domingo, 16 de maio de 2021

AS CRIANÇAS SEM BATISMO SE SALVAM?

Em continuação do BLOG anterior, vamos dar seguimento à segunda parte, os motivos que levam hoje a afirmar que as Crianças que morrem sem batismo não se podem condenar, estão salvas, até porque alguém pediu esta matéria. Antes de tudo vamos dar uma olhada às razões que levavam à obrigação do baismo.

1. Razões antropológico-bíblicas primitivas:

1). As razões da Igreja da Idade Média para a não salvação das Crianças sem o batismo baseavam-se na primitiva antropologia da fabricação do homem com o barro (teoria Criacionista). Agora atende-se à teoria evolucionista, na qual o Adão e a Eva são os nossos Ancestrais desde 500 mil anos atrás, em evolução progressiva até chegar, por uma Sinapse do Córtex cervical à formação da Consciência .

2). Devido a isto, acrescenta-se a teoria do polimorfismo genético pela qual em muitos Casais primevos aconteceu esta evolução (teoria do Poliformismo).

3). Não há como dizer que o homem na sua evolução até ao Homo sapiens e Neandertal não tivesse morrido, antes numa consciência em evolução, e depois já em plena consciência.

4). Não há portanto como como dizer que antes o homem era imortal e que só teria morrido por causa do pecado.

5). Por fim, o ser humano foi evoluindo tanto na sua Consciência como na sua evolução física e biológica, e da formação do seu Genoma genético.

6). Atribuindo à história bíblica o gênero mitico e lendário primitivo, do jeito primitivo de forjar uma explicação para o inexplicável sem a Ciência de hoje, temos que a Criança nasce sem pecado, como é afirmado na teoria evolucionista, hoje aceita oficialmente pela Igreja.

2. Razões filosóficas e antropológicas

Vamos ao ponto fulcral de Agostinho. Ele dizia que o pecado original vinha da relação sexual, que é matéria. E porque a matéria era má, todo o sexo era mau. Agostinho seguiu a filosofia dos Maniqueus, fundada por Mani (250 d.C.) que tinham a matéria como má aproveitando-se das ideias de Platão (450 a.C.). Segundo eles, o demiurgo era o intermediário de Deus na criação, responsável pelo mal que não podia ser atribuído ao Criador Supremo, que não tinha nenhum envolvimento com o mundo e com a matéria. Seriam então dois deuses, o demiurgo e o deus supremo.

Como a criança nasce da matéria pela relação sexual, ela vinha condenada pelo pecado de origem dos pais. E foi nessa linguagem que o fruto da relação começou a ser chamado de pecado original. Chama-se Filosofia Maniqueista dualista e gnóstica da condenação da matéria.

Como vimos atrás, a esta filosofia dualista maniqueísta juntava-se a primitiva antropologia da criação pelo barro, dum único casal humano na descrição do mito da Criação. Tiradas estas bases, pode se ver a nuvem em que Santo Agostinho trabalhava. Como dito antes, não sendo consistente essa teologia, os pensadores da Idade Média quiseram resolver o problema com a estória do Limbo, que também não deu certo. Este pessimismo maniqueu vai na contramão da apreciação positiva do Gênesis: "E Deus viu que tudo era bom" (Gn.1,19).

3. Razões históricas.

1ª etapa – A tese bíblica do Antigo Testamento era a certeza que Israel estava destinado a ser o dono do mundo. E todo mundo seria circuncidado para ser do reino. Os apóstolos tinham isso na cabeça e o mostraram no episódio da Ascensão: “Senhor, é agora que vais restaurar o reino de Israel”? (At. 1,6).

2ªetapa: Isso não foi possível, e chegou novo dono do mundo, o império romano, que dominou a Palestina e todo mundo ocidental. Até o séc. VI-VII. Mas também o império romano foi embora com os seus sonhos imperiais de seis anos. No séc.VI o império romano se dividiu.

Mas ainda a Igreja e  o império trabalharam unidos uns séculos. E foi aí que, como no Judaísmo todo mundo tinha que se circuncidar, na religião do império todo mundo tinha tinha que se batizar. Foi por esse tempo que estavam sendo feitas as últimas edições dos evangelhos sinóticos. E apareceram vários acrescentos, entre os mais importantes o acrescento feito ao evangelho de Marcos na última metade do último capítulo: ”Quem crer e for batizado será salvo; quem não crer será condenado” (Mc. 16,16).

3ª etapa: - Com o fim do império romano dividido, chegou a Igreja católica. A Igreja herdou as vestimentas, os poderes e os brazões da nobreza. O império romano se foi embora mas esses costumes ficaram na Igreja. Os bispos eram os príncipes, o Papa era o Rei dos reis.

4ª  etapa: Como no Judaísmo todo mundo teria que se circuncidar, na Igreja todo mundo teria que se batizar, senão ia se condenar como falámos na 2ª etapa.

5ª etapa; Nos povos das Colônias, no séc. XV em diante todos os colonizados eram obrigados a se batizar, escravos e crianças para irem pro o céu, e para ter os direitos de cidadão.

Esta é uma breve resenha antropológico-filosófica, pré-cristã e histórica das andanças em que têm andado os caminhos teológicos do Batismo.

Com a abertura da Igreja à teologia do pluralismo teológico e ao pluralismo das religiões, e com as novas teorias antropomórficas, foi possível olhar e compreender as razões históricas, e afirmar corajosamente a salvação. Passando do antigo aporema: “Fora da Igreja não há salvação(Cipriano, 258), para o novo aporema: “Fora da Igreja muita salvação” como vem desde o Concílio Vaticano II.

Na verdade, muitas hipóteses se têm levantado, como aquela do “batismo de desejo”, outras vezes se tem falado na “igreja visível e na igreja invisível”, daqueles que não pertencem visivelmente à Igreja de Cristo. Tem se falado dos “com culpa ou sem culpa”. Mas a  Lumen Gentium (Vaticano II) afirmou “Quem se salva, salva-se por Cristo e em sua Igreja: pertença a ela visível ou invisívelmente”  (LG.16). Daqui a conclusão: As crianças se salvam porque são sem culpa.

E o Catecismo da Igreja Católica: “Aqueles que não receberam o Evangelho estão relacionados com o Povo de Deus de várias maneiras” (CIC), 838-839.

 

P.Casimiro João     smbn

Cf.Blog www.paroquiadechapadinha.blogspot.com.br

 

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