Hoje temos que ser cautelosos. Não basta uma análise superficial da
realidade. Nem querer conhecer a situação
numa mera conversa de boteco. Mesmo para o leitor assíduo é necessário o
estudo da tendência de cada meio de comunicação social que lhe chega.
Hoje tudo
está controlado à distância por interesses escondidos. Muitas informações
navegam por ventos contrários à verdade dos fatos. E parece ser uma verdade
indiscutível que quanto maior é o grau de instrução duma pessoa, menor é a sua
sensibilidade social.
Quanto mais elevada é a situação económica, maior é a
dificuldade de partilhar com os outros. É que a pessoa humana é um animal
insaciável. E, se não trabalhar com seriedade e persistência seu sentido de
vida, será perigosamente invadida por um prejudicial entulho intelectual que a
lançará num comodismo medroso.
O nosso mundo está repleto de rotas de
pensamento e de caminhos de ação que acabam por obscurecer a inteligência e
cativar a vontade a ponto de não vislumbrarmos mais as exigências mínimas da
nossa dignidade humana. E o resultado é um egoísmo feroz e dramático que
perverte a teia de relações e leva ao pecado estrutural que facilita o
crescimento da riqueza de poucos à custa do empobrecimento da maior parte. É
preciso humanizar nossa sociedade.
O Maranhão tem sido, ultimamente,
notícia nacional. Não elogiosa, mas vergonhosa. Apesar de elevados índices de
desenvolvimento, grande parte de sua população vive em situação de miséria. Tudo
salta para o bolso de meia dúzia de privilegiados.
A falta de saneamento
básico, o modelo de educação, a maneira de trabalhar a saúde pública, o
primitivismo de uma agricultura de mera subsistência, a necessidade de uma
emigração para outros Estados que desagrega os laços familiares, a falta de
emprego que gera vadiagem e criminalidade... são alguns dos muitos problemas
sem solução neste nosso Estado.
Constatam os Bispos do Maranhão que muitos
jovens apenas enxergam na criminalidade a saída para sobreviver. E que os
presídios são universidades do crime. E, se procurarmos a causa desta situação,
vamos encontrar a promiscuidade da política e da economia.
É imoral e
revoltante ver como reina um mercantilismo nojento de venda de favores e de
armazenamento de verbas públicas para alguns se perpetuarem no poder à custa da
compra de votos. E a impunidade é total
e garantida. Quando forem precisos
exemplos, onde isso se pode constatar, eu posso fornecer alguns bem evidentes.
Resulta
isso de uma concepção de pessoa como mera peça utilitária de uma engrenagem
pública perversa e degradante. Por outro lado, o povo acossado de mil
necessidades, muito dele analfabeto e podendo possuir apenas pouca coisa,
frente a riquezas que lhe fustigam o instinto de ter, deixa-se arrastar por
esse comércio desumano e escravagista.
E, quando surge uma boa iniciativa, já
aparece pervertida por interesses esquisitos. Por exemplo: lutou-se pela
Reforma Agrária. Chapadinha deve ser um dos Municípios com mais assentamentos
da Reforma Agrária. Parecíamos seguros que a política de prender as pessoas à
terra, de melhorar o interior e torná-lo mais habitável... ia prevalecer. Mas,
qual quê?
Agora vem a construção de três
ou quatro mil casas populares ( mil já têm placa de aquecimento solar para
aquecer a água do banho. Em Chapadinha, com este perpétuo calor!). Fazer
habitações é bom. Mas como prender as pessoas à terra, ao interior, se as seduzem
para vir para a cidade? E em que condições? Onde está o trabalho? E a segurança
pública sem policiamento à altura? E as rotas de fuga que têm esses centros
residenciais, pelo meio da mata, facilitando o refúgio dos criminosos e das
coisas roubadas?
Precisamos, urgentemente, fazer com as autoridades pensem mais
nas iniciativas que tomam, nas terríveis contradições em que caem e nos estúpidos
interesses que defendem.
Precisamos de mais reflexão e participação popular.
Não podemos ser meros observadores passivos da corrupção política e de iniciativas
que não se compreendem. É dever de todos participar na política, aprender a
viver com os outros, ser solidários e ter a certeza que todos somos membros de
uma mesma família de irmãos.
Urgente sair da cultura da dependência em que o
fragilizado se alegra e sorri pateticamente com tudo que faz o grandalhão que o
despreza e pisa, mas o sabe seduzir com enganosas promessas.
CHAMAMENTO PERSONALIZADO
Estamos no tempo para saber valorizar o quotidiano, o comum, o vulgar de cada dia. Urgente fugir da rotina, evitar a acomodação, descobrir que cada minuto vem carregado de graça.
É “kairós”, tempo a transbordar de graça divina. A Liturgia de hoje nos faz compreender que Cristo é a Palavra que responde a todas as nossas perguntas, é a Luz que ilumina as sombras do nosso tempo, é a direção que o nosso barco deve tomar. Mas cuidado! Há ventos traiçoeiros, estrelas feiticeiras, tempestades perigosas ou... podemos acordar a serpente do mal que dorme a nosso lado.
No dia 2 de Fevereiro, a começar às 18.30H, a caminhada silenciosa, à luz de velas. Terminará com a celebração Eucarística na Matriz.
As pessoas que não puderem vir participar, podem, a essa mesma hora, acender uma vela numa janela ou em frente de sua casa e terem também um tempo de oração e reflexão.
Durante essa manifestação serão feitas algumas paragens para escutar partes de um relatório resumo do inquérito feita em semanas passadas em todas as comunidades, movimentos e pastorais da Paróquia na cidade. Queremos, com este gesto, marcar nossa atitude em defesa da justiça e da paz na Paróquia e no Estado.
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