domingo, 24 de janeiro de 2021

Porque é que nos Evangelhos Jesus manda sempre aos demônios calar a boca? “E não deixava que os demônios falassem” (Mc.1,34).


 Porque é que nos Evangelhos Jesus manda sempre aos demônios calar a boca? “E não deixava que os demônios falassem” (Mc.1,34).

“E não deixava que os demônios falassem, pois sabiam quem ele era” (Mc.1,34).

Você vai responder assim: “porque sabiam quem ele era”. E vem a outra pergunta: Eles sabiam que ele era quem? E a resposta será: “O Messias”?  E a outra pergunta: Se os demônios sabiam que ele era o Messias, porque é que o povo não podia saber?

Aí eu esbarrei. Mas vou tentar achar uma resposta. E vou buscar a resposta que o Pedro deu: “Tu és o Messias”(Mt.16,16). E em seguida Jesus começou a manifestar que o Messias “ia sofrer muito da parte dos anciãos, dos príncipes dos sacerdotes e dos escribas, seria morto e ressuscitaria  ao terceiro dia. Pedro então começou a interpelar Jesus e a protestar nestes termos: Que Deus não permita isto, Senhor! Isto não te acontecerá! Mas Jesus, voltando-se para Pedro disse: Afasta-te de mim, Satanás, tu és para mim um escândalo; teus pensamentos não são de Deus mas dos homens”(Mt.16,16-23).

Vimos aqui que Jesus lhe chamou de “Satanás” (demônio). Porque é que Pedro era “satanás” ou “demônio”? Porque o Messias de Pedro era um Messias ao jeito do Antigo Testamento e do jeito do rei Davi, imperador e dominador.

Tenho para mim que aqui está a chave: Quem pensasse que Jesus seria esse Messias imperador e dominador  estaria sendo um demônio. Por isso Jesus não deixava que “os demônios falassem porque sabiam quem ele era”. Fossem demônios ou gente, eles tinham na cabeça o Messias que vinha fazer de Israel um império, Jesus o imperador e dominador. “Dominará de mar a mar e até os confins da Terra” (Sal.72,8).

Que isso estava na cabeça dos apóstolos prova-o também a cena dos dois irmãos João e Tiago e a mãe deles:  “ A mãe dos filhos de Zebedeu aproximou-se de Jesus e disseram-lhe: Mestre, queremos que nos concedas o que te pedimos. Concede-nos que nos sentemos na tua glória, um à tua direita e outro à tua esquerda”(Mc.10,35). Assim como ainda a cena da Ascensão: “Senhor, é agora que ides restaurar o Reino de Israel?” (At.1,6). Esta ideia acompanhou os apóstolos do princípio ao fim.

Na cabeça do povo está que o chefe de uma Nação tem que ser rico, poderoso, e com muito poder. E eles assim fazem. Botam os outros para sofrer, e eles ficam ricos. Jesus lutava para que os outros vivam. “Eu vim para que todos tenham vida e vida em abundância” (Jo.10,10). Numa palavra: o Rei, o imperador vive para que os outros sofram ou morram; o Jesus morreu para que os outros vivam.

Hoje em dia muitos presidentes lutam para que ninguém tenha vida. E se todos morrerem, eles não estão nem aí. Há poucos meses o presidente do Brasil fez um decreto que tirava verba da Saúde e da Educação para comprar Armas pros milicianos e para aumentar as verbas do Exército. Se o povo morrer de doenças, ou viver no analfabetismo, ele não está nem aí.

E segundo o melhor jornalismo informa, ele estaria alimentando o plano de armar os milicianos e dar incentivos ao exército para as próximas eleições: se ele não ganhar no Voto, milicianos e exército estariam no ponto para, na marra e na violência colocarem ele de novo no Planalto. Nos Estados Unidos, o Trump  tentou fazer isso mas fracassou. E no Brasil teria esse plano já visando esse futuro. É também por isso que ele está tirando o poder dos Governadores sobre as Policias nos Estados para ficarem direto sob a alçada central do Planalto, prontos para intervirem ao primeiro grito.

Não vamos muito longe: Nos Judeus era assim também, o povo morrendo, e os ricos aumentando sua riqueza, e aumentando a fome e as doenças do povo. Na verdade, Jesus vinha na contramão, e os chefes hoje em dia andam também na contramão de Jesus.

Voltando à pergunta inicial, “porque é que nos evangelhos Jesus mandava sempre calar a boca dos demônios” a resposta dos estudiosos era o “segredo messiânico”. Mas trocado em miúdos, o segredo messiânico era justamente não divulgar esse conceito triunfalista sobre Jesus. Seria muito difícil ao povo ter esse conceito sobre Jesus e constatar a sua fraqueza diante da cruz na hora da verdade.

E o conceito triunfalista ficou reservado e adiado na pena dos evangelistas para depois das narrativas da ressurreição. Esse é outro capítulo em que o texto e contexto do Antigo Testamento foi redivivo e aplicado sem restrições ao Cristo Senhor e glorioso.

E aqui se marcam as duas etapas do Jesus histórico e do Jesus da fé. Aa narrativas da ressurreição marcam a etapa do Jesus da fé, e é a nossa etapa.

P.Casimiro   smbn

www.paroqiadechapadinha.blogspot.com.br

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