domingo, 20 de junho de 2021

A Sacralização Absoluta da LEI pelos Judeus Depois do Exílio: “A lei do Sábado já Era Celebrada pelos Anjos”.


 

Vejamos bem, os Judeus chegaram a considerar a “Lei” como “eterna”. Exemplo: escreveram, “o sábado era celebrado pelos Anjos”; e a “eleição de Israel” estava anunciada na Criação” (Livro dos Jubileus,15,35ss). Também a “lei da purificação” tinha sido já observada por Eva. E Noé fazia a “festa das Semanas”, e a “dos Tabernáculos” por Abraão. Além de que o ritual sacrificial” foi ensinado a Isaac por Abraão. A lei, assim, aparece eterna, absoluta, em autoridade, existindo antes do Sinai e antes de Israel. E toda ela escrita em placas celestes. (Jub.3,10-13).

A Lei assim tomava o lugar da Aliança histórica como base da fé, e mais, tornava-se sinônimo da Aliança. O Eclesiástico também escreveu que a Lei precede a Aliança (Eclo.44,19-21).

Na verdade, os Judeus tanto apanharam, e tanto ouviram os profetas dizendo que os Exílios foram um castigo de Deus, pelo não cumprimento da lei, que chegaram a internalizar esse sentimento e essa culpa. E tornou-se a sua obsessão para o resto da sua vida, até se disporem a dar a vida pela Lei. De tal maneira que na época dos Macabeus todos estavam prontos a morrer pela lei. Não nos admiramos também que nasceu daí o status de “doutor da lei”, o que interpretava a Lei. E foi nessa época o surgimento do partido dos “Fariseus”.

Tanto que cumprir a lei se internalizou na mente dos judeus da época, que eles se consideravam agora o “povo da Lei”, em vez de “Povo da Aliança”. Porém daí não estava longe o perigo de endeusar a lei, com todos os seus detalhes. Qualquer ofensa contra a Lei seria grave por menor que fosse. Estava criado o ambiente e a maior dificuldade para que fosse depois enfrentada por Jesus Cristo e depois por São Paulo

Vamos recuar na história. No séc III eram mais os Judeus que moravam fora da Palestina, mais de um milhão, do que na própria Palestina, depois da volta do Exílio, pois a maioria preferiu não voltar. Depois de um período tranquilo irrompeu Alexandre Magno que conquistou Babilônia do Nabucodonosor, onde estavam os judeus exilados,  e conquistou o Egito e os reinos no entorno. Viveu 30 anos, e foi sucedido pelo Ptolomeu e Seleuco. Alexandre Magno vinha com a ideia de impor a cultura grega na Judeia. Quem continuou foi Antíoco I dos Selêucidas. Os milhares de Judeus exilados nessas nações estrangeiras absorveram a cultura helênica, até traduziram a Bíblia para o grego, a Bíblia dos Setenta, e compuseram outros Livros em grego, como o Ben Sirac ou Eclesiástico.

Com a chegada de Antioco IV Epifanes a helenização tornava-se generalizada. Para os Judeus de fora da Palestina já não era um problema, o problema era para os retornados e para os que tinham permanecido. Os que tinham sofrido no Exílio, e os "exilados” na sua própria pátria, não queriam ouvir mais palavras de reprovação por não cumprirem a Lei.

Uns lançaram-se na guerra aberta contra Antíoco Epifanes e outros, como Daniel, inspiraram-se para os escritos apocalípticos como o Apocalipse de Daniel,  que por meio de muitos textos lendários e de formato apocalíptico contribuiu muito para aumentar o fogo no caldeirão do cumprimento da Lei.

E assim foi, até que vieram os romanos para completar o fim final da Palestina.

A “Lei” suplantou a “Aliança” e tomou o lugar da Aliança, nos Judeus que sobreviveram ao Exílio. Antes, porém, desse fim, no breve tempo em que Jesus viveu entre eles, Ele teve que conviver com a troca que havia acontecido: em vez de uma aliança de amizade, Ele sentiu uma mordaça de “leis” que os “amordaçava”.  E foi essa “mordaça” que acabou amordaçando também Jesus, mas foi também a “mordaça” que se virou contra o povo da Lei, na destruição do templo e da cidade de Jerusalém no ano 70 d.C.

Foi o fim do Povo da Aliança e do povo da Lei.

P.Casimiro João  SMBN

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