Lei tinha que ser merecida, como salário
que era devido a quem trabalha, (Rom. 4,4).
Por isso a Torá e a salvação
era restrita a Israel. Isso dava-lhes status, e a prerrogativa de povo
escolhido, com o direito de “excluir” todos os outros povos do mundo. Quem
quisesse ser salvo tinha que se fazer primeiro judeu para cumprir a Torá e depois salvar-se.
A força da questão é a gratuidade
da salvação. São Paulo declara “O homem
não se justifica pelas obras de Lei, mas pela FÉ em Jesus Cristo” (Gál.2,16).
Pondo isso como o grande princípio do evangelho, a justificação pela fé.
A virada no pensamento de São Paulo
deu-se desde o encontro com Cristo na estrada (ou retiro) de Damasco. Até esse
momento era fariseu, mas começou combatendo a sua própria convicção
anterior de que a justificação era só de Israel e pelas obras da Lei.
Daí em diante nasceu a sua teologia que ele chama “o meu evangelho”(Rom.2,16). E
declara: “O que para mim era lucro,
considerei tudo como perda por causa de Cristo.”(Fil.3,7).
“Julgamos
que o homem é justificado pela fé sem a obediência da Lei” (Rom.3,28). “Será
que Deus é só o Deus dos Judeus? Não é também dos pagãos? Sim, é também Deus
dos pagãos, o qual justifica pela fé os circuncisos e também os incircuncisos”
(Rom.3,29-32).
O embasamento de toda esta teologia de
São Paulo era a figura de Adão e de Abraão. Na época de Paulo
corria o livro de um judeu, Filão chamado “A VIDA DE ADÃO E EVA”. Aí
traz a promessa de um Adão fiel de ressurreição para acesso renovado à árvore
da vida: “e serás imortal para sempre”.
Este segundo Adão seria Cristo,
descendente de Adão, descendente de Abraão. E como Abraão sacrificou o filho e
o teve de volta, assim também esse filho era a figura de Cristo que por seu
sacrifício foi perdoada a Humanidade. Aí se firmou a teologia sacrificial de Paulo.
De tal maneira era a nossa incorporação
com Adão e com Cristo que enquanto não morrermos todos em Adão não viveremos
todos em Cristo: "Assim como todos morremos em Adão, todos seremos vivificados em em Cristo".(1 Cor, 15,22). Como membros do primeiro Adão pertencemos àquela era,
morreremos; como membros do segundo Adão pertenceremos à era vindoura,
experimentaremos o Espírito que dá a vida.
Desta
Cristologia adâmica e batismal estavam lançadas as duas premissas de
salvação pela fé: a promessa de Abraão e o valor salvífico de Cristo. Daí
resulta que a salvação não é mais pelas obras da antiga Lei mas pela aceitação
da fé na promessa de Abrão e do sacrifício de Cristo: a salvação pela fé.
Para Paulo, o evento salvação tem três pilares: primeiro justificação pela fé, segundo, participação em
Jesus Cristo, terceiro o dom do Espirito Santo. Pelo dom do Espirito o cristão ganha um status renovado, participa de Cristo e
ganha uma capacitação divina.
Paulo,
quando era ainda fariseu fazia dos pagãos filhos dos Mandamentos da Torá;
depois da sua conversão, Paulo, o apóstolo, fazia dos pagãos filhos do Espírito.
No ano de 2016 deu-se A DECLARAÇÃO
CONJUNTA DAS IGREJAS CATÓLICA E LUTERANA sobre a DOUTRINA DA JUSTIFICAÇÃO, em ORAÇÃO
ECUMÊNICA na catedral luterana de LUND, na SUÉCIA na comemoração dos 500 anos
da REFORMA de MARTINHO LUTERO, assinada pelo Papa Francisco e pelo Presidente
da CONFEDERÇÃO LUTERANA MUNDIAL, Bispo Munib A.Younan.
O ponto central foi este: “Unicamente pela graça, na fé na obra
salvadora de Cristo e não por qualquer mérito da nossa parte, somos aceitos por
Deus e recebemos o Espírito Santo, que renova os nossos corações, nos instrumentaliza
e nos chama às boas obras. Luteranos e Católicos compartilham o alvo comum de
confessar, acima de todas as coisas, Jesus Cristo como mediador uno pelo qual
Deus, no Espírito Santo, dá a si mesmo e derrama seus dons renovadores”.
Mais
à frente esta Declaração foi aceita
também pelas Igrejas Metodista, Presbiteriana, e Anglicana
Portanto,
o princípio SÓ JESUS SALVA – A FÉ SEM AS OBRAS DA LEI é agora patrimônio comum
entre as Igreja cristãs, e foi um enorme passo no objetivo comum do ECUMENISMO
em curso.
Podemos argumentar: isso afinal tinha só em mente atingir os Judeus, que
queriam que alguém se fizesse judeu para depois ser batizado e ser cristão.
Negativo.
Diante de Jesus, a Torá e suas obras perderam a validade absoluta. Igualmente
as nossa obras não são embasamento para a salvação hoje, mas o princípio da
GRATUIDADE absoluta de Deus cujo pêndulo
é a ação salvífica de Jesus Cristo.
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