Noutra pagina falei nesse tópico “poder e lei” mais que o
reino de Deus, e isso fazia parte da
teologia tradicional do Antigo Testamento. E não só, também em datas mais
recentes havia esse casamento do poder e da lei. Desde alguns anos que a Igreja
vem tentando uma reviravolta dessas atitudes no passado, deixando para trás ligações,
alianças e compromissos com o poder político. Sobrou no entanto o apego ao seu
próprio poder “sagrado” tomando o lugar do outro poder temporal. Isto acontece
quando o seu próprio poder é “sacralizado”, tornando-o igual ao antigo poder
imperial, com a característica de que é “sagrado”, como vindo de Deus, enquanto
não, o que vem de Deus é o “serviço” (Mc.10,45). Até porque, se o poder
imperial era perigoso enquanto usando e sendo usado por forças humanas, este se
torna ainda mais perigoso enquanto “poder sagrado” da Igreja, porque ganha
todas as condições para um domínio mágico sobre o povo. Na verdade, a Psicologia
diz que a religião é o que exerce a maior força psicológica sobre a humanidade.
O concílio vaticano II foi o princípio de uma conversão, mas só o princípio. E
tanto foi só o princípio, que logo ao nascer, surgiram forças ocultas dentro da
própria Igreja para não deixar essa plantazinha crescer. O modelo de Igreja do
concílio foi de uma Igreja que está no mundo a serviço do mundo, não mais para
“dominar” o mundo. A visão de que a Lei e o Poder eram mais importantes que o
Evangelho do Reino de Deus começava a ser diagnosticada como doença e começou a
causar incômodos em muitos setores da Igreja. As elites
econômicas e políticas do mundo rico e da Igreja tiveram um sobressalto e um
susto. Porque o seu modelo de Igreja era claramente de cristandade articulado
pela relação Igreja-Poder. E a espiritualidade era desligada da realidade. As
primeiras reações começaram e aumentaram fomentadas por setores e movimentos
tanto da Igreja como do poder temporal. Nos Estados Unidos instaurou-se um
regime de domínio de toda a América Latina, com Herry Truman. Foi quando se
formaram os dois blocos Rússia versus Estados Unidos. E aí, nos Estados Unidos
estabeleceu-se esta bandeira e esta ideologia: “Tudo o que não for pela América
é contra a América. Foi a chamada “Guerra Fria”. E tentou dividir o mundo
nesses dois blocos, como se no mundo não houvesse mais ninguém. Esta era uma
estratégia para dominar todas as nações da América do Sul. E com as Nações
também a própria Igreja entrou na roda da ideologia dos Estados Unidos. Nascia
assim o imperialismo moderno dos Estados
da América do Norte. O inicio do conflito “foi o discurso de Truman, em
1947, que deu origem às ditaduras da América Latina no Paraguai, Uruguai,
Argentina, Chile, Peru, Bolívia, Guatemala e Brasil. A implantação destas
ditaduras militares estava diretamente associada com o cenário da Guerra Fria,
começando com o discurso de Truman, enquanto que a Rússia não tinha feito nunca
ameaça nenhuma a nenhum país” (Cf: Silva, Daniel http://brasilescola.uol.com.br/historiag/militar.htm). Tanto que este imperialismo dos USA
conseguiu infiltrar-se na Igreja, que por três ocasiões aceitou receber
políticos dos USA em Roma para conseguir as amizades do Vaticano. (Apud
O.Culman) . E não só, mas conseguiram também colaboração e alianças com a
Igreja em muitas nações da América do Sul. Veio desse movimento a mania de
chamar comunista a quem não fosse abertamente a favor dos Estados Unidos. Isso
aumentou na ditadura militar brasileira e depois da ditadura continuou essa
mania ou melhor esse trauma, como um fermento e um veneno que contaminou a
sociedade. Duas dimensões retornaram e renasceram numa espiritualidade doentia
e até na formação do sacerdócio. As nações mais ricas começaram a dominar o
mundo pelas redes sociais. Foi um poder global e digital dos Estados Unidos com
o domínio dessas plataformas digitais. Eles tinham o máximo cuidado de levar as
Igrejas nessa onda. Desse jeito fomentaram uma espiritualidade que servisse a
sua ideologia e seu império. Assim eles promoveram um mercado de
espiritualidade alienada e desencarnada, invadindo toda América do Sul com seus
pastores bem alinhados ao regime e pagos com muitos dólares americanos. Por
outro lado, os padres começaram sendo formados em uma concepção do sacerdócio
como poder, e “poder sagrado” para dominar, tudo como reação ao concílio
vaticano II. (Apud Pablo Richard – “Contexto Atual da Globalização,pg.49 e 55).
Conclusão. Enquanto que, como frutos do concílio, se fizeram na
América Latina os Sínodos de Medellin e Puebla para aplicar os princípios do
Vaticano II, em Roma não se davam conta das intenções dos USA que tentavam
tomar terreno e afastar as Igrejas das práticas do concílio. Deste modo, como anteriormente a Igreja se
ligava aos poderes imperiais da Europa e do padroado, agora com uma nova fase
de unir-se ao novo poder imperial da América do Norte.
P.Casimiro João smbn
www.paroquiadechapadinha.blgospot.com.br
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