Vejamos bem, os Judeus chegaram a
considerar a “Lei” como “eterna”. Exemplo: escreveram, “o sábado era celebrado
pelos Anjos”; e a “eleição de Israel” estava anunciada na Criação” (Livro dos
Jubileus,15,35ss). Também a “lei da purificação” tinha sido já observada por Eva.
E Noé fazia a “festa das Semanas”, e a “dos Tabernáculos” por Abraão.
Além de que o ritual sacrificial” foi ensinado a Isaac por Abraão.
A lei, assim, aparece eterna, absoluta, em autoridade, existindo antes do Sinai
e antes de Israel. E toda ela escrita em placas celestes. (Jub.3,10-13).
A Lei assim tomava o lugar da Aliança
histórica como base da fé, e mais, tornava-se sinônimo da Aliança. O
Eclesiástico também escreveu que a Lei precede a Aliança (Eclo.44,19-21).
Na verdade, os Judeus tanto apanharam,
e tanto ouviram os profetas dizendo que os Exílios foram um castigo de
Deus, pelo não cumprimento da lei, que chegaram a internalizar esse sentimento
e essa culpa. E tornou-se a sua obsessão para o resto da sua vida, até
se disporem a dar a vida pela Lei. De tal maneira que na época dos Macabeus
todos estavam prontos a morrer pela lei. Não nos admiramos também que nasceu
daí o status de “doutor da lei”, o que interpretava a Lei. E foi nessa
época o surgimento do partido dos “Fariseus”.
Tanto que cumprir a lei se internalizou
na mente dos judeus da época, que eles se consideravam agora o “povo da Lei”,
em vez de “Povo da Aliança”. Porém daí não estava longe o perigo de endeusar a
lei, com todos os seus detalhes. Qualquer ofensa contra a Lei seria grave por
menor que fosse. Estava criado o ambiente e a maior dificuldade para que fosse
depois enfrentada por Jesus Cristo e depois por São Paulo
Vamos recuar na história. No séc III
eram mais os Judeus que moravam fora da Palestina, mais de um milhão, do
que na própria Palestina, depois da volta do Exílio, pois a maioria preferiu
não voltar. Depois de um período tranquilo irrompeu Alexandre Magno que
conquistou Babilônia do Nabucodonosor, onde estavam os judeus exilados, e conquistou o Egito e os reinos no entorno.
Viveu 30 anos, e foi sucedido pelo Ptolomeu e Seleuco. Alexandre
Magno vinha com a ideia de impor a cultura grega na Judeia. Quem continuou foi Antíoco
I dos Selêucidas. Os milhares de Judeus exilados nessas nações estrangeiras
absorveram a cultura helênica, até traduziram a Bíblia para o grego, a Bíblia
dos Setenta, e compuseram outros Livros em grego, como o Ben Sirac
ou Eclesiástico.
Com a chegada de Antioco IV Epifanes
a helenização tornava-se generalizada. Para os Judeus de fora da Palestina
já não era um problema, o problema era para os retornados e para os que tinham permanecido.
Os que tinham sofrido no Exílio, e os "exilados” na sua própria pátria,
não queriam ouvir mais palavras de reprovação por não cumprirem a Lei.
Uns lançaram-se na guerra aberta contra
Antíoco Epifanes e outros, como Daniel, inspiraram-se para os escritos
apocalípticos como o Apocalipse de Daniel, que por meio de muitos textos lendários e de
formato apocalíptico contribuiu muito para aumentar o fogo no caldeirão do cumprimento
da Lei.
E assim foi, até que vieram os romanos
para completar o fim final da Palestina.
A “Lei” suplantou a “Aliança” e tomou o
lugar da Aliança, nos Judeus que sobreviveram ao Exílio.
Antes, porém, desse fim, no breve tempo em que Jesus viveu entre eles, Ele teve
que conviver com a troca que havia acontecido: em vez de uma aliança de
amizade, Ele sentiu uma mordaça de “leis” que os “amordaçava”. E foi essa “mordaça” que acabou amordaçando
também Jesus, mas foi também a “mordaça” que se virou contra o povo da Lei, na
destruição do templo e da cidade de Jerusalém no ano 70 d.C.
Foi o fim do Povo da Aliança e do povo
da Lei.
P.Casimiro João SMBN
www.paroquiadechapadinha.blogspot.com.br
Nenhum comentário:
Postar um comentário