Porque é que nos Evangelhos Jesus manda sempre aos demônios calar a boca? “E não deixava que os demônios falassem” (Mc.1,34).
“E
não deixava que os demônios falassem, pois sabiam quem ele era” (Mc.1,34).
Você
vai responder assim: “porque sabiam quem
ele era”. E vem a outra pergunta: Eles sabiam que ele era quem? E a
resposta será: “O Messias”? E a outra pergunta: Se os demônios sabiam que
ele era o Messias, porque é que o povo não podia saber?
Aí
eu esbarrei. Mas vou tentar achar uma resposta. E vou buscar a resposta que o
Pedro deu: “Tu és o Messias”(Mt.16,16).
E em seguida Jesus começou a manifestar que o Messias “ia sofrer muito da parte dos anciãos, dos príncipes dos sacerdotes e
dos escribas, seria morto e ressuscitaria
ao terceiro dia. Pedro então começou a interpelar Jesus e a protestar
nestes termos: Que Deus não permita isto, Senhor! Isto não te acontecerá! Mas
Jesus, voltando-se para Pedro disse: Afasta-te de mim, Satanás, tu és
para mim um escândalo; teus pensamentos não são de Deus mas dos
homens”(Mt.16,16-23).
Vimos
aqui que Jesus lhe chamou de “Satanás”
(demônio). Porque é que Pedro era “satanás” ou “demônio”? Porque o Messias
de Pedro era um Messias ao jeito do Antigo
Testamento e do jeito do rei
Davi, imperador e dominador.
Tenho
para mim que aqui está a chave: Quem pensasse que Jesus seria esse Messias imperador e dominador estaria sendo um demônio. Por
isso Jesus não deixava que “os demônios
falassem porque sabiam quem ele era”. Fossem demônios ou gente, eles tinham
na cabeça o Messias que vinha fazer de Israel um império, Jesus o imperador
e dominador. “Dominará de mar a mar e
até os confins da Terra” (Sal.72,8).
Que
isso estava na cabeça dos apóstolos prova-o também a cena dos dois irmãos João e Tiago e a mãe deles: “ A
mãe dos filhos de Zebedeu aproximou-se de Jesus e disseram-lhe: Mestre,
queremos que nos concedas o que te pedimos. Concede-nos que nos sentemos na tua
glória, um à tua direita e outro à tua esquerda”(Mc.10,35). Assim como ainda a cena da Ascensão: “Senhor, é agora que ides restaurar o
Reino de Israel?” (At.1,6). Esta ideia acompanhou os apóstolos do
princípio ao fim.
Na
cabeça do povo está que o chefe de uma Nação tem que ser rico, poderoso,
e com muito poder. E eles assim fazem. Botam os outros para sofrer, e eles
ficam ricos. Jesus lutava para que os outros vivam. “Eu vim para que todos tenham vida e vida em abundância” (Jo.10,10).
Numa palavra: o Rei, o imperador vive para que os outros sofram
ou morram; o Jesus morreu para que os outros vivam.
Hoje
em dia muitos presidentes lutam para que ninguém tenha vida. E se todos
morrerem, eles não estão nem aí. Há poucos meses o presidente do Brasil fez um
decreto que tirava verba da Saúde e da Educação para comprar
Armas pros milicianos e para aumentar as verbas do Exército. Se o povo
morrer de doenças, ou viver no analfabetismo, ele não está nem aí.
E
segundo o melhor jornalismo informa, ele estaria alimentando o plano de armar os
milicianos e dar incentivos ao exército para as próximas eleições: se
ele não ganhar no Voto, milicianos e exército estariam no ponto para, na marra
e na violência colocarem ele de novo no Planalto. Nos Estados Unidos, o Trump tentou fazer isso mas fracassou. E no Brasil
teria esse plano já visando esse futuro. É também por isso que ele está tirando
o poder dos Governadores sobre as Policias nos Estados para ficarem direto
sob a alçada central do Planalto, prontos para intervirem ao primeiro grito.
Não
vamos muito longe: Nos Judeus era assim também, o povo morrendo, e os ricos
aumentando sua riqueza, e aumentando a fome e as doenças do povo. Na verdade, Jesus
vinha na contramão, e os chefes hoje em dia andam também na contramão de Jesus.
Voltando
à pergunta inicial, “porque é que nos evangelhos Jesus mandava sempre calar
a boca dos demônios” a resposta dos estudiosos era o “segredo messiânico”. Mas trocado em miúdos, o segredo
messiânico era justamente não divulgar esse conceito triunfalista sobre
Jesus. Seria muito difícil ao povo ter esse conceito sobre Jesus e
constatar a sua fraqueza diante da cruz na hora da verdade.
E
o conceito triunfalista ficou reservado e adiado na pena dos evangelistas para
depois das narrativas da ressurreição. Esse é outro capítulo em que o texto e
contexto do Antigo Testamento foi redivivo e aplicado sem restrições ao Cristo
Senhor e glorioso.
E
aqui se marcam as duas etapas do Jesus histórico e do Jesus da fé.
Aa narrativas da ressurreição marcam a etapa do Jesus da fé, e é a nossa etapa.
P.Casimiro smbn
www.paroqiadechapadinha.blogspot.com.br
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