Vamos
referir-nos somente à fé
vetero-testamentária, embora a fé neo-testamentária merecesse outro capítulo.
Vejamos o assunto em 6 itens.
1-
O monoteísmo. Somente depois do exílio o monoteísmo se firmou na fé
israelita. Para olhar só na época dos dois reinos do Norte e do Sul: No reino
do Norte cultuava-se Baal e outros deuses canaanitas ao lado de Iahweh. No
reino do Sul cultuava-se Aserah, rainha dos céus junto com Iahweh e outros
deuses menores.
Na
volta do cativeiro, os Judeus que optaram por retornar retornaram, mas vinham
“sem rei nem roca”, como diz o ditado, entregues à própria sorte. Os reis
tinham sido aniquilados e mortos pelos assírios e babilônicos. Não havia mais
rei.
Destarte
os pobres judeus tiveram que escolher somente Iahweh por seu deus, dado que os
seus reis todos tinham os decepcionado e entregues nas mãos dos estrangeiros.
Por outro lado, tanto os profetas falavam que os cativeiros tinham sido castigo
dos pecados de idolatria, que agora tiveram que voltar à época das tribos,
quando só Iahweh era o seu rei, antes da monarquia. Isto é o primeiro fato
histórico.
2-
A Sabedoria- Desde o Cativeiro os Judeus conviveram com os iranianos e
babilônicos, onde a Sabedoria era uma personificação de Deus, tomando o lugar
como a deusa da Sabedoria. Os judeus incorporaram no seu vocabulário e nos seus
escritos esse conceito de Sabedoria e começaram a considerar a Sabedoria
como uma emanação da divindade, como escreveram no Livro dos Provérbios
e no Livro da Sabedoria (Prov. Cap.8, e Sab, cap.7). E não só, mas associada
também ao mesmo conceito dos gregos, mas com o nome de Logos.
3-
Os Anjos- Eles na religião
iraniana eram também deuses inferiores e faziam o serviço de mensageiros do
deus supremo que não intervinha no governo do mundo, mas eram eles os
encarregados. Foram também incorporados nos conceitos e nos escritos depois do
Exílio. Tanto estes Anjos mensageiros como os anjos rebeldes que tinham Satã
como seu chefe.
4-
A “ressurreição dos justos”- Esta crença não se encontrava no Judaísmo
antes do Exílio. Os pensadores não se conformavam com o fato de o mal ficar sem
castigo e o justo sem recompensa nessa vida, e foram levados a procurar além
túmulo uma solução para o problema: a ressurreição dos justos, derivada
da religião iraniana na qual essa crença era corrente. Assim, a “ressurreição
dos mortos” foi a solução pós-exílica para o problema de “os maus
ficarem sem castigo” e os bons sem recompensa”.
E
estes temas surgiram no Livro dos Macabeus e no Apocalipse de Daniel, além dos
“Testamentos dos Doze patriarcas” e no 1 Enoc. Para os que estavam indecisos, a
perseguição de Antíoco Epifanes foi o voto decisivo. Mesmo assim, para os
Saduceus nunca foi teoria aceitável, assim como a imortalidade da alma. No
Eclesiástico se afirma: “A imortalidade do homem está nos seus filhos”
(Eclo.30,4).
5-
Apocalíptica – Como constataram que as profecias não se cumpriram, o que
era confirmado pelos sonhos quebrados e pelos exílios e cativeiros, então a profecia
deu lugar à apocalíptica ou descrição da vingança final de Deus sobre todas
as nações, numa luta entre Deus e Satã, onde tinha lugar o Juízo final,
e um fim do mundo pelo fogo onde Deus iria cumprir todas as promessas. Também
aqui não estava ausente o conceito iraniano.
6-
Finalmente, o Cativeiro levou a reformular e formatar a fé
pós-exílica num novo formato histórico, com os cinco Itens apontados,
adotando vários elementos como a Sabedoria, Anjos e demônios e a ressurreição
dos justos, e voltando à prática original do monoteísmo das tribos
de antes da monarquia. Porque foi a monarquia que os decepcionou.
Daí
voltamos à questão inicial do nosso Título desta matéria: É a fé que
molda a história, ou é a história que molda a fé? Na afirmativa, não será a fé,
portanto, uma fé histórica?
P.Casimiro
João smbn
BLOG
www.paroquiadechapadinha.blogspot.co.br
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