O Evangelho segundo Marcos fala com frequência em endemoninhados,
demônios e também em espíritos impuros.
Os escritos dos rabinos antigos falam em demônios muito mais do
que os Evangelhos. Fazia parte da tradição judaica. Diziam que
Deus criou os demônios na tarde do sexto dia, mas não teve tempo
de dar-lhes um corpo, pois com o pôr do sol começava o sábado.
Por isso eles ficaram vagando. Esfregam-se nas pessoas para gastar-lhes
as roupas e provocar doenças. Estão em toda a parte.
Na época o atraso era grande e o povo muito explorado, isso aumentava as
doenças e levava alguns à loucura e outros à revolta fanática e irracional da
rebelião violenta contra Roma. Esses estavam à procura do Messias, o salvador da
pátria deles, papel que Jesus não queria fazer. A religião judaica estava
decadente e seus mestres desacreditados. E a aceitação de Jesus era grande. O
Evangelho usa as imagens de demônios e maus espíritos para falar dessa
realidade e do que Jesus faz como início do reinado de Deus.
As
comunidades hoje
Hoje a medicina, a psicologia, a parapsicologia têm conhecimentos e
recursos para analisar, interpretar e buscar solução para a maioria os
problemas de saúde física e mental. O mal hoje é atribuir a seres sobre-humanos
a causa dos problemas. Colocá-las fora do nosso alcance torna mais difícil,
senão impossível, buscar uma solução.
É verdade que exorcismo é mais barato do que tratamento psiquiátrico,
mas culpar o demônio por tudo o que acontece só leva ao desespero e à neurose.
Ajuda mútua, carinho e atenção uns com os outros – na raiz de muitos
problemas está a simples carência afetiva – são meios ao nosso alcance para
fazer o que Jesus fez, libertar as pessoas dos seus demônios interiores.
Tags: Estudo dos Evangelhos Marcos
Padre José Luiz Gonzaga do Prado
–Diocese de Guaxupé (MG).
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