domingo, 16 de fevereiro de 2025

CADÊ A FELICIDADE DOS POBRES, CADÊ AS BEM-AVENTURANÇAS?


 

A felicidade dos pobres é saber que eles têm os mesmos direitos dos ricos, coisa que eles não sabiam. Sem dúvida que é esse o sentido  da ordem de Jesus: “Eu vim pregar a Boa Nova aos pobres” (Lc.4,18). E felizes aqueles ricos que colaborarem para que isto aconteça, quando não colocam entraves e obstáculos no caminho dos pobres. Segundo Jesus, a mesa da felicidade é para todos, representada na parábola do banquete (Mt.22,1-14). Historicamente os judeus do A.T.fizeram uma teologia baseada na opressão dos reis, que se tornou uma opressão igual à opressão dos faraós do Egito, e por isso viram-se sem chão quando perderam as esperanças de felicidade quando ganharam a Terra prometida mas não ganharam a felicidade. E a teologia foi assim: aqui no mundo o pobre não consegue saída, então só no fim dos tempos, na vida do além“ ou na outra reencarnação” com a vingança de Deus. E isto se chamou a teologia escatológica ou do fim dos tempos. Foi esta situação que Jesus encontrou. E ele então anunciou que os pobres não são excluídos da mesa da felicidade, eles têm o mesmo direito igual aos reis e aos ricos. E conclamou ricos e pobres para participar da mesma mesa. E ele estava convencido que isto pudesse acontecer ainda na vida dele. (Cf.Schillebeeckx, “Jesus, a história de um Vivente, pag.156). E pôs a sua cabeça a prêmio. Isto aconteceu, não aconteceu? Foi igual ao princípio da criação: o mundo para todos. Tem havido bons tempos e tempos maus. Na segunda criação, na segunda lei do Novo Sinai com Jesus também tem havido tempos bons e tempos maus. Houve muitas conquistas dos pobres, e muita opressão de poderosos, mas há melhorias. E muitas igualdades têm acontecido. A mesa do Ensino ficou mais igual, a mesa das Universidades, a mesa dos Direitos Humanos e a mesa de um mundo mais igual e democrático. Os estudiosos dizem que os “Ais” dos Evangelhos não são  de Jesus, mas dos pregadores e redatores posteriores (o.c.p. 167). “Sofrer” é vontade de Deus? Ser “pobre” é vontade de Deus? Esta foi a teologia fabricada no Antigo Testamento para não se “revoltarem” contra Deus, que “permitia” isso, assim pensavam. E as Igrejas na sua história fizeram ressuscitar essa teologia para “sossegar” a sua consciência de manterem os seus privilégios, e também para “agradar” aos poderes políticos para manterem os pobres na “sujeição” e na “escravidão”. Isto porque: "O poder requer corpos tristes. O poder necessita de tristeza porque consegue dominá-la. A alegria portanto, é resistência, porque ela não se rende. A alegria como potência de vida leva-nos a lugares aonde a tristeza nunca nos levaria" (Gilles Deleuse).

Conclusão. Tentamos responder à pergunta "Cadê a felicidade, cadê as bem-aventuranças". No contraste da teologia do sofrimento do Antigo Testamento adotado depois pelas Igrejas e pelos poderes públicos, analizados pela psicologia da dominação.  

P.Casimiro João      smbn

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