Reportemo-nos
à Idade do Gelo, 9.000 anos antes de Cristo. Antes disso os homens viviam em
cavernas, quem sabe, desde 200.000 anos atrás. Era a Idade Paleolítica.
Sucederam-se a Idade Neolítica ou Idade da Pedra, em que os homens viviam nas
montanhas do Iraque.
Na
verdade, após a Idade das cavernas, os mais antigos aldeamentos permanentes que
se conhecem são de 9.000 anos a.C. Os humanos aprenderam que podiam plantar grãos
e controlar os animais em rebanhos.
Foi o tempo em que começa a marcha para a civilização. De civitas, ou cidade.
O
maior progresso veio logo depois, aos 4.000 a.C., com a invenção da escrita
pelos Sumérios, na Mesopotâmia.
Os
primeiros documentos que foram encontrados são documentos inventariais e
de negócios. Isto dá sinais do progresso
ascendente da vida econômica.
Nessa
época, a vida econômica se concentrava em volta do templo, O mais antigo
deus que se conhece era o deus Eridu. Já tinham instrumentos de pedra,
de cobre e cerâmica. As mais antigas figuras gravadas representam figuras
sentadas de deuses, com máscaras que serviam para fins de culto.
Para os mortos eles colocavam alimentos e utensílios, sinais da fé da vida além
desta.
Os
aldeamentos primitivos evoluíram para cidades-estado. A Cidade-Estado
era uma teocracia governada pelo deus. A cidade e as terras eram
propriedade do deus; o templo era o seu solar. A vida econômica era organizada
em torno do templo, com seus jardins, seus campos, e seus depósitos. Todos os
moradores eram súditos do deus, trabalhando na sua propriedade.
O
chefe temporal da Cidade-Estado era o lugar tenente do deus do templo. O
rei era o sacerdote do templo local que governava como representante do deus, e
era o administrador das suas propriedades. A tradição dizia que essa realeza
era proveniente do céu desde o princípio dos tempos.
Em
volta do templo floresciam também
escolas de escrita que deram origem a grandes obras de literaturas
épicas e os mitos. Estas histórias e mitos já vinham sendo contadas
e transmitidas de épocas imemoriais. Agora, com a invenção da escrita foi
possível a sua sobrevivência pela escrita, como o Gilgamesh, que
serviu como estrato para outras obras, inclusive o Gênesis bíblico.
Na
época do império de Sargão I, dos acádicos, já os reis deixaram de
considerar o templo como centro. O centro foi transferido para o palácio
residencial do rei. Por isso mesmo se concederam a si mesmos as prerrogativas
divinas, eles eram o deus. O rei começou a usar a tiara de pontas, dos
deuses, e seu nome aparece com o qualificativo de divino. Muito tempo
antes dos “Augustos” de Roma.
A
vida quotidiana dos mortais era colocada do mesmo jeito nos deuses nas suas
representações do sexo, dos banquetes, numa atitude de bem viver, e luta pelo
poder, alguma coisa como agora.
O
deus supremo era o senhor da tempestade. Na realidade, como desde os primórdios,
é o que mais assusta a humanidade, o senhor da tempestade tinha que ser
o maior. Em Israel era o deus-dos-exércitos, porque na luta pelo poder
tinha essa função. E a cidade que tinha o deus mais forte era a vencedora. A
cidade derrotada é porque o seu deus era fraco.
As
calamidades eram a ira de Deus, por conta de uma afronta. Daí
veio o culto de apaziguar a ira de Deus por meio de sacrifícios. Vêm da pré-história
os sacrifícios dos animais, e até de seres humanos: pré história que
chegou ao Novo Testamento na história dos sacrifícios de animais e do cordeiro.
Hoje
em dia tem uma tendência herdada daí, e também da mentalidade judaica como
expressa na Carta aos Hebreus, escrita por um judeu convertido, de que a
eucaristia é um rito sacrificial. Era por isso que em toda a Idade Média se
“assistia à missa” de joelhos.
As
novas orientações indicam que seja de pé para manifestar a ressurreição. Os que
hoje pensam voltar ao passado, nos joelhos, esquecem aquela aclamação da Missa:
“anunciamos Senhor a vossa morte e proclamamos a vossa ressurreição”(Liturgia
eucarística).
Nos
tempos antigos do Egito, Idade do Bronze, 3.000 anos a.C aconteceram os maiores
avanços do Egito. O faraó não era um vice-rei que governava por eleição divina,
nem era um homem que tinha sido deificado, ele era um deus visível entre
o seu povo. Nos povos anteriores havia códigos de leis. O primeiro código
conhecido é o de Ur III em 1.800 a.C. Porém o faraó não tinha nenhum código
de leis. Lá tudo era imutável porque o mundo se segurava no seu centro que era
o faraó.
Nessa
época do Bronze antigo foram construídas as maiores pirâmides do Egito,
as moradas dos reis-deuses, e exploradas as minas de cobre do Sinai.
Floresceu nessa época a maior literatura do Egito, entre ela tinha profetas
e textos execratórios, que eram tipos de previsões escritas contra os
inimigos. Foram encontradas estelas desfeitas em cacos que significavam
que as profecias tinham-se realizado no esmagamento dos inimigos contra quem
era dirigidas. Entre os profetas ficou famoso o profeta Neferti, da
corte do faraó.
Ainda
não tinha chegado o tempo dos Patriarcas de Israel, nestes anos de 3.000 a.C. Chegou a Idade do Bronze recente, 2060-1.900
em que houve uma convulsão geral nesse mundo antigo. A história conta centenas
de migrações em todo o Oriente Médio. Povos antes nunca vistos invadiram e
destruíram cidades e civilizações. Entre esses, depois dos Sumérios,
vieram os acádicos, amoritas, babilônicos, ugaríticos,
hurrianos, hititas, indo-arianos, e finalmente os Hicsos.
Com estes hicsos o Egito, que tinha caído na mãos de muitos invasores,
conseguiu levantar-se e continuar formando um império ainda maior do que os
precedentes. É neste cenário que devem ser colocadas as narrativas dos
capítulos 12-50 do Gênesis.
Com
isso ficamos sabendo que os capítulos 12 a 50 do Gênesis formam o primeiro
capítulo da história teológica dos seis primeiros livros da Bíblia. E
também como foi antecedida essa narrativa teológica tendo como pressupostos
toda a arqueologia desde a Idade do Gelo, do Mesolítico, do Paleolítico, do
Neolítico, da Idade de Ferro, do Bronze primário e do Bronze recente.
P.Casimiro SMBN
www.paroquiadechapadinha.blogspot.com.br
Nenhum comentário:
Postar um comentário