segunda-feira, 11 de julho de 2022

O historiador Gerhard Lohfink no seu recente livro JESUS DE NAZARÉ afirma que “em todo ser humano existem forças de autocura”. Existe o poder de provocar câncer em si mesmo e o poder de curá-lo, diz a psicoterapeuta Renate Jost de Moraes.

As curas na Antiguidade, as curas de Jesus, e “a tua fé te salvou”(Mc.5,43), e “os vossos filhos por meio de quem expulsam os demônios”(Mt.17,27).

O historiador Gerhard Lohfink no seu recente livro JESUS DE NAZARÉ afirma que “em todo ser humano existem forças de autocura”o.c.p.191). Elas, despertadas no momento certo, só precisam de um empurrãozinho. Por outro lado, no ser humano existem também as forças correlatas de autodestruição, como veremos à frente. Comecemos pelas forças de autocura.

A respeito de certas doenças, podemos fazer esta avaliação genérica: Como uma pessoa tem “poder  de provocar câncer em si mesma, as mesmas reações em sentido inverso também têm poder de curá-la. Esta possibilidade psicossomática está comprovada pelos estudiosos recentes do inconsciente profundo, como a doutora Renate Jost de Moraes, nos seus dois volumes: “As chaves do inconsciente” e : O inconsciente sem fronteiras”. Ela é a criadora do método ADI/TIP –Abordagem direta do Inconsciente/Terapia de integração Pessoal. Vejamos algumas afirmações de seus estudos sobre formação do inconsciente e sua contribuição para a formação da pessoa.

“Existe energia elétrica no cérebro que irradia fora dele. O átomo é ao mesmo tempo matéria e movimento. O inconsciente não é limitado pelo tempo, pelo espaço, e pela matéria.”( Renate Jost de Moraes: O Inconsciente sem fronteiras, p.238). “O Eu pessoal fala com seus pais a partir do útero materno e age a partir do útero, sendo que a sua ação se concretiza em acontecimentos físicos ou em pensamentos dos outros” (o.c.p.240). “Outra propriedade do inconsciente é a existência nele de uma especial força ou energia capaz de atuar sobre o próprio organismo, sobre outras pessoas e sobre objetos”(o.c.p.66) este ultimo dado é básico para os efeitos telérgicos de aportes e agir sobre objetos a distância como os tijolos que caiem por exemplo nas casas assombradas, agulhas no corpo de pessoas, e queimação de roupas sem visível ação de ninguém...

“A emissão de energia inconsciente parte de uma atitude de vontade firme e decisiva realizada através de raciocínios, por si mesmo tão rápidos que não chegam a ser claramente conscientizados. Para que uma pessoa possa transmitir irradiação positiva não basta um simples “querer” racionalizado, mas é preciso “ser”. Uma pessoa que carrega em seus sentimentos ódio, revolta e inveja tende a desiquilibrar seu psiquismo e apresenta somatizações físicas destes conflitos e sua energia inconsciente, portanto, fica perturbada, e a seguir transfere a mesma energia para aquelas pessoas que a cercam ou a quem ela deseja ajudar. De fato, não é possível desejar mal a ninguém sem antes prejudicar a si mesmo. (o.c.p.66). A autora apresenta um exemplo prático da rejeição inconsciente:

Um paciente via-se logo ao nascer rejeitando o leite materno e vomitando o pouco que sugava. Este paciente tinha sido rejeitado na sua concepção. E estes vómitos continuavam na adolescência levando a contínuas internações”. “O inconsciente percebe-se no momento da formação da consciência, forma julgamentos e se programa até para ganhar doenças físicas”. Já nos referimos atrás a estas forças correlatas de autodestruição.

Chegamos ao ponto de continuar com a nossa reflexão de que em todo ser humano existem forças de autocura, assim como de autodestruição, uma vez que como a pessoa tem poder de provocar um câncer em si mesma, as mesmas reações em sentido inverso também a podem curar. Os médicos modernos hoje em dia estão convencidos que todas as curas dependem 75% por cento de forças pessoais, e só 25 por cento da ação do médico.

