segunda-feira, 11 de agosto de 2025

PODER E LEI NA IGREJA.


 

Noutra pagina falei nesse tópico “poder e lei” mais que o reino de Deus, e isso fazia  parte da teologia tradicional do Antigo Testamento. E não só, também em datas mais recentes havia esse casamento do poder e da lei. Desde alguns anos que a Igreja vem tentando uma reviravolta dessas atitudes no passado, deixando para trás ligações, alianças e compromissos com o poder político. Sobrou no entanto o apego ao seu próprio poder “sagrado” tomando o lugar do outro poder temporal. Isto acontece quando o seu próprio poder é “sacralizado”, tornando-o igual ao antigo poder imperial, com a característica de que é “sagrado”, como vindo de Deus, enquanto não, o que vem de Deus é o “serviço” (Mc.10,45). Até porque, se o poder imperial era perigoso enquanto usando e sendo usado por forças humanas, este se torna ainda mais perigoso enquanto “poder sagrado” da Igreja, porque ganha todas as condições para um domínio mágico sobre o povo. Na verdade, a Psicologia diz que a religião é o que exerce a maior força psicológica sobre a humanidade. O concílio vaticano II foi o princípio de uma conversão, mas só o princípio. E tanto foi só o princípio, que logo ao nascer, surgiram forças ocultas dentro da própria Igreja para não deixar essa plantazinha crescer. O modelo de Igreja do concílio foi de uma Igreja que está no mundo a serviço do mundo, não mais para “dominar” o mundo. A visão de que a Lei e o Poder eram mais importantes que o Evangelho do Reino de Deus começava a ser diagnosticada como doença e começou a causar  incômodos  em muitos setores da Igreja. As elites econômicas e políticas do mundo rico e da Igreja tiveram um sobressalto e um susto. Porque o seu modelo de Igreja era claramente de cristandade articulado pela relação Igreja-Poder. E a espiritualidade era desligada da realidade. As primeiras reações começaram e aumentaram fomentadas por setores e movimentos tanto da Igreja como do poder temporal. Nos Estados Unidos instaurou-se um regime de domínio de toda a América Latina, com Herry Truman. Foi quando se formaram os dois blocos Rússia versus Estados Unidos. E aí, nos Estados Unidos estabeleceu-se esta bandeira e esta ideologia: “Tudo o que não for pela América é contra a América. Foi a chamada “Guerra Fria”. E tentou dividir o mundo nesses dois blocos, como se no mundo não houvesse mais ninguém. Esta era uma estratégia para dominar todas as nações da América do Sul. E com as Nações também a própria Igreja entrou na roda da ideologia dos Estados Unidos. Nascia assim o imperialismo moderno dos Estados  da América do Norte. O inicio do conflito “foi o discurso de Truman, em 1947, que deu origem às ditaduras da América Latina no Paraguai, Uruguai, Argentina, Chile, Peru, Bolívia, Guatemala e Brasil. A implantação destas ditaduras militares estava diretamente associada com o cenário da Guerra Fria, começando com o discurso de Truman, enquanto que a Rússia não tinha feito nunca ameaça nenhuma a nenhum país” (Cf: Silva, Daniel http://brasilescola.uol.com.br/historiag/militar.htm). Tanto que este imperialismo dos USA conseguiu infiltrar-se na Igreja, que por três ocasiões aceitou receber políticos dos USA em Roma para conseguir as amizades do Vaticano. (Apud O.Culman) . E não só, mas conseguiram também colaboração e alianças com a Igreja em muitas nações da América do Sul. Veio desse movimento a mania de chamar comunista a quem não fosse abertamente a favor dos Estados Unidos. Isso aumentou na ditadura militar brasileira e depois da ditadura continuou essa mania ou melhor esse trauma, como um fermento e um veneno que contaminou a sociedade. Duas dimensões retornaram e renasceram numa espiritualidade doentia e até na formação do sacerdócio. As nações mais ricas começaram a dominar o mundo pelas redes sociais. Foi um poder global e digital dos Estados Unidos com o domínio dessas plataformas digitais. Eles tinham o máximo cuidado de levar as Igrejas nessa onda. Desse jeito fomentaram uma espiritualidade que servisse a sua ideologia e seu império. Assim eles promoveram um mercado de espiritualidade alienada e desencarnada, invadindo toda América do Sul com seus pastores bem alinhados ao regime e pagos com muitos dólares americanos. Por outro lado, os padres começaram sendo formados em uma concepção do sacerdócio como poder, e “poder sagrado” para dominar, tudo como reação ao concílio vaticano II. (Apud Pablo Richard – “Contexto Atual da Globalização,pg.49 e 55).

Conclusão. Enquanto que, como frutos do concílio, se fizeram na América Latina os Sínodos de Medellin e Puebla para aplicar os princípios do Vaticano II, em Roma não se davam conta das intenções dos USA que tentavam tomar terreno e afastar as Igrejas das práticas do concílio.  Deste modo, como anteriormente a Igreja se ligava aos poderes imperiais da Europa e do padroado, agora com uma nova fase de unir-se ao novo poder imperial da América do Norte.

P.Casimiro João                  smbn

www.paroquiadechapadinha.blgospot.com.br

 

 

 

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