segunda-feira, 17 de julho de 2023

Olhos são duas estrelas e algumas parábolas de ressurreições.


 

Escritores clássicos falavam em ressurreições, o Antigo Testamento na saga de Elias e Eliseu conta ressurreições. Em Mt.9,23 Jesus foi chamado para ressuscitar uma menina. “Um chefe” falou: “Minha filha acaba de morrer, mas vem, impõe tua mão sobre ela, e ela reviverá”. O texto fala inominalmente de “um chefe”, sem nome e designação, o que por si leva a imaginar sobre o tipo de conto que vai ser esse, do chefe inominado.

Na saga de Eliseu, ele tinha muito trabalho no caso da ressurreição, deitando-se por três vezes sobre o menino” (2 R.4,33). Enquanto que era diferente com Jesus, o que nos mostra outra diferença com significado. No entanto, os “ressuscitados” de que estamos falando tornaram a morrer, tanto os do Antigo Testamento como dos historiadores antigos, e assim também como Lázaro ressuscitado por Jesus, e como o filho da viúva de Naim, e a mesma menina deste chefe. (Cf.J. Batista Libanio, Creio na Trindade, p.59-60). Porém, devemos aceitar que quem ressuscita não poderá mais morrer. Num outro capitulo, Mateus, e somente ele, afirma que quando Jesus morreu no alto da cruz, “os corpos de muitos justos ressuscitaram; saindo de suas sepulturas entraram na Cidade Santa depois de ressuscitarem e apareceram a muitas pessoas” (Mt. 27,53). Em páginas anteriores afirmei que a Bíblia não é histórica, nem geográfica, ela é teológica. (www.paroquiadechapadinha.blogspot.com.br 18/6/23). Assim aqueles livros antigos das ressurreições, como de Flávio Filóstrato e Porfirio que juntamente com o filósofo sírio Jamblico falam de Apolônio de Tiana, homem que ressuscitava mortos. No Antigo Testamento é comentada também a ressurreição ou arrebatamento de Enoque. Como diz a Pontifícia Comissão Bíblica e a encíclica de Pio XII de 1943 "Divino aflante Spiritu"devemos atender ao gênero literário e “aquilo que os autores quiseram expressar”. O que será que esses textos quiseram expressar? Eu afirmo que a intenção deles será a seguinte: que os “homens de Deus” têm a vida de Deus, participam em grau superior dessa vida de Deus e espalham vida por onde eles andam e no que eles tocam. E se Eliseu e Elias participavam tanto da vida de Deus, e Enoque ou o tal Apolônio de Tiana, muito mais Jesus. Como essa teologia está expressa, ela é elaborada em quadros e dramatizações plásticas pintadas com cores e cenas dessa maneira. Hoje em dia temos maneiras de dizer coisas muito altas em palavras muito reveladoras como esta, quando os namorados dizem pra suas namoradas:” os seus olhos são duas estrelas”. Com que vida e alegria e emoção uma pessoa enamorada recebe estas palavras é coisa só de viver aquela situação. Do mesmo modo essas cenas bíblicas transmitem lições morais de maneiras adequadas para a época em que foram escritas, em poemas épicos e sagas que perduram até hoje. Há um exemplo típico de sinais e linguagem que hoje nós não entendemos: aquele de sacudir a poeira dos pés diante das cidades ou pessoas que não receberam os apóstolos:  (Mt.10,14): “Se nalguma cidade não vos receberem e não ouvirem vossas palavras, quando sairdes daquela casa ou daquela cidade sacudi a poeira dos vossos pés”. Explicação: Os judeus quando vinham do estrangeiro, terras de pagãos, tinham que sacudir a poeira dos pés para não entrar com os pés contaminados ou impuros com essa poeira na terra de Israel, porque os estrangeiros eram impuros. E então essas cidades ou pessoas tinham que ser consideradas como  terra impura dos pagãos, por isso a necessidade de sacudir a poeira.

Conclusão. Que a Bíblia e o Antigo Testamento têm sua linguagem própria que não é a nossa, podemos ver nas “ressurreições de muitos justos” na citação de Mateus que referi atrás, Mt.27,53. Essa linguagem vem já do Antigo Testamento segundo a qual os “justos” tinham que ressuscitar para o prêmio de seus tormentos na terra. Já que na vida deles não tiveram quem lhes fizesse justiça por tantos maus tratos, teriam que aguardar uma ressurreição final. Obs: esta fé na “ressurreição” não existia na Bíblia até o séc.II a.C. Só foi incorporada na Bíblia após os escritos dos Macabeus, e após os tormentos infligidos pelo rei Antíoco Epifanes. E em segundo lugar eles traziam essa crença dos Babilônicos quando estiveram lá exilados, só que não tinham ainda escrito na Bíblia. Foi preciso esperar o escritor Daniel nesta época que falamos para colocar na Bíblia essa fé.  Obs. dois: Mesmo assim nem todos os Judeus assumiram isto, porque os Saduceus nunca adotaram a fé na ressurreição. “Os saduceus não acreditavam na ressurreição dos mortos, e nem anjos e nem espíritos.” (At.23. 8).

P.Casimiro João    smbn

www.paroquiadechapadinha.blogspot.com.br

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