sábado, 8 de abril de 2023

A Páscoa e o sopro do Universo.


 

Diz a lenda, aliás o poema, a Odisseia de Homero que o navegador Ulisses, para não se deixar seduzir pelo canto das sereias se fez amarrar a um mastro do navio depois de tapar os ouvidos dos seus homens.  Porém, Orfeu superou esse canto com uma música mais bela, e por isso as sereias, despojadas do seu poder, se lançaram no mar e se transformaram em recifes. Santo Agostinho disse um dia que “dois trompetes soam de modo diferente mas um mesmo Espirito sopra dentro deles”. O mesmo ar, a mesma música ressoou dentro dos trompetes dos ouvidos e do coração de Ulisses e de Orfeu, mas a reação foi diferente. Ulisses esboçou uma reação que foi se amarrar para não se deixar apaixonar, já Orfeu esboçou a reação de superar o canto das sereias, cantou melhor e as derrotou. 

 

Aqui temos exemplo de resiliência e de superação em relação aos sons que ressoam nos nossos ouvidos e às imagens que grudam nos nossos olhos. Certamente que Orfeu poderia ter-nos deixado este poema encantador: ’’A música é a graça do universo, o presente que as esferas do universo oferecem aos homens. Eu não vejo que a harmonia das esferas se deva unicamente à coordenação que existe entre elas como pensava Aristóteles, mas creio que decorra sobretudo do som que dimana do seu movimento. Trata-se do movimento que harmoniza a nossa alma com os pontos invisíveis do universo e com muitos mundos distantes. E aqui chegamos a precisar melhor o conceito de “harmonia”, que não está tanto na combinação dos sons mas na correspondência entre a emissão da sonoridade cósmica e a percepção da alma humana. Certamente que este lugar não é descritível, como não é descritível a música, que quando está escrita não soa, e quando soa não é visível. Entre o sinal preto da nota e o papel branco sobre o qual ela está impressa existe aquela distância que eu chamo de infinito. O universo se foi construindo com ritmos e harmonia e as esferas em seus giros produzem música” (cf.htt:// Pitágoras a e música das esferas).

 

É o infinito que a música preenche e a alma sente. Foi esse infinito que preencheu a alma de Orfeu e superou o finito da distância das Sereias.

 

Falamos agora da ressurreição e da superação da morte. Alguns se amarram nas tábuas do caixão e pensam que nunca mais delas sairão. Outros cantam o hino da claridade da Páscoa, e seus voos sobem tão lindo e tão alto como Jesus. “Não me segure, que ainda tenho que subir para o Pai” (Jo,20,17).

 

Mais curta que a distância entre o cadáver e o sepulcro é a distância entre a fé e o amor da Madalena e de todas as Madalenas. FELIZ PÁSCOA.

P.Casimiro João    smbn

www.paroquiadechapadinha.blogspopt.com.br

 

Nenhum comentário: