Gêneros
literários são formas ou formatos de colocar uma ideia ou uma história.
Podemos catalogar os principais: gênero apocalíptico, gênero épico,
gênero profecia, gênero evangelho, gênero romance ou novela, gênero
teofania e gênero ou formato vocacional.
1.
gênero apocalítico: Ao autores
punham sua espiritualidade ou sua teologia em formato de sonhos
para expressar suas teses ou teologias. Quase sempre utilizando elementos
cósmicos e nomes de animais para dar o tom de mistério. E
mais, com os nomes e figuras de animais ocultavam os nomes dos inimigos
políticos de que falavam. Outras vezes o gênero apocalíptico vai buscar coisas
do Antigo Testamento também do mesmo gênero em formato de sonhos ou visões para
acabar de tecer a sua história ou narrativa etiológica.
2.
gênero épico: Os autores
punham suas narrativas exageradas e inventadas e “sonhadas”, e “aumentadas” em
forma ou formato de histórias como sendo verdadeiras, mas que
nunca aconteceram daquele jeito, para enaltecer a sua nação ou um
seu herói.
3.
gênero profecia: Os autores
punham em forma ou formato de afirmações ou revelações como vindas
de Deus em pessoa “Deus falou,”
“Deus disse,” “Escutem a voz de Deus”, “Deus
falou com Moisés”.. Estas expressões existem 2.200 vezes na Bíblia.
Aliás, já antes dessas falas, o rei de Moab também escreveu a respeito
do seu deus: “Ele me disse: vai, e toma
as cidades de Nebo de Israel”. Eu fui de noite e lutei até a tarde, e as
tomei”(José Ademar Kaefer,”A Bíblia, a Arqueologia”, “Estela de Mesa) p.74). Aliás, como diz o mesmo autor, “a profecia
é um fenômeno universal e existiu praticamente em todas as formas ou
organizações religiosas conhecidas do mundo antigo” o.c.p.85). Geralmente o
profeta estava a serviço do rei e da corte e tinha a função de conselheiro
do rei, que o considerava como “vidente”. “Seus
profetas adivinham por dinheiro” (Miq.3,9). A maior parte dos profetas
bíblicos estavam também na corte ao serviço do rei, inclusivamente o
profeta Isaías.
Profecias
e textos execratórios eram tipos de previsões escritas contra os
inimigos. Existem estelas e óstracos que confirmam que as
profecias tinham-se realizado na derrota dos inimigos. O principal profeta
conhecido é o egípcio Neferti, do ano 3.000 a.C. antes de toda a
história bíblica, estamos ainda na Idade do Bronze. (Cf. BLOG
www.paroquiadechapadinha.blogspot.com.br 21/2/21)
Além
do gênero profecia que os judeus imitavam das culturas do seu entorno,
também se inspiraram e copiaram o gênero salmos dessas mesmas culturas
mormente do Egito, assim como copiaram também o tipo Provérbios, inclusive no
livro dos Provérbios vêm alguns desses antigos (Cf.Prov.cap.30).
O
gênero profético atribui uma esperança ou utopia popular a um plano
divino de certo herói de tempos passados em uma sobrevivência no futuro
como sendo preparada por Deus. Exemplo de como em Portugal havia o sonho da
volta do rei Sebastião, morto na África, mas que havia de voltar numa manhã de nevoeiro...Na
Bíblia, o exemplo do sucessor do rei Davi. Essa ideia exprime a nostalgia
coletiva de que voltassem os tempos áureos do esplendor de uma nação,
simbolizados no herói principal da sua época.
Outras
vezes o gênero
profético se inspirava nas pitonisas helênicas que faziam seus oráculos
de “adivinhação”, sempre com o objetivo de dar suporte às expectativas
dos clientes. É famoso o culto da pitonisa do templo de Apolo em Delfos,
desde o séc. VIII antes de Cristo. Os oráculos eram ocasionados por vapores que
subiam da ruptura sísmica das rochas onde o Templo estava construído; a pitonisa
emitia uns sons sem sentido, mas considerados profecias pelos sacerdotes para
fins lucrativos.
4.-gênero
evangelho: Coloca na
boca de Jesus afirmações e discursos para descrever casos concretos e
locais vividos pelas comunidades para dar autoridade como históricas, e assim
solucionar os problemas e casos vividos pelas igrejas locais. Semelhantes a
este gênero é o gênero Epístolas e Atos. Epístolas e Atos também se
inspiram em relatos e listas de atos maravilhosos de heróis antigos que
faziam parte do imaginárío popuplar. Exemplos de relatos de curas, milagres
de andar em cima do mar, curas à distância, aparecimento e
desaparecimento físico, e se encontrar em vários lugares, ou bilocação,
como também se sair bem de tremores de terra, derribar até fortificações
como Sansão, e escapar de mordeduras de cobras venenosas, como Apolinário
de Tiana; ressuscitar mortos e expulsar demônios, e afastar
epidemias(Apolinário de Tiana e Bem Hanina). Alguns nomes desses heróis: Hanina bem Dosa, judeu; Imbotep, o
egípcio; Hipócrates, grego; Apolônio de Tiana; Roni e Banuz, e Eliázar, judeu.
5.
gênero teofania: Mais
precisamente uma parte do gênero épico, onde os autores colocavam Deus
se mostrando em seu poder com nuvens, trovões, relâmpagos,
e fogo, como no caso de Moises no deserto, Êx.cap.3, e do Pentecostes, At.cap.2;
nuvens como no Tabor assim como vozes, no Tabor e no batismo de Jesus,
Moisés no Sinai, e na sarça ardente. Na verdade, nas antiguidades
o deus supremo era o deus da tempestade. Justamente por isso a religião
judaica que trazia parcelas das culturas antigas tinha que colocar o Deus-Javé
falando em cima de nuvens, trovões, relâmpagos e tempestades, como no Sinai
(Êx. Cap,20). Cf. BLOG www.paroquiadechapadinha.blogspot.com.br 21/2/21).
6.
Tem ainda o gênero ou formato vocacional
que mostra a fala de Deus no chamado para uma vocação, como Samuel, Isaias,
Jeremias, João Batista e toda a cena dos pais para o nascimento,
até ao nascimento de Jesus com a vocação da Virgem Maria.
7.
E tem o gênero em formato “romance”
(novela), que são casos extraordinários para criar impacto, admiração e o
“poder” de Deus, como Jonas no ventre da baleia (Jn.cap.3), Daniel na “cova
dos leões” Sansão e Dalila, e Cãntico dos cânticos.
8.
Tem ainda o jogo de números, que para
os antigos judeus tinha uma linguagem, como os números 3, 4,
6, 7 10 e 12. Três, sete e doze são da perfeição.
Dez e seis, da imperfeição; quatro, os 4 pontos cardeais, o mundo todo
implicado.
Conclusão.
“O método histórico-crítico é o método
indispensável para o estudo científico do sentido dos textos bíblicos.
Como a Sagrada Escritura enquanto palavra de Deus em linguagem humana foi
composta por autores humanos em todas as suas partes e todas as suas fontes,
sua compreensão não só admite como legítima, mas pede a utilização deste
método” (DECLARAÇÃO DA PONTIFÍCA COMISSÃO BÍBLICA, aprovada pelo Papa São João
Paulo II em 1993 e publicada em 1994).
P.Casimiro João
www.paroquiadechapadinha.blogspot.com.br
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