sábado, 27 de fevereiro de 2021

Sacrifícios de animais e sacrifícios humanos na história da humanidade, e os dois polos positivo e negativo da Aliança na teologia de São Paulo.


 

Em primeiro lugar vamos falar dos sacrifícios de animais. Sacrifícios eram oferecidos aos deuses, em primeiro lugar para seu sustento e para manutenção do seu poder, que diminuiria sem o sacrifício.

Segundo, como troca com os deuses: promover favores, em retribuição pelos sacrifícios; Terceiro, como bode expiatório: o animal é punido no lugar do pecador. O alvo era aplacar a ira dos deuses, que de outra maneira recairia sobre todos os homens; Quarto, a vítima vira coisa sagrada porque fica sendo propriedade dos deuses.

Em segundo lugar falemos dos sacrifícios humanos: Primeiro: Eram oferecidas vítimas humanas na criação de um templo; Segundo, na morte de um rei, para que o sacrificado servisse ao morto na próxima vida; Terceiro, em desastres naturais: secas, terremotos, ciclones, tempestades, como sinais da fúria dos deuses.

Na China, o primeiro imperador Liu Hong acabou com esse costume de ser enterrado com outros seres humanos, no ano 2.000 antes de Cristo. Em vez disso, foi sepultado com milhares de estatuetas para protegê-lo na vida futura. Esses milhares de estatuetas representavam soldados, cavaleiros, carros de combate, torres de defesa e trombetas.

Escavações nos povos Incas e Astecas da América do Sul, nos Andes, e dos Maias no México também trouxeram à luz esses sacrifícios humanos.

Em Ur, na Mesopotâmia, pelos anos 4.500 antes de Cristo, e no Egito nos anos 5.000 a.C. os faraós antes das Pirâmides, tinham em sua companhia sacrifícios humanos.

Entre os Judeus, Manassés sacrificou o seu filho ao deus Moloc(2R,21,6). E a filha de Jefté também foi sacrificada por seu pai (Juizes, 22,31).             

Entre os Judeus também é famosa a morte dos primogênitos de todo o Egito (Êx.cap.11) para impactar o faraó e permitir a partida dos Israelitas. Assim como é famoso o sacrifício de Isaac.(Gên.cap.22).

Aqui foi para destacar a fé ou obediência de Abraão. Como um dia seria necessário a obediência à Aliança do Sinai, então colocaram essa obediência de Abraão como exemplo e paradigma. Uma estratégia literária muito inteligente. Na verdade, como observa John Brigth, esta como outras cenas, podem muito bem ser “consideradas como uma projeção no passado de crenças posteriores” (História de Israel, 97).

Na história teológica de Israel a ordem cronológica foi invertida em cima deste acontecimento. Isto é, não veio primeiro o sacrifício de Isaac. Veio primeiro o Código da Aliança. Mas para destacar a obediência da Aliança, foi colocada a obediência de Abarão, como dissemos. E assim cronologicamente foi como o carro guia de toda a Aliança.

Tão importante foi assim esta estratégia que serviu para São Paulo basear toda a sua teologia da salvação pela fé e não pelas obras. “De modo que todos os homens de fé são abençoados com a bênção de Abraão homem de fé”(Gál.3,9).

Como corolário, aqui São Paulo ligou os dois fios das extremidades e soldou com a solda da sua teologia a Aliança com a Obediência de Abraão. Na verdade, na Escritura posterior só começa a se falar no Código da Aliança depois da Lei do Sinai. E na sua obediência e observância. E segundo São Paulo, esta obediência e observância era o polo negativo. “A (Aliança) do Monte Sinai gera para a escravidão”(Gál.4,24). Enquanto que o polo positivo era a obediência de Abraão. “Aqueles que têm fé serão abençoados junto com Abraão”(Gál.3,9),

Porquê polo negativo? Porque a obediência da Lei do Sinai conduziria à morte, e só o polo positivo da obediência de Abraão conduziria à vida. Os dois polos ficaram um só circo e uma só salvação, desenvolvida em toda a teologia crística de Paulo.

O que tem a ver com a oferta de sacrifícios humanos? É que no meio disso Paulo colocou o sacrifício de Cristo junto com o sacrifício de Isaac, como bode expiatório, com o nome de cordeiro. Daí em diante a salvação vem pela fé em Cristo igual a fé de Abraão.

Assim São Paulo pôs os Judeus cristãos debaixo do dilema como uma espada de Dâmocles: aceitar e seguir Cristo é a salvação; seguir a Lei é a condenação. Porque anulava toda a obra de Cristo(Gál.5,11). Qual os judeus cristãos escolheriam? Se escolhessem  a fé em Cristo teriam a salvação; se escolhessem a Lei teriam a condenação,(“Pela prática da Lei ninguém será justificado; somente pela fé em Jesus Cristo”(Gál.2,16); “Todos os que se apoiam na Lei estão sob o regime da maldição” (Gál.3,10).

Chegados ao fim da nossa reflexão, podemos imaginar como a arqueologia e a fenomenologia religiosa nos colocam numa perspectiva antropológica, e como esta antropologia alavancou São Paulo para formular a teologia cristológica e soteriológica que permaneceu e rege a Igreja até nossos dias.

P.Casimiro   SMBN

www.paroquiadechapadinha.blogspot.com.br

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