Em continuação das forças internas de cura, vejamos como isto acontecia na antiguidade. A este tipo de coisas pertencem exemplos de cura bem testemunhados, cuja autenticidade não pode ser posta em dúvida nos relatados dos historiadores como Tácito e Suetônio. São narrações da coroação de um novo rei, onde milagres tinham que acontecer. Segundo Tácito(58-120 d.C.) no ano 70 aconteceu o seguinte: Vespasiano já fora proclamado imperador, mas ainda não tinha assumido. Estava em Alexandria no aguardo da viagem para Roma. De um novo imperador ou rei se esperava sempre um novo sinal de um novo  milagre. No meio da multidão, dois homens se aproximaram pedindo a cura, como sinal de seu poder. Um deles era cego, o outro paralítico das mãos. O cego pede a Vespasiano que passe em seus olhos e faces a saliva imperial. O outro deseja que o imperador toque sua mão paralisada com a sola dos pés. Vespasiano tocou nos olhos do cego com sua saliva imperial e com a sola dos seus pés a mão do paralítico, e a cura aconteceu para ambos diante da multidão que presenciou e aplaudiu.

Os judeus que moravam em Alexandria sabiam disso, e por isso trazem muitas vezes a pergunta a Jesus: “que sinal tu fazes tu para que possamos acreditar em ti”(Jo.6,30). Essa expectativa não era privilégio só dessa época. Na Europa medieval isso acontecia, até o século 19. Na França e na Inglaterra fazia parte do ritual de coroação que o novo rei ungido tocasse alguns enfermos. É claro que, às vezes, as circunstâncias específicas dos enfermos acabavam desencadeando a força da cura. A expectativa precisava só daquele empurrãozinho. Na verdade concorriam aí quatro elementos, para o empurrãozinho acontecer: interação do paciente com o curador; firmeza do paciente na expectativa; determinação e confiança no curador; e multidão para envolver o mistério. Não é à toa que esse ambiente vem expresso assim nos evangelhos: “vai em paz, a tua fé te salvou”(Mc.5.34).

O historiador Flávio Josefo conta outra história. Ele mesmo conta que foi testemunha ocular. “Eu próprio vi como Eliazer, na presença de Vespasiano e de seus filhos, das tribunas militares e de uma infinidade de soldados, libertou dos “demônios” alguns possessos. A cura se deu do seguinte modo: Sob o nariz do “possesso” ele segurava um anel onde estava inclusa uma das raízes dadas por Salomão. Ele fazia o doente cheirar a raiz e arrancava o demônio pelo nariz. O possesso caía imediatamente por terra e Eliazer conjurava então o demônio a jamais retornar, pronunciando o nome de Salomão.

Isto nos faz lembrar as palavras de Jesus em suja defesa contra as acusações de que ele expulsava os demônios com o poder do príncipe dos demônios: “Se eu expulso os demônios por belzebu, por meio de quem os expulsam os vossos filhos?”(Mt.12,27).

Conclusão. Concluímos que quatro elementos concorrem para que a psiqué trabalhe na melhora das condições de saúde das pessoas, do que resulta um trabalho conjunto da psique e da fisiologia, que é a predisposição da pessoa, em favor da qual há esses elementos indispensáveis: a sua convicção, e a pessoa confiável; os outros dois são concomitantes, a interação e a multidão que testemunha, a qual transmite uma energia enorme semelhante à energia dos estádios de futebol que corresponde ao décimo segundo jogador em prol da equipe da Casa. E como antigamente os “demônios” eram os donos das doenças, então para expulsar a doença tinha que se expulsar primeiro os “demônios”. Há até a piada que os judeus tinham a doutrina seguinte: que Deus não teve tempo de criar um corpo para os demônios, e ficaram só com o espírito, e então eles entravam nos corpos das pessoas e cada um trazia uma doença.

Porém, é necessário agora elevar nossa mente para  esferas mais altas, e concluir que o mal chamado “demônios” é a concentração dos males e “marginalizações” da sociedade, que se concentram em pessoas mais fragilizadas, e sobre elas recai assim a imperfeição e a enfermidade da sociedade. Aquele que ali cura ocupa o lugar de Deus, que não pode admitir que a boa criação de Deus seja destruída”. Essas pessoas, no caso dos evangelhos, precisavam de uma “oficialização” do seu novo estado de readmitidos na sociedade sã e sadia. (Cf. G.Lohfink o.c.p.193).

P.Casimiro João    smbn

www.paroquiadechapadinha.blogspot.com.br

 

 

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